Análise de Custo‐Efetividade e Impacto Orçamentário das estatinas no tratamento da dislipidemia Brasília – DF Fevereiro/2010 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Ciência e Tecnologia Avaliação Econômica de Tecnologias em Saúde: Análise de Custo‐Efetividade e Impacto Orçamentário das estatinas no tratamento da dislipidemia Brasília – DF Fevereiro/2010 Contracapa AvE 2010 Ministério da Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. Este estudo foi financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT/MS) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e não expressa decisão formal do Ministério da Saúde para fins de incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS). Informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Ciência e Tecnologia Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 8° andar, sala 852 CEP: 70058‐900, Brasília – DF Tel.: (61) 3315‐3633 E‐mail: [email protected] [email protected] Home Page: http://www.saude.gov.br/rebrats Elaboração: Anna Maria Buehler (HCor) Bernardo Rangel Tura (INC) Bráulio dos Santos Jr. (INC) Camila Pepe (UERJ) Denizar Vianna Araújo (UERJ) Helena Cramer Veiga Rey (INC) Luciana Ribeiro Bahia (UERJ) Otávio Berwanger (HCor) ÍNDICE QUESTÕES DE INTERESSE E RAZÕES PARA O ESTUDO ............................................................................ 4 POPULAÇÃO ENVOLVIDA................................................................................................................ 8 PERSPECTIVA ADOTADA PARA CÁLCULO DOS CUSTOS E RESULTADOS EM SAÚDE ...................... 9 Desfechos Clínicos: .................................................................................................................. 10 Dados de Eficácia .......................................................................................................................... 10 Unidades de custo: .................................................................................................................. 13 Uso de Recurso: ....................................................................................................................... 15 Desenho do Modelo ..................................................................................................................... 15 PRINCIPAIS RESULTADOS.............................................................................................................. 17 Análise de Custo-Efetividade .................................................................................................. 17 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE..................................................................................................... 23 Análise de Impacto Orçamentário .......................................................................................... 33 CONSISTÊNCIA DOS RESULTADOS EM RELAÇÃO A OUTROS ESTUDOS COM O MESMO OBJETO............................................................................................................................... 35 FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA AVALIAÇÃO DO ESCOPO DO ESTUDO ....... 35 PERÍODO DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO................................................................................... 35 IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE FINANCIAMENTO E DECLARAÇÃO DE POTENCIAS CONFLITOS DE INTERESSE.......................................................................................................... 35 ADESÃO ÀS NORMAS DE SIGILO DOS DADOS E ÀS NORMAS RELATIVAS A PESQUISA BIOMÉDICA ................................................................................................................... 35 2 SIGLAS AVC – Acidente Vascular Cerebral DCV – Doença Cardiovascular IAM – Infarto Agudo Miocárdio RVC – Revascularização Miocárdica SAS – Secretaria de Atenção à Saúde SUS – Sistema Único de Saúde 3 QUESTÕES DE INTERESSE E RAZÕES PARA O ESTUDO O aumento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional geram maior prevalência de doenças crônicas na população. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento tecnológico observado nas últimas décadas também contribuiu para a longevidade dos pacientes e para o aumento dos custos nos cuidados em saúde. Acompanhando estas tendências, os próprios pacientes recebem mais informações e solicitam mais tecnologias e inovações em seus tratamentos. Este crescimento exponencial na demanda por serviços em saúde ocorre ao mesmo tempo em que o governo e outros financiadores de sistemas de saúde vêem seus recursos limitados, sem possibilidade de incorporação de algumas tecnologias disponíveis em seu arsenal terapêutico1. A doença cardiovascular (DCV) compreende um amplo espectro de síndromes clínicas que possuem como substrato básico o processo aterosclerótico, manifesto pela doença arterial coronariana (DAC), doença cérebro-vascular e doença arterial periférica. A DCV é responsável por expressiva carga de morbi-mortalidade na população brasileira. A mortalidade pela DCV correspondeu a 32% do total de óbitos em 2002, equivalente a 267.496 mortes. Nesse mesmo ano ocorreram 1.216.394 internações decorrentes de DCV, representando 10,3% do número e 17% do custo das internações no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2003, o SUS financiou a realização de 30.666 angioplastias coronarianas com implante de stent e 19.909 cirurgias de revascularização do miocárdio, totalizando aproximadamente R$ 214 milhões de gastos2. A DCV é multi-fatorial e os fatores de risco tradicionais são: a. história de DCV prematura em familiar de primeiro grau (familiar de primeiro grau sexo masculino <55 anos e sexo feminino <65anos); b. idade superior a 45 anos em homens e superior a 55 anos em mulheres; c. tabagismo; d. hipertensão arterial sistêmica; e. diabetes mellitus; f. obesidade ou excesso de gordura abdominal; g. sedentarismo; h. estresse psico-social e i. dislipidemias, principalmente a elevação do colesterol LDL. 4 Um dos mais importantes fatores de risco para a DCV é o nível de colesterol sérico. Em estudo multicêntrico brasileiro com 81.262 indivíduos, 40% da amostra avaliada apresentava níveis de colesterol superior a 200 mg/dl e 13 % níveis superiores a 240mg/dl3. Um outro estudo conduzido em nove capitais, envolvendo 8.045 indivíduos no ano de 1998, mostrou colesterol sérico superior a 200 mg/dl em 38% dos homens e 42% das mulheres Estudo caso-controle sobre fatores de risco para infarto agudo do miocárdio (IAM) realizada em 6 países da América Latina, inclusive no Brasil, demonstrou que a obesidade abdominal, a dislipidemia (apolipo A-1 e B-100) e o fumo estavam associados a um risco atribuível de 48,5%, 40,8% e 38,4%, respectivamente4. Quando associados, os fatores identificáveis foram responsáveis por 88% do risco, sugerindo que intervenções que efetivamente reduzam esses fatores possam ter grande impacto na redução do risco de IAM. Mais importante do que diagnosticar no indivíduo um fator de risco isolado é avaliá-lo em termos do seu risco cardiovascular global, isto é, o resultado da soma dos riscos imposta pela presença de vários fatores, estimado pelo risco absoluto global de cada indivíduo. Sob esse enfoque, quanto maior for o risco maior será o potencial benefício de uma intervenção terapêutica. Por meio desta estimativa é possível otimizar o uso de intervenções implementadas. O risco de doença aterosclerótica resulta do somatório do risco causado por cada um dos fatores de risco mais a potenciação causada por sinergismos entre alguns desses fatores. A estimativa do risco global foi aperfeiçoada pelo emprego de algoritmos baseados em análises de regressão de estudos populacionais. Dentre os