Ecossistemas do cerrado e caatinga

Propaganda
D I S C I P L I N A
Ecossistemas Brasileiros
Ecossistemas do cerrado e caatinga
Autoras
Maria das Graças Ouriques Ramos
Márcia Rejane de Queiroz Almeida Azevedo
aula
08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Capa1
23/06/10 11:48
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Secretária de Educação a Distância
Vera Lucia do Amaral
Universidade Estadual da Paraíba
Reitora
Marlene Alves Sousa Luna
Vice-Reitor
Aldo Bezerra Maciel
Coordenadora Institucional de Programas Especiais – CIPE
Eliane de Moura Silva
Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) – UFRN
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky (UFRN)
Projeto Gráfico
Ivana Lima (UFRN)
Revisoras Tipográficas
Adriana Rodrigues Gomes (UFRN)
Margareth Pereira Dias (UFRN)
Nouraide Queiroz (UFRN)
Arte e Ilustração
Diagramadores
Elizabeth da Silva Ferreira (UFRN)
Ivana Lima (UFRN)
José Antonio Bezerra Junior (UFRN)
Mariana Araújo de Brito (UFRN)
Revisora de Estrutura e Linguagem
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)
Revisora de Língua Portuguesa
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)
Heinkel Hugenin (UFRN)
Leonardo Feitoza (UFRN)
Roberto Luiz Batista de Lima (UFRN)
Divisão de Serviços Técnicos
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central – UEPB
577
R175e
Ramos, Maria das Graças Ouriques.
Ecossistemas Brasileiros/ Maria das Graças Ouriques Ramos, Márcia Rejane de
Queiroz Almeida Azevedo. – Campina Grande; Natal: EdUEPB; EDUFRN Editora da
UFRN, 2010.
248 p. il.
ISBN 978-85-7879-049-3
1. Ecossistemas - Brasil. 2. Biodiversidade. 3. Equilibro Ecológico I. Azevedo, Márcia
Rejane de Queiroz Almeida II. Título.
21. ed. CDD
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização
expressa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Capa2
23/06/10 11:48
Apresentação
C
omeçamos nesta aula a estudar os ecossistemas brasileiros de forma isolada, iniciando
pelos ecossistemas do Cerrado e algumas informações a mais sobre a Caatinga, pois
grande parte deste ecossistema já foi estudado na disciplina de Ciências da Natureza e
Realidade (aulas 04, 05 e 06), não havendo necessidades de repetição.
Nesta aula iremos falar das características físicas do Cerrado e acrescentar algo a mais
sobre a Caatinga, já que este ecossistema é um dos mais alterados pelas atividades humanas,
por isto vamos dar mais ênfase aos problemas ambientais que afetam a Caatinga.
Trabalharemos conteúdos teóricos, leituras complementares, glossários e atividades que
possam envolvê-lo (la) nos estudos sobre esses ecossistemas.
As relações de interação com colegas do curso, tutores e professores é de suma
importância para tirar as dúvidas e dessa forma buscar esclarecimentos necessários.
Objetivos
Ao final desta aula esperamos que você seja capaz de:
1
2
3
Diferenciar as características que existem entre os
ecossistemas do cerrado e da caatinga;
Entender a importância da preservação ambiental
destes ecossistemas;
Compreender que a educação ambiental é o melhor
caminho para a preservação da natureza.
Aula 08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo1
Ecossistemas Brasileiros
1
23/06/10 11:48
Para começar a nossa aula...
V
amos começar esta aula falando de um importante ecossistema, o Cerrado, característico
da região central do Brasil, onde ocupa cerca de 23% da superfície deste país. De acordo
com Capobianco (1997) cobre uma área de dois milhões de km², sendo considerado
o maior ecossistema da América do Sul. Estende-se pela região central do Brasil nos Estados
de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, oeste de Minas Gerais e da Bahia, sul
do Maranhão e parte do Piauí, chegando a Rondônia e Pará.
Características físicas do cerrado
Geossinclínio
[...] corresponde
às zonas de intensa
movimentação tectônica
onde aparecem os
diversos tipos de dobras,
falhas e vulcanismos, [...]
acumulação de grandes
espessuras de materiais.
Convexizados
Encosta que apresenta
formas convexas.
