ISSN 1808-9909 Volume 4, Número 2, 2008 PLANT CELL CULTURE & MICROPROPAGATION Cultura de Células & Micropropagação de Plantas Publicação Científica da Associação Brasileira de Cultura de Tecidos de Plantas Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, MG, v. 4, n. 2, p. 55-110, 2008 A revista Plant Cell Culture & Micropropagation , editada semestralmente pela Editora da Universidade Federal de Lavras (Editora UFLA), publica artigos científicos da área de cultura de tecidos de plantas por membros da comunidade científica nacional e internacional. Com uma tiragem de 600 exemplares é distribuída aos membros da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CULTURA DE TECIDOS DE PLANTAS (ABCTP) em dia com a anuidade. Para se associar à ABCTP consulte o site: <www.abctp.ufla.br> PERMUTA A revista Plant Cell Culture & Micropropagation deseja fazer permuta com revistas de áreas afins. ABCTP Universidade Federal de Lavras Departamento de Biologia Setor de Fisiologia Vegetal Caixa Postal: 3037 Lavras MG CEP 37200-000 E-mail: [email protected] FICHA CATALOGRÁFICA Diretoria Presidente Renato Paiva UFLA Secretário Moacir Pasqual UFLA Secretário Adjunto Antônio Carlos Torres EMBRAPA Hortaliças Tesoureiro Guilherme Augusto Canella Gomes Benger do Brasil Comissão Editorial Editor Chefe Renato Paiva UFLA Conselho Editorial Antônio Carlos Torres EMBRAPA Hortaliças Moacir Pasqual UFLA Renato Paiva UFLA Secretaria Daiane Peixoto Vargas UFLA Fernanda Carlota Nery UFLA Gabriela Ferreira Nogueira UFLA Nomenclatura Científica Manuel Losada Gavilanes UFLA Revisão de Português Jane Cherem Revisão de Inglês Renato Paiva UFLA Revisão de Referências Bibliográficas Márcio Barbosa de Assis Editoração Eletrônica Luciana Carvalho Costa Editora UFLA Christyane Aparecida Caetano Editora UFLA Isabel Cristina de Oliveira Editora UFLA Editores Associados Paulo Roberto Corrêa Landgraf UNIFENAS Vespasiano Borges de Paiva Neto UFMS Consultoria Científica(Vol. 4, N.2) Ana da Silva Ledo EMBRAPA Antonio Carlos Torres EMBRAPA Aparecida Gomes de Araújo UFLA Elka Fabiana Aparecida Almeida EMBRAPA Evaristo Mauro de Castro UFLA Fabiano Guimarães Silva CEFET Rio Verde Fernanda Pereira Soares MAPA Jonny Everson Scherwinski Pereira EMBRAPA José Eduardo Brasil Pereira Pinto UFLA Natoniel Franklin de Melo EMBRAPA Raírys Cravo Nogueira UFPA ISSN 1808-9909 Plant Cell Culture & Micropropagation CONTEÚDO Aclimatização de mudas micropropagadas de Heliconia lingulata Ruiz & Pav. em ambiente protegido, em função da lâmina de irrigação. Acclimatization of micropropagated plants of Heliconia Lingulata Ruiz & Pav. in protected environments as a function of irrigation depth. Benito Moreira de Azevedo, Eliana Lee Jorge Rocha, Thales Vinícius de Araújo Viana, Albanise Barbosa Mariho, Ana Cristina Portugal Pito de Carvalho, Denise Vieira Vasconcelos.................................. 55 In vitro organogenesis of passion fruit (Passiflora edulis Sims. F. flavicarpa Deg.) affected by irradiance, sucrose and explant position. Organogênese in vitro do maracujazeiro (Passiflora edulis Sims. F. flavicarpa Degener) afetado por irradiância, sacarose e posição dos explantes. Rodrigo Sobreira Alexandre, Flávio Alencar D' Araújo Couto, José Maria Moreira Dias, Wagner Campos Otoni, Rita De Cássia Mendes, Paulo Roberto Cecon..................................................................... 62 Avaliação de substratos na produção de mudas do abacaxizeiro ornamental [Ananas Comosus (L.) Merr. Var. Bracteatus (Lindl.) Coppens & F. Leal] em condições de casa de vegetação. Substrates evaluation for production of ornamental pineapple [Ananas Comosus (L.) Merr. Var. Bracteatus (Lindl.) Coppens & F. Leal] plants under greenhouse conditions. Francisco Nunes da Cunha Filho, Antonio Carlos Torres, João Maria Charchar.......................................... 70 Efeito de isopenteniladenina por quatro subcultivos na multiplicação de brotações de abacaxizeiro ornamental in vitro. Effect of isopentenyl adenine in four subcultures during the in vitro multiplication of ornamental pineapple shoot. Maria do Desterro Mendes dos Santos, José Getúlio Da Silva Filho, Antonio Carlos Torres...................... 76 Eficiência fotoquímica e características de crescimento da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) cultivada in vitro em diferentes concentrações de sacarose e qualidade de luz. Photochemical efficiency and growth characteristics of sugar cane (Saccharum officinarum L.) plants cultivated in vitro under different sucrose concentrations and light quality. Geórgia Peixoto Bechara Mothé, Alena Netto Torres, Luis Eduardo Campos Crespo, Eliemar Campostrini................................................................................................................................................... 84 Effects of auxins and cytokinins on in vitro development of Alpinia purpurata K. Schum and phenolic compounds production. Efeito de auxinas e citocininas no desenvolvimento in vitro de Alpinia purpurata K. Schum e produção de substâncias fenólicas. Cristiane Pimentel Victório, Iacinete Pamplona da Cruz, Alice Sato, Ricardo Machado Kuster, Celso Luiz Salgueiro Lage...................................................................................................................................... 92 Curva de crescimento, atividade da fenilalanina amônia-liase e teores de fenóis e taninos totais em calos de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Fabaceae-Mimosoideae). Growth curve, phenylalanine ammonia-lyase activity and total phenol levels in callus of Stryphnodendron Adstringens (Mart.) Coville - (Fabaceae-Mimosoideae). Ana Hortência Fonsêca Castro, Miller Marani Lima, Renato Paiva, Amauri Alves de Alvarenga, Mirelle Oliveira Sóter................................................................................................................................................ 99 Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 55-110, 2008 Embriogênese somática direta de Coffea arabica L.: concentrações de NH4NO3 e de KNO3 no desenvolvimento de embriões. Direct somatic embryogenesis of Coffea arabica L.: concentrations of NH4NO3 and KNO3 on the development of embryos. Juliana Costa de Rezende, Moacir Pasqual, Samuel Pereira de Carvalho, Ester Alice Ferreira, Flavia Carvalho Santos............................................................................................................................................ 