SARA SOUTO A IMPORTÂNCIA DO TRIBALISMO NA NOVA ERA DO MARKETING Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1) 2013 ISSN 1645-0248 Edição e propriedade Instituto Superior de Comunicação Empresarial. Morada: Praça do Príncipe Real, n.º 27 1250-184 Lisboa - PORTUGAL Tel.: + 351 21347 42 83/ + 351 91723 3960 [email protected] INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL SARA SOUTO1 A IMPORTÂNCIA DO TRIBALISMO NA NOVA ERA DO MARKETING RESUMO Através das ações de Marketing, torna-se necessário, atingir os indivíduos nas suas emoções, pois só assim as organizações conseguirão, de forma sustentada, manter as suas marcas no mercado. O conceito de exploração de sentimentos considerados como necessidade secundária, surge agora contextualizado numa sociedade, onde a preocupação com aquilo que é unicamente racional associado às necessidades básicas, já não existe. Cada indivíduo tende, cada vez mais, a estabelecer relações com outros, que partilhem os mesmos sentimentos e que se aproximam a nível de motivações e personalidades, formando uma “TRIBO”. Estas tribos têm características muito específicas e são fonte de informação de extremo valor para as marcas, se conseguirem infiltrar-se no seu interior, quer virtualmente, quer fisicamente, sendo bem recebidas pelos seus membros. O fenómeno tribal tem vindo a ganhar expressão, principalmente com a utilização da internet, através do crescimento das redes sociais, pois os tribalistas podem vir de qualquer parte do mundo, com diferentes contributos, que devem ser recebidos pelas marcas e controlados pelas mesmas. As tribos de hoje tendem a ser, cada vez mais, globais, sem barreiras geográficas, sociais, económicas ou culturais, podendo contribuir para o crescimento duma marca em grande escala e, é este comportamento tribal, que deve ser referência para a implementação de uma bem-sucedida estratégia de Marketing. Palavras-chave: Tribos; Partilha; Ligação; Comportamento tribal; Estratégias de marketing tribal; Redes sociais ABSTRACT For marketing strategies to be successful, they have to touch people’s emotions, as only by doing so, can brands maintain their position in the marketplace. Exploiting people’s feelings has been considered secondary and has taken place within a social context that only linked reason with basic needs. Currently, however, this is no longer the case. More and more, individuals tend to share relationships with others having similar feelings, motivations and personalities, in effect, forming a “TRIBE”. These tribes have specific characteristics and provide a rich source of important information for brands, if they are able to be infiltrated in the tribes, virtually or physically, and be well received by its members. This tribal phenomenon is growing fast, mainly with the use of the internet, through the boom of social networks, as tribal members can come from any part of the world, and so, bring their different contributions, which should be received and controlled by the brands. Today’s tribes tend to be global, with no geographic, social, economic or cultural boundaries and they can contribute to a brand’s growth on a major scale. It is this tribal behaviour that should act, as a reference point, for implementing a successful Marketing strategy. Key words: Tribes; Sharing; Link; Tribal behavior; Tribal marketing strategies; Social networks. 1 Mestre em Marketing Estratégico pelo ISCEM; Docente do ISCEM Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 54 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL SARA SOUTO A IMPORTÂNCIA DO TRIBALISMO NA NOVA ERA DO MARKETING 1. A IMPORTÂNCIA DO TRIBALISMO NA NOVA ERA DO MARKETING Na sociedade moderna, novas configurações interpessoais têm vindo a surgir, dando origem às redes de ligações em grande parte organizadas por afinidades emocionais. Estas novas tendências de fragmentação da sociedade, refletem novos padrões de consumo e põem em causa o marketing tradicional que utiliza uma abordagem top-down, focalizada na relação unilateral da marca com o consumidor, sendo este visto como passivo e isolado. 