algoritmos existentes, o escore de risco de Framingham (ERF) foi recomendado recentemente pela Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Nele se estima a probabilidade de ocorrer infarto do miocárdio ou morte por doença coronária no período de 10 anos em indivíduos sem diagnóstico prévio de aterosclerose clínica. Embora esta estimativa de risco seja sujeita a correções conforme indicadores epidemiológicos da população estudada, o ERF é muito utilizado e identifica adequadamente indivíduos de alto e baixo risco. A Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/MS) adotou o ERF nas suas diretrizes de tratamento da doença cardiovascular. Todos os pacientes com dislipidemia isolada e aqueles com risco cardiovascular aumentado devem ser orientados para a instituição de medidas não-farmacológicas relacionadas à mudança do estilo de vida. Nos pacientes com risco baixo ou intermediário, o tratamento farmacológico só deverá ser iniciado quando não se atingirem as metas após medidas não-farmacológicas. Nos indivíduos de alto risco as medidas não-farmacológicas e o tratamento com hipolipemiantes devem ser iniciados simultaneamente. A Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose recomenda 5 a meta de LDL igual ou inferior a 70 mg/dl para todos os indivíduos com doença aterosclerótica significativa. Na hipercolesterolemia isolada, os medicamentos recomendados são as estatinas, que podem ser administradas em associação à ezetimiba, colestiramina e eventualmente a fibratos ou ácido nicotínico. Em 2002 a Portaria 1.015 do Ministério da Saúde definiu o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o tratamento das Dislipidemias em pacientes de alto risco de desenvolver eventos cardiovasculares. O Protocolo contém critérios de diagnóstico e tratamento, racionalização da dispensação dos medicamentos preconizados para o tratamento das dislipidemias, regulamentação de suas indicações e seus esquemas terapêuticos e estabelece os mecanismos de acompanhamento de uso e de avaliação de resultados. Atualmente a dispensação de estatinas à população brasileira segue as seguintes recomendações: a) paciente com infarto agudo do miocárdio e LDL > 100 mg/dl: recomenda-se iniciar o tratamento com estatina durante o período de internação; b) LDL > 100 mg/dl após 3 meses de tratamento não farmacológico (dieta + exercícios) e pelo menos uma das seguintes situações: • doença arterial coronariana comprovada por teste ergométrico ou cintilografia miocárdica, infarto do miocárdio prévio, revascularização miocárdica prévia ou cineangiocoronariografia com lesões de pelo menos 30% de obstrução; • doença aterosclerótica em outros leitos arteriais (doença vascular periférica com claudicação intermitente ou obstrução ao Doppler superior a 50%, aneurisma de aorta abdominal e ou doença carotídea sintomática); • diabetes mellitus; • síndromes genéticas: hipercolesterolemia familiar e hiperlipidemia familiar combinada; • escore de risco absoluto de Framinghan elevado (9 pontos para homens ou 15 pontos para mulheres). c) LDL > 130 mg/dl após 6 meses de tratamento não-farmacológico (dieta + exercícios) e pelo menos uma das seguintes situações: 6 • escore de risco absoluto de Framinghan elevado (6 pontos para homens ou 10 pontos para mulheres; • pelo menos 2 dos fatores abaixo: - idade superior a 55 anos; - portador de hipertensão arterial sistêmica; - HDL < 40 mg/dl; - tabagismo. Para a dispensação de fibratos ou ácido nicotínico são incluídos pacientes com hipertrigliceridemia que não apresentarem melhora, após adesão ao tratamento não farmacológico (dieta, redução de peso, atividade física), por 6 meses consecutivos, caracterizada por qualquer dos itens abaixo: a) valores de triglicerídios entre 200 e 499 mg/dl, com LDL dentro das metas estabelecidas (com ou sem uso de estatina); b) valores de triglicerídios acima de 500 mg/dl apesar da tomada efetiva das medidas nãofarmacológicas. Quando comparadas a outras intervenções aceitas na área de saúde, os resultados de estudos conduzidos em outros países demonstram que dieta e uso de estatinas são medidas custoefetivas para os pacientes com dislipidemia e doença cardiovascular (prevenção secundária) e para a maioria daqueles sem a manifestação da doença, mas com múltiplos fatores de risco. No Brasil, onde os recursos de saúde são escassos e a prevalência de doença cardiovascular elevada, são necessárias análises econômicas locais para identificar os subgrupos em que o tratamento medicamentoso é custo-efetivo. Os modelos econômicos em saúde podem auxiliam formuladores de políticas de saúde e gestores para a tomada de decisão entre os diferentes tratamentos disponíveis para a doença cardiovascular no contexto do Sistema Único de Saúde.5 TIPO DE ESTUDO EFETUADO E RAZÕES PARA ESCOLHA A análise de custo-efetividade mensura os custos, em unidades monetárias, de duas ou mais alternativas de tratamento, e suas efetividades em unidades não monetárias, denominadas unidades naturais, como, por exemplo, anos de sobrevida após uma determinada intervenção. Ela é a melhor opção quando são comparadas duas ou mais intervenções para um mesmo desfecho em saúde, pois permite estimar o custo incremental por unidade adicional de efetividade alcançada. Trata-se da 7 modalidade mais utilizada nas análises econômicas em saúde. Uma intervenção em saúde é dita custo-efetiva se produz um benefício clínico justificável para seu custo. A análise de impacto orçamentário permite complementar a análise de custo-efetividade possibilitando a tomada de decisão final sobre a incorporação da nova terapêutica. Isso porque, além de maximizar a eficiência na alocação dos recursos, o financiador deverá analisar se a inclusão da nova terapêutica é compatível com o seu orçamento. Existem modelos econômicos específicos para análise de impacto no orçamento, onde o financiador estima, a partir do número de pessoas elegíveis ao tratamento da doença em questão, qual será o comprometimento no seu orçamento. O objetivo deste estudo foi à elaboração de análise de custo-efetividade e impacto orçamentário das estatinas disponíveis no mercado brasileiro para o cenário do Sistema Único de Saúde (SUS) em pacientes com alto risco de doença cardiovascular (DVC). O foco do estudo foi à comparação da sinvastatina e atorvastatina, pois são as únicas estatinas que possuem os desfechos de interesse documentados em ensaios clínicos controlados randomizados. “No Brasil, o gasto do setor público com as estatinas nos últimos dose meses foi de cerca de R$ 92 milhões, sendo que, deste valor, 96% representa o gasto somente com a atorvastatina. Com relação à quantidade adquirida, a atorvastatina também tem maior participação (aproximadamente 52%), seguida pela sinvastatina (46%), que consome apenas 3% dos recursos públicos gastos com essa classe de medicamentos.” (Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde, Ano IV, nº 9, setembro de 2009) POPULAÇÃO ENVOLVIDA A população analisada (caso base) tinha idade média de 50 anos e era composta por pacientes de alto risco de DVC. TECNOLOGIA SOB ESTUDO Existem seis tipos de estatinas disponíveis no Brasil: lovastatina, sinvastatina, pravastatina, fluvastatina, atorvastatina e rosuvastatina. As estatinas são inibidores da HMG-CoA redutase, uma das enzimas chave na síntese intracelular do colesterol. Sua inibição reduz o conteúdo intracelular de colesterol e, como conseqüência, há aumento do número de receptores de LDL nos hepatócitos que então removem mais VLDL, IDL e LDL da circulação para repor o colesterol intracelular. Estes medicamentos promovem uma redução de 15 a 55% dos níveis de LDL, de 7 a 28% dos triglicerídeos (TG) e uma elevação de 2 a 10% do HDL. As estatinas reduzem a