Normas Técnicas de Tratamento Profilático Anti-Rábico Humano Brasília 2002 Sumário APRESENTAÇÃO Apesar da redução na sua ocorrência observada nos últimos anos, a raiva humana continua sendo um problema de saúde pública, pela altíssima gravidade do seu acometimento. A vacinação anti-rábica é a ação de maior eficiência para a eliminação desse agravo em seu ciclo urbano, pois a raiva apresenta alta preventabilidade, quando adotadas as estratégias adequadas para imunização das pessoas sob risco bem como dos animais que constituem-se em principal fonte de infecção. Este Manual – Normas Técnicas de Tratamento Profilático Anti-Rábico Humano -, substitui o anterior de 1995, atualizando os conhecimentos na profilaxia humana com a vacina Fuenzalida e Palácios modificada, atualmente utilizada no Brasil. Além disso, constitui–se em um marco para o País, pois apresenta os esquemas atualmente recomendados para vacinas de cultivo celular, iniciando, assim, o processo gradativo de substituição do atual imunobiológico, por um outro que apresente menos eventos adversos neurológicos, maior antigenicidade e mais facilidade operacional. Esperamos que este Manual constitua-se em uma obra de referência para os profissionais que exercem atividades nos serviços de profilaxia da raiva humana, como um instrumento básico, porém fundamental, tanto de orientação de prática individual, como de sustentação dos processos de capacitação. JARBAS BARBOSA DA SILVA JR DIRETOR DO CENEPI 1. Definição A raiva é uma antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus da raiva presente na saliva e secreções do animal infectado, principalmente pela mordedura. Apresenta letalidade de 100% e alto custo na assistência preventiva às pessoas expostas ao risco de adoecer e morrer. Apesar da raiva ser conhecida desde a antigüidade, continua sendo um problema de Saúde Pública nos países em desenvolvimento, principalmente devido à transmissão por cães e gatos, em área urbana, os quais mantém a cadeia de transmissão do animal doméstico para a pessoa humana. O vírus da raiva é neurotrópico e sua ação no Sistema Nervoso Central - SNC causa quadro clínico característico de encefalomielite aguda, decorrente da sua replicação viral nos neurônios. O vírus da raiva pertence ao gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae; possui a forma de projétil e seu genoma é constituído por RNA que está envolvido por duas capas de natureza lipídica. Apresenta dois antígenos principais, um de superfície, constituído por uma glicoproteína, responsável pela formação de anticorpos neutralizantes, e outro interno que é constituído por uma nucleoproteína que é grupo específico. Apenas os mamíferos transmitem e adoecem pelo vírus da raiva. Como já referido, no ciclo urbano, as principais fontes de infecção são o cão e o gato. No Brasil, o morcego é o principal responsável pela manutenção da cadeia silvestre. Outros reservatórios silvestres são: macaco, raposa, coiote, chacal, gato do mato, jaritataca, guaxinim e mangusto. Ciclos epidemiológicos de transmissão da raiva no Brasil Fonte: Instituto Pasteur – SES/SP A transmissão da raiva se dá pela penetração nos tecidos, do vírus contido na saliva e secreções do animal infectado, principalmente através de mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas e/ou pele lesada. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o Sistema Nervoso Central e, a partir daí, se dissemina para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado na saliva das pessoas ou animais infectados. Na literatura, existe o relato de oito casos comprovados de transmissão interhumana que ocorreram através de transplante de córnea. Outras vias de transmissão (respiratória; digestiva, nos animais; sexual, e; vertical) também são relatadas, mas tem probabilidades muito remotas de ocorrência em seres humanos. Quanto à susceptibilidade e imunidade, todos os mamíferos são susceptíveis à infecção pelo vírus da raiva. Não se têm relatos de caso de imunidade natural nos seres humanos. A imunidade é conferida mediante o uso de vacina acompanhada, ou não, por soro. 2. Situação Epidemiológica da Raiva no Brasil 2.1. Raiva Humana No período de 1990 a 2001, foram registrados no Brasil 458 casos de raiva humana. A média foi de 38 casos por ano, com intervalo de 21 (2001) a 73 casos (1990). Entre 1990 e 1994, houve redução de 70% no número de casos, passando de 73 para 22. No entanto, a partir de 1995 e até 2000, o número de casos manteve-se em torno de 26 por ano. Em 2001, foram notificados 21 casos, correspondendo à redução de 30% em relação à média dos 5 anos anteriores. Historicamente, as regiões Norte e Nordeste são responsáveis por 80% dos casos no Brasil, destacando-se Pará e Rondônia, na região Norte, e Maranhão e Bahia, no nordeste brasileiro. Quanto aos animais transmissores, o cão foi o responsável por 74% dos casos no início do período analisado, seguido pelo morcego (12%) e pelo gato (5%). Já no período de 1997 a 2001, o cão participou de 80%, enquanto o morcego e o gato contribuíram com 6% cada um. No período de 2000 a 2001, o macaco surgiu como potencial transmissor. Entre 1998 e 2000, observou-se o aumento na proporção de transmissão na área urbana, passando de 55% para 69%, também sendo observado que a transmissão canina, em área urbana, foi três vezes maior do que por outra espécie (p= 0,0009). 2.2. Raiva Canina De 1991 a 2001, a raiva canina foi registrada em 25 das 27 unidades federadas (exceção RS e SC) e apresentado comportamento cíclico. A taxa de incidência diminuiu de 1991 a 1994, aumentou de 1995 a 1998 e novamente diminuiu, de forma contínua, de 1999 até 2001. Nos últimos quatro anos, variou entre 0,97 (1998) e 0,39/10.000 cães (2001). 2.3. Pessoas Expostas No Brasil, nos últimos 5 anos (de 1997 a 2001), mais de 400.000 pessoas ao ano procuraram atendimento médico, por terem sido expostas ou por se julgarem expostas ao vírus da raiva. Destas, 60% receberam algum tipo de indicação de tratamento profilático, sendo que 13% abandonaram o tratamento. A taxa média de exposição nesse mesmo intervalo de tempo foi de 245,51 por 100.000 habitantes, mantendo-se estável, com variação de 228,33 (1997) a 253,58/100.000 habitantes (1999). De 1998 a 2000, foram notificados 81 casos de raiva de raiva humana; 58 pacientes (71,6%) não receberam nenhum tipo de tratamento profilático anti-rábico, seja por desconhecer a necessidade de tratamento, seja pela falta de acesso ao serviço; 22 pacientes (27,2%) que tiveram acesso ao tratamento profilático foram a óbito por raiva por terem sido inadequadamente tratadas e/ou porque abandonaram o tratamento. Não existe registro de tratamento disponível para a análise de 1 paciente (1,2%). 2.4. Vigilância Epidemiológica Entre 1997 e 2001, foram examinadas, em média, 20.500 amostras caninas por ano, sendo que 5,8%, média de 1.187 por ano, foram positivas para a raiva. O número de amostras remetidas aos laboratórios de referência tem apresentado curva crescente nesse mesmo período, sendo que, em 2001, foram enviadas para análise laboratorial cerca de 23.500 amostras. Já a positividade tem apresentado curva decrescente, variando de 8,5% em 1998 a 3,4% em 2001. 2.5. Medidas de Controle Desde 1995, o Brasil vem mantendo cobertura vacinal canina acima de 80%. Em 2001, dos 4.447 municípios que realizaram a vacinação, 3.468 (78%) atingiram a meta mínima de 80% de cobertura vacinal. Entre 1997 e 2001, foram registradas pelas Secretarias Estaduais de Saúde, 4.387 áreas focais, uma média de 878 ao ano com variação de 577 a 1.296. Nessas áreas, foram realizadas ações de bloqueio, sendo vacinados 1.007.650 cães e 185.967 gatos, além de captura e eutanásia de cães, que somadas às atividades de rotina dos Centros de Controle de Zoonoses - CCZ, mostram mais de 762.600 cães capturados e cerca de 680.000 eliminados nesse período. 