2. O COMPORTAMENTO TRIBAL Os consumidores estão, cada vez mais, a juntar-se a grupos, para partilhar e expressar as suas emoções através de rituais e práticas. Este comportamento tem um impacto enorme no consumo, pois reflete a sua busca pela identidade, aceitação, expressão e liberdade, comportamento este, muito pouco patente no marketing tradicional. Os consumidores na sociedade moderna valorizam bens pela sua capacidade de ligação aos outros, pelo que, chegou a altura de repensar a empresa, as marcas, a sua estratégia, chegou a altura das empresas estarem atentas a este emergente fenómeno tribal. O princípio base do marketeer de hoje deverá ser proporcionar a ligação entre consumidores (ver figura 1), privilegiando as ações na ótica C2C (consumer to consumer). MARCA CONSUMIDORES MARCA CONSUMIDORES Figura 1 – Marketing tradicional vs marketing atual Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 55 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 3. AS TRIBOS O conceito de tribo foi lançado no marketing por Cova (1997), que trouxe para esta ciência os estudos da sociologia e da antropologia cultural, até então desprezados pelo racionalismo das ciências exatas. A palavra tribo refere-se ao ressurgimento de valores arcaicos de identificação local, religiosidade, sincretismo e narcisismo, onde uma ordem social se mantém, sem um poder central ou submissão a regras. Elas representam uma contracultura ao poder institucional, onde pessoas se reúnem com os mesmos objetivos, não em torno de alguma coisa racional ou moderna, mas em torno do não racional e de elementos arcaicos como localização, relacionamento, emoção e paixão. Pertencer a estas tribos, para o indivíduo, começa a ser mais importante do que pertencer a uma classe social ou a um segmento de mercado específico. O que irá diferenciar uma tribo moderna das constituições das tribos arcaicas, é o facto de elas serem efémeras e não totalmente agrupadas, das pessoas poderem pertencer a várias tribos diferentes, dos laços pós-modernos das tribos serem conceptuais, pelos seus membros relacionarem-se pela partilha de sensações. Para Cova (1997), uma tribo é definida como uma rede heterogénea de indivíduos em termos de, por exemplo, idade, sexo ou rendimento, que estão ligadas pela partilha por uma paixão ou emoção. São estas paixões e emoções, que constituem o denominador comum das tribos pósmodernas. As tribos existem, para representar manifestações rituais e simbólicas dos seus membros e estão constantemente em movimento. Esta é a forma mais poderosa de se manter a identidade das tribos da sociedade pósmoderna. Uma pessoa pode pertencer a várias tribos ao mesmo tempo, comportando-se de forma diferente em cada uma delas. Em cada situação, o indivíduo assume um papel e veste uma diferente "máscara". Esta variação de comportamento social impede que as tradicionais ferramentas de análise possam avaliá-lo de forma precisa. A noção de tribo não é particularmente revolucionária. A maior diferença está na dupla identidade dos agrupamentos das tribos pós-modernas que são simultaneamente primárias e secundárias. No grupo primário estão as experiências concretas do dia-a-dia, no secundário as necessidades de interagir com outros grupos. Uma das características dos dias atuais é a simultaneidade - movimentos de agrupamento e individualização, que ocorrem simultaneamente na vida de cada pessoa. Os relacionamentos nas tribos ocorrem pela partilha dos momentos em que as pessoas estão reunidas e os locais onde se reúnem, física ou virtualmente, como os momentos de sugestões, das atividades do dia-a-dia, da fantasia e da imaginação de cada membro da tribo. Entre os papéis assumidos nas tribos encontramos (Cova, 2002): o membro - que tem uma relação profunda e diária com os rituais do grupo; o especialista - que conhece o assunto com profundidade mas não mantém um vínculo direto com os rituais; o participante - que interage com todo o grupo; o simpatizante - que convive esporadicamente com o grupo sem criar vínculos maiores. Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 56 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL O consumidor tribal procura marcas e produtos que ajudem a formar a sua imagem, junto às tribos a que pertence. O valor da marca, produto ou serviço, não vem mais da função que este possui, mas do que ele é capaz de transmitir e dos significados que estão inseridos na formação da sua imagem. A leitura do significado de uma marca pode assumir diversas formas, já que ela é feita pelos membros das tribos: uma marca pode ser para um grupo o seu principal objeto de culto e para outro, um exemplo de aversão. Os componentes destes dois grupos, quando analisados pelas clássicas ferramentas de pesquisa do consumidor, podem apresentar os mesmos perfis e, ao mesmo tempo, produzirem leituras antagónicas sobre o produto e a marca. Ou seja, o que antes era tratado como público-alvo de uma determinada marca, precisa agora de ser revisto à luz da capacidade de significados