mortalidade cardiovascular e a 8 incidência de eventos isquêmicos coronarianos agudos, a necessidade de revascularização do miocárdio e a incidência de acidente vascular encefálico (AVE). As estatinas estão indicadas como adjuvante da dieta no tratamento do colesterol total elevado e do LDL-c em pacientes com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica e não familiar), dislipidemia mista (Frederickson tipos IIa e IIb) e hipercolesterolemia familiar homozigótica. Estão indicadas também para pacientes com alto risco cardiovascular. A principal diferença entre as estatinas está na potência em reduzir os níveis de LDL-c. Os fibratos são fármacos derivados do ácido fíbrico que agem estimulando os receptores nucleares denominados "receptores alfa ativados de proliferação dos peroxissomas" (PPAR). Esse estímulo leva a aumento da produção e ação da lipase lipoprotéica (LPL), responsável pela hidrólise intravascular dos TG, e redução da apo CIII, responsável pela inibição da LPL. O estímulo do PPAR pelos fibratos também leva a maior síntese da apo AI, e conseqüentemente, de HDL. Os fibratos reduzem os níveis de triglicérides de 30 a 60% (a redução será mais pronunciada quanto maior for o valor basal da trigliceridemia) e aumentam o HDL de 7 a 11%. Sua ação sobre o LDL é variável, podendo diminuí-lo, não modificá-lo ou até aumentá-lo. Esta classe está indicada no tratamento da hipertrigliceridemia endógena quando houver falha das medidas não farmacológicas. Quando os TG forem muito elevados (> 500 mg/dL) são recomendados inicialmente, junto com as medidas não farmacológicas. COMPARADORES MÉDICOS DE REFERÊNCIA O foco do estudo foi à comparação da sinvastatina e atorvastatina, pois são as estatinas que possuem os desfechos clínicos mais relevantes (“desfechos duros”), documentados em ensaios clínicos controlados randomizados. Outro ponto relevante é o fato da atorvastatina representar 96% do gasto total com estatinas, com aproximadamente 52% do quantitativo prescrito, seguida pela sinvastatina (46%), porém está última consome apenas 3% dos recursos públicos gastos com essa classe de medicamentos. (Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde, Ano IV, nº 9, setembro de 2009) PERSPECTIVA ADOTADA PARA CÁLCULO DOS CUSTOS E RESULTADOS EM SAÚDE A perspectiva adotada foi é a do Sistema Único de Saúde (SUS) como financiador dos recursos de saúde. 9 INTERVALO TEMPORAL O horizonte de tempo analisado no caso base foi de cinco anos. Este foi o maior intervalo temporal encontrado em ensaios clínicos controlados randomizados com estatinas. Foi analisado um cenário secundário onde o horizonte de tempo estudado foi de 30 anos. DADOS MÉDICOS USADOS PARA AVALIAR IMPACTOS EM SAÚDE Desfechos Clínicos: Os desfechos considerados no modelo econômico foram: o Anos de vida o Mortalidade cardiovasculara o Evento cardiovascularb o Infarto agudo miocárdio (IAM) fatal o Infarto agudo miocárdio (IAM) não fatal o Acidente vascular cerebral (AVC) fatal o Acidente vascular cerebral (AVC) não fatal o Revascularização do miocárdio Dados de Eficácia O risco de ocorrência de um IAM fatal e não fatal, AVC fatal e não fatal, revascularização e mortalidade por qualquer causa nos pacientes sem tratamento com estatina foram obtidos do ensaio clínico controlado randomizado Heart Protection Study (HPS).6 A taxa de interrupção do tratamento também foi obtida deste estudo. Estas taxas estão apresentadas na Tabela 1. a Infarto agudo miocárdio e acidente vascular cerebral fatal Infarto agudo miocárdio fatal e não fatal, acidente vascular cerebral fatal e não fatal e revascularização do miocárdio b 10 Tabela 1: Taxa de eventos considerados no modelo para o grupo sem tratamento Risco de evento no grupo placebo (%) Morte Total 14,7 IAM Não Fatal 5,6 AVC Não Fatal 4,9 AVC Fatal 1,2 Revascularização 7,1 Interrupção 15,0 O grupo de pacientes em tratamento com sinvastatina ou atorvastatina possui um risco de evento cardiovascular e mortalidade inferior ao esperado no grupo sem tratamento. A redução de risco esperada foi extraída da metanálise descrita anteriormente neste relatório. Os riscos relativos e os riscos esperados no grupo em tratamento com estatina estão apresentados na Tabela 2 e Tabela 3, respectivamente para sinvastatina e atorvastatina. Tabela 2: Taxas de eventos consideradas no modelo para o grupo em tratamento com sinvastatina e redução de risco esperada em relação ao placebo com este tratamento Risco IAM fatal: 0,515 Risco de evento Sinvastatina (%) 3,5 Risco IAM não fatal: 0,643 3,6 Risco AVC fatal: 0,839 1,0 Risco AVC não fatal: 0,722 3,5 Risco Revascularização: 0,690 4,9 Mortalidade total: 0,819 12,0 Interrupção: 0,993 14,9 Risco Relativo Tabela 3: Taxas de eventos consideradas no modelo para o grupo em tratamento com atorvastatina e redução de risco esperada em relação ao placebo com este tratamento Risco IAM fatal: 1,000 Risco de evento Atorvastatina (%) 6,9 Risco IAM não fatal: 0,525 2,9 Risco AVC fatal: 0,586 0,7 Risco AVC não fatal: 0,893 4,3 Risco Revascularização: 0,885 6,2 Risco Relativo 11 Mortalidade total: 0,940 13,8 Interrupção: 1,017 15,3 Todos estão riscos são para um horizonte de tempo de 5 anos. Como este modelo contempla um horizonte de tempo de cinco anos com ciclos de duração anual, foi necessário transformar estas taxas em 5 anos em taxas anuais. Para obter a taxa média anual de evento utilizou-se a fórmula7: tp1 = 1 − (1 − tpt )1 / t onde: tp1 = taxa de evento a ser obtida no ciclo de 1 ano tpt = taxa total durante o período t t = período em que está apresentada a taxa total A Tabela 4 resume as taxas anuais considerados no estudo. Tabela 4: Taxas anuais contempladas no modelo Risco de evento Placebo (%) 1,42 Risco de evento Sinvastatina (%) 0,72 Risco de evento Atorvastatina (%) 1,42 Risco IAM não fatal: 1,14 0,73 0,59 Risco AVC fatal: 0,23 0,20 0,14 Risco AVC não fatal: 0,99 0,71 0,88 Risco RVC: 1,45 0,99 1,28 Mortalidade total: 3,12 2,53 2,93 Interrupção: 3,20 3,17 3,26 Risco IAM fatal: Para a análise do cenário secundário (horizonte de tempo = 30 anos), o risco relativo para cada desfecho no horizonte de cinco anos foi extraído da metanálise descrita anteriormente neste relatório. A incidência de cada evento no grupo placebo ao final dos 5 primeiros anos foi obtida do ensaio clínico controlado randomizado Heart Protection Study (HPS)6, sendo considerada uma função exponencial para extrapolar este dado para os anos seguintes analisados. Com base na incidência de evento no grupo placebo e na redução do risco esperada nos grupos controle foi estimada a incidência de eventos em pacientes em tratamento com sinvastatina e atorvastatina. O risco relativo foi considerado constante para os 30 anos analisados. 12 TIPOS DE CUSTOS Os custos diretos são aqueles diretamente resultantes das intervenções. Os custos diretos são divididos em médicos e não-médicos. Exemplos de custos diretos médicos são: as diárias hospitalares, os exames complementares, os medicamentos, as próteses e órteses, honorários médicos. Exemplos de custos diretos não-médicos são: o transporte do paciente ao hospital, os honorários de contratação de um “cuidador” temporário para o período de convalescença do paciente. A presente análise econômica contempla apenas os custos médicos diretos: Custo do tratamento da dislipidemia em pacientes com alto risco de evento cardiovascular: o Custo com a estatina para os pacientes em tratamento com sinvastatina ou atorvastatina o Custo de acompanhamento de pacientes com alto risco de evento cardiovascular (este custo é considerado para todos os pacientes do modelo tanto nos grupos em tratamento com estatina como no grupo placebo) Custo dos eventos cardiovasculares: o Custo do infarto agudo miocárdio fatal o Custo do infarto agudo miocárdio não fatal o Custo do acidente vascular cerebral fatal o Custo do acidente vascular cerebral não fatal o Custo da revascularização o Custo de acompanhamento dos pacientes pós infarto agudo miocárdio o Custo de acompanhamento dos pacientes pós acidente vascular cerebral Unidades de custo: Os recursos de saúde considerados foram medicamentos, materiais, exames laboratoriais e de imagem, procedimentos e hospitalizações. O custo da atorvastatina e da sinvastatina utilizado neste modelo econômico foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde, com base no preço médio de cada um dos medicamentos nas últimas compras praticadas pelos hospitais da rede pública, ponderado pela quantidade de comprimidos adquiridos. 