EDUCAÇÃO Durkheim definiu educação: “ A ação exercida pelas gerações mais antigas sobre os que ainda não estão prontos para a vida social. Seu objetivo é despertar e desenvolver na criança os estados físicos, intelectuais e morais exigidos dela pela sua sociedade, de modo geral, e pelo meio ao qual está especialmente destinada”. A educação tem papel fundamental na socialização do individuo, que varia de acordo com a época e o grupo social em que vive. Em sociedades mais simples a educaçõ é dada pela família, pelos parentes e através da rotina diária da vida, sendo que não há uma especialização de funções. Em outras sociedades um pouco menos simples, já há a instrução formal. Temos como exemplo a educação dos Yaghan (Terra do Fogo), que na puberdade ganham dois tutores que iram supervisiona-lo durante meses, ensinando-os a ter autocontrole e verificando quais são os defeitos de caráter para que possam corrigi-los. Em sociedades mais desenvolvidas, a instrução formal ganha maior importância, aumenta o período de instrução e surge um grupo especializado de professores. Temos o exemplo da educação na Índia antiga proporcionada pelos brâmanes. Começava aos cinco anos com o apredizado do alfabeto, seguia a cerimônia de tonsura, mais tarde a cerimônia de iniciação do discípulo que ocorria aos oito anos para os brâmanes, aos 11 para os xátrias e aos 12 para os vaixás. Eles davam maior ênfase à vida, ao contato pessoal entre mestre e discípulo, que viviam juntos, predominando a educação religiosa. Com o declínio do Império Mongol houve um estabelecimento do domínio britânico que pretendia investir na educação. Esse domínio apoiou as escolas tradicionais hindus, mas resolveu que o Fundo de Educaçõ seria dedicado somente à educação inglesa, o que fez com que houvesse um grande distanciamento entre os diversos tipos de instrução, reforçando a separação entre classes, fazendo com que esse esforço não valesse a pena, pois só fez diferença para as classes superiores. A educação superior nos países ocidentais compreendia línguas e cultura Greco-Romana, reforçando a distinção entre os educados e o resto da sociedade. As escolas, ou eram literárias e trabalhavam o intelecto ou eram cientifficas e visavam os aspectos utilitários. Na Inglaterra ainda há uma grande distinção entre classes no que se refere à educação, que subdivide-se em: educação elementar (substituídas pelas secundarias vocacionais), secundaria e publica. Essas divisões no sistema educacional são comuns a várias sociedades, limitando o melhor ensino a quem pode pagar. Por mais que queiramos uma política igualitária e nos empenhemos no bem estar social, essa diferenciação irá prevalecer por muito tempo. Nos paises comunistas em que pretende-se obter êxito no sistema educacional, a melhoria foi rápida, mas ainda há os privilégios educacionais e as desigualdades são notáveis. Essa diferenciação pode variar em consequenia do grupo social em que vive, do sexo, da raça, e da religião, nas quais muitos grupos pequenos sofrem discriminação na educação e em outros aspectos. A criança é preparada para viver em seu grupo social, determinado pela posição hierárquica a que pertence. Criança de alto status tem melhores chances na sua formação superior, pois tem uma variedade de vantagens. Caso haja sociedades igualitáris no futuro, talvez essas dificuldades desapareçam, mas é mais provável que ocorra sempre o aparecimento de classes privilegiadas, devido a essa seleção educacional. Mas Durkeim também observou que a educação prepara para a vida em geral, passando tradições sociais, religião, moral e costumes. Por exemplo, a GrãBretanha institui que o dia escolar comece com o culto religioso, nas sociedades comunistas da-se política marxista, na Índia prevalece a Filosofia de Gândi, ligando sempre o presente sistema ao sistema hindu tradicional. No âmbito geral a difusão da alfabetização teve conseqüências positivas e negativas na maioria das sociedades. Há sempre um conflito de gerações, de valores sociais, resultando na deliquência e indisciplina dos estudantes, principalmente os jovens. Daí surge a indagação sobre a eficácia da educação formal como tipo de controle social. Nas antigas sociedades os professores estavam habilitados a fazerem exames que testariam se os candidatos estavam aptos a ocuparem os postos almejados. Quem obtivesse êxito era considerado um conselheiro espiritual, professor, autoridade. Na atual sociedade, industrializada, o mestre já não tem essa consideração, não diferencia-se por ser alfabetizado e muitas vezes passam a ser recrutados entre camadas sociais inferiores. À eles é atribuído o desvio das condutas morais dos jovens em relação a sociedade em que vive. Um exemplo é a Índia que hoje tem um planejamento educacional de precedente britânico que enfatiza o conhecimento moderno, deixando de lado a instrução moral e religiosa. A EDUCAÇÃO COMO TIPO DE CONTROLE SOCIAL Segundo Helvécio “ homens nascem ignorantes, mas não estúpidos; a educação é que os torna estúpidos”. Na atual concepção essa frase não é mais válida, apesar de ainda haver sociedades que não questionam as opiniões das autoridades POLITICAS E RELIGIOSAS. Na educação primitiva o objetivo é passar um estilo de vida, enquanto que na moderna é a aplicação da ciência à produção, à divisão do trabalho e a transmissão do conhecimento empírico, tendo um conteúdo mais cientifico que é passível de mudanças rápidas, preparando o individuo para um mundo em permanente movimento. Essa educação mais cientifica entrou em conflito com doutrinas morais e religiosas nos últimos séculos e foi à educação formal a responsável pelo controle social. Esse controle começa desde a educação infantil, que sofre grandes modificações na moral externa do sistema e noção moral da sociedade em geral. A esfera educacional proporciona descobertas independentes, mudanças na socialização familiar e novas formas de regulamentação de comportamento. Portanto, desde a infância ate a fase adulta o controle social é feito principalmente através da educação, que ensina as normas sociais e as punições pela não observância, mostrando posições e deveres do individuo. Ocorem muitos conflitos que tendem a piorar com a extensão da educação superior a maior parte da população, pois a mesma proporciona fontes de mudança e inovação nas normas sociais. REFERENCIAS BOTTOMORE, T. B. Introdução à sociologia, 8ª edição, Rio de Janeiro, Zahar, 1981, cap. 16