que a tribo é capaz de lhe atribuir. O comportamento em grupo é uma evidência no ambiente comunicacional contemporâneo da pós-modernidade, possibilitando o seu crescimento pela inexistência de barreiras à comunicação. “Ao que atualmente assistimos em termos de movimento social, é ao que podemos chamar advento das tribos” (Maffesoli, 2006), o que significa o fim do individualismo, através de associações contratuais e racionais, estabelecidas pelos próprios indivíduos a fim de que seja acentuada, cada vez mais, a dimensão afetiva e sensorial. O individualismo é substituído pela necessidade de identificação com um grupo. Segundo Maffesoli (2006), as relações entre os homens e os objectos tecnológicos, exprimem as extensões dos seus afectos e sociabilidades. Para ele, os meios de comunicação geram modos de comunidade e tribalização: apreciam a televisão, os telemóveis, os jogos de video, a internet, enquanto vectores de experiências afirmativas na sua vida diária. As novas tribos utilizam símbolos, locais, cultos, rituais e imaginários à semelhança das tribos indígenas, embora diferenciando-se destas por não terem espaços geográficos concretos e as fronteiras serem conceptuais e efémeras.Assim, podemos perceber o valor efetivo que a sinergia das forças que atuam na sociedade pode constituir para o avanço tecnológico, pois falamos aqui da redescoberta de que o indivíduo não pode existir isolado, pelo contrário, deve ligar-se aos outros por meio de culturas, costumes e comunicação, criando fortes laços de reciprocidade. A humanidade foi sempre e continuará a ser tribal, mas de novas e diferentes maneiras. A proximidade já não basta. O onde já não equivale ao quem. A realidade é que a geografia, a cultura e a religião já não correspondem entre si. As novas tribos são comunidades globais, constituídas por pessoas que percebem realmente que têm algo em comum, independentemente da sua nacionalidade. Como efeito da biografização, os sistemas de valores alteram-se em termos de espaço e de duração. Antigamente eram eternos, agora são efémeros. Morria-se com os mesmos valores com que se crescia. Hoje em dia, os valores são provisórios. As normas costumavam ser como a nossa pele, agora podemos mudar, por opção. Além disso, a maior parte das pessoas apenas tinha um conjunto de valores. No mundo do “Capitalismo Karaoke”, podemos professar várias crenças em simultâneo. Trata-se de "eu e as minhas tribos" e não de "a tribo" (Ridderstrale e Nordstrom, 2006). Estas tribos constituem agrupamentos por interesses comuns, que compartilham um estilo de vida com valores e gostos comuns, definindo um estilo de vida tribal muito próprio. Apesar desta cultura tribal poder existir fora do mundo virtual, a internet favorece essas relações, pois é a forma, por excelência, que permite às tribos articularem e divulgarem as suas ideias e opiniões. Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 57 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Assiste-se então a uma consequente heterogeneização e também a um emergente pluriculturalismo, que dá origem à formação de tribos, constituídas por diversos pequenos grupos, que estabelecem uma rede de amigos com interesses em comum, dividindo um espaço comum, não exclusivamente físico mas também virtual (internet). De facto, com o crescimento da internet, as tribos podem fortalecer-se de uma forma quase absurda, tendo em vista que é muito mais fácil encontrar pessoas com interesses comuns ligadas a uma rede. O conceito de neo-tribalismo sustenta-se na relatividade do coeficiente de pertença, pois como cada pessoa pode pertencer a uma infinidade de tribos pode investir, em cada uma delas, uma parte pessoal importante. Este “borboleteamento” é uma das características principais e essenciais da atual organização social. O conhecimento das neo-tribos podem claramente facilitar os gestores de marketing no tipo de comunicação a desenvolver. “A marca que pretende comunicar com os públicos-alvo e segmentos alvo, ao identificar determinadas tribos, poderá, de uma forma espontânea, direcionar as suas campanhas de acordo com os gostos e preferências destes grupos de consumidores” (Cova, 2007). Mas, o verdadeiro objetivo na criação de uma tribo, não é conseguir mais consumidores, mas transformar “fãs” ocasionais, em “fãs” apaixonados pela marca. Estas novas tribos podem congregar-se em torno de uma marca, de um produto, de um estilo de vida, de uma atividade, de um clube, de uma associação, de um ídolo. 