FRIEDRICH NIETZSCHE (1844

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FRIEDRICH NIETZSCHE
(1844-1900)
Uma filosofia “a golpes de martelo”
FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900)
• Realizou uma crítica radical e impiedosa da
tradição filosófica e dos valores fundamentais
da civilização ocidental.
• Considerado, junto com Marx e Freud, um dos
três mestres da suspeita:
Mestres da suspeita
Filosofia a golpes de martelo
• “Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo de sua obra
Crepúsculo dos ídolos. Vejam a “martelada” que ele dá em
Sócrates, um dos ídolos da filosofia ocidental:
• “Sócrates pertencia, por sua origem, ao populacho. Sabese, percebe-se que era feio. A feiura, objeção em si era
quase uma refutação entre os gregos. E, em suma, era
grego Sócrates? A feiura é, muitas vezes, sinal duma
evolução entravada, pelo cruzamento, ou então o sinal
duma evolução descendente. Os antropólogos que se
dedicam à criminologia nos dizem que o tipo criminoso é
feio; monstrum in fronte, monstrum in animo. E o criminoso
é um decadente. Sócrates era um tipo criminoso?”
FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900)
• Escrita aforismática
Aforismo é uma máxima, isto é, uma sentença curta
que exprime um conceito, um conselho ou um
ensinamento.
• Crítica profunda à civilização ocidental:
- Massificação
- Visão de mundo burguesa
- Conservadorismo cristão
• Consequência da crítica: valorização da existência
humana.
Aforismas do Crepúsculo dos ídolos
• Como? O homem seria tão-somente um
equívoco de Deus? Ou então seria Deus
apenas um equivoco do homem?
• Na Escola Bélica da Vida — O que não me faz
morrer me torna mais forte.
• Não te acovardes diante de tuas ações! Não as
repudies depois de consumadas! O remorso
da consciência é indecente.
Aforismas do Crepúsculo dos ídolos
• Os homens póstumos — eu, por exemplo —
são menos compreendidos que aqueles que
são conformes sua época, mas escutamo-los
melhor. Que eu me exprima mais
precisamente
ainda:
jamais
somos
compreendidos — e é disso que advém nossa
autoridade...
Aforismas do Crepúsculo dos ídolos
• O verme se retrai quando é pisado. Isso indica
sabedoria. Dessa forma ele reduz a chance de
ser pisado de novo. Na linguagem da moral: a
humildade.
• O Desiludido fala. — Procurei grandes homens
e sempre encontrei somente os macacos do
ideal deles.
Influência de Schopenhauer
• Arthur Schopenhauer (1788-1860)
• Continuador da filosofia kantiana e crítico de
Hegel (1770-1831 ver p. 306).
• Hegel, segundo Schopenhauer, ao considerar a
história como desdobramentos do espírito
terminava por legitimar todas as formas de
governo, inclusive as mais nefastas.
• A história, para Schopenhauer, não é
racionalidade e progresso, mas acaso cego e
enganoso.
Influência de Schopenhauer
• Para Schopenhauer a essência do mundo seria
a vontade (ou vontade de viver) – a vontade
seria uma pulsão ou impulso cego, carente de
fundamentos ou motivos.
• No ser humano: vontade = desejo consciente
que quando não satisfeito provoca sofrimento
e quando satisfeito gera tédio.
Quatro temas para entender
NIETZSCHE
•
•
•
•
Vontade de potência
Apolíneo e dionisíaco
Genealogia da moral
Niilismo
VONTADE DE POTÊNCIA
• “a vontade de poder como vontade orgânica: ela
é própria não unicamente do homem, mas de
todo ser vivo, mais ainda: exerce-se nos órgãos,
tecidos, e células, nos numerosos seres vivos
microscópicos que constituem o organismo.
Atuando em cada elemento, encontra empecilhos
nos que o rodeiam, mas tenta submeter os que a
ela se opõem e colocá-los a seu serviço.
Manifestando-se ao deparar resistências,
desencadeia uma luta que não tem pausa ou fim
possíveis”
(MARTON,
Nietzsche
–
a
transvaloração dos valores).
VONTADE DE POTÊNCIA
• Não pode ser reduzida a uma ideia biológica que
tenta justificar o espírito de competição dos seres
humanos e seu apetite por poder;
• A vontade de potência refere-se não apenas a um
CONJUNTO DE PULSÕES COMPETITIVAS, sem
outra finalidade que não seja a própria vida, mas
também o IMPULSO DE AFIRMAÇÃO DA VIDA na
direção de uma transcendência criadora, que
conduziria a uma plenitude existencial.