105 ACLIMATIZAÇÃOAclimatização DE MUDAS MICROPROPAGADAS DE Heliconia55 de mudas micropropagadas de Heliconia... lingulata Ruiz & Pav. EM AMBIENTE PROTEGIDO, EM FUNÇÃO DA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO1 ACCLIMATIZATION OF MICROPROPAGATED PLANTS OF Heliconia lingulata Ruiz & Pav. IN PROTECTED ENVIRONMENTS AS A FUNCTION OF IRRIGATION DEPTH BENITO MOREIRA DE AZEVEDO2, ELIANA LEE JORGE ROCHA3, THALES VINÍCIUS DE ARAUJO VIANA4, ALBANISE BARBOSA MARINHO5, ANA CRISTINA PORTUGAL PINTO DE CARVALHO6, DENISE VIEIRAVASCONCELOS7 1 Parte da dissertação apresentada à Universidade Federal do Ceará pelo primeiro autor, para obtenção do título de Mestre em Irrigação e Drenagem. 2 Doutor em Irrigação e Drenagem, Professor Associado Departamento de Engenharia Agrícola Universidade Federal do Ceará/ UFC [email protected] 3 Mestre em Irrigação e Drenagem (In memória). 4 Doutor em Irrigação e Drenagem, Professor Associado Departamento de Engenharia Agrícola Universidade Federal do Ceará/ UFC [email protected] 5 Doutora em Produção Vegetal Pesquisadora CNPq/FUNCAP [email protected] 6 Doutora, Embrapa Agroindústria Tropical Cx. P. l 3761 60511-110 Fortaleza, CE [email protected] 7 Engenheira Agrônoma, Mestre Universidade Federal do Ceará/UFC [email protected] RESUMO As helicônias são plantas ornamentais, que com sua beleza e exotismo constituem uma das maiores riquezas da flora brasileira. Em decorrência da alta demanda do mercado consumidor, as mudas vêm sendo produzidas em escala comercial por meio da micropropagação, uma técnica importante da cultura de tecidos que apresenta diversas etapas. A etapa de aclimatização é a fase mais crítica e importante, pois se não for bem executada pode proporcionar altos índices de mortalidade e baixas taxas de crescimento e desuniformidade das plantas, com conseqüente queda na produção. Para minimizar esse problema e atender às exigências do mercado consumidor, é preciso buscar informações técnicas e científicas sobre o adequado manejo das plantas, na fase de aclimatização. Objetivou-se, no presente trabalho, avaliar o efeito de distintas lâminas de irrigação na aclimatização de mudas micropropagadas de helicônia (Heliconia lingulata Ruiz & Pav.). A pesquisa foi conduzida em um ambiente protegido pertencente à Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza CE (3º44 S e 38º33 W). Foram analisadas quatro lâminas de irrigação: 1, 2, 3 e 4 mm de água. As variáveis agronômicas, avaliadas nos experimentos foram altura da planta, número de folhas e diâmetro do caule. Os resultados dos experimentos evidenciaram o melhor desenvolvimento das mudas micropropagadas de helicônia, quando irrigadas com lâmina de 2,5 mm dia-1. Termos para indexação: Floricultura, Heliconia lingulata, manejo de irrigação. ABSTRACT Heliconias are beautiful and exotic ornamental plants of the wealthy Brazilian flora. Due to a high demand of the consuming market, plants are being produced in a commercial scale using the technique of micropropagation. In this technique, acclimatization is the most important and critical phase for promoting high rates of mortality, reduced growth and plant uniformity which reduce its production. The objective of this work was to evaluate the effect of different irrigation depth in the acclimatization of micropropagated heliconia (Heliconia lingulata). The experiments were in a protected environment located at Embrapa Tropical Agroindustry, Fortaleza, Ceara, Brazil (3º44 S and 38º33 W). The agronomic variables evaluated were: plant height, leaf number and stem diameter. The results showed the best development of micropropagated heliconia plants using water depth of 2.5 mm day-1. Index terms: floraculture, Heliconia lingulata, irrigation management. INTRODUÇÃO As helicônias são plantas ornamentais que com sua beleza e exotismo assemelham-se a verdadeiras esculturas, lembrando em sua forma pirâmides, bicos de aves, cascatas de flores, pinhais ou cachos de banana. As helicônias constituem uma das maiores riquezas da flora brasileira. Atualmente, sabe-se que o mercado internacional tem proporcionado muitas oportunidades de negócios para os produtores dessas flores tropicais. A floricultura é uma atividade desenvolvida, em geral, em ambientes protegidos, estufas ou túneis plásticos, (Recebido em 17 de abril de 2008 e aprovado em 22 de julho de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 55-61, 2008 56 AZEVEDO, B. M. de et al. combinando alta produtividade com maior qualidade, garantindo ao agricultor uma colheita satisfatória e reduzindo ao máximo as perdas por danos proporcionados por variações climáticas adversas (GONDIM et al., 2004). De acordo com Terceiro Neto et al. (2004), uma etapa importante na produção de flores e plantas ornamentais está relacionada à utilização de mudas de qualidade. Nesse contexto, a produção de mudas através da micropropagação, surge como uma alternativa viável para obtenção de mudas em escala comercial com alta qualidade genética e fitossanitária, em um curto espaço de tempo, atendendo dessa forma, às necessidades dos produtores. Dentre as etapas da micropropagação, pode-se destacar a aclimatização, que é a fase mais crítica e importante. A irrigação é uma prática de suma importância no processo de aclimatização, já que a água é um dos fatores que mais limitam a produção das plantas. Seu manejo, ou seja, a quantidade de água e sua freqüência de aplicação é um fator fundamental para o estabelecimento e o adequado desenvolvimento das mudas micropropagadas. Para se alcançar todos os objetivos da prática de irrigação, que englobam a maximização da produção, racionalização do uso da mão-de-obra, energia, água e fertilizante e a aplicação correta da água, é imprescindível adotar um correto manejo desse sistema (PEREIRA et al., 1997). Para Pieter et al. (2007), os efeitos de aplicações excessivas ou deficitárias são irreversíveis e variam de acordo com a intensidade e tempo de duração do procedimento imposto. Nesses casos, os processos fisiológicos da planta relacionados ao crescimento são afetados e, sob condições severas, o déficit pode provocar a murcha permanente do vegetal. Conforme a Embrapa (2007), em regiões de calor intenso com inverno ameno normalmente, a exigência das mudas por água, em qualquer fase de desenvolvimento, é maior que em regiões de clima temperado. Por outro lado, alguns tipos de substrato, por terem menor capacidade de retenção de água, exigem que se aplique mais água a cada irrigação, ou que se aumente a freqüência das mesmas. É recomendável que as lâminas sejam aplicadas nas primeiras horas da manhã e ao entardecer, uma vez que, irrigação nas horas mais quentes pode danificar as mudas, principalmente quando fertirrigadas (CESP, 2000). Para Bernardo et al. (2005), é necessário conhecer o comportamento da cultura em função das diferentes quantidades de água fornecidas e identificar as fases de desenvolvimento de maior consumo de água, e os períodos críticos, quando a falta ou o excesso provocaria quedas de produção. Objetivou-se, no presente trabalho, avaliar o efeito de lâminas de irrigação sobre o desenvolvimento de mudas micropropagadas de helicônia (Heliconia lingulata Ruiz & Pav.), em fase de aclimatização, em ambiente protegido. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido em um ambiente protegido pertencente à Embrapa Agroindústria Tropical, no período de fevereiro a abril de 2006. A área está situada no município de Fortaleza, Ceará, com as coordenadas geográficas correspondentes à 3º44 S, 38º33 W e 19,5 m de altitude. De acordo com a classificação climática de Koppen, o clima da região é do tipo Aw , caracterizado como clima tropical chuvoso, de savana tropical, com a época mais seca no inverno e máximo de chuvas no verãooutono. O túnel alto de cultivo forçado, de formato semicircular e orientação leste-oeste foi instalado com as seguintes dimensões: 45 m de comprimento, 5 m de largura e 2 m de altura, comportando aproximadamente uma área de 225 m² e um volume de 357 m3. Toda a sua estrutura foi completamente coberto por uma tela de sombreamento, para reduzir 50% da luminosidade. O sistema de irrigação empregado foi do tipo microaspersão suspenso, sendo constituído por um conjunto motobomba, uma linha principal, uma linha de derivação e uma linha lateral de 10 m, com emissores espaçados de 2,4 m e a uma altura de 0,5 m das bandejas. Os microaspersores foram do tipo nebulizador, modelo Tietze, com bocal violeta em posição invertida, a vazão do emissor era de 43 l h-1, na pressão de 30 kgf cm-2. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 55-61, 2008 Aclimatização de mudas micropropagadas de Heliconia... As mudas de helicônia (Heliconia lingulata) utilizadas nesse experimento foram obtidas através do processo de micropropagação, realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos e Genética Vegetal da Embrapa Agroindústria Tropical. Na ocasião do plantio, as mudas apresentavam-se completamente enraizadas e com alturas variando de 2,6 a 3,5 cm. As plantas provenientes do material in vitro foram retiradas dos frascos e suas raízes, lavadas em água corrente para a retirada do excesso do meio de cultura. Após a lavagem, as mudas foram colocadas em bandejas e suas raízes podadas com o auxílio de uma tesoura, com o objetivo de uniformizar o material, facilitar o plantio e estimular o desenvolvimento de um sistema radicular mais funcional. As mudas foram transplantadas para tubetes de capacidade volumétrica de 180 cm3, contendo o substrato formado pela mistura pó-de-coco seco + húmus de minhoca + solo (PCS+H+S), na proporção de 1:1:1, misturado no Laboratório de Solos da Embrapa, e sem fornecimento de fertilizantes, durante o período experimental. Para promover o completo umedecimento do substrato e aumentar a umidade relativa do ambiente, momentos antes da transferência das mudas para os tubetes, o sistema de irrigação foi acionado proporcionando assim um ambiente favorável ao estabelecimento das mudas. Com os recipientes em seus devidos lugares, as mudas foram acondicionadas e levadas em bandejas até o túnel alto de cultivo forçado, iniciando a etapa de plantio. As mudas foram inseridas numa profundidade média de 5 cm, de forma que as raízes e a parte inicial do caule ficaram enterradas. As mudas foram transferidas para os respectivos substratos no dia 3 de fevereiro de 2006. Para promover melhores condições para o estabelecimento das mudas, do primeiro ao quadragésimo quinto dia após o transplantio (DAT), essas receberam uma irrigação padrão, com a aplicação de uma lâmina correspondente a 3 mm de água, parcelada duas vezes ao dia, sendo uma aplicação pela manhã, iniciando-se 57 aproximadamente às 9 h, e a outra à tarde, a partir das 16 h. A partir do 45º DAT foi adotada a diferenciação das lâminas de irrigação. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, composto por quatro tratamentos e cinco repetições, constituídas por cinco fileiras verticais com cinco plantas cada, totalizando 25 plantas por tratamento, num total de 100 plantas por experimento. Os tratamentos consistiram de quatro níveis de irrigação, equivalentes às lâminas de 1,0 (L1), 2,0 (L2), 3,0 (L3) e 4,0 (L4) milímetros de água, também parcelada em duas aplicações diárias; às 9 h e às 16h. Os dados foram coletados em duas ocasiões após a diferenciação das lâminas de irrigação. A primeira coleta de dados ocorreu em 04 de abril, aos 60 dias após o transplantio (DAT), e a segunda em 19 de abril (aos 75 DAT). As variáveis analisadas foram número de folhas (NF), altura da planta (AP) e diâmetro do caule (DC). O número de folhas foi contado visualmente em todas as mudas transplantadas. Todas as folhas foram consideradas na contagem, exceto as totalmente secas. A altura da planta foi medida a partir da base até a abertura das folhas, por meio de um escalímetro graduado em centímetros, subdividido em milímetros. O diâmetro do caule foi mensurado com o auxílio de um paquímetro digital, graduado em centímetros, considerando a base do caule como padrão de contagem. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio dos aplicativos Microsoft Office Excel e SISVAR versão 4.6 (FERREIRA, 2003). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios mensais de temperatura do ar, umidade relativa do ar, radiação solar global e velocidade do vento a 2 m de altura, registrados durante o experimento pela estação meteorológica automatizada da Universidade Federal do Ceará (UFC), encontram-se na Tabela 1, cuja temperatura média do período foi de 23 ºC e umidade relativa média de 93%, caracterizando um período de temperaturas amenas. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 55-61, 2008 58 AZEVEDO, B. M. de et al. Nas condições em que foi realizado o experimento, (AP) e diâmetro do caule (DC), aos 60 e 75 DAT estão o desenvolvimento das mudas de helicônia (Heliconia apresentadas na Tabela 2. Pôde-se verificar que as lâminas lingulata) foi afetado pelos diferentes níveis de irrigação de irrigação influenciaram as três variáveis analisadas ao aplicados. As análises de variância das características de nível de 5% de probabilidade pelo teste F. desenvolvimento número de folhas (NF), altura da planta Tanto o déficit quanto o excesso hídrico afetaram o (AP) e diâmetro do caule (DC), aos 60 e 75 DAT estão crescimento das mudas. Isso pode ter ocorrido pelo fato apresentadas na Tabela 2. Pôde-se verificar que as lâminas da deficiência hídrica ocasionar o fechamento dos de irrigação influenciaram as três variáveis analisadas ao estômatos, diminuindo a concentração intracelular de CO2 nível de 5% de probabilidade pelo teste F. e, conseqüentemente, gerando decréscimo na assimilação Nas condições em que foi realizado o experimento, do mesmo (BERNARDO et al., 2005). Já o excesso hídrico o desenvolvimento das mudas de helicônia (Heliconia ocasiona a falta de oxigênio que provoca a redução da lingulata) foi afetado pelos diferentes níveis de irrigação fotossíntese e prejudica a conversão da matéria orgânica aplicados. As análises de variância das características de pelos microorganismos, em formas solúveis que a planta desenvolvimento número de folhas (NF), altura da planta possa reutilizar. Esses fatores podem proporcionar um TABELA 1 Valores médios mensais de temperatura do ar, umidade relativa do ar, radiação solar global e velocidade do vento a 2m de altura, Fortaleza-CE, 2006. Temperatura (ºC) U R (%) Rad. solar global (W m-2) Vel. do vento (m s-1) Fevereiro 23 95 1329 1,73 Março 24 84 1291 1,25 Mês Abril 23 99 1162 Fonte: Estação meteorológica automatizada da Universidade Federal do Ceará (UFC). 0,94 TABELA 2 Análise de variância das características de desenvolvimento: altura da planta (AP), diâmetro do caule (DC) e número de folhas (NF) de mudas de helicônia (Heliconia lingulata), em função das laminas aplicadas, aos 60 e 75 DAT. Variável AP DC NF FV GL Quadrado médio 60 DAT 75 DAT ns 0,2946ns Bloco 4 0,3966 Tratamento 3 2,3675* 3,1348* Resíduo 12 0,3593 0,6279 ns 0,2754ns Bloco 4 0,6407 Tratamento 3 1,6645* 4,1102* Resíduo 12 0,6222 0,6728 * 0,1829ns Bloco 4 0,4377 Tratamento 3 0,3421* 0,5204* Resíduo 12 0,773 0,1081 (ns) não significativo;* significativo a 5 % de probabilidade pelo teste F. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 55-61, 2008 Aclimatização de mudas micropropagadas de Heliconia... menor crescimento das plantas devido à diminuição da eficiência de transformação de fotoassimilados, nessas condições (REGO et al., 2004). A análise de regressão indica que o modelo que melhor se ajustou à relação altura de planta em função da lâmina de irrigação, aos 60 e 75 DAT foi o polinomial quadrático, apresentando valores para R2 de 0,997 e 0,966, respectivamente (Figuras 1 e 2). Observa-se que aos 60 e 75 DAT, a altura da planta aumentou com a lâmina aplicada até 59 um ponto máximo de 2,47 e 2,50 mm dia-1, respectivamente, representando a lâmina que proporcionou maior desenvolvimento das mudas em relação à altura da planta, sendo obtida 8,96 e 10,12 cm, respectivamente. Lâminas acima desse valor causaram redução no crescimento, possivelmente, devido ao excesso de água. Soares et al. (1998) salientam que a água em excesso proporciona aumentos nos custo de produção e do risco de lixiviação da água e dos nutrientes nela diluídos, o que 9,40 Altura da planta(cm) 9,00 8,60 8,20 7,80 AP = -0,5934*LI2 + 2,9273*LI + 5,3519 R2 = 0,997 7,40 7,00 1,0 2,0 3,0 4,0 -1 Lâmina de irrigação (mm dia ) FIGURA 1 Altura de plantas de helicônia (Heliconia lingulata), em função das lâminas de irrigação, aos 60 DAT, Fortaleza-CE, 2005. (ns: não significativo pelo teste F; *: significativo ao nível de 5%, pelo teste F). 10,4 Altura da planta (cm) 10,0 9,6 9,2 8,8 2 AP = -0,6728*L + 3,3294*L + 5,9869 8,4 2 R = 0,966 8,0 1,0 2,0 3,0 4,0 -1 Lâmina de irrigação (mm dia ) FIGURA 2 Altura de plantas de helicônia (Heliconia lingulata), em função das lâminas de irrigação, aos 75 DAT, Fortaleza-CE, 2005. (*- significativo ao nível de 5% pelo teste F). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 55-61, 2008 60 AZEVEDO, B. M. de et al. pode prejudicar o desenvolvimento radicular. Além disso, o excesso de água compromete os processos de fotossíntese e respiração, os quais envolvem a utilização de determinadas concentrações de oxigênio (RAVEN et al., 2001). Já em casos de déficit hídrico, podem ocorrer problemas de ordem fisiológica, ou seja, afetar negativamente o desenvolvimento das plantas. Em ambos os períodos avaliados, observou-se que as lâminas aplicadas influenciaram o diâmetro de caule das mudas de helicônia, com valores médios de 9,7 e 10,3 cm aos 60 e 75 DAT, respectivamente. A análise de regressão indicou que aos 60 DAT, o modelo polinomial quadrático foi o que melhor representou o diâmetro do caule em função das lâminas de irrigação, com R2 de 0,746 (Figura 3). O máximo valor do diâmetro de caule (10,22 cm), calculado por derivação da curva de ajuste, foi obtido aplicando-se uma lâmina de 2,64 mm dia-1. A partir dessa lâmina, houve uma diminuição no diâmetro de caule, ocasionado possivelmente, pelo excesso de água. Aos 75 DAT, o modelo matemático ajustado para relacionar o diâmetro de caule em função da lâmina de irrigação, apresentou coeficiente de determinação (R2) muito baixo, não sendo representativo. Modelos polinomiais quadráticos para explicar o efeito da lâmina de irrigação sobre a altura e diâmetro de caule também foram obtidos por Pieter et al. (2007) na produção da flor da fortuna, por Lopes et al. (2005) em mudas de Eucalyptus grandis W. Hill, por Pereira et al. (2003) e Rêgo et al. (2004), na cultura do crisântemo. A análise de variância (Tabela2) indicou que o número de folhas nas mudas de helicônia foi influenciado pelas lâminas de irrigação, nas duas épocas analisadas (60 e 75 DAT), com valores médios de 3,25 e 3,45 folhas nas respectivas épocas, porém o modelo matemático para representar essa relação apresentou coeficiente de determinação (R2) muito baixo e não foi estatisticamente significativo. As análises mostraram que, aos 60 e 75 DAT, a lâmina de irrigação ideal, que proporcionou o melhor desenvolvimento das plantas, encontra-se na faixa compreendida de 2,47 a 2,64 mm dia -1 . Valores semelhantes foram obtidos por Gomes et al. (2006), que verificaram que a taxa de evapotranspiração média da Heliconia psittacorum L. f. x H.Spatho-circinada Aristeg, cultivada em ambiente protegido foi de 2,2 mm dia-1. 