4. OS INTERVENIENTES NUM ECOSSISTEMA TRIBAL “Conte-me e eu vou esquecer. Mostre-me e eu vou lembrar. Envolva-me e eu vou entender” (Confúcio). Como afirma Seth Godin (2008), as tribos põem o mundo a funcionar, sempre foi assim e sempre será. Num ecossistema tribal, há uma heterogeneidade de indivíduos (ver figura 2), que se agrupam por uma mesma paixão ou emoção e porque são capazes de ações coletivas. Figura 2 – Membros de tribos (imagens dos sites das marcas) O que diferencia este ecossistema tribal, ou neo-tribal, do ecossistema tribal arcaico, é o facto de ser efémero, pois na sociedade moderna “as pessoas podem pertencer a várias tribos diferentes, os laços são conceptuais e os seus membros relacionam-se através da partilha de sensações” (Cardoso, 2009). As pessoas criam um relacionamento com o produto que adquirem, através de ligações que podem ser: “de auto conceito - o produto ajuda a estabelecer a identidade com o seu utilizador; de nostalgia - o produto atua como elo com o eu no passado; de interdependência - o produto faz parte da rotina diária; ou de amor - o produto promove elos emocionais de afeto, paixão ou outra emoção intensa” (Solomon, 2002). A necessidade Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 58 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL de relacionamento é inerente à existência do ser humano, e, os membros duma tribo de hoje aproximam-se por diversos motivos, criando elos que podem ser duradouros ou efémeros. Ao adquirir uma marca, o consumidor tribal não quer sentir-se isolado. Ele quer ser reconhecido, pelo consumo dessa marca, como integrante e representante de uma ou mais tribos. Para Solomon (2002), o consumidor tribal age por experiências emocionais ou por integração - que expressa aspetos do eu ou da sociedade; por classificação - onde as pessoas se envolvem para comunicar, tanto para si como para os outros, a sua associação com as marcas; ou pode gerar um jogo - onde as marcas são usadas para que o consumidor participe de uma experiência mútua e funda as suas identidades com a do grupo. Analisar o perfil do consumidor tribal requer habilidade, para lidar com todas as múltiplas facetas que ele pode passar a assumir no seu comportamento. Duma análise quantitativa, macro, segmentada por faixa etária, classe social e sexo, houve a evolução para a análise de perfis qualitativos que visam conhecer quem é o consumidor, quais os seus hábitos de consumo, de leitura e a sua forma de pensar. Deve pesquisar-se o comportamento de consumo tribal associado à análise do sentimento, que envolve as relações entre as pessoas, suas afinidades, paixões e emoções. Para Cova (1997), o consumidor parece confuso na escolha de uma marca, impedindo qualquer organização de se estruturar estrategicamente de acordo com categorias. Ele é capaz de escolher produtos antagónicos ou mesmo gastar menos num movimento de anticonsumo. Isto provoca uma confusão no sistema económico, que é baseado no consumo e explica a dificuldade de enquadrar o consumidor por preferências. O que pode dificultar a identificação do consumidor tribal é, então, o facto de não conseguir-se caracterizar o consumidor por segmentos e nichos, já que estes já não correspondem à estrutura pós-moderna. O avanço tecnológico que permitiu a cada pessoa estar ligada a uma rede de computadores ou à internet, somado a esta transição da característica individualista do sujeito moderno para o pós-moderno, levam os indivíduos a criarem novos espaços de relacionamentos. O que os membros duma tribo querem é: estar ligados criar razão de existirem fazer a diferença fazer-se notar ter interesse para a tribo a sua falta ser sentida Os consumidores tribais agrupam-se emocionalmente em torno de uma marca, dão valor à afinidade e à relação. Vive-se numa época em que as necessidades básicas encontram-se minimamente satisfeitas, dando espaço a que as secundárias tomem poder. É aqui que o consumo restrito ganha forma, é personalizado, como se dum ritual se tratasse e o consumo fosse visto como “sagrado”. Os critérios psicográficos devem assumir um maior destaque em detrimento dos sociodemográficos, habitualmente utilizados, pois a aproximação ao consumidor tribal deve ser feita através da criação de laços emocionais, através de uma interação eficaz com a marca, assumindo o membro da tribo, um papel defensor da sua marca. Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 59 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 5. O LÍDER TRIBAL Tribos sem um líder são apenas multidão. “Uma tribo é um grupo de pessoas ligadas entre si, ligadas a um líder e ligadas a uma ideia” (Godin, 2008). A sociedade tem cada vez mais tribos, unidas por marcas, produtos, serviços, valores, ideias, atividades ou interesses, mas, tem que haver alguém que lidere estas tribos, que crescem exponencialmente através da quebra das barreiras geográficas, através da tecnologia, permitindo uma difusão e partilha crescente da informação. O uso das atuais ferramentas tecnológicas é fundamental para liderar uma tribo. Antes da internet era difícil coordenar e liderar uma tribo, era mais demorado passar a palavra, era complicado coordenar ações, era impensável crescer rapidamente. As novas tecnologias foram criadas para desenvolver redes de comunicação entre as tribos, dando-lhes voz ativa na sociedade moderna. Mas, a internet é apenas uma ferramenta, uma forma simples de obter resultados. O verdadeiro poder das tribos não passa exclusivamente pela internet, mas também por todas as formas de comunicação off-line, pois tem tudo a ver com as pessoas. O líder só precisa de querer fazer as coisas acontecerem, precisa ter paixão e atitude, precisa de criticar e ser curioso, precisa provocar a confusão. “O verdadeiro líder tem que ter fé no objetivo comum à tribo, enfrentar o medo de errar ou de ser mal compreendido e de ser um fã da mudança. As tribos dão-nos uma vida melhor. Liderar uma tribo é a melhor vida de todas” (Godin, 2008). Saber gerir situações, persuadir, organizar prioridades e visualizar o sucesso, são características que estão na base de alcançar a liderança de uma tribo. Como já foi mencionado, o marketing dos dias de hoje utiliza as atuais ferramentas tecnológicas, sobretudo a internet, através de emails e de redes sociais como o Facebook, o hi5, o Twitter, entre outras, para liderar tribos, pois cada vez mais existem mais tribos, com os seus membros reunidos em torno das mesmas opiniões e atitudes quer relativamente a marcas, produtos, serviços, ideias políticas ou apenas para partilha de interesses. Quem quiser pode liderar estas tribos, que crescem diariamente, porque a tecnologia quebrou as barreiras geográficas e a velocidade com que a informação chega é enorme. Basta para isso acreditar no objetivo comum à tribo e estar apto a receber sugestões de mudança. O sucesso na liderança de uma tribo resulta da paixão e atitude, da crítica e da curiosidade: é preciso gerir situações, persuadir os outros, organizar prioridades, visualizar o sucesso. O líder pode melhorar a eficácia da sua tribo ao transformar o interesse comum numa paixão e num desejo de mudança, ao proporcionar os meios que permitem aos seus membros estreitar a comunicação entre eles e ao impulsionar a tribo, para que cresça e ganhe novos membros. As características de um líder incorporam noções de desafio, criação de uma cultura, curiosidade, carisma, comunicação, ligação, comprometimento. 6. O MARKETING TRIBAL Depois dos anos 50/70 terem sido marcados pelo modernismo da época, caracterizado pelo aparecimento de novas realidades e visões como o individualismo, a liberdade, a universalidade e o progresso, surgiram novos valores após 1980, com o tribalismo, a ligação, a autenticidade, a proximidade, dando assim origem aos apaixonados por marcas (Dionísio, 2008). Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 60 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Assistimos à emergência dos grupos de adeptos, experts, colecionadores e frequentadores de nichos de mercados, que partilham já valores e interesses com outras pessoas, independentemente do local geográfico onde se encontrem. Para estes, a ligação é o mais importante, mais até que o produto ou a marca em si, pois vivem a sua comunidade com paixão e autenticidade. Esta vivência em comunidade, assemelha-se ao que antigamente era chamado comportamento tribal e, é esta forma de estar em sociedade, que hoje chamamos neotribalismo. Deu-se início a uma era, onde as redes de consumidores ativos contribuem para a construção de marcas, surgindo como co-produtores das mesmas (os prosumers). Os consumidores deixam de consumir apenas pela funcionalidade dos produtos, passando a eleger as ligações e a partilha. A tendência comportamental dos consumidores é organizarem-se e participarem em tribos. Atualmente, pela sua própria definição, o marketing tribal privilegia a relação pessoal entre a organização e o consumidor. A empresa deve entrar na tribo de forma cuidadosa e partilhar a mesma linguagem, emoções e rituais (Cova et al, 2007). Há uma aproximação aos consumidores com os mesmos interesses, oferecendo a estes, marcas, produtos e serviços, que