S
egundo POPP (2007), a estrutura geológica do Brasil central é formada pelo embasamento
cristalino que compreende as rochas afetadas por dobramentos e metamorfismo antes da
sedimentação. A grande estrutura conhecida do Escudo Brasileiro é o geossinclínio do
Espinhaço, que se estende de Minas Gerais ao Maranhão, formado por rochas mais antigas na
idade de 3 bilhões de anos. Na unidade geomorfológica se destaca os chapadões cobertos por
cerrados, com formações que ocupam terrenos planos ou levemente convexizados do Brasil
Central, com algumas ocorrências isoladas na Amazônia, São Paulo e Minas Gerais (ROSS, 1995).
Ainda segundo Ross (op. cit.,) os solos dos cerrados são, naturalmente, pobres em
nutrientes, devido a sua origem associada a depósitos sedimentares antigos, que vêm sofrendo
pedogênese há milhares de anos.
De acordo com as diferentes condições geológicas, geomorfológicas e climáticas, os solos
dos cerrados variam em textura, estrutura, perfil e profundidade. Estes solos possuem altas
concentrações de alumínio, que é tóxico para a maioria das espécies utilizadas na agricultura.
Pedogênese
Processos de formações
dos solos.
2
Aula 08
Ecossistemas Brasileiros
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo2
23/06/10 11:48
Fonte: IBGE, 2007
Atividade 1
Pesquise na Internet figuras sobre o cerrado brasileiro e faça comparações com
as características ambientais do local onde você mora.
Aula 08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo3
Ecossistemas Brasileiros
3
23/06/10 11:48
Continuando a nossa aula...
Características
ambientais do cerrado
Condições climáticas,
temperatura e hidrografia do cerrado
Na região central do Brasil, coberta pela vegetação do cerrado onde predomina o clima
tropical, com apenas duas estações seca e chuvosa bem diferenciadas. De acordo com Vianello
e Alves (2002) o verão é essencialmente quente e chuvoso, enquanto o inverno é menos quente
e seco, pois características climáticas sofrem influencias de sistemas oriundos do norte e do
sul do continente. Afirmam ainda os autores que “as linhas de instabilidade ocorrem tanto
no verão, associadas à convergência de baixos níveis, quanto no inverno, antecipando-se às
penetrações frontais”.
As temperaturas em média são acima de 18 ºC em todos os meses do ano. A área é
banhada pela bacia hidrográfica do Rio Tocantins, formada pelas sub-bacias dos rios Pará e
Guamá (IBGE, 2000).
A biodiversidade do cerrado
Para Ross (1995) no Brasil as savanas recebem o nome de cerrado e compreendem
diversos tipos de formações. “A vegetação do cerrado se caracteriza pela presença de arvores
de porte médio, de três a seis metros, com indivíduos que podem chegar a vinte metros, com
troncos e galhos retorcidos, cascas espessas, folhas coriáceas e raízes profundas, atingindo
muitas vezes o lençol freático” (CAPOBIANCO e LIMA 1997, p. 135), que afirma ainda
“Considerado até recentemente como um ambiente pobre, o cerrado brasileiro é
reconhecido hoje como a savana mais rica do mundo, com a presença de alta diversidade
vegetal e ambiental”.
Os cerrados brasileiros, em contraste com as savanas africanas, são úmidas mesmo nas
estações mais secas. Hoje, extensas áreas de cerrados do Brasil Central estão ocupadas com
a produção de grãos, principalmente com a soja, arroz, e trigo.
Ainda segundo Capobianco e Lima (op.cit.) nas décadas de 1970 a 1980 houve um
acelerado crescimento das fronteiras agrícolas, levando a desmatamentos, queimadas, uso
4
Aula 08
Ecossistemas Brasileiros
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo4
23/06/10 11:48
de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Atualmente, restam apenas cerca de 20% de área de
cerrado em estado de conservação (IBAMA, 2002).