11,0 Diâmetro do caule(cm) 10,5 10,0 9,5 9,0 2 DC= -0,4111*L + 2,1726*L + 7,3492 2 R = 0,746 8,5 8,0 1,0 2,0 3,0 4,0 -1 Lâmina de irrigação (mm dia ) FIGURA 3 Diâmetro de caule de mudas de helicônia (Heliconia lingulata), aos 60 DAT em função das lâminas de irrigação, Fortaleza, CE. (*- significativo ao nível de 5% pelo teste F). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 55-61, 2008 Aclimatização de mudas micropropagadas de Heliconia... CONCLUSÕES As lâminas de irrigação influenciaram as características de desenvolvimento avaliadas aos 60 e 75 DAT. A altura de planta e o diâmetro de caule apresentaram resposta quadrática em relação às lâminas aplicadas. Nas condições em que foi desenvolvido este trabalho, para a aclimatização de mudas micropropagadas de helicônia, recomenda-se irrigar com 2,5 mm dia-1, com o intuito de se obter mudas mais vigorosas, para serem transplantadas para condições de campo. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudo. À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, CNPAT, pela oportunidade de realização desta pesquisa. 61 GONDIM, R. S.; GOMES, A. R. M.; BEZERRA, F. C.; COSTA, C. A. G.; PEREIRA, N. S. Manejo da irrigação na produção da helicônia variedade Alan carle. Fortaleza: Embrapa, 2004. 6 p. (Circular técnica, 21). LOPES, J. L. W.; GUERRINI, I. A.; SAAD, J. C. C. Efeitos de lâminas de irrigação na produção de mudas de Eucaliptus grandis W. (Hill ex. Mainder) em substrato de fibra de coco. Irriga, Botucatu, v. 10, n. 2, p. 123-134, maio/ jul. 2005. PEREIRA, A. R.; VILLA NOVA, N. A.; SEDIYAMA, G. C. Evapotranspiração. Piracicaba: FEALQ/USP, 1997. 83 p. PEREIRA, J. R. 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Rolfs, 36571-000 Viçosa, MG [email protected] 2 Doutor, Departamento de Biologia Vegetal Universidade Federal de Viçosa/UFV Av. P.H. Rolfs, 36571-000 Viçosa, MG. 3 Técnica em Química, Graduanda em Agronomia, Departamento de Fitotecnia Universidade Federal de Viçosa/UFV Av. P.H. Rolfs, 36571-000 Viçosa, MG. 4 Doutor, Departamento de Informática Universidade Federal de Viçosa/UFV Av. P.H. Rolfs, 36571-000 Viçosa, MG. ABSTRACT The culture of the tissues has helped considerably the Passiflora genus development, achieving successfully the morphogenic responses in different in vitro explants. The objective this work was to assess the in vitro morphogenic responses of hypocotyl segments of passion fruit collected from 5 positions (apical, sub-apical, median, sub-basal, and basal; namely, 1-5, respectively) along the hypocotyls axis and cultured in medium with different concentrations of sucrose and exposed to irradiance levels. The experiments were performed as a completely randomized blocks design with 15 repetitions in 4 x 4 x 5 factorial scheme (irradiance x sucrose x explant positions), totalizing 80 treatments, on which every experimental parcel was comprised of a flask containing five hypocotyls. The hypocotyl segment from positions 1 and 3, at their extreme distal ends, cultured onto medium of culture with 30 g L-1 sucrose and under 100 µmol m-2 s-1 irradiance enable the greatest number of buds and shoots differentiated. The distal extremity from the segments of hypocotyl farthest from the cotyledonary nodes (position 1), cultivated in 20 g L-1 sucrose and exposed to 50 µmol m-2 s-1 irradiance result in the best condition for shoot development. Index terms: Passiflora edulis f. flavicarpa, in vitro propagation, yellow passion fruit. RESUMO A cultura de tecidos tem auxiliado no desenvolvimento do gênero Passiflora, alcançando sucesso morfogênico em diferentes explantes in vitro. Objetivou-se, neste trabalho, avaliar respostas morfogênicas in vitro de segmentos de hipocótilo do maracujazeiro coletados de 5 posições (apical, sub-apical, mediana, sub-basal e basal; isto é, 1-5, respectivamente) ao longo do eixo dos hipocótilos e cultivados em meios com diferentes concentrações de sacarose e expostos a níveis de irradiância. O experimento foi instalado em blocos casualizados, com 15 repetições, em esquema fatorial 4 x 4 x 5 (irradiância x sacarose x posição dos explantes), totalizando 80 tratamentos nos quais toda parcela experimental foi constituída de um frasco contendo cinco hipocótilos. As posições 1 e 3, no extremo distal, dos segmentos de hipocótilo, cultivados em meio de cultura com 30 g L-1 de sacarose e sob 100 µmol m-2 s-1 de irradiância proporciona maior número de brotos e brotos diferenciados. A extremidade distal dos segmentos de hipocótilo extraídos mais distantes do nó cotiledonar (posição 1), cultivados em 20 g L-1 de sacarose e expostos à irradiância de 50 µmol m-2 s-1, resulta na melhor condição para o desenvolvimento do broto. Termos para indexação: Passiflora edulis f. flavicarpa, propagação in vitro, maracujazeiro amarelo. INTRODUCTION The genus of Passiflora was originated at South America and comprises more than 580 species, most of them belonging to the Tropical America mainly from Brazil (OLIVEIRA, 1987). Among them, the most commercially used is the passion fruit plant P. edulis Sims. f. flavicarpa Deg. The culture of the tissue has been reaching with the Passiflora genus answers satisfactory morphogenic in different in vitro explants (BIASI et al., 2000; DORNELAS & VIEIRA, 1993, 1994; MORAN-ROBLES, 1979; SCORZA & JANICK, 1980). The explant morphogenic capability has relationship with the polarity effect; such factor is responsible for the shoot emergence. Several studies were researched to assess the effect of the position of the (Recebido em 4 de março de 2008 e aprovado em 1 de setembro de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 62-69, 2008 In vitro organogenesis of passion fruit... explants extracted from the hypocotyl and roots of Citrus plantlets during the shoot-bud proliferation (BURGER & HACKETT, 1986; COSTA et al., 2004; DIAS, 1998; GARCIA-LUIS et al., 1999), as well as the effect of the polarity in the formation the buds and shoots (McCLELLAND & SMITH, 1990; YAE et al., 1987). In the in vitro organogenesis of plants of the genus Passiflora, several factors influence, among