CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA COORDENADORIA DE METEOROLOGIA Professor: Leanderson Marcos da Silva Paiva Disciplina: Meteorologia Dinâmica Carga Horária Semestral: 36 horas UNIDADE I: PRINCÍPIO DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA Consideremos o principio fundamental de conservação de energia termodinâmica, aplicado a um elemento de fluido em movimento na atmosfera. A primeira lei da termodinâmica é normalmente deduzida supondo-se um sistema em equilíbrio termodinâmico, isto é, um sistema que inicialmente está em repouso e após trocar calor com seu meio ambiente e executar trabalho sobre este meio, volta ao repouso. Vejamos isso a seguir. 1. A Primeira Lei da Termodinâmica Para tal sistema em equilíbrio termodinâmico, a primeira lei da termodinâmica atesta que a variação da energia interna do sistema é igual a diferença entre o calor adicionado ao sistema e o trabalho executado pelo sistema. Como exemplo, podemos dizer que um volume de controle descrito da forma lagrangeana, consiste de uma massa específica de fluido, que pode ser considerado como um sistema termodinâmico. Contudo, a não ser que o fluido não esteja em repouso, ele também não estará em equilíbrio termodinâmico. Apesar disso, a primeira lei da termodinâmica pode ainda ser aplicada a um sistema fluido, na condição de que a energia instantânea do volume de controle consiste da soma da energia interna, devido à energia cinética das moléculas individuais, e a energia cinética devido ao movimento macroscópico do fluido. A forma modificada da primeira lei da termodinâmica, ou equação da energia que pode ser aplicada a um elemento fluido, diz que a taxa de variação da energia termodinâmica total é igual a taxa de aquecimento diabático mais a taxa em que o trabalho é feito sobre o elemento, por forças externas. Figura 1: Taxa de trabalho sobre um elemento fluido devido a componente x da força de pressão. Se e designa à energia interna por unidade de massa, então a energia termodinâmica total contida em um elemento de fluido lagrangiano, de densidade , e volume V é 1 2 (e U U )V . (1) As forças externas que agem sobre um elemento fluido podem ser divididas em forças de superfície, tais como pressão e viscosidade e forças de volume, tais como a força da gravidade e a força de coriolis. A razão que trabalho é feito sobre o elemento fluido, pela componente x da força de pressão é ilustrado na Fig. 1. Lembrando que a pressão é o módulo da força por unidade de área, e que a razão que uma força faz trabalho é dada pelo produto escalar dos vetores força e velocidade, então a razão na qual o fluido do meio vizinho exerce trabalho sobre o elemento devido à força de pressão nas duas superfícies delimitantes no plano y, z é dada por: ( pu) A yz ( pu) B yz (2) onde o sinal negativo é necessário antes do segundo termo porque o trabalho feito sobre o elemento de fluido é positivo se u for negativo através da face B. Expandido em série de Taylor pode-se escrever ( pu ) B ( pu ) A ( pu ) x ... x A (3) Assim a taxa líquida do trabalho pela força de pressão pela componente x do movimento é [( pu) A ( pu) B ]yz ( pu) V , x A (4) onde V xyz Da mesma maneira, pode-se mostrar que as razões de trabalho pela pressão devido às componentes y e z do movimento são ( pv) V y e ( pw) V z respectivamente. A taxa total de trabalho pela força de pressão é simplesmente ( U )V . (5) (6) As únicas forças de volume significantes em meteorologia que agem em um elemento de massa são as da gravidade e de coriolis. Mas, já que a força coriolis 2 U é perpendicular ao vetor velocidade, ela não realiza trabalho. Assim, a razão que as forças de volume produzem trabalho no elemento e massa é igual a g UV . Aplicando o princípio da conservação de energia para o volume de controle lagrangeano (negligenciando os efeitos de viscosidade molecular) obtém-se: d 1 e U U V ( pU )V g UV qV dt 2 (7) Aqui q é a razão de aquecimento por unidade de massa devido à radiação, condução e liberação de calor latente. Com a ajuda da regra da cadeia de diferenciação pode-se reescrever como: V d 1 1 d ( V ) U pV p UV gwV qV e U U e U U dt 2 2 dt (8) onde g gk foi usado. Agora de (2.32 - Holton) vê-se que o 2º termo da esquerda em (8) desaparece, resultando de d 1 U U U p p U gw q dt dt 2 (9) Esta equação pode ser simplificada fazendo o produto escalar de U com a equação de momentum para obter (desprezando o atrito): d 1 U U U p gw dt 2 (10) Subtraindo-se (10) de (9) obtém-se: de p U J dt (11) Os termos em (9) que foram eliminados pela subtração de (10) representam o balanço da energia mecânica devido ao movimento do elemento de fluido. Os termos que permaneceram representam o balanço de energia térmica. Usando a definição do geopotencial, tem-se: qw dz d dt dt (12) de modo que (10) pode ser reescrita como d 1 U U U p dt 2 (13) que é chamada de equação da energia mecânica. A soma da energia cinética mais a energia potencial gravitacional é chamada de energia mecânica. Assim, (13) comprova que no movimento, a razão de variação da energia mecânica por unidade de volume é igual a razão em que o trabalho é feito pela força gradiente de pressão. A equação da energia térmica (11) pode ser escrita numa forma mais conhecida, observando em (2.31-Holton), que 1 1 d d 2 dt dt U (14) e que para o ar seco a energia interna por unidade de massa é dada por: e c T , onde c [ 717 JKg 1 K 1 ] é o calor específico a volume constante. Obtém-se, então: c dT d q dt dt (15) que é a forma comum da energia. Assim a 1 Lei da Termodinâmica realmente é aplicável ao fluido em movimento. O 2o termo da esquerda representando a razão de trabalho pelo sistema fluido (por unidade de massa) representa conversão entre a energia térmica e mecânica. É este processo de conversão que permite a energia do sol forçar os movimentos da atmosfera. 1.1- Termodinâmica da Atmosfera Seca Fazendo a derivação total da equação de estado (1.13-Holton) obtém-se: pd dp RdT dt dt dt substituindo por p (16) D em (15) e usando Dt C p c R (17) onde cp (=1004 J Kg-1 K-1) é o calor específico a pressão constante, pode-se reescrever a 1a lei da termodinâmica como: Cp dT dp q dt dt (18) Dividindo por T e usando de novo a equação de estado obtém-se a forma entrópica da 1a lei da termodinâmica cp d ln T d ln p q ds R dt dt T dt (19) A equação (2.43) dá a taxa de variação de entropia por unidade de massa, da parcela para um processo reversível termodinamicamente. A entropia s definida por (19), é uma variável que depende só do estado do fluido. Assim ds é uma diferencial exata e ds /dt é considerada como a derivada total. Mas, “o calor” não é um campo de variável, de modo que a razão de aquecimento q não é uma derivada total.