O cerrado era considerado até recentemente como um ambiente pobre. Segundo o IBAMA,
o cerrado brasileiro é reconhecido hoje como a savana mais rica no mundo, com a presença
de alta diversidade vegetal e animal. Numa estimativa de mais de 10 mil espécies de plantas
com mais de 4 mil endêmicas. A fauna apresenta mais de 800 espécies de aves quase 200 mil
espécies de mamíferos, mais de 150 espécies de anfíbios, espécies de répteis, dentre todas
estas espécies estão as endêmicas e uma variedade de espécies de insetos.
vegetação do cerrado
lobo guará
anta (animais do cerrado)
No cerrado brasileiro destacam-se por sua beleza e raridade as bromélias, as orquídeas,
as sempre-vivas e a canela-de-ema; plantas medicinais como a macela, a aroeira e o capimsanto. Principalmente na Chapada Diamantina, onde o relevo segundo Pereira (2007) é
semelhante uma montanha com colinas de 800 metros de altitude e vales com 400 a 600
metros de profundidade onde são encontradas florestas e matas ciliares; com planaltos e serras
com altitude média de 1.000 metros, onde aparecem os conhecidos cerrado de altitude. Nas
altitudes de 1200 a 1500 metros encontram-se os campos rupestres, com espécies herbáceas
e subarbustivas de pequeno porte.
“Por causa da diversidade de relevo, temperatura e luminosidade, a vegetação forma uma
espécie de mosaico com diferentes associações vegetais” (PEREIRA, op.cit.).
Chapada Diamantina
Aula 08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo5
Ecossistemas Brasileiros
5
23/06/10 11:48
Atividade 2
De acordo com o que foi estudado desenhe o mapa do Brasil e resolva
as seguintes propostas.
6
Aula 08
1
Destaque no mapa a região que corresponde ao cerrado brasileiro.
2
Coloque a bacia hidrográfica mais importante da região.
3
Destaque a Chapada Diamantina no mapa.
Ecossistemas Brasileiros
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo6
23/06/10 11:48
Seguindo com a nossa aula...
Você estudou o ecossistema da caatinga na disciplina Ciências da Natureza e Realidade.
Onde foram vistos os recursos minerais, hídricos, florestais e a fauna. E a ainda, na ultima aula
da disciplina foi estudado o Nordeste, o homem e a seca.
Nesta aula, iremos estudar a caatinga juntamente com o ecossistema do cerrado, pois
ambos possuem características bem semelhantes. Iremos fazer um diagnostico geral da sua
biodiversidade e as principais características deste ecossistema de vegetação extremamente
diversificada e diferenciada.
Principais características
da caatinga
Os morros têm aparência acinzentada e esbranquiçada porque no período da seca a maior
parte das suas árvores perdem as folhas. Por isso a origem do seu nome “caatinga”, que em
tupi-guarani quer dizer mata branca (caa – significa mata e tinga – branca).
Segundo Araújo (1998) a caatinga cobre mais de 70% da região Nordeste e se caracteriza
pelas baixas precipitações medias e anuais, com seca que se prolonga por 9 meses ou mais. Para
Copobianco e Lima (1997) o ecossistema da caatinga é considerado o único exclusivamente
brasileiro, pois os demais podem ser encontrados nos países vizinhos sendo portanto um
ecossistema de grande heterogeneidade pela existência de diversas paisagens úmidas.
Para Vianelho e Alves (2000) “climaticamente, a região Nordeste está associada a
temperaturas elevadas o ano todo, com amplitudes térmicas máximas em torno de 6ºC”. o
clima semi-árido nordestino sofre grandes períodos de seca porque as chuvas são irregulares e
esparsas. Ainda segunda Vianelho e Alves (op.cit.) a relativa homogeneidade térmica contrastase com a grande variabilidade espacial e temporal das chuvas. No litoral, a precipitação anual
supera 1600mm anuais, enquanto no interior não ultrapassa a 400mm certas áreas, a região
do “polígamo das secas”. Com este volume torna-se insuficiente as práticas convencionais
da agricultura e da pecuária.
Por isso o Nordeste é considerado uma região anômala com anos chuvosos que causam
inundações e podem seguir-se de estiagens catastróficas. Ross, (1995, p. 174) afirma,
“as massas de ar que trazem as chuvas produzem ventos que sopram de noroeste, leste
e sudeste. A perda de água por evaporação, propiciada pelos ventos, temperaturas altas
e vegetação, podem alcançar 1800mm anuais, (...) a região podem evaporar mais água
do que recebem num ano (...) a área do polígamo das secas a evaporação é maior que
Aula 08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo7
Ecossistemas Brasileiros
7
23/06/10 11:48
a precipitação, com uma radiação solar que podem chegar a 3200 horas anuais, o que
equivale a 266,6 dias do ano com 12 horas de luz (op.cit.)”.
A ausência de nuvens e a escassez de chuvas fazem o clima da caatinga se assemelhar
ao deserto, com dias muitos quentes e noites bem frias. Embora a temperatura fique entre
27 e 29ºC durante todo o dia a população chama de inverno a estação chuvosa e de verão o
período seco.