them; among them, the irradiance, for which different types of explants were spared for the essays: 58 µmol m-2 s-1 in internodes (MORAN-ROBLES, 1979); 20 µmol m-2 s-1 in mesophyllderived protoplasts (OTONI et al., 1995); 30 or 23 µmol m2 -1 s in leaf (KAWATA et al., 1995; APPEZZATO-DAGLÓRIA et al., 1999, respectively); 50 µmol m-2 s-1 in endosperm (MOHAMED et al., 1996); 80, 30 or 24 µmol m2 -1 s in shoot cultures (FARIA & SEGURA, 1997; KURIYAMA et al., 1998; BARBOSA et al., 2001, respectively); 20-55 µmol m-2 s-1 in cotyledons (HALL et al., 2000); 60 or 54 µmol m-2 s-1 in hipocotyl (COUCEIRO, 2002; FELISMINO, 2005, respectively). Although different irradiances have been studied in these works, in none of them the effect of difference irradiances was studied during the in vitro organogenic process of passion fruit plant. Other important factor for the in vitro organogenesis is the source of carbon. The in vitro organogenesis works affirm that sucrose has been the most employed source of carbon in the culture for Passiflora (APPEZZATO-DA-GLÓRIA et al., 1999; HALL et al., 2000); its concentration varies from 10 to 30 g L-1. The present work aimed to evaluate the in vitro morphogenic responses of hypocotyledonary explants of passion fruit plants throughout the use of different levels of irradiance, sucrose concentration, and positions of the segments of hypocotyls derived from in vitro germinated plantlets. MATERIALS AND METHODS Axenic and vigorous etiolated plantlets were obtained from in vitro germinated seeds, and used as explants sources. 63 In vitro-grown seedlings (25-30 days-old) were transversally cut into 1-1.2 cm long were cultured on different conditions of incubation. The explants were cultured in 300 mL glass flasks (Santa Marina, São Paulo, Brazil) containing 30 mL aliquots of MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) medium salts, 100 mg L-1 mio-inositol, 1.0 mg L-1 6-benzylaminopurine (BAP), vitamins of White (1951), and 8.0 g L-1 of agar (Isofar®, Brazil). The medium pH was adjusted to 5.7 ± 0.1, before the addition of agar. Several concentrations of sucrose (0, 10, 20 or 30 g L-1) were added to this medium. The culture flasks were sealed with polypropylene lids, and the medium was autoclaved at 121ºC, 1.5 kgf cm-2 during 20 minutes. The segments of hypocotyls were cut in five segments numbered from 1 to 5 follows: 1 basal: the first segment adjacent to the root collar; 2 sub-apical: the second segment adjacent to the hypocotyl root; 3 median: the central segment in relation to the hypocotyl region; 4 sub-apical: the second segment that is adjacent to the cotyledonary node; 5 - apical: the first segment that is DE PE 5 4 3 2 1 Axenic plantlets 5 4 3 1 2 Segments of hypocotyls in the medium of culture FIGURE 1 The segments of hypocotyls numbered from 1 to 5 were characterized as follows: 1 basal: the first segment adjacent to the root collar; 2 sub-apical: the second segment adjacent to the hypocotyl root; 3 median: the central segment in relation to the hypocotyl region; 4 sub-apical: the second segment that is adjacent to the cotyledonary node; 5 - apical: the first segment that is adjacent to the cotyledonary node. (*): ED = distal extremity; EP = proximal extremity. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 62-69, 2008 64 ALEXANDRE, R. S. et al. adjacent to the cotyledonary node (Figure 1). In this order, the five hypocotyl explants were placed horizontally on the media, maintaining the proximal extremity towards the wall of the flask, and having the distal extremity facing the centre of the flask. The flasks were distributed 5 cm far from each other on the shelves at the growth room to avoid shadowiness at these flasks. The explants were kept at the temperature of 27 ± 2ºC, photoperiod of 16/8-h light/dark regime, and irradiances of 25, 50, 100 and 150 µmol m-2 s-1. The irradiance levels were provided by the utilization of 40 W daylight fluorescent light tubes (Osram®, Brazil), as follows: I - 25 µmol m-2 s-1 (1 light on; without dislocating the luminous panel); II- 50 µmol m-2 s-1 (2 lights on; without dislocating the luminous panel); III - 100 µmol m-2 s-1 (4 lights on; setting the luminous panel at 20 cm from the shelf surface); IV - 150 µmol m-2 s-1 (5 lights on; setting the luminous panel at 16 cm from the shelf surface). Copper strings were used to support the fluorescent incandescent lamps. After 45 days of incubation, regeneration frequencies and number of shoots per explant were assessed, which were formed at the distal and proximal ends. The organogenesis was assessed regarding shoot lengths from the evaluated positions at the proximal and distal ends. The experiment was performed under complete randomized blocks design with 15 replicates in a 4 x 4 x 5 factorial scheme (irradiance levels: 25, 50 100 and 150 ìmol m-2 s-1 x sucrose concentrations: 0, 10, 20 and 30 g L-1 x position of the explants at the hypocotyl: 1, 2, 3, 4 and 5) totalizing 80 treatments, being the experiment plot comprised of a flask containing five segments of hypocotyl. Considering the three factors studied were made by analysis of test average (Tukey) and regression to concentrations of sucrose and levels of irradiance. The experiments were repeated at least once. RESULTS AND DISCUSSION In vitro organogenesis at the distal extremity: The differentiation of buds and shoots as influenced by irradiance levels and distinct positions of explants along the hypocotyls axis, and the mean values and the standard deviation of the total number of buds and shoots formed at the distal extremity are shown in figures 2 and 3, respectively. Independently from the other factors, at the medium without sucrose there was no morphogenic response in the explants (Figure 2 Aa, Ba, Ca, Da). The number of structures formed at the distal extremity reached the highest means when there was added 30 g L-1 sucrose to the medium under 100 µmol m-2 s-1 irradiance, at the positions 1 and 3 (Figure 3a). Considering the means of the five explant positions, an average of 5.92 structures per explant was obtained. Similarly, Couceiro (2002) has obtained 5.90 structures per explant at the distal extremity when cultivating them horizontally, under 60 µmol m-2 s-1 of irradiance in MS medium, containing 5.0 mg L-1 of BAP and 30 g L-1 of sucrose. Garcia-Luis et al. (1999) have shown in Citrange Troyer that despite