vão ao encontro das suas necessidades e desejos comuns. As marcas devem criar laços emocionais, graças à interação eficaz com o seu público-alvo. Podemos considerar então, que marcas de sucesso são aquelas que conseguirem essa interação com os consumidores, tornando-se quase parte da sua rotina diária. No marketing tribal, há uma “tribo” que tem que ser considerada, ou seja, um grupo de pessoas que partilham as mesmas características ou algum tipo de interesse semelhante, a quem é apresentada uma marca que se sabe à partida que irá satisfazer os seus interesses e as suas vantagens serão partilhadas. Um dos principais objetivos do marketing tribal, é transformar estranhos em amigos e amigos em clientes (Godin, 1999). Podemo-nos relacionar com uma tribo através dos diferentes tipos de marketing: viral, boca-a-boca, buzz e blended marketing. Todos eles nos permitem contactar eficazmente com uma tribo, se a ligação a ela for corretamente estabelecida. Como podemos verificar, o marketing tribal tem a sua "pedra de toque" no contacto interpessoal, físico e/ou virtual (ver figura 3), na capacidade inata das pessoas se agruparem, de criarem tribos com as quais se identificam e com as quais vivem e convivem. Figura 3 – Exemplo de uma comunidade tribal exclusivamente virtual Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 61 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Tirando partido deste facto, consegue-se mais facilmente agrupar os consumidores para uma determinada marca, produto ou serviço. "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és!" Estes novos consumidores podem também ser uma força negativa, podendo opor-se às marcas e destruir os seus valores. Com a crescente penetração da internet no quotidiano dos consumidores, todos se relacionam com maior facilidade, o que, para além de ser uma grande alteração de comportamento, pode trazer riscos para as empresas. Este poder dos consumidores lança novos desafios às empresas habituadas a trabalhar num mundo físico, que têm agora que aproveitar as oportunidades que encontram no mundo virtual, identificando e minimizando as ameaças que esse novo mundo lhes pode trazer. De facto, as empresas e as suas marcas precisam deste novo relacionamento virtual, para dar sustentabilidade ao seu sucesso e para promover a fidelização e lealdade, através de identificação com a tribo que mantêm. 7. ESTRATÉGIAS DE MARKETING TRIBAL Numa estratégia de marketing tradicional, os consumidores são vistos como passivos e isolados, em que a abordagem empresarial é feita, focando a relação empresa-consumidor. Na sociedade moderna, esta técnica visa fortalecer os laços existentes com o consumidor, ou seja, o consumo torna-se agora algo emocional. O marketing tribal preocupa-se com a exploração do lado sentimental/emocional dos consumidores em detrimento do lado racional. Preocupa-se em avaliar a personalidade, os sentimentos e motivações da sua “tribo” e desta forma personalizar, cada vez mais, as suas marcas e produtos, de acordo com esta. As estratégias de marketing tribal focam grupos de indivíduos que partilhem os mesmos interesses em marcas, produtos ou serviços, a que chamámos de comunidades tribais. O objetivo destas estratégias visa dar a possibilidade, a estas comunidades tribais, de espalhar as vantagens dos produtos, obtendo assim a criação de grupos de consumidores, facilitada pelas novas tecnologias, como a internet. Na sociedade moderna, os marketeers não podem ser apenas marketeers, têm que ser líderes tribais, pois é na liderança da tribo que está a capacidade de influenciar os consumidores, membros da tribo. Através das novas tecnologias de informação, os elementos das tribos têm acesso às notícias atualizadas das empresas e das marcas, aos seus novos produtos, podendo também interagir, para além dos membros da tribo, com os elementos da própria empresa, dando e obtendo sugestões, ideias, conselhos, obtendo uma sensação de grupo, partilha e união, motivando-os à partilha dos mesmos interesses. A consolidação da fidelização dos seus consumidores, torna-se mais fácil e a empresa e as suas marcas ganham notoriedade. Alimenta-se o culto pela marca e assiste-se ao aumento do número de pessoas pertencentes à tribo. As estratégias de marketing atuais, assumem uma realidade diferente ao assistirem à formação de tribos para a partilha de paixões, através de rituais e práticas comuns. Nesta busca por identidade, aceitação, expressão e liberdade, os consumidores passam a valorizar os bens de consumo, pela sua capacidade de ligá-los uns aos outros e as marcas têm de proporcionar essa ligação entre consumidores. Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 62 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Como o conceito de marketing tribal surge a partir do momento em que é possível estar em contacto com qualquer pessoa, a qualquer hora ou local, as estratégias de marketing tribal têm de ter uma maior preocupação em saber quais as marcas, produtos ou serviços que ligam os consumidores de forma entusiástica e emocional. Este é o grande valor da ligação tribal!... Com o objetivo de criar um território para as suas marcas e de direcionar a comunicação, as estratégias de marketing tribais terão de segmentar o mercado, dirigindo-se a grupos de consumidores que têm em comum a partilha de determinados valores. Estes grupos deixam de ser constituídos com base num qualquer modelo tradicional de segmentação, dando lugar a um conceito mais universal e transversal, a diferentes grupos, com diferentes características (ver Tabela 1). Uma tribo é uma rede de pessoas heterogéneas, em termos de idade, sexo, classe social, entre outros indicadores, que estão ligadas por uma paixão ou emoção, capazes de agir coletivamente, em que os seus membros não são apenas consumidores, são também participantes. ≠ Um segmento é um grupo homogéneo de pessoas, que possuem as mesmas características, que não estão ligadas entre elas e que não são capazes de agir coletivamente, sendo os seus membros apenas consumidores de determinada marca/produto/ serviço. Tabela 1 – Diferenças entre tribo e segmento de mercado O que está em causa numa tribo é a partilha de sentimentos e de emoções, implicando o lançamento de marcas e/ou serviços que permitam o cumprimento dos objetivos. Para trás, fica o consumo de mera satisfação de necessidades básicas, entrando-se numa nova vertente de consumo, que tem valor simbólico para o consumidor e para toda a comunidade de que faz parte, que se traduz em rituais. Para estes consumidores “tribalistas”, importa mais o valor de ligação do que o valor material de uso de um determinado produto ou serviço. Com esta nova aproximação ao consumidor, as marcas conseguem interagir de forma eficaz com o seu público-alvo, criando assim uma relação mais emocional. Este é um novo caminho que os marketeers devem começar a dar atenção, se querem chegar eficazmente ao seu público-alvo. As estratégias de marketing, face às novas organizações sociais que aqui se vêm identificando como tribos, deverão assim enfatizar o valor da ligação com as marcas ao serviço da comunidade e não a servirem-se da comunidade (Harley Davidson – Harley Owners Group, Apple, Clube Nespresso, Nike). Uma estratégia de marketing tribal enfatiza o valor de ligação do produto ou marca, pondo a marca ao serviço dos membros da tribo. As tribos são meios de comunicação extremamente eficazes, mas só fazem aquilo que querem. Aderir a uma tribo é fácil, mas o desafio está em conseguir liderá-la, pois essa liderança é crucial para a eficácia de uma estratégia de marketing tribal. Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 63 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Uma estratégia de marketing tribal tem que reforçar as ligações entre os membros da comunidade tribal, devendo a marca posicionar-se como elemento central da tribo, liderála e tornar-se numa marca de culto. Ao tentar delinear uma estratégia, qualquer marca deverá saber diferenciar os seus produtos, estruturar a sua identidade, definir o seu público-alvo, utilizar formadores de opinião e líderes de opinião, fomentar a troca de experiências e de diálogo e criar uma imagem apelativa. O que uma estratégia de marketing tribal deve fazer, é usar em seu proveito um grupo de consumidores, para assim controlar a promoção da sua marca e estimular o seu consumo: criar subtilmente, de forma não explícita, a sua tribo e mantê-la, liderando-a. Para liderar a sua tribo, uma marca tem que implementar uma estratégia de marketing, que passe por aproximar a comunicação dos membros da tribo (Dionísio, 2009), realizar eventos para contactar com a tribo, reforçar a mensagem de legitimidade de apoio da tribo, disponibilizar-se para servir a tribo e não para servir-se dela, estimular feedback dos públicos, fomentando a comunicação interativa. Nas estratégias de marketing tribal, devem criar-se laços especiais com os consumidores, para que eles sintam que a marca tem uma preocupação especial e única relativamente aos seus gostos e aos da sua tribo. As marcas devem criar uma relação mais