APOLÍNEO E DIONISÍACO
• Papa fazer a crítica da tradição da filosofia
ocidental a partir de Sócrates, a quem acusa
de ter negado a intuição criadora da filosofia
pré-socrática, Nietzsche estabelece a distinção
entre dois princípios: apolíneo e dionisíaco.
• Apolo – deus da razão, da clareza, da ordem
• Dionísio – deus da aventura, da fantasia, da
desordem.
APOLÍNEO E DIONISÍACO
• Essas duas dimensões foram separadas na
filosofia grega socrática que teria optado pelo
culto à razão.
• Para Nietzsche “o mundo seria o reino das
misturas,
das
turbulências,
das
complexidades, razão pela qual se opôs às
cisões separadoras entre alto e baixo, superior
e inferior, ideal e real, sensível e inteligível,
como ocorreu a partir do período clássico do
pensamento antigo”.
APOLÍNEO E DIONISÍACO
O caso de Sócrates representa um erro; toda a moral de
aperfeiçoamento, inclusive a moral cristã foi um erro.
Buscar a luz mais viva, a razão a todo preço, a Vida
clara, fria, prudente, consciente, despojada de instintos
e em conflito com eles, foi somente uma enfermidade,
uma nova enfermidade, e de maneira alguma um
retorno à virtude, à saúde, à felicidade. Ver-se obrigado
a combater os instintos é a fórmula da decadência,
enquanto que na vida ascendente, felicidade e instinto
são idênticos. (Crepúsculo dos ídolos)
APOLÍNEO E DIONISÍACO
Separo, com profundo respeito, o nome de Heráclito. Se os
demais filósofos rejeitaram o testemunho dos sentidos,
porque os sentidos são múltiplos e variáveis, Heráclito
rejeitava tal testemunho porque apresenta as coisas como
dotadas de duração e unidade. [...]. A razão é a causa de
falsearmos o testemunho dos sentidos. Estes não mentem
quando nos mostram o vir a ser das coisas, o
desaparecimento, a mudança. Mas em sua afirmação
segundo a qual o ser é uma ficção, Heráclito terá
eternamente razão. O mundo das aparências é o único real,
o mundo, verdade foi acrescentado pela mentira.
(Crepúsculo dos ídolos).
GENEALOGIA DA MORAL
• Crítica aos valores morais
• Genealogia da moral: estudo da formação
histórica dos valores morais;
• O bem e o mal não constituem noções
absolutas  São produtos histórico-culturais:
elaboradas pelos seres humanos a partir dos
interesses humanos.
GENEALOGIA DA MORAL
• Enquanto propagados pela religião – judaísmo
e cristianismo – esses “valores” carregaram as
pessoas com os sentimentos do dever, culpa,
dúvida e pecado.
• Resultaram daí indivíduos medíocres, tímidos,
insossos, não criativos, depauperados e
sugmissos.
GENEALOGIA DA MORAL
• Moral cristão seria uma moral de rebanho –
moral baseada na submissão irrefletida e
acomodada de grande parte das pessoas aos
valores dominantes.
• O desafio é cada um compreender que os
valores são construções humanas e, então,
refletir sobre sua concepções morais e
questionar o valor dos valores.
GENEALOGIA DA MORAL
Moral de rebanho
“O que é tacitamente aceito por nós; o que recebemos e
praticamos sem atritos internos e externos, sem ter sido por nós
conquistado, mas recebido de fora para dentro, é como algo que
nos foi dado; são dados que incorporamos à rotina,
reverenciamos passivamente e se tornam peias (amarras que
prendem os pés) ao desenvolvimento pessoal e coletivo. Ora,
para que certos princípios, como a justiça e a bondade, possam
atuar e enriquecer, é preciso que surjam como algo que
obtivemos ativamente a partir da superação dos dados. (…) Para
essa conquista das mais lídimas (autênticas) virtualidades do ser
é que Nietzsche ensina a combater a complacência, a mornidão
das posições adquiridas, que o comodismo intitula moral, ou
outra coisa bem soante.“ (CANDIDO, O portador... p. 141)
NIILISMO
• Na idade moderna o cristianismo deixou de
ser a “única verdade”  passou a ser uma das
interpretações possíveis do mundo. Toda a
civilização ocidental e seus valores absolutos
também foram questionados;
• Niilismo: “deve ser entendido como um
sentimento opressivo e difuso, próprio às
fases agudas de ocaso de uma cultura. O
niilismo seria a expressão afetiva e intelectual
da decadência” (Giacoia Jr.).