the explants being horizontally placed on the medium surface, there was an additional effect of polarity, evidenced by the larger number of shoots differentiated at the apical extremity, and the distance among the cotyledonary node has affected the morphogenesis. These results confirmed the studies of Ziv et al. (1970) and Fari & Czako (1981), evidencing that, normally, in stem and root sections, the shoot-buds are formed at the distal extremity and the roots at the proximal extremity. In the present work, structures formed at both explant extremities but in a higher degree at the distal extremity. The largest value found for the average length of the shoot a was 3.64 mm for the explants that were extracted farthest from the cotyledonary node (position 1) and cultured in medium containing 20 g L-1 of sucrose and submitted to 50 µmol m-2 s-1 of irradiance (Figure 4a). However, in Passiflora actinia, the inclusion of auxins to the medium favoured the development of the shoot-buds that, consequently, presented larger lengths when the hypocotyl segments were cultivated in MS medium containing 0.01 mg L-1 de IBA (KOCH et al., 2001). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 62-69, 2008 In vitro organogenesis of passion fruit... A 1 2 3 4 5 Distal extremity a 1 2 3 4 5 b 1 2 3 4 5 c 65 1 2 3 4 5 d Proximal extremity B a b c d C a b c d D a b c d FIGURE 2 In vitro organogenesis in hypocotyl segments that are characterized by the positions that varies from 1 to 5, under effect of different irradiance levels: A: 25 µmol m-2 s-1; B: 50 µmol m-2 s-1; C: 100 µmol m-2 s-1 and D: 150 µmol m-2 s-1 and sucrose concentrations (a: 0, b: 10, c: 20, d: 30 g L-1), for 45 days. In vitro organogenesis at the proximal extremity: The mean values and the standard deviation of the total number of buds and shoots formed at the proximal extremity of the explants are presented in Figure 3b. Likewise to the distal extremity, the formation of buds and shoots did not happen when the explants were cultured in medium without sucrose (Figure 2 Aa, Ba, Ca, Da). The differentiation and development of the buds and shoots at the proximal extremity reached the highest averages (3.5) at 25 µmol m-2 s-1 of irradiance in MS medium containing 20 g L-1 sucrose for explants derived from the position 4 (Figure 3b). Concurrently, the work by Baccarin (1988) pointed out the best bud and shoot proliferation in explants from the regions closer to the cotyledonary nodes. The presence of BAP in the medium was essential to the organogenic process as observed in works with Passiflora spp. (BECERRA et al., 2004; BIASI et al., 2000; DORNELAS & VIEIRA, 1994; FERNANDO, 2005; HALL et al., 2000). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 62-69, 2008 ALEXANDRE, R. S. et al. Position 1 10 a 8 6 4 2 0 10 25 50 100 Position 2 150 8 6 4 2 0 10 25 50 Position 100 3 150 8 6 4 2 0 10 25 50 100 Position 4 150 8 6 4 2 0 10 25 50 Position100 5 150 8 6 4 2 0 25 50 100 -2 150 Número total de estruturas Número total de estruturas Número total de estruturas Número total de estruturasNúmero total de estruturas Número total de estruturasNúmero total de estruturasNumber total of estrutures Número total de estruturasNúmero total de estruturas 66 5 Position 1 4 b Sucrose (g L-1) 10 3 20 2 30 1 0 5 25 50 Position 100 2 150 25 50 100 Position 3 150 25 50 100 Position 4 150 25 50 100 Position 5 150 25 50 100 150 4 3 2 1 0 5 4 3 2 1 0 5 4 3 2 1 0 5 4 3 2 1 0 -1 Irradiance (µmol m s ) -2 -1 Irradiance (µmol m s ) FIGURE 3 Mean values and standard deviation of the total number of structures (buds and shoots) formed at the distal (a) and proximal (b) extremities of the explants, which were under the effect of different sucrose concentrations, irradiance and explant positions at the hypocotyl. Bars are the averages and their standard deviation. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 62-69, 2008 0 25 50 Position 100 2 150 3 2 1 0 25 50 Position 100 3 150 3 2 1 Comprimento de brotos (mm) Comprimento de brotos (mm) 0 4 25 50 100 Position 4 150 3 2 1 0 4 25 50 100 Position 5 150 3 2 1 0 25 50 100 -2 150 -1 Irradiance (µmol m s ) Comprimento de brotos Comprimento de brotos (mm) (mm) 1 Comprimento de brotos (mm) 2 4 Length of shoots (mm) a 3 Comprimento de broto (mm) 4 Position 1 Comprimento de brotos (mm) Comprimento de brotos (mm) 4 Comprimento de brotos (mm) In vitro organogenesis of passion fruit... 67 3 Position 1 2 b Sucrose (g L-1) 10 20 30 1 0 3 25 50 Position 2100 150 25 50 Position100 3 150 25 50 Position 100 4 150 25 50 100 Position 5 150 25 50 100 150 2 1 0 3 2 1 0 3 2 1 0 3 2 1 0 -2 -1 Irradiance (µmol m s ) FIGURE 4 Mean values and standard deviation of the lengths of structures (buds and shoots) formed at the distal (a) and proximal (b) extremities of the explants, which were under the effect of different sucrose concentrations, irradiance and explant positions at the hypocotyl. Bars are the averages and their standard deviation. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 62-69, 2008 68 ALEXANDRE, R. S. et al. Independently from the irradiance levels, different sucrose concentrations and explant positions at the hypocotyl, the shoot elongation was considered to be lower (Figure 4b) than the minimum recommended (approximately 2-3 cm) for the in vitro rooting process. It highlights the need of previous submission of the explants to an adequate medium for the elongation process. CONCLUSIONS The morphogenic response for bud and shoot formation was remarkably superior at the distal extremity. The maximum concentration among the sucrose and the irradiance of 100 µmol m-2 s-1 has proportioned better morphogenic responses at the distal extremity, regardless the position of the explants. The buds and shoots differentiated at the distal extremity, farthest to the cotyledonary node, developed better under 50 µmol m-2 s-1 of irradiance in medium supplemented with 20 g L-1 sucrose. The use of a carbon source is essential for in vitro morphogenesis. REFERENCES APPEZZATO-DA-GLORIA, B.; VIEIRA, M. L. C.; DORNELAS, M. C. Anatomical studies of in vitro organogenesis induced in leaf-derived explants of passionfruit. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, n. 11, p. 2007-2013, 1999. BACCARIN, M. N. R. A. Cultura de tecidos e enxertia em Passiflora spp. 1988. 