Novas evidências de proteção Cardiovascular no tratamento via oral do Diabetes tipo II - Liraglutida e Empagliflozina A empagliflozina se tornou o primeiro medicamento para Diabetes Tipo 2 a revelar um benefício cardiovascular considerável em um estudo de segurança. O resultado primário composto de morte por causas cardiovasculares, infarto do miocárdio não fatal ou AVC não fatal foi encontrado em 10,5% dos pacientes que utilizavam empagliflozina e estavam sob cuidados regulares contra 12,1% dos pacientes no grupo placebo (razão de risco 0,86, 95,02% 0,74-0,99; P=0,04) O estudo randomizado com a empagliflozina (EMPA-REG OUTCOME) foi uma solicitação pós-comercialização da FDA para se certificar de que o uso deste medicamento não aumentava o risco de eventos cardiovasculares e seguiu a linha de outros estudos semelhantes, frente evidências anteriores de que certas classes de medicamentos antidiabéticos podem aumentar a mortalidade cardiovascular. O benefício foi relacionado a uma redução considerável na mortalidade cardiovascular, na mortalidade geral e nas hospitalizações por insuficiência cardíaca, pois não houve diferenças entre o grupo que fez uso do medicamento, um inibidor do cotransportador de sódio-glicose (SGLT2) e o grupo regulamentar em termos de taxas de infarto do miocárdio ou AVC ao longo dos 3 anos do estudo. No grupo de tratamento, o índice de morte cardiovascular foi de 3,7% contra 5,9% nos controles,o que foi uma redução de risco relativo de 38%.A hospitalização por insuficiência cardíaca foi de 2,7% contra 4,1% para uma redução de risco relativo de 35%, e morte por qualquer causa foi de 5,7% contra 8,3%, que resultou em uma redução de risco relativo de 32%. Os autores do estudo acreditam que poderá haver mudanças nas diretrizes para tratamento da Diabete Tipo II. Já o estudo LEADER, iniciado em 2010, avaliou a segurança cardiovascular da Liraglutida em pessoas com diabetes e alto risco cardiovascular. O estudo mostrou que a Liraglutida reduziu em 13% o risco de eventos cardiovasculares graves (como óbito cardiovascular, ataque cardíaco e AVC) em comparação ao placebo, quando adicionado ao tratamento padrão. As conclusões foram publicadas em julho de 2016, no New England Journal. O estudo clínico envolveu 9.340 adultos com diabetes tipo 2 com alto risco cardiovascular de 32 países. O Brasil teve o segundo maior número de participantes com 939 pacientes e 33 centros. Além disso, promoveu uma redução de 22% na taxa de mortalidade cardiovascular e de 15% de mortalidade por todas as causas (infarto do miocárdio não fatal e AVC não fatal em comparação ao placebo. A partir de um valor de referência de 8,7% (ambos os grupos), houve uma redução maior na HbA1c com Liraglutida em comparação ao placebo, ambos em conjunto com o tratamento padrão, após pelo menos três anos de seguimento. Abaixo um breve resumo dos dois estudos: Empagliflozina Seguimento Cardiovascular e Mortalidade no Diabetes Tipo II Bernard Zinman, M.D., Christoph Wanner, M.D., John M. Lachin, Sc.D., David Fitchett, M.D., Erich Bluhmki, Ph.D., Stefan Hantel, Ph.D., Michaela Mattheus, Dipl. Biomath., Theresa Devins, Dr.P.H., Odd Erik Johansen, M.D., Ph.D., Hans J. Woerle, M.D., Uli C. Broedl, M.D., and Silvio E. Inzucchi, M.D., for the EMPA-REG OUTCOME Investigators Leia na íntegra em: http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1504720 Os pacientes foram tratados com 10 mg ou 25 mg de empagliflozina (n=4.687) ou receberam placebo (n=2.333). O resultado primário foi calculado ao se agrupar os dois grupos que administravam as diferentes doses do medicamento. Pacientes elegíveis no estudo eram adultos com 18 anos ou mais que tinham Diabetes Tipo 2 e doenças cardiovasculares, e o estudo foi realizado em 590 centros em 42 países. O estudo foi criado para continuar até o evento primário ter ocorrido em pelo menos 691 pacientes. Os pacientes não receberam nenhum agente redutor de glicose por pelo menos 12 semanas antes da randomização e tiveram um nível de hemoglobina glicada mínimo de 7,0%, mas não superior a 10,0% ou foram mantidos em um intervalo de 7,0% a 10,0% com um agente adicional. Todos menos oito (3%) dos pacientes foram incluídos na análise primária; no entanto, quase um quarto dos pacientes que tomavam empagliflozina interromperam a medicação de forma prematura. A duração média de observação foi de 3,1 anos, e a duração média do tratamento foi de 2,6 anos. As razões de risco para os resultados primários foram de 0,8 (IC 95% 0,72-1,01; P=0,07) no grupo de 10 mg e 0,86 (IC 95% 0,73-1,02; P=0,09) para o grupo de 25 mg. “Na prática clínica, a escolha da dose de empagliflozina provavelmente dependerá principalmente do alcance de metas metabólicas e da ocorrência de eventos adversos”, devido ao fato de que os benefícios cardiovasculares não parecem diferir de forma significativa entre os grupos. Liraglutida E Seguimento Cardiovascular No Diabetes Tipo Ii Steven P. Marso, M.D., Gilbert H. Daniels, M.D., Kirstine Brown-Frandsen, M.D., Peter Kristensen, M.D., E.M.B.A., Johannes F.E. Mann, M.D., Michael A. Nauck, M.D., Steven E. Nissen, M.D., Stuart Pocock, Ph.D., Neil R. Poulter, F.Med.Sci., Lasse S. Ravn, M.D., Ph.D., William M. Steinberg, M.D., Mette Stockner, M.D., Bernard Zinman, M.D., Richard M. Bergenstal, M.D., and John B. Buse, M.D., Ph.D., for the LEADER Steering Committee on behalf of the LEADER Trial Investigators* Leia na íntegra em: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1603827#t=article Trata-se de um estudo duplo cego randomizado envolvendo 9340 pacientes com Diabetes Tipo II e alto risco cardiovascular. Estes pacientes utilizaram Liraglutida ou Placebo em um seguimento médio de 3,8 anos. No término do estudo foi possível concluir que menos pacientes morreram de causa cardiovascular no grupo da Liraglutida (219 patients [4.7%]) do que no grupo placebo (278 [6.0%]) (hazard ratio, 0.78; 95% CI, 0.66 to 0.93; P=0.007). A taxa de morte de outras causas também foi mais baixa no grupo em uso da Liraglutida (381 patients [8.2%]) do que no grupo placebo (447 [9.6%]) (hazard ratio, 0.85; 95% CI, 0.74 to 0.97; P=0.02). A incidência de IAM não fatal, AVC não fatal e internação por Insuficiênica Cardíaca não apresentaram diferenças significativas entre os grupos.