13 Tabela 5: Custo diário e anual com sinvastatina e atorvastatina mg/dia Custo diário Custo anual Atorvastatina 10 R$ 2,32 R$ 846,80 Sinvastatina 40 R$ 0,10 R$ 36,50 Os custos unitários dos exames laboratoriais e de imagem, consultas médicas e fisioterapia foram extraídos a partir do software Sigtap Desktop (Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS), com valores baseados na competência de junho de 2009. O custo do episódio agudo do infarto agudo miocárdio e o custo anual de acompanhamento ambulatorial dos pacientes após este evento foram obtidos do estudo de Ribeiro et al8 e ajustados pela inflação de saúde9, sendo R$ 2.111,71 para o tratamento hospitalar e R$ 2.523,88 para o acompanhamento ambulatorial anual do paciente. O custo do episódio agudo do acidente vascular cerebral considerado foi obtido do estudo de Cristensen et al10, convertido para a moeda brasileira através do Purchasing Power Parity (PPP) no ano de 200511 e ajustados pela inflação de saúde9. Utilizamos este fator de conversão, pois os resultados do estudo tinham sido convertidos para dólar utilizando esta taxa. Assim, o custo do episódio agudo considerado foi de R$ 2.994,94. O custo da cirurgia de revascularização cirúrgica do miocárdio considerado foi obtido do estudo de Girardi et al12. Este estudo apresenta o custo de uma cirurgia de revascularização do miocárdica com circulação extracorpórea baseada numa coorte de 131 pacientes. Os custos das intervenções cirúrgicas foram obtidos da administração contável do hospital, com base na remuneração que o SUS disponibiliza para os tratamentos cirúrgicos desta enfermidade. Este custo foi ajustado pela inflação de saúde9 . Assim, o custo de cirurgia de revascularização do miocárdio considerado no modelo foi de R$ 7.201,59. O reembolso do procedimento de angioplastia coronariana com implante de stent no SUS foi de R$ 4.297,11. Contempla os serviços hospitalares (R$ 672,44), SADT (R$ 151,29), introdutor para o procedimento (97,48), cateter guia (R$ 195,45), fio guia (R$ 195,45), cateter balão (500,00), stent coronariano convencional (R$ 2.034,00) e honorários médicos (451,72). Foram realizados 62.488 procedimentos de revascularização do miocárdio (RVC) em 2007 no SUS (último ano com dados compilado disponíveis no DATASUS). Do total, angioplastia coronariana 14 representou 66% dos procedimentos (41.144) e cirurgia de revascularização do miocárdio 34% (21.344). O valor final ponderado do desfecho RVC foi de R$ 5.284,63. Uso de Recurso: Considerou-se que os pacientes em tratamento com sinvastatina e atorvastatina fazem uso diário de um comprimido de 40mg e 10mg, respectivamente. O custo do episódio agudo de infarto agudo miocárdio e custo anual de acompanhamento dos pacientes após evento foi obtido do estudo Ribeiro et al,8 conforme descrito no item anterior. Assumiu-se que o custo do infarto agudo miocárdio fatal é igual ao custo do evento não fatal. O custo do episódio agudo de acidente vascular cerebral foi obtido do estudo Christensen et al, 10 conforme descrito no item anterior. A conduta de tratamento para o acompanhamento dos pacientes após evento foi obtida do primeiro consenso brasileiro do tratamento da fase aguda do acidente vascular cerebral.13 Os itens de custo foram valorados pelo SIGTAP conforme descrito no item anterior. O custo de acompanhamento dos pacientes após evento foi segmentado em duas partes: custo no primeiro ano após o evento e custo nos anos subsequentes. No custo do primeiro ano, foram considerados custos com fisioterapia motora e consulta médica, totalizando R$ 1.901,84. O custo de acompanhamento nos anos seguintes, corresponde a uma consulta médica a cada 2 meses, totalizando R$ 60,00 ao ano. O custo do desfecho RVC foi de R$ 5.284,63. Também foi projetado qual seria o custo com o acompanhamento daqueles pacientes que ainda não sofreram nenhum evento cardiovascular no modelo, porém sendo pacientes de alto risco necessitam de um acompanhamento de rotina. Considerou-se que estes pacientes realizam 1 consulta médica com eletrocardiograma a cada 3 meses e 1 ecocardiograma e cintilografia miocárdica a cada ano, totalizando um custo anual de R$ 463,43. ORIGENS DOS DADOS ECONÔMICOS Desenho do Modelo Para o desenvolvimento do modelo foram elaboradas duas comparações: o Tratar com sinvastatina (40mg/dia) versus não tratar; o Tratar com atorvastatina (10mg/dia) versus não tratar. Para cada uma das comparações foi desenvolvido um modelo econômico independente, com custos e resultados próprios. 15 Para a estimativa dos custos e conseqüências dos tratamentos, foi elaborado um modelo que projetou o número de eventos cardiovasculares esperados através de alguns estádios evolutivos, baseados em estados de Markov. Este tipo de modelo é indicado para representar processos aleatórios que evoluem no tempo. Modelos desse tipo têm dois componentes: estrutura e parâmetros. A “estrutura” refere-se aos estados de saúde representados no modelo e as transições possíveis entre eles. Os “parâmetros” do modelo incluem os valores das probabilidades atribuídas às transições entre estados de saúde, a duração do ciclo do modelo, o horizonte da análise e a taxa de desconto. Assim foram elaborados três modelos de Markov, um para simular o braço de tratamento com cada uma das duas estatinas analisadas e outro para simular o braço de tratamento com o placebo. Neste estudo o modelo de Markov assume que as transições entre os estados ocorrem num intervalo de 1 ano (ciclo do modelo é anual). Os pacientes entram no modelo em um único estado: como paciente de alto risco cardiovascular. Deste estado, com o passar de um ciclo, os pacientes podem permanecer neste mesmo estado, morrer por outras causas que não um evento cardiovascular (estado ‘Morte outras causas’) ou transitar para quatro outros estados de acordo com as probabilidades de transição definidas. Estes estados são: o Pós IAM não fatal – estado em que os pacientes sofreram um infarto agudo miocárdio não fatal. o Pós AVC não fatal – estado em que pacientes sofreram um acidente vascular cerebral não fatal. o Pós Revascularização - estado em que pacientes realizaram uma cirurgia de revascularização. o IAM fatal – estado em que pacientes sofreram um infarto agudo miocárdio fatal. o AVC fatal – estado em que pacientes sofreram um acidente vascular cerebral fatal. No período seguinte, os pacientes no estado ‘IAM não fatal’ podem permanecer neste mesmo estado, morrer por outras causas que não um evento cardiovascular (estado ‘Morte outras causas’) ou transitar para os estados ‘Pós IAM não fatal’, ‘Pós AVC não fatal’, ‘Pós Revascularização’, ‘IAM fatal’ ou ‘AVC fatal’. O mesmo ocorre com os pacientes no estado ‘Pós AVC não fatal’. Os pacientes no estado ‘IAM fatal’, ‘AVC fatal’ e ‘Morte outras causas’ deixam o modelo, pois estes estados caracterizam o óbito destes pacientes. A Figura 1 sumariza a representação esquemática dos estados do modelo de Markov. 