O rio São Francisco é o corpo d’água mais importante e tem no seu vale a região mais
produtiva deste ecossistema. Os demais rios são temporários, desaparecendo na época das
estiagens e a população utiliza como alternativa a água dos rios que se acumulam debaixo da
terra arenosa.
Qual a explicação para o contraste climático desta região? Quais são as
causas das anomalias, já que são intensamente pesquisadas?
Segundo Vianelho e Alves (2000), ainda não existem conclusões definitivas,
das causas dessas anomalias. “Entretanto, inúmeros fenômenos atuam na
região, isolados ou combinados entre se: circulações de Hadley – Walker, Zona
de Convergência Internacional, elevado albedo da superfície penetração de
sistemas frontais, anomalias de temperaturas das águas oceânicas do Atlântico e
do Pacifico, mecanismos de brisas marítimas e terrestres, linhas de instabilidade,
mecanismos atmosférico de grande escala, dentre outros. Os autores afirmam
ainda, que a própria topografia da região parece ser determinante em escala
local, pois as chuvas de barlavento (diz da encosta voltada para o vento) são
destacavelmente mais abundantes em relação as de sotavento (a encosta fica
oposta ao abrigo do vento); em alguns locais a circulação de vale e de montanha
parece importante. Mas, que todos estes fenômenos citados merecem pesquisas
mais detalhadas, a fim de conhecer melhor as causas da anomalia climática da
região Nordeste.
Atividade 3
Dentre os ecossistemas estudados (cerrado e caatinga), responda as questões.
1
8
Aula 08
Quais as características ambientais que mais se identificam com a sua realidade?
Ecossistemas Brasileiros
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo8
23/06/10 11:48
2
3
Qual a temperatura e a umidade do local onde você moral?
Procure saber qual o tipo de chuva que é mais comum na sua região (se chuvas de
barlavento ou sotaventos).
Um pouco mais de aula...
A biodiversidade da região Nordeste é bem diversificada tanto a flora quanto a fauna.
Vamos agora estudar esta paisagem interessante das muitas caatingas com a beleza da
sua fauna.
Aula 08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo9
Ecossistemas Brasileiros
9
23/06/10 11:48
O Nordeste das muitas caatingas
A
caatinga nordestina abrange 10% do nosso país, pois sua vegetação é bastante
diversificada, entre formações campestres e florestais. Segundo MMA (2004), a grande
variedade de espécies se encontra nas áreas mais altas de serras, que se caracterizam
como refúgios montanhosos; nas regiões de maior umidade, como as ilhas úmidas e agrestes
e nas zonas mais secas, a uma boa adaptação da vegetação às condições climáticas.
Existem entre as paisagens do Nordeste nas regiões mais elevadas, a exemplo da Chapada
Diamantina, uma vegetação mista de cerrado e caatinga como bromeliáceas e orquidáceas
dentre outras. O ecossistema da caatinga não possuem uma vegetação homogênea e uniforme
e o fator determinante é o clima, o tipo de solo e o relevo, mas, a falta de água é o principal
fator limitante.
Ainda, de acordo o MMA (op.cit.) o clima seco com chuvas irregulares do semiárido e o solo raso deram origem a uma paisagem de árvores e arbustos, que possuem
características como:

Perdem as folhas em períodos de baixa umidade (as caducifólias);

Adaptam-se a seca, como as espécies suculentas de cactos que armazenam água nos
caules e tecidos (as xerófilas), a exemplo do mandacaru, o xique-xique, a palma, a
macambira e muitas outras;

Têm folhas e caules reduzidas, com estruturas de espinhos e acúleos ( o espinho fica
preso ao caule, o cacto, o acúleo é parecido com o espinho, mas é superficial, exemplo
a rosa);

Outras árvores da caatinga são bem altas e mais desenvolvidas na região do agreste, a
exemplo do ipê-amarelo;

Algumas plantas têm alto valor de mercado e são extraídas para a exportação, é o caso
do babaçu, da mangaba, da carnaúba, andiroba, paluseiras e muitas outras;

Outras se destacam pelo valor da madeira, podendo citar a aroeira, barriguda lisa, a
braúna do sertão, o angico, pau-ferro, pau-pereiro e outros. Como frutos comestíveis: o
cajueiro, o juazeiro, oiticica, ubuzeiro.
