Projectos de Saúde Pública, Estudos Epidemiológicos, prevenção e diagnóstico de novas doenças, designadamente doenças transmissíveis e doenças iatrogénicas Flavivírus transmitidos por mosquitos: um risco potencial para Portugal Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Dr. Francisco Cambournac/ Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge Academia de Ciências da Eslováquia Instituto da Conservação da Natureza 1 Flavivírus Família Flaviviridae, Género Flavivirus • Vírus com genoma de RNA monocatenário de polaridade positiva • Morfologicamente são esféricos e com invólucro • Hospedeiros Vertebrados e Invertebrados 53 vírus, protótipo Vírus Febre Amarela • Transmitidos por mosquitos: Dengue Encefalite Japonesa Murray valley Encefalite St. Louis Usutu West Nile Ntaya Zika Febre Amarela • Transmitidos por carraças: Vírus Kyasanur Forest Louping-ill Febre hemorrágica Omsk Encefalite transmitida por carraças (TBE) • Vector artrópode desconhecido 2 Vírus West Nile Isolado em 1937, de sangue de uma mulher febril, no distrito de West Nile, Uganda Vector Culex spp. e outros Reservatório Aves Hospedeiros Acidentais Equinos Humanos Patologia em Humanos Febre por West Nile (cefaleias, dores retro-orbitais,mialgias, astenia) (20%), Encefalites, Meningoencefalites (1%) Distribuição África, Europa, América 3 Ano Região Casos humanos (mortalidade) 1951-52 Israel 1957 Israel 1962 Israel 4 1962 – 64 França 13 1974 África do Sul 10000 1980 Israel 3 Vírus West Nile Alterações virulência Distribuição geográfica Ucrânia 1996-97 Roménia 393 (16) 1997 Rep. Checa 5 1997-98 Roménia 12 1999 Rep Checa 4 Rússia 826 (40) Israel 2 1999 EUA 62 (7) 2000 Israel 151 (12) Israel 417 (33) EUA 21 (2) 2001 EUA 66 (10) 2002 EUA 4156 (284) Canadá 416 (1) 2003 EUA 9862 (264) 2004 EUA 2539 (100) 2005 EUA 3000 (119) 2006 EUA 4269 (177) 2007 EUA 3630 (124) 2008 EUA 1379 (37) Itália 2 4 Vírus West Nile - Portugal • 1966 - Aljustrel – Serologia humana positiva • 1969 - “Roxo” – Isolamento do vírus de An. maculipennis • 1970 - Estudo retrospectivo – de 24 cavalos sobreviventes de um surto de encefalomielite equina em 1962/65, 30% seropositivos • 1993 - CEVDI – Diagnóstico laboratorial disponível • 1998 - Estuário do Tejo – Isolamento do vírus de An. maculipennis • 1999- Estudos em aves e equinos e humanos. -2003 Sem casos de diagnóstico humano. 5 Vírus West Nile – Portugal 2004 6 Vírus Dengue 4 serotipos: 1,2, 3, 4 Vector Aedes sp, Aedes aegypti Reservatório Primatas, Humanos Vector Aedes Reservatório Primatas Ciclo silvático Patologia em Humanos Febre por Dengue, Dengue hemorrágico Distribuição Trópicos Vector Aedes aegypti Reservatório Humanos Ciclo urbano Vírus Febre Amarela Vector Aedes africanus (África), Haemagogus sp., Sabethes chloroptreus (América Sul) Aedes aegpyti Reservatório Primatas Humanos Patologia em Humanos Febre Amarela Distribuição Trópicos América e Ásia Vector Aedes africanus (África) Haemagogus sp. Sabethes chloroptreus (América Sul) Reservatório Primatas Ciclo silvático Vector Aedes aegypti Reservatório Humanos Ciclo urbano Projecto FCG Flavivírus transmitidos por mosquitos: um risco potencial para Portugal Objectivos: • Colheita de culicídeos e de dados ambientais • Identificação de culicídeos • Pesquisa de flavivírus de culicídeos • Estudos sero-epidemiológicos nos reservatórios e hospedeiros acidentais • Determinação das variáveis ambientais importantes para a presença de flavivírus transmitidos por mosquitos 9 Locais de amostragem + 20 000 aves aquáticas invernantes/ ano Estuário do Sado: 24 632 ha (1961-1990) 11,9ºC- 23,4ºC Precipitação ≥ 0,1: 96,8 Humidade relativa 66-86% Ria Formosa: 18 400 ha (1961-1990) 11,9ºC-23,4ºC Precipitação ≥ 0,1: 88,5 dias Humidade relativa 58-82% 10 Material e Métodos Vector - Culicídeos •Captura de mosquitos adultos com armadilhas CDC •Localização GPS •Temperatura Máxima e Mínima •Humidade •Descrição flora e fauna •Mosquitos transferidos com aspirador para gaiolas •Mantidos 3-5 dias para permitir digestão de refeição sanguínea •Identificação taxonómica •Pools •Extracção de RNA viral •RT-PCR •Sequenciação •Análise filogenética 11 Material e Métodos Reservatório - Aves Soro ELISA Epitope-blocking 12 Material e Métodos Hospedeiros acidentais - Soros Humanos Inquérito sero-epidemiológico em grupo de Anilhadores (3.