16 Figura 1: Desenho de Markov com os estados de saúde considerados USO DE DESCONTO E TAXA UTILIZADA Todos os custos e efetividades foram descontados a valor presente a uma taxa de desconto de 5% ao ano. Essa taxa traz a valor presente os custos e desfechos dos modelos, diminuindo as incertezas sobre o futuro, valorizando, portanto, o presente. PRINCIPAIS RESULTADOS Análise de Custo-Efetividade Os resultados comparativos das estratégias alternativas de tratamento foram medidos pela razão de custo-efetividade incremental (RCEI). Esta é definida, para duas alternativas de tratamento específicas, como o custo adicional de tratamento dividido pelo ganho adicional em saúde alcançado. Este benefício foi expresso em termos de sobrevida global (anos) e eventos cardiovasculares evitados. Sinvastatina versus placebo (caso base: horizonte de tempo de 5 anos): Os resultados de efetividade durante 5 anos, estão apresentados na Tabela 6. Os resultados de custo para este mesmo período estão apresentados na 17 Tabela 7. Tabela 6 - Efetividade durante o horizonte de tempo de 5 anos Efetividade Placebo Sinvastatina Incremental 0,120 0,098 -0,022 0,063 0,037 -0,026 IAM Fatal 0,054 0,029 -0,025 AVC Fatal 0,009 0,008 -0,001 IAM não Fatal 0,044 0,029 -0,015 AVC não Fatal 0,038 0,028 -0,010 0,056 0,039 -0,016 0,201 0,134 -0,067 Mortalidade Total Mortalidade Cardiovascular 1 Revascularização Evento cardiovascular 2 Tabela 7 - Custo por paciente durante o horizonte de tempo de 5 anos Custo Placebo Sinvastatina Incremental Sinvastatina R$ 0,00 R$ 145,12 R$ 145,12 R$ 1.798,34 R$ 1.871,79 R$ 73,44 IAMF R$ 114,79 R$ 61,79 -R$ 53,00 IAMNF R$ 92,69 R$ 61,43 -R$ 31,26 Follow-up pós IAM R$ 270,57 R$ 181,14 -R$ 89,42 AVCF R$ 26,76 R$ 22,89 -R$ 3,88 AVCNF R$ 113,93 R$ 84,28 -R$ 29,65 Follow-up pós AVC R$ 75,64 R$ 56,01 -R$ 19,63 Revascularização R$ 294,80 R$ 208,39 -R$ 86,41 R$ 2.787,53 R$ 2.692,85 -R$ 94,68 Follow-up Total: Pode-se observar que o custo total de tratamento com sinvastatina é inferior ao custo do tratamento com placebo, no horizonte de tempo de 5 anos. Em relação à eficácia, a sinvastatina apresentou um perfil melhor que o grupo em tratamento com placebo. Chega-se, portanto, a um resultado de menor custo e de maior efetividade. Sendo assim, dizemos que o tratamento da dislipidemia com sinvastatina em pacientes com alto risco de evento cardiovascular é mais efetivo com menor custo em comparação ao não tratamento desta mesma doença (dominante). Os resultados da razão de custo-efetividade estão apresentados na Tabela 8. 18 Tabela 8 – Razão de Custo-Efetividade Incremental Desfecho: Mortalidade total Dominante Desfecho: Mortalidade cardiovascular Dominante Desfecho: IAM fatal Dominante Desfecho: AVC fatal Dominante Desfecho: IAM não fatal Dominante Desfecho: AVC não fatal Dominante Desfecho: Revascularização Dominante Desfecho: evento cardiovascular Dominante Sinvastatina versus placebo (cenário secundário: horizonte de tempo de 30 anos) Os resultados de efetividade durante 30 anos estão apresentados na Tabela 9. Os resultados de custo para este mesmo período estão apresentados na Tabela 10. Tabela 9 - Efetividade durante o horizonte de tempo de 30 anos Efetividade Placebo Sinvastatina Incremental 0,358 0,306 -0,052 0,189 0,128 -0,061 IAM Fatal 0,162 0,103 -0,059 AVC Fatal 0,027 0,025 -0,002 IAM não Fatal 0,131 0,098 -0,033 AVC não Fatal 0,113 0,093 -0,021 Revascularização 0,166 0,131 -0,035 Evento cardiovascular2 0,600 0,450 -0,150 Mortalidade Total Mortalidade Cardiovascular 1 Tabela 10 - Custo por paciente durante o horizonte de tempo de 30 anos Custo Placebo Sinvastatina Incremental Sinvastatina R$ 0,00 R$ 356,61 R$ 356,61 R$ 4.153,30 R$ 4.657,28 R$ 503,98 IAMF R$ 342,37 R$ 218,54 -R$ 123,83 IAMNF R$ 276,45 R$ 207,01 -R$ 69,44 R$ 2.110,45 R$ 1.721,72 -R$ 388,72 AVCF R$ 79,82 R$ 73,40 -R$ 6,41 AVCNF R$ 339,81 R$ 277,68 -R$ 62,13 Follow-up pós AVC R$ 252,46 R$ 209,58 -R$ 42,88 Revascularização R$ 879,26 R$ 692,83 -R$ 186,43 Follow-up Follow-up pós IAM 19 R$ 8.433,92 R$ 8.414,66 -R$ 19,26 Pode-se observar que o custo total de tratamento com sinvastatina é inferior ao custo do tratamento com placebo no horizonte de tempo de 30 anos. Em relação à eficácia, a sinvastatina apresentou um perfil melhor que o grupo em tratamento com placebo. Chega-se, portanto, a um resultado de menor custo e de maior efetividade. Sendo assim, dizemos que o tratamento da dislipidemia com sinvastatina em pacientes com alto risco de evento cardiovascular no horizonte de tempo de 30 anos é mais efetivo com menor custo em comparação ao não tratamento desta mesma doença (dominante). Os resultados da razão de custo-efetividade estão apresentados na Tabela 11. Tabela 11 – Razão de Custo-Efetividade Incremental Desfecho: Mortalidade total Dominante Desfecho: Mortalidade cardiovascular Dominante Desfecho: IAM fatal Dominante Desfecho: AVC fatal Dominante Desfecho: IAM não fatal Dominante Desfecho: AVC não fatal Dominante Desfecho: Revascularização Dominante Desfecho: evento cardiovascular Dominante Atorvastatina versus placebo (caso base: horizonte de tempo de 5 anos) Os resultados de efetividade durante 5 anos, estão apresentados na Tabela 12. Os resultados de custo para este mesmo período estão apresentados na Tabela 13. Tabela 12 - Efetividade durante o horizonte de tempo de 5 anos Efetividade Placebo Atorvastatina Incremental 0,120 0,113 -0,007 0,063 0,060 -0,003 IAM Fatal 0,05 0,05 0,000 AVC Fatal 0,009 0,005 -0,003 IAM não Fatal 0,044 0,024 -0,020 AVC não Fatal 0,038 0,034 -0,004 0,056 0,050 -0,006 0,201 0,168 -0,033 Mortalidade Total Mortalidade Cardiovascular Revascularização Evento cardiovascular 2 1 20 Tabela 13 - Custo por paciente no horizonte de tempo de 5 anos Custos Placebo Atorvastatina Incremental Atorvastatina R$ 0,00 R$ 3.328,55 R$ 3.328,55 R$ 1.798,34 R$ 1.840,71 R$ 42,37 IAMF R$ 114,79 R$ 115,18 R$ 0,39 IAMNF R$ 92,69 R$ 50,62 -R$ 42,07 Follow-up pós IAM R$ 270,57 R$ 147,43 -R$ 123,13 AVCF R$ 26,76 R$ 16,29 -R$ 10,48 AVCNF R$ 113,93 R$ 102,52 -R$ 11,42 Follow-up pós AVC R$ 75,64 R$ 68,11 -R$ 7,54 Revascularização R$ 294,80 R$ 262,71 -R$ 32,10 R$ 2.787,53 R$ 5.932,11 R$ 3.144,59 Follow-up Total: Pode-se observar que o custo total de tratamento com atorvastatina é superior ao custo do tratamento com placebo no horizonte de tempo de 5 anos. Este resultado é direcionado principalmente pelo custo do medicamento. Em relação à eficácia, a atorvastatina apresentou um perfil melhor que o grupo em tratamento com placebo, exceto em relação ao infarto agudo miocárdio fatal, pois em nenhum estudo clínico que comparou atorvastatina com placebo foi apresentado este desfecho isolado, apenas combinado ao número de eventos não fatais. Chega-se, portanto, a um resultado de maior custo e de maior efetividade. Sendo assim, dizemos que o tratamento da dislipidemia em pacientes com alto risco de evento cardiovascular com atorvastatina é mais efetivo e requer um custo maior em comparação ao não tratamento desta mesma doença. Os resultados da razão de custo-efetividade estão apresentados na Tabela 14. Tabela 14 – Razão de Custo-Efetividade Incremental R$ 433.065,05 por ano de vida salvo R$ 948.998,15 por morte cardiovascular evitada - Desfecho: IAM fatal R$ 899.030,22 por AVC fatal evitado R$ 157.854,22 por IAM não fatal evitado R$ 824.860,31 por AVC não fatal evitado R$ 517.761,59 por Revascularização evitada R$ 94.944,95 por evento cardiovascular evitado 21 Atorvastatina versus placebo (cenário secundário: horizonte de tempo de 30 anos) Os resultados de efetividade durante 30 anos estão apresentados na Tabela 15. Os resultados de custo para este mesmo período estão apresentados na Tabela 16. Tabela 15 - Efetividade durante o horizonte de tempo de 30 anos Efetividade Placebo