emocional e entusiástica com os consumidores e, estes consumidores, assumir-se-ão como defensores da marca, que deve fazer parte integrante da sua vida e eles próprios verão a marca como símbolo da sua tribo. A difusão da marca pode ser efetuada, como já abordamos, de forma rápida pela internet, por exemplo, com recurso a redes sociais, blogs, fóruns, emails ou através do “boca-aboca”. Esta interação das tribos e das marcas, permite a obtenção de informação importante para a melhor satisfação dos consumidores. Para atingir as comunidades tribais, as empresas devem, assim, tirar o foco das relações empresa-consumidor e passar a privilegiar a relação entre os consumidores. Devem sair da visão da empresa como suporte das relações, para a esfera de apoio aos relacionamentos. A fidelização do consumidor de forma cognitiva deve ser substituída pela fidelização através dos cultos e rituais, que possuem significado para a tribo, como também a lealdade, que deixa de ser cognitiva para passar a ser afetiva. As estratégias de marketing tribais deverão facilitar a convivência e a agregação das tribos, utilizando ferramentas para personalizar as ligações e suportar a ligação entre os seus membros (ver figura 4). Figura 4 – A ligação tribal aumenta o valor da marca (Slideshare - Seth Godin on tribes) Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 64 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Os marketeers deverão contudo saber, que ao fidelizarem um membro da tribo, terão grande possibilidade de chegar a toda a tribo, devendo para isso utilizar a linguagem e os elementos gráficos dessa mesma tribo, para que haja uma identificação mais fácil entre marca e tribo. As principais vantagens de uma estratégia de marketing tribal são: Permitir segmentar o mercado de uma forma espontânea; Facilitar a comunicação; Criar uma relação de afetividade entre as marcas e os consumidores. As desvantagens: Como as tribos são efémeras, a comunicação terá de ser feita no tempo certo; Poderá não interessar a determinadas empresas, visto trabalhar apenas nichos de mercado; O investimento neste tipo de campanhas terá de ser bem estratificado, pois se a tribo não durar muito tempo e se os seus seguidores forem em número reduzido, os recursos consumidos poderão não ter retorno. 8. CONCLUSÕES As marcas têm que “ouvir” os membros da tribo, têm que envolver-se com a tribo, têm que partilhar com a tribo, têm que conhecer bem a sua linguagem tribal. É preciso haver interatividade entre a marca e os membros da tribo. Como a tendência comportamental atual e futura do consumidor é a tribal, torna-se fundamental desenvolver estratégias de marketing direcionadas a estes grupos de pessoas (tribos) que partilham as mesmas ideias, os mesmos valores e interesses, para assim poder uni-las em torno de uma marca. Os membros destas tribos têm um forte sentimento de pertença às mesmas, pelo que aqui surge um potencial de sucesso para as marcas fortíssimo, desde que entendam a tribo. As estratégias de marketing tribal, devem implementar ações que visem facilitar e promover a socialização dos consumidores (membros da tribo), com a partilha de sentimentos e emoções comuns com a marca. As marcas devem criar espaços, dando às tribos o poder de comunicar, desenvolver a base para o estabelecimento dos contactos, o que é diferente de mandar os consumidores segui-las. É isto que faz um líder tribal e é isto que deve fazer uma marca, para garantir uma aceitação positiva dentro da tribo. O posicionamento das marcas deve ser feito de forma a não interagir diretamente com os seus consumidores, numa relação unilateral, mas deixá-los fazê-lo, de forma controlada, “infiltrando-se” na sua tribo ou fidelizando consumidores a uma comunidade da marca, que poderá vir a ser a sua própria tribo (da marca). Os consumidores tribais devem ser vistos pelas marcas como parceiros, que lhes podem transmitir algo que as enriqueça, partilhando experiências, pois estes desempenham hoje, um papel ativo na construção da marca. É a ligação entre as tribos e as marcas, que se torna um Fator Crítico de Sucesso para estas. Revista de Comunicação e Marketing, 5 (1), 2013, ISSN 1645-0248 65 INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL BIBLIOGRAFIA: CARDOSO, Adelino Alves (2009). O comportamento do consumidor. Lisboa, Lidel. COVA, Bernard (1997). Comunity and consumption: towards a definition of the linking value of products or services, European Journal of Marketing, Vol. 31, 3/4, pp. 297-316. 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