3. Profilaxia Pré-Exposição É indicada para pessoas que, por força de suas atividades profissionais ou de lazer, estejam expostas permanentemente ao risco de infecção pelo vírus da raiva, tais como profissionais e estudantes das áreas de Medicina Veterinária e de Biologia e profissionais e auxiliares de laboratórios de Virologia e/ou Anatomopatologia para raiva. É indicada, também, para aqueles que atuam no campo na captura, vacinação, identificação e classificação de mamíferos passíveis de portarem o vírus, bem como funcionários de zoológicos. Esquema para Tratamento Profilático Anti-Rábico Humano Pré-Exposição 3.1 - Com a vacina Fuenzalida & Palácios modificada Esquema: 03 doses* Dias de aplicação: 0, 7, 14 Via de administração: intramuscular profunda Local de aplicação: músculo deltóide ou vasto lateral da coxa (não aplicar no glúteo). Controle sorológico: a partir do 14º dia, após a última dose do esquema. Resultados: a) Insatisfatório: se o título de anticorpos for menor do que 0,5 UI/ml. Nesse caso, aplicar uma dose de reforço e reavaliar a partir do 14º dia após o reforço. b) Satisfatório: se o título de anticorpos for maior ou igual a 0,5 UI/ml. Observação: O controle sorológico é exigência básica para a correta avaliação da pessoa vacinada. * Esse esquema de 3 doses foi associado a maior resposta sorológica e menor número de pessoas não-respondedoras no TECPAR (PR), segundo Andrade, J (1997). 3.2. Com a vacina de Cultivo Celular: Esquema: 03 doses Dias de aplicação: 0, 7, 28 Via de administração e dose: intramuscular profunda utilizando dose completa, ou havendo capacitação técnica, por via intradérmica, utilizando a dose de 0,1 ml. Local de aplicação: músculo deltóide ou vasto lateral da coxa (não aplicar no glúteo). Controle sorológico: a partir do 14º dia após a última dose do esquema. Resultados: a) Insatisfatório: se o título de anticorpos for menor do que 0,5 UI/ml. Nesse caso, aplicar uma dose de reforço e reavaliar a partir do 14º dia após o reforço. b) Satisfatório: se o título de anticorpos for maior ou igual a 0,5 UI/ml. Observação: O controle sorológico é exigência básica para a correta avaliação da pessoa vacinada. Importante: Deve-se fazer o controle sorológico anual dos profissionais que se expõem permanentemente ao risco de infecção ao vírus da raiva, administrando-se uma dose de reforço sempre que os títulos forem inferiores a 0,5 UI/ml. Repetir a sorologia a partir do 14º dia, após à dose de reforço. 4. Conduta em Caso de Possível Exposição ao Vírus da Raiva Em caso de possível exposição ao vírus da raiva é imprescindível a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão ou outro detergente, pois essa conduta diminui, comprovadamente, o risco de infecção. Deve ser realizada o mais rápido possível após a agressão e repetida na unidade de saúde, independentemente do tempo transcorrido. A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento e, em seguida, devem ser utilizados anti-sépticos que inativem o vírus da raiva (como o polivinilpirrolidona-iodo, por exemplo o polvidine ou gluconato de clorexidine ou álcool-iodado). Lembrar que essas substâncias deverão ser utilizadas uma única vez, na primeira consulta e, sempre que possível, posteriormente, ser lavada a região com solução fisiológica. Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha de Atendimento AntiRábico Humano (Anexo 1), visando a indicação correta do tratamento profilático. Classificar o acidente de acordo com as seguintes características do ferimento e do animal envolvido no acidente. 4.1.Características do ferimento Em relação à transmissão do vírus da raiva, os acidentes causados por animais devem ser avaliados quanto ao: - local do acidente: acidentes que ocorrem em regiões próximas ao Sistema Nervoso Central (cabeça, face ou pescoço) ou em locais muito inervados (mãos, polpas digitais e planta dos pés) são graves, porque facilitam a exposição do sistema nervoso ao vírus. A lambedura da pele íntegra não oferece risco, mas a lambedura de mucosas também é grave, porque as mucosas são permeáveis ao vírus, mesmo quando intactas, e também por que as lambeduras, geralmente, abrangem áreas mais extensas. - profundidade do acidente: os acidentes devem ser classificados como superficiais (sem presença de sangramento) ou profundos (apresentam sangramento, ou seja, ultrapassam a derme). Os ferimentos profundos, além de aumentar o risco de exposição do sistema nervoso, oferecem dificuldades à assepsia, contudo, vale ressaltar que os ferimentos puntiformes são considerados como profundos e algumas vezes não apresentam sangramento. - extensão e número de lesões: deve-se observar a extensão da lesão e se ocorreu apenas uma única lesão ou múltiplas, ou seja uma porta de entrada ou várias. De acordo com os critérios acima estabelecidos, as exposições podem ser assim classificadas: Acidentes leves: - - ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente únicos, em tronco e membros (exceto mãos e polpas digitais e planta dos pés); podem acontecer em decorrência de mordeduras ou arranhaduras causadas por unha ou dente; lambedura de pele com lesões superficiais. Acidentes graves: - ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital e/ou planta do pé; ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo; lambedura de mucosas; lambedura de pele onde já existe lesão grave; ferimento profundo causado por unha de gato; qualquer ferimento por morcego Atenção: O contato indireto, como a manipulação de utensílios, potencialmente contaminados e a lambedura da pele íntegra, não são considerados acidentes de risco e não exigem tratamento profilático. 4.2.Características do animal envolvido no acidente. Cão e gato As características da doença em cães e gatos, como período de incubação, transmissão e quadro clínico, são bem conhecidas e semelhantes. Por isso estes animais são analisados em conjunto. É necessário avaliar: a) O estado de saúde do animal no momento da agressão: avaliar se o animal estava sadio ou apresentava sinais sugestivos de raiva. A maneira como ocorreu o acidente pode fornecer informações sobre seu estado de saúde. O acidente provocado (por exemplo, o animal que reage em defesa própria a estímulos dolorosos ou outras provocações), geralmente indica uma reação normal do animal, enquanto que a agressão espontânea (sem causa aparente) pode indicar alteração do comportamento e sugere que o animal pode estar acometido de raiva. Lembrar que o animal também pode agredir devido a sua índole ou adestramento; b) A possibilidade de observação do animal por 10 dias: se o animal estiver sadio no momento do acidente, é importante que seja mantido em observação por 10 dias. Nos cães e gatos, o período de incubação da doença pode variar de alguns dias a anos mas, em geral, é de cerca de 60 dias. No entanto, a excreção de vírus pela saliva, ou seja, o período em que o animal pode transmitir a doença, só ocorre a partir do final do período de incubação, variando entre dois e cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo até sua morte, que ocorre em até cinco dias após o início dos sintomas. Por isso, o animal deve ser observado por 10 dias. Portanto, se em todo esse período (dez dias) permanecer vivo e saudável não há riscos de transmissão do vírus; c) A procedência do animal: é necessário saber se a região de procedência do animal é área de raiva controlada ou não-controlada; d) Os hábitos de vida do animal: o animal deve ser classificado como domiciliado ou não-domiciliado. Animal domiciliado é o que vive exclusivamente dentro do domicílio, não tem contato com outros animais desconhecidos e só sai à rua acompanhado do seu dono. Desse modo, esses animais podem ser classificados como de baixo risco, em relação à transmissão da raiva. Ao contrário, aqueles animais que passam longos períodos fora do domicílio, sem controle, devem ser considerados como animais de risco, mesmo que tenham proprietário e recebam vacinas, o que geralmente só ocorre nas campanhas de vacinação. Animais silvestres Animais silvestres, como morcego de qualquer espécie, micos (sagui e “soin”), macaco, raposa, guaxinin, quati, gambá, roedores silvestres, etc., devem ser