Atorvastatina Incremental 0,358 0,341 -0,017 0,189 0,183 -0,006 IAM Fatal 0,16 0,17 0,003 AVC Fatal 0,027 0,018 -0,009 IAM não Fatal 0,131 0,082 -0,049 AVC não Fatal 0,113 0,105 -0,008 0,166 0,153 -0,013 0,600 0,524 -0,076 Mortalidade Total Mortalidade Cardiovascular Revascularização Evento cardiovascular 2 1 Tabela 16 - Custo por paciente no horizonte de tempo de 30 anos Custos Placebo Atorvastatina Incremental Atorvastatina R$ 0,00 R$ 7.940,33 R$ 7.940,33 R$ 4.153,30 R$ 4.417,54 R$ 264,25 IAMF R$ 342,37 R$ 348,73 R$ 6,36 IAMNF R$ 276,45 R$ 172,71 -R$ 103,74 R$ 2.110,45 R$ 1.372,21 -R$ 738,24 AVCF R$ 79,82 R$ 54,16 -R$ 25,66 AVCNF R$ 339,81 R$ 315,80 -R$ 24,01 Follow-up pós AVC R$ 252,46 R$ 236,72 -R$ 15,74 Revascularização R$ 879,26 R$ 810,58 -R$ 68,69 R$ 8.433,92 R$ 15.668,77 R$ 7.234,85 Follow-up Follow-up pós IAM Total: Pode-se observar que o custo total de tratamento com atorvastatina é superior ao custo do tratamento com placebo no horizonte de tempo de 30 anos. Este resultado é direcionado principalmente pelo custo do medicamento. Em relação à eficácia, a atorvastatina apresentou um perfil melhor que o grupo em tratamento com placebo, exceto em relação ao infarto agudo miocárdio fatal, pois em nenhum estudo clínico que comparou atorvastatina com placebo foi apresentado este desfecho isolado, apenas combinado ao número de eventos não fatais. Chega-se, 22 portanto, a um resultado de maior custo e de maior efetividade. Sendo assim, dizemos que o tratamento da dislipidemia em pacientes com alto risco de evento cardiovascular com atorvastatina no horizonte de tempo de 30 anos é mais efetivo e requer um custo maior em comparação ao não tratamento desta mesma doença. Os resultados da razão de custo-efetividade estão apresentados na Tabela 17. Tabela 17 – Razão de Custo-Efetividade Incremental R$ 436.534,94 R$ 1.301.845,12 - por ano de vida salvo por morte cardiovascular evitada Desfecho: IAM fatal R$ 844.359,73 por AVC fatal evitado R$ 147.269,14 por IAM não fatal evitado R$ 902.383,05 por AVC não fatal evitado R$ 556.614,14 por Revascularização evitada R$ 95.573,21 por evento cardiovascular evitado ANÁLISE DE SENSIBILIDADE Sinvastatina versus placebo (caso base: horizonte de tempo de 5 anos) Um importante elemento em um estudo econômico para a tomada de decisão é a quantificação da incerteza envolvida no mesmo e a identificação das variáveis que mais afetam essa incerteza. A análise de sensibilidade objetiva identificar as variáveis com maior impacto sobre os resultados do modelo. Análises de sensibilidade univariadas consideram variações de um único parâmetro por vez, mantendo os demais parâmetros constantes. Os parâmetros avaliados na análise de sensibilidade estão apresentados na Tabela 18, com o caso base correspondente aos resultados previamente apresentados, e as variações consideradas para cada parâmetro. Tabela 18 – Parâmetros variados na Análise de sensibilidade Caso Base Limite Inferior Limite Superior Risco IAM fatal 0,069 0,034 0,103 Risco IAM não fatal 0,056 0,028 0,084 Risco AVC fatal 0,012 0,006 0,017 Risco AVC não fatal 0,049 0,024 0,073 Risco Revascularização 0,071 0,035 0,106 R$ 2.112 R$ 1.056 R$ 3.168 Custo IAM fatal e não fatal 23 Custo AVC fatal e não fatal R$ 2.995 R$ 1.497 R$ 4.492 Custo Revascularização R$ 5.285 R$ 2.642 R$ 7.927 Custo Sinvastatina -40mg R$ 0,10 R$ 0,05 R$ 0,15 Os resultados das análises de sensibilidade univariadas estão descritos na Tabela 19. Tabela 19 – Resultado das análises de sensibilidade univariadas Risco IAM fatal RCEI limite inferior dominante RCEI limite superior dominante Amplitude da variação - Risco IAM não fatal dominante dominante - Risco AVC fatal dominante dominante - Risco AVC não fatal dominante dominante - Risco Revascularização dominante dominante - Custo IAM fatal e não fatal dominante dominante - Custo AVC fatal e não fatal dominante dominante - Custo Revascularização dominante dominante - Custo Sinvastatina -40mg dominante dominante - Como pode ser observado, mesmo variando todos os parâmetros acima relacionados, o tratamento com a sinvastatina continua proporcionando melhores benefícios clínicos com um menor custo em comparação a não utilização de uma estatina. Para alguns parâmetros específicos foi realizada uma análise univariada separadamente. Os resultados estão apresentados nas Tabela 20 e Tabela 21. Tabela 20- Resultado da análise de sensibilidade univariada Custo sinvastatina (comprimido 40mg) RCEI por ano de vida salvo Caso Base Dominante R$ 0,10 Dominante R$ 0,20 R$ 2.305,73 R$ 0,30 R$ 8.939,34 R$ 0,40 R$ 15.572,95 R$ 0,50 R$ 22.206,55 R$ 0,60 R$ 28.840,16 R$ 0,70 R$ 35.473,77 24 R$ 0,80 R$ 42.107,38 R$ 0,90 R$ 48.740,99 R$ 1,00 R$ 55.374,59 Tabela 21- Resultado da análise de sensibilidade univariada Taxa de desconto para custos e benefícios RCEI por ano de vida salvo Caso Base (5%) Dominante 0% Dominante 10% Dominante A análise de sensibilidade probabilística considera variações de diversos parâmetros por vez, e foi realizada através da atribuição de uma distribuição apropriada para cada um dos parâmetros analisados, apresentados na Tabela 22. Tabela 22 – Distribuições atribuídas a cada parâmetro Distribuição Risco IAM fatal Beta (média: 0,069 / desvio padrão: 0,05) Risco IAM não fatal Beta (média: 0,056 / desvio padrão: 0,05) Risco AVC fatal Beta (média: 0,012 / desvio padrão: 0,05) Risco AVC não fatal Beta (média: 0,071 / desvio padrão: 0,05) Risco Revascularização Beta (média: 0,069 / desvio padrão: 0,05) Custo IAM fatal e não fatal Gama (média: R$2.111,71 / desvio padrão: R$500,00) Custo AVC fatal e não fatal Gama (média: R$2.994,94 / desvio padrão: R$500,00) Custo Revascularização Gama (média: R$5.284,63 / desvio padrão: R$500,00) Custo Atorvastatina -10mg Gama (média: R$2,32 / desvio padrão: R$1,00) A análise de sensibilidade probabilística foi calculada com 100 simulações. Os resultados foram avaliados e classificados em: Quadrante 1 (efetividade incremental > 0 e custo incremental > 0); Quadrante 2 (efetividade incremental < 0 e custo incremental >0); Quadrante 3 (efetividade incremental <0 e custo incremental < 0) e Quadrante 4 (efetividade incremental > 0 e custo incremental < 0). Os resultados estão apresentados na 25 Figura 2, 17% dos resultados foram enquadrados no Quadrante 2 e 83% no Quadrante 3, ou seja, mostraram que tratar com a sinvastatina traz um melhor benefício clínico com um menor custo. Figura 2 – Resultado da análise de sensibilidade probabilística Sinvastatina versus placebo (cenário secundário: horizonte de tempo de 30 anos) Os parâmetros avaliados na análise de sensibilidade foram os mesmos utilizados na análise se sensibilidade para o horizonte de tempo de 5 anos e estão apresentados na Tabela 18. Os resultados das análises de sensibilidade univariadas estão descritos na Tabela 23. Tabela 23 – Resultado das análises de sensibilidade univariadas 26 Risco IAM fatal RCEI limite inferior R$ 853,37 RCEI limite superior Dominante Amplitude da variação - Risco IAM não fatal R$ 3.462,21 Dominante - Risco AVC fatal Dominante Dominante - Risco AVC não fatal R$ 125,77 Dominante - Risco Revascularização R$ 453,51 Dominante - Custo IAM fatal e não fatal R$ 1.498,65 Dominante - Custo AVC fatal e não fatal R$ 290,73 Dominante - Custo Revascularização R$ 1.432,39 Dominante - Custo Sinvastatina -40mg R$ 3.080,49 Dominante - Para alguns parâmetros específicos foi realizada uma análise univariada separadamente. Os resultados estão apresentados nas Tabela 24 e Tabela 25. Tabela 24- Resultado da análise de sensibilidade univariada RCEI por ano de vida salvo Custo sinvastatina (comprimido 40mg) Caso Base Dominante R$ 0,10 Dominante R$ 0,20 R$ 6.534,08 R$ 0,30 R$ 13.441,27 R$ 0,40 R$ 20.348,45 R$ 0,50 R$ 