NIILISMO - A morte de deus
• Acontecimento histórico-cultural:
“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou
fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos
algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e
mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas
lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos
lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados
haveremos de inventar? A grandiosidade deste ato não será
demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios
deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu ato
mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará
a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a
história até hoje!” – NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência
NIILISMO - A morte de deus
• Pela ótica da morte de deus:
• “[...], o niilismo seria o sentimento coletivo de
que nossos sistemas tradicionais de valoração,
tanto no plano do conhecimento quanto no
plano ético-religioso, ou sociopolítico, ficaram
sem consistência e já não podem mais atuar
como instância doadoras de sentido e
fundamento para o conhecimento e a ação
(Giacoia Jr.)
Questões
1. Sobre si mesmo, Nietzsche afirmou: “Não sou
um homem, sou uma dinamite”. Identifique e
explique as ‘bombas’ lançadas pelo filósofo
nos seguintes domínios:
a) Da tradição filosófica
b) Da moral
c) Da religiaão
Questões
2. “Deus está morto! Deus permanece morto! E
quem o matou fomos nós! Como haveremos de
nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que
o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e
mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes
das nossas lâminas. Quem nos limpará desse
sangue? Qual a água que nos lavará?
a) A laicização da sociedade foi mais benéfica ou
prejudicial para as pessoas?
Questões
Dadas as afirmações sobre o filósofo Nietzsche, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Nietzsche produziu uma profunda crítica ao cristianismo, sobretudo na obra O
anticristo, em que afirma que o único cristão morreu na cruz.
b) Nietzsche foi discípulo de Foucault, tomando para si, sem atribuir os devidos
créditos, o método genealógico. Pode ser considerado um foucaultiano legítimo e
teve como sua leitura predileta a obra Vigiar e punir, de Foucault.
c) Ao longo de sua obra, Nietzsche tece duras críticas à modernidade e ao
cristianismo, entendendo o último como platonismo do povo e, sobretudo,
atacando os sacerdotes enquanto inversores dos valores nobres.
d) Estudos aprofundados demonstram que na obra Vontade de Poder, atribuída a
Nietzsche por diversos anos, constava uma série de afirmações introduzidas por
intervenção de sua irmã, objetivando agradar ao partido nazista.
e) Na obra Para a Genealogia da Moral, dividida em três dissertações, encontra-se,
como temática central, o questionamento sobre a origem dos valores morais –
uma crítica ao utilitarismo inglês, além de outras, como ressentimento e ideais
ascéticos.
Questões
Questões
(Ufsj 2013) “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo que Nietzsche dá à sua
obra Crepúsculo dos ídolos. Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s)
a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são os instrumentos eficientes para
a compreensão e o norteamento da humanidade.
b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a sexualidade, ao materialismo, à
abordagem psicológica de artistas e pensadores, bem como ao antigermanismo.
c) compositores do século XIX, como, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart,
compositor de uma ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodiada no título.
d) conceitos de razão e moralidade preponderantes nas doutrinas filosóficas dos
vários pensadores que o antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâneos
Kant, Hegel e Schopenhauer.
e) ao socialismo da URSS, que reutiliza o martelo como símbolo central da classe
operária.
Questões
(Unimontes 2012) O pensamento de Nietzsche (1844 – 1900) orienta-se no
sentido de recuperar as forças inconscientes, vitais, instintivas, subjugadas
pela razão durante séculos. Para tanto, critica Sócrates por ter
encaminhado, pela primeira vez, a reflexão moral em direção ao controle
racional das paixões. Nietzsche faz uma crítica à tradição moral
desenvolvida pelo ocidente. Marque a alternativa que indica as obras que
melhor representam a crítica nietzscheana.
a) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos.
b) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, República.
c) Leviatã, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos.
d) Microfísica do poder, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos.
e) Memórias Póstumas de Brás Cubas e A moreninha.
Questões
(Ufsj 2012) Nietzsche identificou os deuses gregos Apolo e
Dionísio, respectivamente, como
a) complexidade e ingenuidade: extremos de um mesmo
segmento moral, no qual se inserem as paixões humanas.
b) movimento e niilismo: polos de tensão na existência humana.
c) alteridade e virtu: expressões dinâmicas de intervenção e
subversão de toda moral humana.
d) razão e desordem: dimensões complementares da realidade.
e) Amor e Paixão: sentimentos intensos da vida humana.
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