classificados como animais de risco, mesmo que domiciliados e/ou domesticados, haja vista que nesses animais a raiva não é bem conhecida. Relatos recentes mostram que o risco de transmissão do vírus pelo morcego é sempre elevado, independentemente da espécie e da gravidade do ferimento. Por isso, toda agressão por morcego deve ser classificada como grave. Animais domésticos de interesse econômico ou de produção Animais domésticos de produção ou de interesse econômico (bovinos, bubalinos, eqüídeos, caprinos, ovinos, suínos e outros) também são animais de risco. É importante conhecer o tipo, a frequência e o grau do contato ou exposição que os tratadores e outros profissionais têm com estes animais e a incidência da raiva na região, para avaliar também a indicação de tratamento pré-exposição ou de pós-exposição. Animais de baixo risco Os seguintes roedores e lagomorfos (urbanos ou de criação) são considerados como de baixo risco para a transmissão da raiva e, por isto, não é necessário indicar tratamento profilático da raiva em caso de acidentes causados por esses animais: - ratazana de esgoto (Rattus norvegicus); - rato de telhado (Rattus rattus); - camundongo (Mus musculus); - cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus); - hamster (Mesocricetus auratus); e - coelho (Oryetolagus cuniculus). Observação válida para todos animais de risco: sempre que possível, coletar amostra de tecido cerebral e enviar para o laboratório de referência. O diagnóstico laboratorial é importante tanto para definir a conduta em relação ao paciente como para se conhecer o risco de transmissão da doença na área de procedência do animal. Se o resultado for negativo o tratamento não precisa ser indicado ou, caso tenha sido iniciado, pode ser suspenso. Todas as características acima são fundamentais para determinar a indicação ou não da profilaxia anti-rábica de acordo com os esquemas descritos nos Quadros 1 ou 2, da vacina Fuenzalida & Palácios modificada e de cultivo celular, respectivamente. Quadro 1. Esquema para tratamento profilático anti-rábico humano com a vacina Fuenzalida & Palácios modificada CONDIÇÕES DO ANIMAL AGRESSOR CÃO OU GATO SEM SUSPEITA DE RAIVA NO MOMENTO DA AGRESSÃO1 CÃO OU GATO CLINICAMENTE SUSPEITO DE RAIVA NO MOMENTO DA AGRESSÃO TIPO DE EXPOSIÇÃO Contato Indireto Acidentes Leves ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente únicos, em tronco e membros (exceto mãos e polpas digitais e planta dos pés); podem acontecer em decorrência de mordeduras ou arranhaduras causadas por unha ou dente; lambedura de pele com lesões superficiais Acidentes Graves (1) (2) (3) ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital e/ou planta do pé; ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo; lambedura de mucosas; lambedura de pele onde já existe lesão grave; ferimento profundo causado por unha de gato. Lavar com água e sabão Não tratar Lavar com água e sabão Observar o animal durante 10 dias após a exposição. Se o mesmo permanecer sadio, após o período de observação, encerrar o caso. Se o animal se tornar raivoso, morrer ou desaparecer durante o período de observação, aplicar 1 (uma) dose diária da vacina até completar 7 (sete), mais 2 (duas) doses de reforço, sendo uma no 10º e a outra no 20º dia após a última dose da série. Lavar com água e sabão Iniciar o tratamento imediatamente com 1 (uma) dose da vacina nos dias 0, 2 e 4. Observar o animal durante 10 dias após a exposição. Se o mesmo permanecer sadio, após o período de observação, encerrar o caso. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, dar continuidade ao tratamento, administrando o soro3 e completando o esquema com 1 (uma) dose diária de vacina até completar 10 (dez), mais 3 (três) doses de reforço, sendo a 1ª no 10º, a 2ª no 20º e a 3ª 30º dia após a última dose da série. Lavar com água e sabão Não tratar Lavar com água e sabão Iniciar o tratamento imediatamente com 1 (uma ) dose de vacina nos dias 0, 2 e 4. Observar o animal durante 10 dias após à exposição. Se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de observação, suspender o tratamento e encerrar o caso. Se o animal se tornar raivoso, morrer ou desaparecer durante o período de observação, aplicar uma dose diária de vacina até completar 7 (sete), mais 2 (duas) doses de reforço, sendo a primeira no 10º e a segunda no 20º dia após a última dose da série. Lavar com água e sabão Iniciar o tratamento com soro3 e 1 (uma ) dose diária de vacina até completar 10 (dez), mais 3 (três) doses de reforço, sendo a 1ª no 10º, a 2ª no 20º e a 3ª no 30º dia, após a última dose da série. Observar o animal durante 10 dias após à exposição. Se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de observação, suspender o tratamento e encerrar o caso. CÃO OU GATO RAIVOSO, DESAPARECIDO OU MORTO; ANIMAIS SILVESTRES² ( INCLUSIVE OS DOMICILIADOS) ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE ECONÔMICO OU DE PRODUÇÃO Lavar com água e sabão Não tratar Lavar com água e sabão Iniciar imediamente o tratamento com 1 (uma) dose diária de vacina até completar 7 (sete) mais 2 (duas) doses de reforço, uma no 10º e outra no 20º dia após a última dose da série. Lavar com água e sabão Iniciar imediatamente, o tratamento com soro3 e 1 (uma) dose diária de vacina até completar 10 (dez) mais 3 (três) doses de reforço, sendo a 1ª no 10º, a 2ª no 20º e a 3ª no 30º dia após a última dose da série. É preciso avaliar, sempre, os hábitos dos cães e gatos e os cuidados recebidos. Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por cão ou gato que, com certeza, não tem risco de contrair a infecção rábica. Por exemplo, animais que vivem dentro do domicílio (exclusivamente); não tenham contato com outros animais desconhecidos; que somente saem à rua acompanhados dos seus donos e que não circulem em área com a presença de morcegos’. Em caso de dúvida, iniciar o esquema de profilaxia indicado. Nas agressões por morcegos deve-se indicar a soro-vacinação independentemente da gravidade da lesão, ou indicar conduta de reexposição; Aplicação do soro na(s) porta(s) de entrada. Quando não for possível infiltrar toda dose, a quantidade restante deve ser aplicada pela via intramuscular podendo ser utilizada a região glútea. Sempre aplicar em local anatômico diferente do que aplicou a vacina. Quadro 2. Esquema para tratamento profilático anti-rábico humano com vacina de cultivo celular CONDIÇÕES DO ANIMAL AGRESSOR CÃO OU GATO SEM SUSPEITA DE RAIVA NO MOMENTO DA AGRESSÃO1 CÃO OU GATO CLINICAMENTE SUSPEITO DE RAIVA NO MOMENTO DA AGRESSÃO TIPO DE EXPOSIÇÃO Contato Indireto Acidentes Leves - Lavar com água e sabão Lavar com água e sabão Lavar com água e sabão Não tratar Não tratar Não tratar Lavar com água e sabão Observar o animal durante 10 dias após à exposição. Se o animal permanecer sadio no período de observação, encerrar o caso. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, administrar 5 doses de vacina (dias 0, 3, 7, 14 e 28). Lavar com água e sabão Iniciar tratamento com 2 (duas) doses, uma no dia 0 e outra no dia 3.; Observar o animal durante 10 dias após à exposição. Se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de observação, suspender o tratamento e encerrar o caso. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, completar o esquema até 5 (cinco) doses. Aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia e uma dose nos dias 14 e 28. Lavar com água e sabão Iniciar o tratamento com soro3 e 5 doses de vacina nos dias 0, 3, 7, 14 e 28. Observar o animal durante 10 dias após à exposição. Se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de observação, suspender o tratamento e encerrar o caso. Lavar com água e sabão Iniciar imediatamente o tratamento com 5 (cinco) doses de vacina administradas nos dias 0, 3, 7, 14 e 28 Lavar com água e sabão Iniciar imediatamente o tratamento com soro3 e 5 (cinco) doses de vacina administradas nos dias 0, 3, 7, 14 e 28 - ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente únicos, em tronco e membros (exceto mãos e polpas digitais e planta dos pés); podem acontecer em decorrência de mordeduras ou arranhaduras causadas por unha ou dente; lambedura de pele com lesões superficiais - ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, Acidentes Graves - CÃO OU GATO RAIVOSO, DESAPARECIDO OU MORTO; ANIMAIS SILVESTRES² ( INCLUSIVE OS DOMICILIADOS) ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE ECONÔMICO OU DE PRODUÇÃO polpa digital e/ou planta do pé; ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo; lambedura de mucosas; lambedura de pele onde já existe lesão grave; ferimento profundo causado por unha de gato. Lavar com água e sabão Observar o animal durante 10 dias após exposição. Iniciar tratamento com duas doses uma no dia 0 e outra no dia 3; Se o animal permanecer sadio no período de observação, encerrar o caso. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, dar continuidade ao tratamento, administrando o soro3 e completando o esquema até 5 (cinco) doses. Aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia e uma dose nos dias 14 e 28. (1)É preciso avaliar, sempre, os hábitos dos cães e gatos e os cuidados recebidos. Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por cão ou gato que, com certeza, não tem risco de contrair a infecção rábica. Por exemplo, animais que vivem dentro do domicílio (exclusivamente); não tenham contato com outros animais desconhecidos; que somente saem à rua acompanhados dos seus donos e que não circulem em área com a presença de morcegos’. Em caso de dúvida, iniciar o esquema de profilaxia indicado. (2) Nas agressões por morcegos deve-se indicar a soro-vacinação independentemente da gravidade da lesão, ou indicar conduta de reexposição; (3) Aplicação do soro na(s) porta(s) de entrada. Quando não for possível infiltrar toda dose, a quantidade restante deve ser aplicada pela via intramuscular podendo ser utilizada a região glútea. Sempre aplicar em local anatômico diferente do que aplicou a vacina 5. Conduta em Caso de Possível Reexposição ao Vírus da Raiva Pessoas com risco de reexposição ao vírus da raiva, que já tenham recebido tratamento pós-exposição anteriormente, devem ser tratadas novamente de acordo com as indicações do Quadro 3. Para estas pessoas, quando possível, também é recomendável a pesquisa de anticorpos. Considerar as notas de rodapé do Quadro 3, caso o esquema recebido anteriormente tenha sido incompleto. Quadro 3. Esquemas de reexposição, conforme o esquema e vacina prévios e a vacina a ser utilizada por ocasião da reexposição. Tipo de esquema anterior Completo Esquema da reexposição Vacina Fuenzalida & Palácios modificada Cultivo Celular Incompleto3 Fuenzalida & Palácios modificada1 Fuenzalida & Palacios Cultivo Celular a) até 90 dias: não tratar b) após 90 dias: 3 doses, em dias alternados a) até 90 dias: não tratar b) após 90 dias: 2 doses, uma no dia 0 e outra no dia 3 a) até 90 dias: não tratar b) após 90 dias: 3 doses, em dias alternados a) até 90 dias: completar o número de doses b) após 90 dias: ver esquema de pós-exposição (conforme o caso) a) até 90 dias: não tratar b) após 90 dias: 2 doses, uma no dia 0 e outra no dia 3 a) até 90 dias: completar o número de doses (de acordo com o Quadro 6). b) após 90 dias: ver esquema de pós-exposição (conforme o caso) a) até 90 dias: vide observação. a) até 90 dias: completar o número de doses Cultivo Celular2 b) após 90 dias: ver esquema de pós-exposição (conforme o b) após 90 dias: ver esquema de pós-exposição (conforme o caso) caso) (1) pelo menos 3 doses da vacina Fuenzalida & Palácios em dias alternados ou 5 doses em dias seguidos; (2) pelo menos 2 doses de vacina de cultivo celular em dias alternados; (3) não considerar o esquema anterior se o paciente recebeu número menor de doses do que aqueles referidos nas notas acima “1” e “2”. Observação: Nesse caso, encaminhar o paciente para o Centro de Rereferência de Imunobiológicos Especiais- CRIE, para completar esquema de cultivo ceular. Importante: 1. Em caso de REEXPOSIÇÃO, com histórico de tratamento anterior completo e se o animal agressor, cão ou gato, for passível de observação, considerar a hipótese de somente observar o animal; 2. Quando o paciente tiver o esquema de pré-exposição, em qualquer momento, adotar conduta conforme Quadro 4. OBSERVAÇÕES: a. Em caso de reexposição, com história de tratamento anterior completo, não é necessário administrar o soro anti-rábico (homólogo ou heterólogo). No entanto, o soro poderá ser indicado se houver dúvidas ou conforme a análise de cada caso, especialmente nos pacientes imunodeprimidos que devem receber sistematicamente soro e vacina. Recomenda-se que, ao final do tratamento, seja realizada a avaliação sorológica após o 14º dia da aplicação da última dose; b. Devem ser avaliados, individualmente, os pacientes que receberam muitas doses de vacina, como por exemplo, os que receberam mais de uma vez o esquema completo de pós-vacinação ou os que receberam o esquema completo de pós-vacinação e vários esquemas de reexposição. O risco de reações adversas às vacinas aumenta proporcionalmente ao número de doses aplicadas. Nestes casos, se possível, solicitar a avaliação sorológica do paciente. Se o título de anticorpos neutralizantes (AcN) for igual ou maior a 0,5UI/ml não é necessário indicar tratamento ou, caso tenha sido iniciado, pode ser suspenso. 6. Conduta em Caso de Possível Exposição ao Vírus da Raiva em Pacientes que Receberam Esquema de PréExposição. No Quadro 4 estão indicados os procedimentos a serem adotados para pacientes que acidentalmente se expuseram ao risco de infecção pelo vírus da raiva e que tenham recebido tratamento pré-exposição anteriormente. Quadro 4. Conduta em caso de possível exposição ao vírus da raiva em pacientes que receberam esquema de pré-exposição Sorologia comprovada (titulação) Vacina Fuenzalida & Palacios Cultivo Celular modificada Com comprovação sorológica 3 (três) doses em dias 2 (duas) doses, uma no dia (título maior ou igual a 0,5 alternados. 0 e outra no dia 3 UI/ml). Não indicar soro Não indicar soro Sem comprovação sorológica Verificar o Quadro 3, em Verificar o Quadro 3, em ou título inferior a 0,5 UI/ml caso de esquema vacinal caso de esquema vacinal incompleto incompleto 7. Imunobiológicos Utilizados no Brasil 7.1. Vacinas 7.1.1. Vacina Fuenzalida & Palácios modificada. Contém vírus inativado ("morto"), apresentada como suspensão a 2% de tecido nervoso de camundongos lactentes infectados com vírus rábico fixo – cepas PRODUCTIONS VIRUS (P.V.) ou CHALLENGE VIRUS STANDARD (CVS) ,inativadas pela betapropiolactona e com potência mínima de 1,0 UI/ dose. A vacina apresenta aspecto opalescente. Havendo precipitação, deve ser agitada antes do uso e, caso não ocorra desaparecimento do precipitado, desprezar o frasco. A vacina deve ser conservada em geladeira, fora do congelador, na temperatura entre + 2ºC a + 8ºC, até o momento de sua aplicação, observando o prazo de validade do fabricante. Dose e via de aplicação A dose é de 1 ml, INDEPENDENTEMENTE da idade e do peso do paciente. A via de aplicação recomendada é a intramuscular, na região do deltóide ou do vasto lateral da coxa. Em crianças até 2 anos de idade está indicado o vasto lateral da coxa. A VACINA NÃO DEVE SER APLICADA NA REGIÃO GLÚTEA. Contra-indicação A vacinação não tem contra-indicação (gravidez, doença intercorrente ou outros tratamentos). Sempre que possível, ao iniciar o esquema de vacinação, recomenda-se interrupção de tratamento com corticóides e/ou imunossupressores. Não sendo possível, tratar a pessoa como imunodeprimida. Para indivíduos imunodeprimidos ou que apresentaram anteriormente eventos adversos graves à vacina Fuenzalida & Palácios modificada, indicar vacina de cultivo celular. Eventos adversos Os eventos adversos mais comuns são reações locais e sistêmicas. As reações neurológicas são menos freqüentes e as reações anafiláticas muito raras, como mostra o Quadro 5. 1) Manifestações locais: dor, prurido, eritema, enduração no local da aplicação. 