º Encontro Técnico de Anilhadores do ICN) Colheita de sangue de 22 anilhadores (Consentimento informado) Soro Imunofluorescência Indirecta para vírus e bactérias transmitidas por vectores 13 Resultados - Vector 114 928 mosquitos 14 Se p0 O 4 ct -0 No 4 vDe 0 4 c0 Ja 4 n0 Fe 5 bM 05 ar -0 Ap 5 r- 0 M 5 ay -0 Ju 5 n0 Ju 5 l-0 Au 5 gSe 05 p0 O 5 ct -0 No 5 vDe 0 5 c0 Ja 5 n0 Fe 6 bM 06 ar -0 Ap 6 r- 0 M 6 ay -0 Ju 6 n0 Ju 6 l-0 Au 6 gSe 06 p0 O 6 ct -0 6 Se p0 O 4 ct -0 No 4 vDe 0 4 c0 Ja 4 n0 Fe 5 b0 M 5 ar -0 Ap 5 rM 05 ay -0 Ju 5 n0 Ju 5 l-0 Au 5 gSe 05 p0 O 5 ct -0 No 5 vDe 0 5 c0 Ja 5 n0 Fe 6 b0 M 6 ar -0 Ap 6 rM 06 ay -0 Ju 6 n0 Ju 6 l-0 Au 6 gSe 06 p0 O 6 ct -0 6 Resultados - Vector fptn 1 Estuary of Sado 10000 180 1.8 1 0.7 3.1 2.7 fptn 10 4.2 1.6 1.1 4.2 2.0 mm 1000 3,057.9 543.6 100 59.4 3.7 7.4 1.1 1000 5.0 14.1 1.8 387.9 160 116.5 150.1 33.9 10 100 31.7 3.5 2.2 140 127.4 120 24.6 100 3.5 21.9 2.3 0.5 0 Ria Formosa 10000 353.6 34.8 17.7 20.0 3.8 3.3 0 80 60 0.8 40 20 0.9 40 20 Rainfall (mm) Oc. caspius 0 Cx. pipiens mm 180 160 140 120 100 80 60 Rainfall (mm) Oc. caspius 0 Cx. pipiens 15 Resultados – Vector - Flavivírus 2005 2006 Pools Positivos Pools Positivos % Ria Formosa 10 0 84 10 4,42 Estuário do Sado 60 1 71 2 1,33 Pools Mosquitos 226 10 180 Ochlerotatus caspius - Culex flavivírus 16 Resultados – Reservatório Espécies Estudados Suspeitos/positivos Acrocephalus scirpaceus 1 Arenaria interpres 4 Bubulcus ibis 1 Calidris alpina 6 Calidris canutus 1 Charadrius hiaticula 3 Cyanopica cyana 2 Gallinago gallinago 7 Limosa lapponica 2 Melanotis hypoleucus 1 Sterna albifrons 1 Sturnus unicolor 2 Tringa totanus 7 Turdus merula 16 2 TOTAL 54 5 2 1 17 Conclusões A presença de Flavivírus foi detectada nos vectores, nos reservatórios e nos hospedeiros. Foi possível caracterizar, em dois anos sucessivos, e em duas regiões, a diversidade e abundância de culicídeos. Não foram detectadas espécies de mosquitos exóticas/ invasoras (Aedes aegypti e Aedes albopictus). Este projecto contribuiu com dados para o desenvolvimento, no futuro, de modelos preditivos da distribuição da densidade do vector. 18 Perspectivas para o futuro Alterações climáticas Estratégias de prevenção Práticas agrícolas Comércio internacional e viagens Doenças transmitidas por vectores Reservas água, irrigação Aumento população humana Pobreza As mudanças ambientais (alterações climáticas e outras) podem provocar mudanças no padrão da distribuição dos vectores e dos vírus transmitidos. 19 Perspectivas para o futuro I - Risco da introdução de vectores Aves Migratórias 20 Perspectivas para o futuro II - Risco da introdução de vectores Introdução Aedes aegypti (vector Dengue, Chikungunya, Febre Amarela) Introdução de Aedes aegypti no Funchal em 2005! Margarita Y, Santos Grácio AJ, Lencastre I, Silva AC, Novo T, Sousa C, et al. (First record of Aedes (Stegomia) aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae) in Madeira Island – Portugal). Acta Parasitológica Portuguesa, 2006;13:59-61. 21 Perspectivas para o futuro Aedes aegypti 22 Perspectivas para o futuro III - Risco da introdução de vectores Introdução Aedes albopictus (vector competente para mais de 20 arbovírus) http://www.landcareresearch.co.nz/research/biocons/invertebrates/mosquitoes/Mosquitoes%20of%20New%20Zealand/images/albopictusDmap0.gif 23 Perspectivas para o futuro Aedes albopictus Scholte E.-J. & Schaffner F., Waiting for the tiger: establishment and spread of the Aedes albopictus Mosquito in Europe. In Emerging pests and vector-borne disease in Europe (Takken W. & Knols B.G.J., Eds.), 2007, Wageningen Academic Publishers, Wageningen, The Netherlands 24 Alterações climáticas Estratégias de prevenção Práticas agrícolas Comércio internacional e viagens Doenças transmitidas por vectores Reservas água, irrigação Perspectivas para o futuro Aumento população humana Pobreza As mudanças ambientais (alterações climáticas e outras) podem provocar mudanças no padrão da distribuição dos vectores e dos vírus transmitidos. Necessário VIGILÂNCIA da densidade do vector e da INCIDÊNCIA da doença 25 EQUIPA CEVDI/INSA Hugo Osório Fátima Amaro Líbia Zé-Zé Teresa Luz Maria João Alves Academia de Ciências da Eslováquia Milan Labuda Instituto da Conservação da Natureza Vítor Encarnação [email protected] 26