27.255,63 R$ 0,60 R$ 34.162,81 R$ 0,70 R$ 41.069,99 R$ 0,80 R$ 47.977,17 R$ 0,90 R$ 54.884,35 R$ 1,00 R$ 61.791,53 Tabela 25- Resultado da análise de sensibilidade univariada Taxa de desconto para custos e benefícios RCEI por ano de vida salvo Caso Base (5%) Dominante 0% R$2.910,85 10% Dominante 27 A análise de sensibilidade probabilística considera variações de diversos parâmetros por vez, e foi realizada através da atribuição de uma distribuição apropriada para cada um dos parâmetros analisados. Os parâmetros analisados foram os mesmos utilizados na análise de sensibilidade para o horizonte de tempo de 5 anos e estão apresentados na Tabela 22. Quarenta e sete por cento dos resultados foram enquadrados no Quadrante 2, ou seja, mostraram que tratar com a sinvastatina traz um melhor benefício clínico com um maior custo e 53% no Quadrante 3, mostrando que tratar com a sinvastatina traz um melhor benefício clínico com um menor custo. Atorvastatina versus placebo (caso base: horizonte de tempo de 5 anos) Os parâmetros avaliados na análise de sensibilidade estão apresentados na Tabela 26, com o caso base correspondente aos resultados previamente apresentados, e as variações consideradas para cada parâmetro. Tabela 26 – Parâmetros variados na Análise de sensibilidade Caso Base Limite Inferior Limite Superior Risco IAM fatal 0,069 0,034 0,103 Risco IAM não fatal 0,056 0,028 0,084 Risco AVC fatal 0,012 0,006 0,017 Risco AVC não fatal 0,049 0,024 0,073 Risco Revascularização 0,071 0,035 0,106 Custo IAM fatal e não fatal R$ 2.112 R$ 1.056 R$ 3.168 Custo AVC fatal e não fatal R$ 2.995 R$ 1.497 R$ 4.492 Custo Revascularização R$ 5.285 R$ 2.642 R$ 7.927 Custo Atorvastatina -10mg R$ 2,32 R$ 1,16 R$ 3,48 Os resultados das análises de sensibilidade univariadas estão descritos na Tabela 27 e apresentados graficamente na Figura 3. Tabela 27 – Resultado das análises de sensibilidade univariadas 28 Risco IAM fatal RCEI limite inferior R$ 433.038 RCEI limite superior R$ 433.093 Amplitude da variação R$ 55 Risco IAM não fatal R$ 423.122 R$ 442.796 R$ 19.673 Risco AVC fatal R$ 432.336 R$ 433.789 R$ 1.453 Risco AVC não fatal R$ 432.254 R$ 433.831 R$ 1.577 Risco Revascularização R$ 431.553 R$ 434.460 R$ 2.907 Custo IAM fatal e não fatal R$ 430.195 R$ 435.935 R$ 5.740 Custo AVC fatal e não fatal R$ 431.558 R$ 434.573 R$ 3.015 Custo Revascularização R$ 430.855 R$ 435.275 R$ 4.420 Custo Atorvastatina -10mg R$ 203.865 R$ 662.265 R$ 458.400 Figura 3 – Diagrama de Tornado Como pode ser observado na Figura 3, o parâmetro que mais influencia o resultado de custo-efetividade é o custo da atorvastatina. Para alguns parâmetros específicos foi realizada uma análise univariada separadamente. Os resultados estão apresentados nas Tabela 28 e Tabela 29. Tabela 28- Resultado da análise de sensibilidade univariada Custo atorvastatina (comprimido 10mg) Caso Base R$ 0,50 RCEI por ano de vida salvo R$ 433.065,05 R$ 73.457,80 29 R$ 1,00 R$ 172.251,01 R$ 1,50 R$ 271.044,21 R$ 2,00 R$ 369.837,41 R$ 2,50 R$ 468.630,61 R$ 3,00 R$ 567.423,81 R$ 3,50 R$ 666.217,01 R$ 4,00 R$ 765.010,21 R$ 4,50 R$ 863.803,41 R$ 5,00 R$ 962.596,61 Tabela 29- Resultado da análise de sensibilidade univariada Taxa de desconto para custos e benefícios RCEI por ano de vida salvo Caso Base (5%) R$ 433.065,05 0% R$ 427.235,26 10% R$ 438.936,85 A análise de sensibilidade probabilística considera variações de diversos parâmetros por vez, e foi realizada através da atribuição de uma distribuição apropriada para cada um dos parâmetros analisados, apresentados na Tabela 30. Tabela 30 – Distribuições atribuídas a cada parâmetro Distribuição Risco IAM fatal Beta (média: 0,069 / desvio padrão: 0,05) Risco IAM não fatal Beta (média: 0,056 / desvio padrão: 0,05) Risco AVC fatal Beta (média: 0,012 / desvio padrão: 0,05) Risco AVC não fatal Beta (média: 0,071 / desvio padrão: 0,05) Risco Revascularização Beta (média: 0,069 / desvio padrão: 0,05) Custo IAM fatal e não fatal Gama (média: R$2.111,71 / desvio padrão: R$500,00) Custo AVC fatal e não fatal Gama (média: R$2.994,94 / desvio padrão: R$500,00) Custo Revascularização Gama (média: R$5.284,63 / desvio padrão: R$500,00) Custo Atorvastatina -10mg Gama (média: R$2,32 / desvio padrão: R$1,00) A análise de sensibilidade probabilística foi calculada com 100 simulações. Os resultados foram avaliados e classificados em: Quadrante 1 (efetividade incremental > 0 e custo incremental > 0); Quadrante 2 (efetividade incremental < 0 e custo incremental >0); Quadrante 3 (efetividade incremental <0 e custo incremental < 0) e Quadrante 4 (efetividade incremental > 0 e custo incremental < 0). Os resultados estão apresentados na Figura 4, 100% dos resultados foram 30 enquadrados no Quadrante 2, ou seja, mostraram que tratar com a atorvastatina traz um melhor benefício clínico com um maior custo. Figura 4 – Resultado da análise de sensibilidade probabilística R$ 10.000 R$ 8.000 Custo incremental R$ 6.000 R$ 4.000 R$ 2.000 R$ 0 -0,05 -R$ 2.000 -0,04 -0,03 -0,02 -0,01 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 -R$ 4.000 -R$ 6.000 -R$ 8.000 -R$ 10.000 Efetividade incremental A Figura 5 representa a freqüência dos resultados de custo incremental. Figura 5 – Distribuição do Custo Incremental Distribuição do Custo Incremental 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Atorvastatina versus placebo (cenário secundário: horizonte de tempo de 30 anos) Os parâmetros avaliados nesta análise de sensibilidade foram os mesmos abordados na análise para o horizonte de tempo de 5 anos e estão apresentados na Tabela 26. 31 Os resultados das análises de sensibilidade univariadas estão descritos na Tabela 31 e apresentados graficamente na Figura 6. Tabela 31 – Resultado das análises de sensibilidade univariadas Risco IAM fatal RCEI limite inferior R$ 436.340,37 RCEI limite superior R$ 436.735,35 Amplitude da variação R$ 394,97 Risco AVC fatal R$ 435.751,90 R$ 437.312,05 R$ 1.560,15 Custo AVC fatal e não fatal R$ 435.036,33 R$ 438.033,54 R$ 2.997,21 Custo Revascularização R$ 434.462,65 R$ 438.607,22 R$ 4.144,57 Custo IAM fatal e não fatal R$ 433.597,00 R$ 439.472,87 R$ 5.875,87 Risco AVC não fatal R$ 433.207,04 R$ 439.649,19 R$ 6.442,15 Risco Revascularização R$ 431.706,73 R$ 440.841,72 R$ 9.134,99 Risco IAM não fatal R$ 420.004,33 R$ 453.979,48 R$ 33.975,16 Custo Atorvastatina - 10mg R$ 196.983,95 R$ 676.085,93 R$ 479.101,99 Figura 6 – Diagrama de Tornado Como pode ser observado na Figura 6, o parâmetro que mais influencia o resultado de custoefetividade é o custo da atorvastatina. Para alguns parâmetros específicos foi realizada uma análise univariada separadamente. Os resultados estão apresentados nas Tabela 32 e Tabela 33. Tabela 32- Resultado da análise de sensibilidade univariada Custo atorvastatina (comprimido 10mg) RCEI por ano de vida salvo Caso Base R$ 436.534,94 R$ 0,50 R$ 60.687,69 32 R$ 1,00 R$ 163.942,43 R$ 1,50 R$ 267.197,17 R$ 2,00 R$ 370.451,91 R$ 2,50 R$ 473.706,65 R$ 3,00 R$ 576.961,38 R$ 3,50 R$ 680.216,12 R$ 4,00 R$ 783.470,86 R$ 4,50 R$ 886.725,60 R$ 5,00 R$ 989.980,34 Tabela 33- Resultado da análise de sensibilidade univariada Taxa de desconto para custos e benefícios RCEI por ano de vida salvo Caso Base (5%) R$ 436.534,94 0% R$ 462.568,21 10% R$ 427.785,46 A análise de sensibilidade probabilística considera variações de diversos parâmetros por vez, e foi realizada através da atribuição de uma distribuição apropriada para cada um dos parâmetros analisados, considerando os mesmos parâmetros avaliados na análise para o horizonte de tempo de 5 anos e apresentados na Tabela 30. 