2) Manifestações sistêmicas: febre, mal estar geral, cefaléia, insônia, palpitações, linfadenopatia generalizada, dores musculates e articulares. 3) Manifestações neurológicas: - Encefalomielite: quadro caracterizado por febre abrupta, cefaléia, lombalgia, sinais de irritação meníngea e exacerbação de reflexos miotáticos. As lesões podem ser focais ou difusas, com paralisias de nervos cranianos e hemiparesias com ou sem transtornos de sensibilidade. O líquido cefalorraquidiano apresenta pressão aumentada e pleocitose linfomonocitária; - Mielite transversa: quadro caracterizado por febre, astenia, lombalgia e paralisia flácida de membros inferiores com alteração do esfíncter vesical. Pode ser progressiva e ascendente (paralisia de Landry); - Mononeurite: em nervos cranianos ou periféricos, com paresias localizadas e contrações musculares involuntárias; - Polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda ou Síndrome de Guillain-Barré: quadro caracterizado por fraqueza progressiva, geralmente simétrica, com hiporreflexia. Geralmente, inicia-se nos membros inferiores e evolui de forma ascendente, mas pode também ter início nos membros superiores ou face. Na maioria dos casos, não há sinais sistêmicos como febre, calafrios ou perda de peso. O grau de paralisia pode variar desde discreta perda da força até tetraplegia flácida com dificuldade respiratória. Não há envolvimento do sistema nervoso central. No líquor, observa-se aumento de proteínas a partir do 3º dia do quadro e pleocitose mononuclear discreta. A freqüência de manifestações neurológicas associadas à vacina, citada na literatura, é de 1 caso para 8.000 tratamentos. 4) Hipersensibilidade: - tardia: urticária, prurido cutâneo, exantema, petéquias, e; - imediata: reação anafilática, choque anafilático. QUADRO 5. EVENTOS ADVERSOS ASSOCIADOS À VACINA FUENZALIDA & PALÁCIOS MODIFICADA EVENTO ADVERSO - Local - Sistêmico - Neurológico DESCRIÇÃO Dor, prurido, eritema, endurecimento no local da aplicação. - Febre, mal estar geral, cefaléia, insônia, palpitações, linfadenopatia generalizada, dores musculares e articulares. Encefalomielite: quadro caracterizado por febre abrupta, cefaléia, lombalgia, sinais de irritação meníngea e exacerbação de reflexos miotáticos. As lesões podem ser focais ou difusas, com paralisias de nervos cranianos e hemiparesias com ou sem transtornos de sensibilidade. O líquido cefalorraquidiano apresenta pressão aumentada e pleocitose linfomonocitária; Mielite transversa: quadro caracterizado por febre, astenia, lombalgia e paralisia flácida de membros inferiores com alteração do esfíncter vesical. Pode ser progressiva e ascendente (paralisia de Landry); Mononeurite: em nervos cranianos ou periféricos, com paresias localizadas e contrações musculares involuntárias; TEMPO DECORRENTE APLICAÇÃO / EVENTO - - - Poucas horas. O eritema pode diminuir de intensidade e desaparecer 6 a 8 horas depois, surgindo novamente após a aplicação da dose seguinte. Durante ou depois da administração da vacina. Aparece normalmente a após 6 dose. É dose dependente. FREQ. CONDUTA - Freqüente - Pouco freqüente Rara EXAME Tratamento local, com o objetivo de diminuir a dor, a tumefação e a vermelhidão (ex.: compressas frias).; Não é necessário notificar. _ - Medicamentos sintomáticos; Não há contra-indicação para doses subseqüentes. - A critério clínico - Notificar e investigar; Tratamento especializado; O esquema de profilaxia contra a raiva deverá continuar, substituindo- se a vacina Fuenzalida & Palacios modificada por vacina de cultivo celular. - Neurológico Imunológico - Polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda ou Síndrome de Guillain-Barré: quadro caracterizado por fraqueza progressiva, geralmente simétrica, com hiporreflexia. Geralmente, inicia-se nos membros inferiores e evolui de forma ascendente, mas pode também ter início nos membros superiores ou face. Na maioria dos casos, não há sinais sistêmicos como febre, calafrios ou perda de peso. O grau de paralisia pode variar desde discreta perda da força até tetraplegia flácida com dificuldade respiratória. Não há envolvimento do sistema nervoso central. No líquor, observase aumento de proteínas a partir do 3º dia do quadro e pleocitose mononuclear discreta. - Hipersensibilidade Urticária, prurido tardia exantema, petéquias. cutâneo, - anafilática, choque 1/100.000 - - - Hipersensibilidade Reação imediata anafilático. Mais freqüente após a 6º dose. - Mais freqüente nas doses de -Relativamente reforço; freqüente Aparece horas ou dias após à aplicação. - Aparece nas primeiras duas horas - Muito rara após a aplicação. - - Notificar; Contra-indicação de doses subseqüentes; Medidas terapêuticas conforme o caso clínico - Neurológico Notificar e investigar; Contra-indicação de doses subseqüentes; Medidas terapêuticas conforme o caso clínico. Notificar e investigar ; Fazer uso de antihistamínicos; Contra-indicação de doses subseqüentes. - Clínico e; Aconselhamento sobre novos episódios - Serviço de Urgência; Aconselhamento sobre novos episódios - É indispensável investigar história de vacinação anterior com Fuenzalida & Palácios modificada, para verificar a ocorrência de eventos adversos e qual o tipo, para evitar novos eventos e orientar o tratamento. Ocorrendo reações locais e sistêmicas leves, continuar o esquema com a vacina Fuenzalida e Palácios modificada. Recomenda-se o uso de anti-histamínicos e analgésicos. Na vigência de sintomas sugestivos de reações sistêmicas graves ou comprometimento neurológico (cefaléia com dor muscular e articular, diminuição do tônus muscular, parestesia plantar e outros sintomas e sinais neurológicos) completar o esquema com a vacina de cultivo celular. Deve-se levar em consideração as doses de vacina já aplicadas, como indicado no Quadro 6. As vacinas de cultivo celular estão disponibilizadas, inicialmente, nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) do Programa de Imunizações das Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal. Todo caso de evento adverso deve ser investigado e notificado ao Sistema de Vigilância de Eventos Adversos do Programa de Imunizações das Secretarias Estaduais de Saúde em formulário próprio. Quadro 6. Esquema para Complementação Vacinal contra Raiva com a Vacina de Cultivo Celular no caso de Eventos Adversos à Vacina Fuenzalida & Palácios modificada Doses Aplicadas de Fuenzalida & Palácios modificada Nº de doses da Vacina de Cultivo Celular Até 3 5 Doses 0*, 3, 7, 14, 28 de 4 a 6 4 Doses 0*, 4, 11, 25 de 7 a 9 3 Doses 0*, 7, 21 Antes do 1º Reforço 2 Doses Antes do 2º ou 3º Reforço * 1 Dose Dia do início da administração da Vacina de Cultivo Celular. Dias de Administração Datas previstas para os reforços da Fuenzalida & Palácios modificada Data prevista para o 2º ou 3º reforço da Fuenzalida & Palácios modificada 7.1.2. Vacina de Cultivo Celular São vacinas mais potentes e seguras que a Fuenzalida & Palácios modificada, mas isentas de risco. São produzidas em cultura de células (diplóides humanas, células Vero, células de embrião de galinha etc.) com amostras de vírus P.V. ou PITTMAN MOORE (P.M.) inativados pela betapropiolactona. São apresentadas sob a forma liofilizada, acompanhadas de diluente; devem ser conservadas em geladeira, fora do congelador, na temperatura entre + 2ºC a + 8ºC, até o momento de sua aplicação, observando o prazo de validade do fabricante. A potência mínima destas vacinas é 2,5 UI/dose. Dose e via de aplicação São apresentadas na dose 0,5 ml e 1ml, dependendo do fabricante (verificar embalagem e/ou lote). A dose indicada pelo fabricante INDEPENDE da idade e do peso do paciente. A via de aplicação recomendada é a intramuscular, na região do deltóide ou vasto lateral da coxa. Em crianças até 2 anos de idade está indicado o vasto lateral da coxa. A VACINA NÃO DEVE SER APLICADA NA REGIÃO GLÚTEA. Contra-indicação A vacina não tem contra-indicação (gravidez, doença intercorrente ou outros tratamentos). Sempre que possível, recomenda-se a interrupção do tratamento com corticóides e/ou imunossupressores, ao iniciar o esquema de vacinação. Não sendo possível, tratar a pessoa como imunodeprimida. Eventos adversos As manifestações adversas relatadas com maior freqüência são reação local, febre, mal estar, náuseas e cefaléia. Ainda não houve relato de óbito associado ao uso da vacina de cultivo celular. A freqüência de reações neurológicas associadas a esta vacina, citada na literatura científica, é baixa. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até junho de 1996, haviam sido relatados seis casos de reações neurológicas temporalmente associadas a vacina. Em cinco foram registrados quadros de fraqueza ou parestesia, sendo que em um dos pacientes ocorreu déficit muscular permanente do músculo deltóide. O sexto paciente apresentou quadro neurológico semelhante ao de esclerose múltipla. A incidência de manifestações neurológicas, considerando-se todos estes casos como realmente provocados pela vacina, é de cerca de 1 para cada 500.000 pacientes tratados. A incidência de reações alérgicas notificadas nos EUA, à vacina de células diplóides, foi de 11 casos por 10.000 pacientes tratados (0,11%). As reações variam de urticária a anafilaxia e ocorrem principalmente após as doses de reforço; em 1/10.000 tratamentos é registrada reação anafilática do tipo I; a maioria das reações, 10/10.000, é de hipersensibilidade do tipo III. A evolução é boa e a maioria dos pacientes não necessita internação hospitalar. 7.2. Soros 7.2.1. Soro Heterólogo O soro heterólogo é uma solução concentrada e purificada de anticorpos, preparada em eqüídeos imunizados contra o vírus da raiva. O soro deve ser conservado em geladeira, entre +2º a +8ºC, observando o prazo de validade do fabricante. A dose indicada é de 40 UI/kg de peso do paciente. Deve-se infiltrar na(s) lesão(ôes) a maior quantidade possível da dose do soro. Quando forem muito extensas ou múltiplas a dose do soro, a ser infiltrada, pode ser diluída em soro fisiológico para que todas as lesões sejam infiltradas. Caso a região anatômica não permita a infiltração de toda dose, a quantidade restante, a menor possível, deve ser aplicada por via intramuscular, na região glútea. Quando não se dispuser do soro ou de sua dose total, aplicar inicialmente a parte disponível. Iniciar imediatamente a vacinação e administrar o restante da dose de soro recomendada antes da aplicação da 7ª dose da vacina Fuenzalida & Palácios ou da 3ª dose da vacina de cultivo celular. Após esse prazo o soro não é mais necessário. O uso do soro não é necessário quando o paciente recebeu tratamento completo anteriormente. No entanto, em situações especiais, como pacientes imunodeprimidos ou dúvidas com relação as tratamento anterior, se houver indicação, o soro deve ser recomendado. Eventos adversos Os soros produzidos atualmente são seguros mas podem causar eventos adversos, como ocorre com qualquer imunobiológico. As reações mais comuns são benignas, fáceis de tratar e apresentam boa evolução. A possibilidade de ocorrência destas reações NUNCA contra-indica a prescrição do soro. Os eventos adveros que podem ocorrer após administração do soro heterólogo são os seguintes: Manisfestações Locais: dor, edema e hiperemia e, mais raramente, presença de abcesso. São as manifestações mais comuns, normalmente de caráter benigno. Manifestações Imediatas: Choque anafilático. É uma manifetação rara que pode ocorrer nas primeiras duas horas após a aplicação. Os sintomas mais comuns são formigamento nos lábios, palidez, dispnéia, edemas, exantemas, hipotensão e perda de consciência. Manifestações Tardias: Ocorrem com mais frequência até a segunda semana após aplicação do soro. Doença do Soro - caracterizada por edema e eritema no local de aplicação do soro, febre, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia, surdorese, desidratação, exantema com máculas e pápulas pruriginosas, infartamento e inflamações ganglionar e, mais raramente, vasculite e nefrite. Reação de Arthus – caracterizada por vasculite local acompanhada de necrose, dor, tumefação, rubor, necrose, úlceras profundas. Também é um quadro muito raro. Com o conhecimento existente na literatura disponível e pela experiência acumulada, é possível inferir que o teste de sensibilidade ao soro heterólogo tem valor preditivo baixo e por isso não é indicado. A conduta mais importante antes da administração do soro é o interrogatório rigoroso sobre os antecedentes do paciente avaliando: a) a ocorrência e gravidade de quadros anteriores de hipersensibilidade; b) uso prévio de imunoglobulinas de origem equídea e c) a existência de contatos freqüentes com animais, principalmente com eqüídeos, por exemplo nos casos de contato profissional (veterinários) ou por lazer. Em caso de resposta afirmativa a um dos itens anteriores, classificar o paciente como de risco e considerar a possibilidade de substituição do soro heterólogo pelo soro homólogo (imunoglobina humana hiperimune anti-rábica), se disponível. Caso não haja disponibilidade de soro homólogo, aconselha-se a pré-medicação deste paciente antes da aplicação do soro heterólogo. Aconselha-se sempre a seguinte rotina, antes da administração do soro heterólogo, para qualquer paciente: 1. Garantir bom acesso venoso, mantendo-o com soro fisiológico a 0,9% (gotejamento lento); 2. Dentro das possibilidades, é conveniente deixar preparado: Laringoscópio com lâminas e tubos traqueais adequados para o peso e idade; Frasco de soro fisiológico e/ou solução de Ringer lactado; Solução aquosa de adrenalina (preparada na diluição de 1:1000) e de aminofilina (10ml = 240mg). Após receber o soro, o paciente deverá ser observado pelo prazo de duas horas. 7.2.1.1. Pré-medicação Na tentativa de prevenir ou atenuar possíveis reações adversas imediatas em pacientes de risco, podem ser utilizadas drogas bloqueadoras dos receptores H1 e H2 da histamina (anti-histamínicos) e um corticosteróide em dose anti-inflamatória: Opção 1. Via Parenteral - Antagonistas dos receptores H1 da histamina: Crianças Adultos (dose máxima) 0,08 mg/kg 5 mg Maleato de dextroclorfeniramina ou Prometazina 0,5 mg/kg 50 mg - Antagonistas dos receptores H2 da histamina: Cimetidina 10 mg/kg 300 mg ou Ranitidina 1,5 mg/kg 50 mg - Corticosteróide: Hidrocortisona 10 mg/kg 500 mg Atenção: a aplicação do soro anti-rábico heterólogo deverá ser realizada 20 a 30 minutos após a aplicação da pré-medicação acima (esquema parenteral). Opção 2. Via Oral - Antagonistas dos receptores H1: Maleato de dextroclorfeniramina solução oral (xarope), contém 0,4 mg/ml (genérico). Administrar 0,2 mg/kg de peso, atingindo no máximo 5 mg. - Antagonista dos receptores H2 : Cimetidina - comprimido revestido, contendo 200 mg ou 400 mg (genérico). Administrar 20 a 30 mg/kg, atingindo no máximo 400 mg ou Ranitidina - comprimido revestido contendo 150 mg ou 300 mg ( genérico) Administrar 1,0 a 2,0 mg/kg de peso, atingindo no máximo 300 mg. - Corticosteróide: Hidrocortisona: na dose de 10 mg/kg, com dose máxima de 1000mg. Será sempre administrada por via venosa ou Dexametasona (fosfato), na dose 2 mg ou 4 mg, com dose máxima de 20 mg. Pode ser administrada por via intra-muscular. Atenção: a aplicação do soro anti-rábico heterólogo deverá ser realizada aproximadamente 2 (duas) horas após a aplicação da pré-medicação acima (esquema oral). Opção 3 . Esquema Misto - Por via Oral Antagonista dos receptores H1: Maleato de dextroclorfeniramina, solução oral (xarope), contém 0,4 mg/ml (genérico). Administrar 0,2 mg/kg de peso, atingindo no máximo 5 mg. Esta medicação pela via oral deverá ser administrada 60 minutos antes da soroterapia. - Por via Parenteral Antagonistas dos receptores H2 : Cimetidina, na dose de 10 mg/kg de peso, dose máxima de 300 mg ou Ranitidina, na dose de 3 mg/kg, dose máxima de 100 mg, pela via venosa, lentamente. Hidrocortisona, na dose de 10 mg/kg por via venosa, dose máxima de 1000mg, ou Dexametasona, na dose de 2 mg ou 4 mg, dose máxima de 20 mg, por via intra-muscular. Atenção: As medicações, pela via parenteral, deverão