Na caatinga também existem as plantas medicinais que funcionam como uma farmácia
viva, destacando-se a aroeira, o juazeiro, a braúna, o angico e o cajueiro.
O mundo animal da caatinga nordestina
Ao contrario da flora, que se adapta facilmente à seca, os animais não conseguem resistir
a longos períodos de falta de água, por isso estima-se que a fauna da caatinga não seja muito
10
Aula 08 Ecossistemas Brasileiros
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo10
23/06/10 11:48
grande, pois segundo Pereira (2007) a riqueza e a diversidade de animais da caatinga ainda
são pouco estudadas.
Como fauna da caatinga encontramos cobras como a cascavel, a jibóia, a jararaca,
lagartos, tatus, o tamanduá, a suçuarana, a onça pintada. Se destaca como maioria os morcegos
e os roedores, como o mocó, um mamífero típico da caatinga. Quanto as aves, há mais de 400
espécies, adaptadas aos vários ambientes deste ecossistema (PEREIRA, op.cit.).
Atividade 4
O cartunista Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988), discutia os problemas
políticos, sociais e econômicos no Brasil dos anos 1970 com bom humor, através
de personagens que apareciam no semanário Pasquim, no Jornal do Brasil e na
Revista Fradim. Analise e comentem as seguintes proposições:
Aula 08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo11
Ecossistemas Brasileiros
11
23/06/10 11:48
Henfil criou um trio curioso: a Graúna (uma ave magrinha, mas muito
combativa), Francisco Orelana (um bode que gostava de devorar livros) e
Zeferino (um cangaceiro macho e lutador, mas dado a gestos carinhosos).
Eles habitavam um lugar chamado Alto da Caatinga onde tudo era uma
metáfora sobre o Brasil da época.
II
As discussões travadas pelos personagens de Henfil eram densas. Um tema
recorrente era o das diferenças regionais - o descompasso existente entre o
Sul-Sudeste desenvolvido e o Norte-Nordeste subdesenvolvido.
sua resposta
I
A caatinga e as ações antrópicas
A caatinga é um dos ecossistemas brasileiros mais alterados pelas atividades humanas,
pois a influência das ações antrópicas sobre a sua expansão vêm ao longo dos anos pósdescobrimento. Conforme afirma Araújo,
“O uso humano desordenado da caatinga vem deixando suas marcas, muitas vezes,
irreversíveis, como a desertificação. Suas ações se fazem presentes através dos grandes
latifúndios da prospecção e exploração da água subterrânea e de combustíveis fósseis,
de siderúrgicas, olarias e outras industrias, formação de pastagens, grandes projetos de
irrigação e drenagem mal conduzidas e exploração da lenha como combustível” (1998, p.36).
12
Aula 08 Ecossistemas Brasileiros
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo12
23/06/10 11:48
Devido à caça predatória e ao desmatamento de seus habitats, varias espécies estão em
extinção, a exemplo da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus
leari) que se encontra com uma população selvagem limitada na região de Canudos, na Bahia;
o urubu-rei e o canário-da-terra (COPOBIANCO e LIMA,1997); (PEREIRA, 2007).
O Ministério do Meio Ambiente selecionou 35 áreas que priorizam a conservação avifauna,
podendo-se destacar a Serra de Capivara, a Chapada Diamantina e Bom Jesus da Lapa.
A vegetação da caatinga mantém o solo protegido, pois as folhas que caem das árvores
formam uma espécie de tapete que protege a terra contra o sal forte e a erosão. Com o
desmatamento os problemas durante a seca aumentam ainda mais.
As atividades econômicas como a pecuária, a agricultura de subsistência e o extrativismo
vegetal causam grandes impactos ao ambiente. Pereira (op.cit. p. 115), afirma que “o
desmatamento da caatinga é tão serio que em estados como o Piauí, Pernambuco e Ceará
observam-se grande áreas de desertificação”.
Atividade 5
Na canção popular nordestina, Asa Branca, de Luís Gonzaga o retrato da vida e
do ambiente das caatingas brasileiras.
Asa Branca
Luíz Gonzaga
Composição: Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira
Quando oiei a terra ardendo
Com a fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu,ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
“Intonce” eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para eu vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espanhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Aula 08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo13
Ecossistemas Brasileiros
13
23/06/10 11:48
Responda as questões:
1
Faça comparações entre as características ambientais retratadas nos
versos da canção, com o lugar onde você mora.
sua resposta
2
Que lição você tira da canção?