100% dos resultados foram enquadrados no Quadrante 2, ou seja, mostraram que tratar com a atorvastatina traz um melhor benefício clínico com um maior custo. Análise de Impacto Orçamentário As análises econômicas em saúde (ex. análises de custo-efetividade) são ferramentas eficientes utilizadas por formuladores de políticas de saúde e financiadores de saúde para a alocação de recursos, porém, não são capazes de responder às questões específicas de financiamento para o objeto da análise. Por isso, foi elaborada uma análise de impacto orçamentário, onde o financiador poderá estimar, a partir do número de pacientes com alto risco de evento cardiovascular elegíveis para o tratamento da dislipidemia, qual será a necessidade de comprometimento de recursos para viabilizar a incorporação do tratamento com uma estatina. Martinez et al estimaram que a prevalência de indivíduos de alto risco cardiovascular, ou seja, com a presença de dois ou mais fatores de risco, é de 36% no Brasil. No ano de 2009 temos 36.998.436 indivíduos, acima de 50 anos, residentes no país.14 Sabe-se que, atualmente, 21,1% da população brasileira possui um plano privado de saúde15, sendo assim, 78,9% da população faz uso do sistema público de saúde. 33 Assim, o número de pacientes com acesso ao SUS, de alto risco cardiovascular, é de 29.191.766. A tabela a seguir, apresenta a população em tratamento nos próximos cinco anos. Tabela 34- População em tratamento nos próximos 5 anos Ano 1 1º ano de tratamento 29.191.766 2º ano de tratamento 0 3º ano de tratamento 0 4º ano de tratamento 0 5º ano de tratamento 0 Ano 2 29.191.766 29.191.766 0 0 0 Ano 3 29.191.766 29.191.766 29.191.766 0 0 Ano 4 29.191.766 29.191.766 29.191.766 29.191.766 0 Ano 5 29.191.766 29.191.766 29.191.766 29.191.766 29.191.766 Utilizando o custo anual por paciente para cada grupo de tratamento - sinvastatina, atorvastatina e placebo - ( Tabela 35) e a população em tratamento durante os 5 primeiros anos, calculou-se o custo anual para todos os pacientes em tratamento no Brasil (Tabela 36) e o impacto orçamentário da incorporação de cada estatina na rotina de tratamento da dislipidemia em comparação ao não tratamento destes pacientes. Tabela 35: Custo anual por paciente Sinvastatina Atorvastatina Placebo 1º ano de tratamento R$ 501,07 R$ 1.310,23 R$ 463,43 2º ano de tratamento R$ 636,61 R$ 1.404,10 R$ 675,11 3º ano de tratamento R$ 638,48 R$ 1.341,89 R$ 680,53 4º ano de tratamento R$ 639,05 R$ 1.283,89 R$ 682,91 5º ano de tratamento R$ 638,44 R$ 1.229,71 R$ 682,65 Tabela 36 – Custo total com cada tratamento para os 29.191.766 pacientes (próximos 5 anos) Sinvastatina Atorvastatina Placebo Ano 1 R$ 14.627.194.095,47 R$ 38.247.927.571,42 R$ 13.528.340.119,23 Ano 2 R$ 33.210.848.748,23 R$ 79.236.038.808,27 R$ 32.433.754.877,17 Ano 3 R$ 51.849.132.985,52 R$ 118.408.282.004,87 R$ 51.085.898.584,02 Ano 4 R$ 70.504.168.777,41 R$ 155.887.387.657,49 R$ 69.459.230.286,30 Ano 5 R$ 89.141.277.312,98 R$ 191.784.858.538,59 R$ 87.532.323.445,71 TOTAL R$ 259.332.621.920 R$ 583.564.494.581 R$ 254.039.547.312 34 Observa-se que o tratamento com sinvastatina proporciona uma economia de, aproximadamente, 6,5 bilhões de reais em comparação ao não tratamento. Em contrapartida, o tratamento dos pacientes com atorvastatina leva a um gasto adicional de cerca de 329,5 bilhões de reais em comparação ao não tratamento. CONSISTÊNCIA DOS RESULTADOS EM RELAÇÃO A OUTROS ESTUDOS COM O MESMO OBJETO Os resultados obtidos estão em concordância com as recomendações das principais Agências de Avaliação de Tecnologia que orientam a utilização da estatina de menor custo de aquisição16. FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA AVALIAÇÃO DO ESCOPO DO ESTUDO PERÍODO DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO Pontos Fortes o A tecnologia avaliada foi objeto de grandes ensaios clínicos controlados randomizados (ECCRs), bem delineados e conduzidos com rigor metodológico, que possibilitaram satisfatório juízo crítico. o O modelo de análise de decisão usou premissas de custos oriundas de coleta de dados primários, no cenário da prática assistencial do SUS. o Os dados epidemiológicos de prevalência dos fatores de risco foram obtidos de estudos observacionais, bem delineados, realizados na população brasileira. o O resultado foi objetivo, robusto e aplicável ao processo decisório do SUS. o Elaboração de análises de sensibilidades uni e multivariadas que possibilitaram estimar o peso das variáveis relevantes para o processo decisório dos formuladores de políticas do SUS. Ponto fraco o O modelo de análise de decisão foi elaborado com dados de eficácia, pela maior robustez dos mesmos, na ausência de dados de efetividade. PERÍODO DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO o 18/02/2008 a 30/11/2009 IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE FINANCIAMENTO o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. 35 o Processo nº 551475/07 – 2 – Auxílio à Pesquisa ADESÃO ÀS NORMAS DE SIGILO DOS DADOS E ÀS NORMAS RELATIVAS A PESQUISA BIOMÉDICA o O estudo utilizou dados disponíveis na literatura, de acesso público, não houve interação com paciente ou pesquisa em prontuários médicos. Pelas características citadas, não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RELEVANTES 1. Kobelt G. Health Economics: an introduction to economic evaluation. London: Office of Health Economics. 2002. 2. Araújo DV, Ferraz MB. Impacto Econômico do Tratamento da Cardiopatia Isquêmica Crônica no Brasil. O Desafio da Incorporação de Novas Tecnologias Cardiovasculares. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2005;85(1)2005;85(1)1-2. 3. Martinez TL, Santos RD, Armaganijan D et al. National alert campaign about increased cholesterol. determination of cholesterol levels in 81,262 Brazilians. Arq Bras Cardiol 2003; 80: 635-38. 4. Lanas F, Avezum A, Bautista LE, Diaz R, Luna M, Islam S, Yusuf S; INTERHEART Investigators in Latin America.Risk factors for acute myocardial infarction in Latin America: the INTERHEART Latin American study. Circulation. 2007 Mar 6;115(9):1067-74. 5. Stahl JE. Modeling methods for pharmacoeconomics and health technology assessment. An overview and guide. Pharmacoeconomics. 2008; 26(2): 131-48. 6. Heart Protection Study Collaborative Group. MRC/BHF Heart Protection Study of cholesterol lowering with simvastatin in 20 536 high-risk individuals: a randomized placebo-controlled trial. The Lancet 2002;360:7-22 7. Briggs A, Sculpher M. An Introduction to Markov Modelling for Economic Evaluation. Pharmacoeconomics 1998; 13 (4): 397-409. 8. Ribeiro R; Mel R; Melchior R et al. Custo Anual do Manejo da Cardiopatia Isquêmica Crônica no Brasil. Perspectiva Pública e Privada. Arq Bras Cardiol 2005;85(1) 3-8. 9. Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas: FIPE. Disponível em: www.fipe.org.br [Acessado em: 23/01/09]. 10. Christensen MC, Valiente R, Silva GS et al. Acute Treatment Costs of Stroke in Brazil Neuroepidemiology 2009;32:142–149. 11. Purchasing Power parity: PPP. http://siteresources.worldbank.org/ICPINT/Resources/summary-tables.pdf) Disponível [Acessado em: em: 06/04/2009]. 37 12. Girardi PBMA, Hueb W, Nogueira CRSR, et al. Custos comparativos entre a revascularização Miocárdica com e sem Circulação Extracorpórea. Arq Bras cardiol 2008;91(6):369-376. 13. Primeiro Consenso Brasileiro do tratamento da fase aguda do Acidente Vascular Cerebral. Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV). Arq Neuropsiquiatr 2001;59(4):972-980. 14. DATASUS. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popuf.def [Acessado em: 06/07/2009]. 15. Agência Nacional de Saúde: ANS. Disponível em: http://www.ans.gov.br/portalv4/site/home/default.asp [Acessado em: 06/07/2009]. 16. National Institute for Health and Clinical Excellence. Statins for the prevention of cardiovascular events. Technology Appraisal nº 94. 2008 38