ser administradas 20 a 30 minutos antes do soro heterólogo. Observação: O esquema que utiliza somente a via parenteral é o mais conhecido e é o que acumula experiência clínica positiva e já publicada. Eventos adversos Manifestações Locais: Pode provocar reações de caráter benigno com dor, edema e hiperemia e, mais raramente, presença de abcesso. Manifestações Imediatas: Choque anafilático. Raro, mas pode ocorrer na administração do soro anti-rábico heterólogo. Nas primeiras duas horas após a aplicação, podem ocorrer formigamento nos lábios, palidez, dispnéia, edemas, exantemas, hipotensão e perda da consciência. Manifestações Tardias: Reação de Arthus – Vasculite local acompanhada de necrose-dor, tumefação, rubor, necrose, úlceras profundas; Doença do Soro – Febre, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia, sudorese, desidratação, exantema com máculas e pápulas pruriginosas, infartamento e inflamações dos linfonodos, vasculite, nefrite. QUADRO 7. EVENTOS ADVERSOS ASSOCIADOS AO SORO HETERÓLOGO ANTI-RÁBICO HUMANO EVENTO ADVERSO Local DESCRIÇÃO Dor, edema, hiperemia, abcesso. TEMPO DECORRENTE APLICAÇÃO / EVENTO Poucos minutos a horas FREQ. Freqüente CONDUTA Imediato Tardio Choque anafilático. Formigamento nos lábios, palidez, dispnéia, edemas, exantemas, hipotensão e perda da consciência. Dificuldade respiratória, edema de glote. Reação de Arthus: Vasculite local acompanhada de necrosedor, tumefação, rubor, necrose, úlceras profundas. Doença do Soro – Febre, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia, sudorese, desidratação, exantema com máculas e pápulas pruriginosas, infartamento e inflamações ganglionar, vasculite, nefrite. Nos primeiros minutos até duas horas após a aplicação. 6 a 12 dias (na maioria dos casos, mas há grande variação) Muito raro Raro (mais freqüente em pessoas tratadas anteriormente com outros soros heterólogos) EXAME Tratamento local, com o objetivo de diminuir a dor, a tumefação e a vermelhidão (ex.: compressas frias); Não é necessário notificar. _ Notificar e Investigar; Substituir o soro heterólogo por Imunoglobulina Anti-Rábica; Cuidado intensivo. Notificar e Investigar; Acompanhamento clínico. Serviço de urgência Serviço especializado 7.2.2. Imunoglobulina humana hiperimune anti-rábica - Soro Homólogo A imunoglobulina humana hiperimune anti-rábica, uma solução concentrada e purificada de anticorpos preparada a partir de hemoderivados de indivíduos imunizados com antígeno rábico é um produto mais seguro que o soro anti-rábico, porém de produção limitada e, por isso, de baixa disponibilidade e alto custo. Deve ser conservada entre + 2° e + 8° C, protegida da luz, observando-se o prazo de validade do fabricante. A dose indicada é de 20 UI/kg de peso. Deve-se infiltrar a maior quantidade possível na(s) lesão(ões). Quando forem muito extensas ou múltiplas a dose indicada pode ser diluida em soro fisiológico para que todas as lesões sejam infiltradas. Caso a região anatômica não permita a infiltração de toda dose, a quantidade restante, a menor possível, deve ser aplicada por via intramuscular, na região glútea. Eventos adversos Manifestações Locais: Pode provocar reações de caráter benigno como dor, edema, eritema e, mais raramente, abcesso. Manifestações Sistêmicas: Leve estado febril. Em presença de agamaglobulinemia ou hipogamabulinemia pode ocorrer reação anafilactóide. Raramente pode ocorrer reação de hipersensibilidade. Notas: 1. A imunoglobulina humana hiperimune anti-rábico (soro homólogo) está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) do Programa de Imunizações das Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal. 2. Os eventos adversos ao soro anti-rábico humano (heterólogo ou homólogo) devem ser investigados e notificados ao sistema de vigilância de eventos adversos do Programa Estadual de Imunizações da Secretaria de Saúde dos Estados ou do Distrito Federal. 8. Conduta em Caso de Abandono de Tratamento O tratamento profilático anti-rábico humano deve ser garantido todos os dias, inclusive nos finais de semana e nos feriados. É de responsabilidade do serviço que atende o paciente realizar busca ativa imediata daqueles que não comparecem nas datas agendadas, para a aplicação de cada dose da vacina. As condutas indicadas para pacientes que não comparecem na data agendada são as seguintes: 8.1. Paciente em Uso da Vacina Fuenzalida & Palácios Completar as doses da vacina prescritas anteriormente e não iniciar nova série. 8.2. Paciente em Uso da Vacina de Cultivo Celular (a) No esquema recomendado ( dias 0, 3, 7, 14 e 28 ), as cinco doses devem ser administradas no período de 28 dias a partir do início do tratamento; (b) Quando o paciente falta para a segunda dose: aplicar no dia que comparecer e agendar a terceira dose com intervalo mínimo de 2 dias; (c) Quando o paciente falta para a terceira dose: aplicar no dia que comparecer e agendar a quarta dose com intervalo mínimo de 4 dias; (d) Quando o paciente falta para a quarta dose: aplicar no dia que comparecer e agendar a quinta dose para 14 dias após. 9. Bases Gerais do Tratamento a. A profilaxia contra a raiva deve ser iniciada o mais precocemente possível; b. Sempre que houver indicação, tratar o paciente em qualquer momento, INDEPENDENTEMENTE do tempo transcorrido entre a exposição e o acesso à unidade de saúde; c. A história vacinal do animal agressor NÃO constitui elemento suficiente para a dispensa da indicação do tratamento anti-rábico humano. d. Havendo interrupção do tratamento, completar as doses da vacina prescritas anteriormente e não iniciar nova série; e. Recomenda-se que o paciente evite esforços físicos excessivos e bebidas alcoólicas, durante e logo após o tratamento; f. Em caso de acidente por vacina anti-rábica de vírus vivo o paciente deve receber esquema completo (soro + vacina); g. Não se indica o uso de soro anti-rábico para os pacientes considerados imunizados por tratamento anterior, exceto nos casos de paciente imunodeprimido ou em caso de dúvidas sobre o tratemento anterior. Em caso de dúvidas indicar o soro; h. Nos casos em que se conhece só tardiamente a necessidade do uso do soro anti-rábico ou quando há qualquer impedimento para o seu uso, aplicar a dose de soro recomendada antes da aplicação da 7º dose da vacina Fuenzalida & Palacios ou até a 3º dose da vacina de cultivo celular. Após esse prazo o soro não é mais necessário. 9.1. Sobre o Ferimento a. Lavar imediatamente o ferimento com água corrente, sabão ou outro detergente. A seguir, devem ser utilizados anti-sépticos que inativem o vírus da raiva (polivinilpirrolidona-iodo, por exemplo, o polvidine ou gluconato de clorexidine ou álcool-iodado). Essas substâncias deverão ser utilizadas uma única vez, na primeira consulta. Posteriormente, lavar a região com solução fisiológica; b. A mucosa ocular deve ser lavada com solução fisiológica ou água corrente; c. O contato indireto é aquele que ocorre por meio de objetos ou utensílios contaminados com secreções de animais suspeitos. Nestes casos, indica-se apenas lavar bem o local com água corrente e sabão; d. Em casos de lambedura da pele íntegra, por animal suspeito, recomenda-se lavar o local com água e sabão; e. Não se recomenda a sutura do(s) ferimento(s). Quando for absolutamente necessário, aproximar as bordas com pontos isolados. Havendo necessidade de aproximar as bordas, o soro anti-rábico, se indicado, deverá ser infiltrado 1 hora antes da sutura; f. Proceder à profilaxia do tétano segundo o esquema preconizado (caso não seja vacinado ou com esquema vacinal incompleto) e uso de antibióticos nos casos indicados, após avaliação médica; g. Havendo contaminação da mucosa, seguir o tratamento indicado para lambedura da mucosa. 