Concluindo a nossa aula...
A
o término desta nossa aula você deve ter percebido o quanto é importante ter a
consciência de que a preservação destes ecossistemas, torna-se necessária e urgente
para o equilíbrio ecológico dos mesmos. Pois a fragilidade destes ambientes torna-se
cada vez mais eminentes e devemos lembrar que as gerações futuras herdarão da atual, os
benefícios e malefícios gerados por nós.
14
Aula 08 Ecossistemas Brasileiros
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo14
23/06/10 11:48
Leitura complementar
Sugerimos o livro Grande Sertão: veredas. Como aprofundamento do assunto estudado.
Este livro, de Guimarães Rosa, retrata a diversidade do sertão que vai de Minas Gerais
a Bahia, passando pelo Centro Oeste do país. Mostra bem a vegetação típica do cerrado com
mata densa e o ambiente pedregoso e branco da caatinga. Fala do sertão – caatinga, do sertão –
cerrado, e explora o termo de maneira poética, comparando a paisagem seca e quase desértica
aos sentimentos e às relações humanas.
Resumo
Nesta aula aprendemos sobre as características físicas, ambientais e a
biodiversidade dos ecossistemas do cerrado e da caatinga. Vimos ainda, a beleza,
a diversidade e raridades destes ambientes tão impactados pela ação antrópica.
Vimos o quanto estas regiões possuem características ambientais e bióticas tão
semelhantes e algumas áreas que o Ministério do Meio Ambiente selecionou
para a proteção e preservação de espécies, principalmente, a avifauna. Podemos
destacar a Serra da Capivara, a Chapada Diamantina e Bom Jesus da Lapa.
Auto-avaliação
Para saber se você atingiu os objetivos propostos responda à questão que segue. Em
caso de dúvidas, procure tirá-las voltando ao texto ou buscando ajuda com o tutor.
Faça uma síntese sobre a importância da preservação dos ecossistemas do
cerrado e da caatinga. Não esqueça de destacar as ações predatórias que o
homem vem causando a estes ambientes, principalmente, a caatinga nordestina.
Aula 08
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo15
Ecossistemas Brasileiros
15
23/06/10 11:48
Referências
ARAÚJO, S. M. de. Introdução à Ciências do Ambiente para Engenharia. Apostila. Campina
Grande: UFPB, 1998, 68p.;
CAPOBIANCO , J. P. R. e LIMA, A. R. Mata Atlântica: avanços legais e institucionais para
sua conservação: In Documentos do ISA, n. 4. São Paulo: Instituto Sócio – ambiental, 1997;
IBGE. Gerência de Recursos Naturais da Unidade Estadual da Bahia. Rio de Janeiro: UCM/
Universidade Cândido Mendes, 2000;
Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para
a conservação. Brasília, 2004;
PEREIRA, L. F. Faces do Sertão. Série (Em) cantos do Brasil. São Paulo: Escala Educacional,
2007;
POPP, J. H. Geologia Geral. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 5ª ed. 1998,
reimpressão, 2007;
ROSS, J. L. S. (org). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995.
Anotações
16
Aula 08 Ecossistemas Brasileiros
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Miolo16
23/06/10 11:48
Ecossistemas Brasileiros – GEOGRAFIA
EMENTA
Introdução a princípios, conceitos e fatores ecológicos; definição de ecossistema; equilíbrio ecológico e sustentabilidade;
ecossistemas brasileiros: Caatinga, Cerrado, Pantanal, Litorâneo, Amazônico, Floresta de Serras.
AUTORAS
> Maria das Graças Ouriques Ramos
> Márcia Rejane de Queiroz Almeida Azevedo
AULAS
01 Introdução a princípios e conceitos ecológicos
02 Fatores ecológicos
03 Definição de ecossistemas
04 Ecossistemas aquáticos
05 Equilíbrio ecológico
06 Sustentabilidade
07 Estrutura física do Brasil
08 Ecossistemas do cerrado e da caatinga
09 Ecossistemas da Amazônia
10 Ecossistema do Pantanal
11 Ecossistema litorâneo
12 Ecossistema de floresta de serras
13
14
15
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Contracp1
23/06/10 11:48
Eco_Bra_A08_VMD_230610.indd Contracp2
23/06/10 11:48
Download