FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA SÂNSCRITO 1. Gutural 2. Palatal 3. Retroflexo ou Cerebral 4. Dental 5. Labial 1. O sânscrito clássico - registado no século IV a.C. através da gramática de Pāṇini - é transcrito através do devanāgarī (alfabeto - também designado por silabário - utilizado em diferentes línguas oficiais da Índia, como o Hindi, o Marathi e o Nepali). Nāgarī significa “cidade” e deva, “deuses”; por sua vez, o termo saṃskṛt (sânscrito) indica a ideia de “bem” (saṃ) “construído” (kri). 2. No sânscrito, cada letra representa apenas um único som. Convém sublinhar que, por razões de eufonia, esse som pode ser anasalado, aspirado ou acentuado. 3. Não conhece maiúsculas. 4. O sânscrito é constituído por vogais (“sons”) e consoantes (“adornos”). No sânscrito clássico as vogais podem ser breves (1 medida - mātrā) ou longas (duas medidas); no sânscrito védico (ou pré-clássico) existia ainda o som prolongado (3 medidas). O alfabeto é pensado como um embelezamento do “som natural”, i.e. o som gutural emitido pelas cordas vocais com a boca aberta e a língua em descanso (“a”). 5. Segundo a edição Monier-Williams (1963. A Sanskrit-English Dictionary. Etymologically and Philologically arranged with special reference to cognate indo-european languages. Delhi: Motilal Banarsidass Publishers. Primeira edição de 1889 na Oxford University Press), o sânscrito é composto por 14 vogais, 35 consoantes e 2 vogais especiais (anusvāra e visarga). 6. Apresenta-se, em seguida, o quadro dos sons nos quais é apresentado o símbolo do devanāgarī; segue-se a transcrição na língua latina (international alphabet of sanskrit transliteration/IAST) ou “romanização” através do uso de sinais diacríticos; no caso das vogais apresentamos um exemplo da sua articulação com uma consoante (“t”); na última coluna, através de palavras portuguesas ou inglesas indicamos o respectivo som silábico. 6.1 Importa referir que uma consoante isolada é equivalente à sílaba derivada da conjugação do som da letra (no exemplo, “t”) acrescida do “som natural” (”a”). Quando se quer indicar uma consoante isolada sem vogal escreve-se um virāma (sinal indicado na primeira consoante); por sua vez, as vogais podem ser escritas de duas formas, sendo a primei1 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA ra apenas escrita quando se quer referir a vogal ou quando esta surge no início de uma palavra; o som natural pode ser omitido no final de uma palavra no acto de transliteração. 6.2 O segundo símbolo da vogal “i” (breve) é escrito antes da consoante. 6.3 O número na quarta coluna indica o local da boca onde o som é produzido (desde o gutural ao labial). 6.4 Alguns dos símbolos do sânscrito só existem por razões de sistematicidade gramatical, não tendo tradução lexical minimamente significativa. Estão indicados com um asterisco na última coluna. Vogais: DEVANĀGARĪ IAST EXEMPLO SOM अ a त (ta) 1. dália; cola अा ा ā ता (tā) 1. dália; father इ ि i &त (ti) 2. sítio; kin ई ी ī ती (tī) 2. espírito; elite उ ु u त+ (tu) 5. ruptura; put ऊ ू ū त. (tū) 5. ruptura; truth ऋ ृ ṛ त1 (tṛ) 3. brilho; trick 2 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA DEVANĀGARĪ IAST EXEMPLO SOM ṝ त4(tṛī) *3. arritmia; tree ॠ ॄ ऌ ॢ lṛi त7 (tlṛi) *4.revelry ॡ ॣ lṛī त: (tlṛī) *4. lree ए े e = (te) 1->2. feito; state; hay ऐ ै ai त@ (tai) 1->2 height; write ओ ो o तो (to) 1->5 todo; so औ ौ au तौ (tau) 1->5 mau; cow : (visarga) ḥ अः aḥ ah!; oh! 3 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA DEVANĀGARĪ ं (anusvāra) ँ IAST EXEMPLO अH ṃ aṃ também * a nasalação pode ser indicada por um candrabindu (“sinal da Lua”): ँ CONSOANTES: ṅ DEVANĀGARĪ IAST EXEMPLO क् क k ka 1.cabeça ख kha 1.que ग ga 1.gama घ gha 1. doghause ङ ṅa 1. not 4 SOM FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA DEVANĀGARĪ IAST EXEMPLO च ca 2. church छ cha 2. church hall ज ja 2. jump (dj) झ jha ञ ñ 2. lenha ट ṭ 3. true; ठ ṭh 3.light ड ḍ 3.drum ḍh 3.hardhead ढ 2. hedgehog art 5 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA DEVANĀGARĪ IAST EXEMPLO ण ṇ 3. bond त t 4. tea थ th 4. anthill ढ d 4. Damão ध dh 4. madhouse न n 4.Natal; nine प p 5.para फ ph 5. uphill ब b 5. banana; bat 6 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA DEVANĀGARĪ IAST EXEMPLO भ bh 5. abhor म m 5.Maria; map य y 2->1 Maia; yes र r 3->1run ल l 4->1 lama; let ळ ḷ *4->1 (= ḍ) ळह ḷh *4->1 (= ḍh) व v 5-1>Vaticano श ś 2. xadrez 7 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA DEVANĀGARĪ IAST EXEMPLO ष ṣ 3. chama स s 4.sabor; set ह h 1->5 House; have Existem várias formas de transliteração do sânscrito. Nos meios académicos usa-se IAST (International Alphabet of Sanskrit Transliteration). Mas por razões de comodidade de introdução dos símbolos apresenta-se igualmente os sistemas de transliteração de Harvard-Kyoto e do ITRANS (Indian Languages Transliteration): Harvard-Kyoto: ITRANS: a aa i ii u uu RRi/R^i RRI/R^I LLi/L^i LLI/l^I e ai o au aM aH k kh g gh ~N ch Ch j jh ~n T Th D Dh N t th d dh n p ph b bh m y r l v sh Sh s h 8 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA Números: Se colocarmos um dois no final uma palavra, tal significa que ela deve ser repetida. 0. śūnya 1. eka 2. dvi 3. tri 4. catur 5. pañca 6. ṣaṣ 7. saptan 8. aṣṭa 9. nava 10. daśa 9 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA Ligaduras: Quando consoantes estão juntas numa palavra cria-se um novo símbolo, chamado “ligadura” ou “consoantes conjuntas”. A grande maioria é reconhecida facilmente através dos sinais distintivos das consoantes . Existem, no entanto, excepções. Alguns exemplos: श + र = j (śra) ज + ञ = k (jña) क + ष = l (kṣa) 10 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA Quadro de 2 consoantes (alguns exemplos complexos): Quadro - três consoantes (exemplos complexos): 11 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA A letra र é das mais traiçoeiras do sânscrito. Vejamos alguns exemplos quando esta semivogal se combina com vogais: Consultar no site o quadro completo das consantes ligadas. Sílaba sagrada: ॐ (aum/om) Sinais: । Daṇḍa ।। Duplo Daṇḍa (final de frases; final de parágrafos) ् Virāma (anulação numa consoante do som natural “a”) ॰ (serve para abreviar uma longa expressão facilmente inferida) ऽ (marcar o desvanecimento de um a inicial breve) Exercício: 12 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA Algumas regras gramaticais: 1.Número: Singular - Dual - Plural 2.Género: Masculino - Feminino - Neutro 3.Declinações: Exemplo masculino singular: राम (Rām ou Rāma) १ Nominativo राम: (sujeito numa frase) Rāmaḥ २ Acusativo रामH (objecto numa frase) Rāmaṃ ३ Instrumental राtण (através) Rāmeṇa ४ Dativo रामाय (para) Rāmāya ५ Ablativo रामात (a partir de) Rāmāta ६ Genitivo रामxय (de) Rāmasya ७ Locativo राt (em) Rāme ८ Vocativo ओः राम (oh) oh Rāma 4. Pronomes pessoais: aham (eu) tvam (tu) saḥ (ele) sā (ela) tat (neutro) āvām (nós/dual) vayam (nós/plural) yuvām (vós/dual) yūyam (vós/plural) tau (eles/dual) te (eles/plural) te (isso/dual) tāni (neutro/plural) ātman (pronome pessoal reflexivo) 13 FILOSOFIA CLÁSSICA INDIANA 5.frases simples ācāryaḥ śiṣyaṃ paśyati (o professor vê o aluno) ācāryaṃ śiṣyaḥ paśyati (o aluno vê o professor) 6. O cerne do sânscrito encontra-se na raiz (aliás, a palavra é nomeada na raiz e não no nominativo, por ex: Rām e não Rāmaḥ). Vejamos um exemplo: bhū (ser). Da raiz é possível construir várias palavras: bhava ou bhavana (ente); bhāva (existência); bhāvana (causada); bhāvin (existente); bhuvana (mundo); bhūmi (terra); bhūdhara (montanha); bhūpa (rei); udbhū (erguer-se), etc. 14