9.2. Sobre o Animal a. O período de observação de 10 (dez) dias é restrito aos cães e gatos; b. Considera-se suspeito todo cão ou gato que apresentar mudança brusca de comportamento e/ou sinais e sintomas compatíveis com a raiva tais como salivação abundante, dificuldade para engolir, mudança nos hábitos alimentares e paralisia das patas traseiras; c. Sempre que possível o animal agressor, cão ou gato, deverá ser observado. Se durante o período de observação o animal morrer, ou desenvolver sintomatologia compatível com raiva, amostras de seu sistema nervoso central (SNC) deverão ser enviadas para o laboratório de diagnóstico. Se necessário, o animal deverá ser sacrificado. Cuidados deverão ser observados no manuseio do animal, para evitar acidentes; d. A agressão por outros animais domésticos (bovinos, ovinos, caprinos, eqüídeos e suínos) deverá ser avaliada e, se necessário, deverá ser indicado o tratamento profilático, lembrando que não se indica a observação desses animais com o objetivo de definir a conduta para o ser humano. Se o animal morrer, sempre que possível, coletar amostra de tecido do SNC e enviar ao laboratório de diagnóstico. e. Está indicado tratamento, sistematicamente, para todos os casos de agressão por animais silvestres, mesmo quando domiciliados e domesticados. f. Não é indicado tratamento nas agressões causadas pelos seguintes roedores e lagomorfos (urbanos ou de criação): - ratazana de esgoto (Rattus norvegicus); - rato de telhado (Rattus rattus); - camundongo (Mus musculus); - cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus); - hamster (Mesocricetus auratus); e - coelho (Oryetolagus cuniculus). g. Nas agressões por morcegos deve-se proceder à soro-vacinação, independentemente do tipo de morcego agressor, do tempo decorrido e da gravidade da lesão. Em caso de reexposição, seguir às orientações específicas, conforme cada caso. Importante: A imunofluorescência para raiva é um exame importante, de alta sensibilidade e especificidade. Quando o diagnóstico laboratorial do animal agressor for negativo pela técnica de imunofluorescência, o tratamento do paciente, a critério médico, pode ser suspenso aguardando-se o resultado da prova biológica. Isso não se aplica para eqüideos (cavalo, burro, jumento), exceto nos casos em que o material encaminhado para o diagnóstico desses animais tenha sido a medula. 10. Coleta dos Espécimes Humano e Animal para Exames Virológicos, Sorológicos e Anatomopatológicos 10.1. Diagnóstico Laboratorial em Humano A confirmação laboratorial em vida dos casos de raiva humana pode ser realizada pelo método de imunofluorescência direta em amostras de saliva (esfregaço), impressão de córnea (extremamente doloroso para o paciente), raspado de mucosa lingual, tecido bulbar dos folículos pilosos e biópsia de pele da nuca. A sensibilidade dessas provas é limitada, quando negativas não se pode excluir a possibilidade da infecção pelo vírus da raiva. Pode-se realizar a imunofluorescência para determinação de IgM específica no soro, ou a dosagem de IgM na secreção lacrimal ou salivar. A realização da necrópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica. O cérebro e o cerebelo deverão ser encaminhados ao laboratório, conservados preferencialmente, sob refrigeração ou em glicerina misturada em partes iguais com água destilada ou líquido de Bedson ou Vallée, para realização de exames. Não usar formol. 10.2. Diagnóstico Laboratorial em Animal O diagnóstico laboratorial é essencial tanto para a eleição de estratégias em Saúde Pública e definição de intervenção no paciente, como também para o conhecimento do risco da doença na região de procedência do animal. O material de eleição para exame é o encéfalo (cérebro e cerebelo) e, em se tratando de eqüídeos, enviar também a medula espinhal. Caso não seja possível realizar a coleta do material, poderá ser encaminhada a cabeça ou o animal inteiro, quando de pequeno porte. O material poderá ser coletado por profissional habilitado, de acordo com técnicas de biossegurança. Quadro 8. Espécie Animal e Fragmento de Eleição do SNC a ser Coletado para Diagnóstico Laboratorial da Raiva. Espécie Animal Parte(s) do SNC a Ser(em) Coletada(s) ( preferencialmente) Humana Cérebro e Cerebelo Canina / Felina Corno de Amon e Medula Bovino Cerebelo e Medula Eqüídeos (Cavalo, Jumento, Medula Burro) Ovino, Caprino e Suíno Cérebro e Cerebelo Animais Silvestres Quando possível enviar animal inteiro, para identificação da espécie. Se não, Cérebro, Cerebelo e Medula 10.3. Acondicionamento, Conservação e Transporte O material para diagnóstico deve ser acondicionado em saco plástico duplo, vedado hermeticamente, identificado de forma clara e legível, não permitindo que a identificação se apague em contato com a água ou gelo. A amostra, devidamente embalada e identificada, dever ser colocada em caixa de isopor, com gelo suficiente para que chege bem conservada ao seu destino. A caixa dever ser rotulada, bem fechada, não permitindo vazamentos que possam contaminar quem a transporte. O modo de conservação dependerá do tempo (estimado) decorrido entre a remessa ao laboratório e o processamento da amostra. Até 24 horas – refrigerado Mais de 24 horas – congelado Na falta de condições adequadas de refrigeração, conservado em solução salina com glicerina a 50%. A qualidade do resultado laboratorial dependerá do estado de conservação do material enviado. Materiais autolisados interferem nas técnicas laboratoriais, muitas vezes tornando impossível a emissão do laudo. Juntamente com o material, deve ser enviada ficha epidemiológica completa, com o nome e endereço do solicitante, espécie do animal, possíveis contatos com o homem e outros animais; se houve observação do animal doente e qual o período; se o animal foi sacrificado ou morreu naturalmente etc. Quando enviados dois ou mais fragmentos de tecidos, especificar no pedido e identificar os mesmos. 10.4 Observações Todo indivíduo que executa, ou auxilia, necrópsias de animais com suspeita de raiva deve submeter-se ao esquema vacinal pré-exposição e ter seu soro dosado para anticorpos anti-rábicos duas vezes ao ano, como forma de verificar a manutenção do título protetor; Como a raiva acomete todas as espécies de mamíferos, recomenda-se que todo e qualquer animal suspeito de estar infectado com o vírus da raiva seja encaminhado para diagnóstico laboratorial; Ressalta-se o crescente número de morcegos positivos para a raiva e os inúmeros acidentes que vêm causando aos humanos. Morcegos e outros animais silvestres pequenos devem ser encaminhados inteiros, refrigerados ou congelados, para a identificação da espécie; Os procedimentos de biossegurança devem ser seguidos, rigorosamente, tanto no trato com os animais suspeitos quanto como os pacientes humanos. Encaminhar para o laboratório de referência nacional (Instituto Pasteur/ SES/SP) para diagnóstico virológico ( identificação de variante) toda amostra positiva de: humanos, animais silvestres e de cão e/ou gato de área indene. 11. Bibliografia 1. AJJAN, N.; PILET, C. Comparative study of the safety and protective value, in preexposure use, of rabies vaccine cultivated on human diploid cells (HDCV) and of the new vaccine grown on Vero cells. Vaccine , 7:125-8, 1989. 2. ANDRADE, J. Avaliação da resposta humoral a quatro esquemas de vacinação antirábica pré-exposição. Tese de Doutorado, Faculdade de Medicina, UFBA, 139p., 1997. 3. American Academy of Pediatrics. 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ANEXO 1 (FICHA DE ATENDIMENTO ANTI-RÁBICO HUMANO – SINAN) Equipe de Elaboração Wagner Augusto da Costa- Instituto Pasteur – SES/SP José Tavares-Neto – Universidade Federal da Bahia Ivone Perez de Castro – Secretaria de Saúde do Distrito Federal Mauro da Rosa Elkhoury- CENEPI/FUNASA Marisa de Azevedo Marques- USP- Ribeirão Preto/SP Neide Tumie Takaoka - Instituto Pasteur – SES/SP Nélio Batista de Moraes – SES/CE Marcos Vinícius Silva- Instituto de Infectologia Emílio Ribas/SP Gabriel Oselka – SES/SP João Carlos Repka Rosely Cerqueira de Oliveira – CENEPI/FUNASA Francisco Anilton Alves Araújo – CENEPI/FUNASA Agradecimentos Ivanete Kotait - Instituto Pasteur – SES/SP Marcelo Yoshito Wada - CENEPI/FUNASA Regilma Alves de Oliveira – SES/RJ Ernesto Isaac Montenegro Renoiner – CENEPI/FUNASA Apoio Adminstrativo Carlos Eduardo Krawiec