101 p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura de Luiz de Queiroz, Piracicaba, 1988. BARBOSA, W. M.; OTONI, W. C.; CARNELOSSI, M.; SILVA, E.; AZEVEDO, A. A.; VIEIRA, G. Rhizogenesis in in vitro shoot cultures of passion fruit (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.) is affected by ethylene precursor and by inhibitors. International Journal Horticulture Science, v. 7, p. 47-51, 2001. BECERRA, D. 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Leal] EM CONDIÇÕES DE CASA DE VEGETAÇÃO SUBSTRATES EVALUATION FOR PRODUCTION OF ORNAMENTAL PINEAPPLE [Ananas comosus (L.) Merr. var. bracteatus (Lindl.) Coppens & F. Leal] PLANTS UNDER GREENHOUSE CONDITIONS FRANCISCO NUNES DA CUNHA FILHO1, ANTONIO CARLOS TORRES1, JOÃO MARIA CHARCHAR1 1 Embrapa Hortaliças, Cx. P. 218 70359-970 Brasília, DF [email protected] ; [email protected] RESUMO A utilização de substratos na aclimatação de mudas micropropagadas oferece considerável vantagem no custo e na possibilidade de obtenção de alta porcentagem de sobrevivência dos propágulos ex vitro aliado à obtenção de mudas mais uniformes, vigorosas, precoces e com alta qualidade fitossanitária. Avaliaram-se quatro diferentes tipos de substratos (fibra de coco comercial, fibra de coco-verde da Embrapa Hortaliças, Plantmax e substrato padronizado da Embrapa Hortaliças) na aclimatação de mudas do abacaxizeiro ornamental. As variáveis massa fresca total, massa fresca da parte aérea, massa fresca de raízes, comprimento de raízes, altura de plantas e número total de folhas foram avaliadas. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e com quatro repetições. Pela análise dos resultados o substrato padronizado da Embrapa Hortaliças, o de fibra de coco comercial e o Plantmax foram os mais eficientes na produção de mudas de abacaxizeiro ornamental para fins comerciais. O substrato de coco-verde da Embrapa Hortaliças foi o menos indicado. Termos para indexação: Ananas comosus var. bracteatus, planta ornamental, substrato. Index terms: Ananas comosus var. bracteatus, ornamental plant, growth substrate. INTRODUÇÃO Os abacaxizeiros ornamentais apresentam flores e infrutescências de beleza atrativa, muito usadas em arranjos decorativos e ornamentais no Brasil e exterior, representando um segmento de grande potencial para exportação (CABRAL, 2000; SOUZA et al., 2004). No comércio de flores nativas, o abacaxi ornamental já obteve valores agregados da ordem de 5.000%, em relação ao abacaxi de fruta não ornamental (SOUZA et al., 2004). A propagação vegetativa do abacaxizeiro ornamental para fins de comercialização é feita por mudas oriundas da planta-mãe. Porém, essa propagação apresenta o inconveniente de disseminar agentes patogênicos e pragas ABSTRACT The use of substrate in the acclimatization of micropropagated plants offers considerable cost advantages and the possibility to obtain high percentage of ex vitro surviving plants as well as in the production of uniform, vigorous, precocious and healthy plants. Four different substrates (commercial coconut fiber, green-coconut fiber from Embrapa Hortaliças, Plantmax and the standardized substrate of Embrapa Hortaliças) were evaluated for acclimatization of ornamental pineapple plants. Total fresh mass, fresh mass of shoots, fresh mass of roots, root length, plant height, and total number of leaves were obtained. The experiment followed a complete randomized design with four treatments and four replicates. The results showed that the standardized substrate of Embrapa Hortaliças, commercial coconut fiber and Plantmax were the most efficient for the production of ornamental pineapple plants for commercial purpose. Green-coconut fiber substrate from Embrapa was less indicated. pela utilização de mudas contaminadas. Dentre os patógenos e pragas mais comuns, destacam-se o fungo Fusarium subglutinans (Wollenw. & Reinking) P.E. Nelson (TOUSSON & MARASAS, 1983) e a cochonilha Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1983) (Hemiptera:Pseudococcidae) (REINHARDT & CUNHA, 1999). Outra limitação da propagação vegetativa de plantas de abacaxizeiro ornamental é o baixo número de mudas produzidas, obtendo-se no máximo dez mudas por ano, número esse considerado insuficiente para atender o mercado (CORREIA et al., 2000). Esse problema poderia ser resolvido com a utilização das técnicas de cultura de (Recebido em 15 de maio de 2008 e aprovado em 2 de setembro de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 70-75, 2008 Avaliação de substratos na produção de mudas... tecidos para obtenção de mudas em grande quantidade, uniformes, de maior vigor, precoces e com alta qualidade fitossanitária. Vários protocolos de micropropagação têm sido descritos para espécies do gênero Ananas (CORREIA et al., 1999, 2000; MATHEWS & RANGAN, 1979; SANTOS, 2008; SILVA et al., 2002). Aliado ao processo de multiplicação in vitro faz-se necessário o estabelecimento de um substrato para o subseqüente crescimento ex vitro das mudas, visando reduzir a mortalidade durante a aclimatação. Diferentes substratos têm sido descritos na literatura para o transplante e aclimatação de mudas micropropagadas, destacando-se vermiculita, perlita, areia, turfa, casca curtida de eucalipto ou Pinus, palha de arroz carbonizada, pó de carvão (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998), casca de arroz carbonizada, pó de casca de coco seco e verde (SANTOS et al., 2006); mistura de areia/xaxim/húmus (SOUZA JUNIOR et al., 2001); solo, esterco bovino, Plantmax e composto orgânico, em diferentes proporções (MOREIRA et al., 2006), dentre outros. Entretanto, para o genótipo em estudo as tecnologias disponíveis necessitam de adequação para serem mais eficientes e de baixo custo na produção comercial de mudas. Objetivou-se, neste trabalho, avaliar quatro diferentes substratos na produção de mudas do abacaxizeiro ornamental [Ananas comosus (L.) Merr. var. bracteatus (Lindl.) Coppens & F. Leal] para fins comerciais, utilizando-se propágulos produzidos in vitro. 71 solidificado com 0,6% de ágar e o pH do meio foi ajustado para 5,7. O meio foi distribuído em tubos de ensaio de 25 x 150 mm, na quantidade de 12,5 mL por tubo. Os tubos foram esterilizados em autoclave a 121ºC e a 104 Kpa de pressão, por 15 minutos. Após a inoculação as culturas foram mantidas em câmara de crescimento, com fotoperíodo de 16 horas, irradiância de 32 mmol m-2 s-1, temperatura de 27oC, durante 30 dias. As mudas foram pré-aclimatizadas mediante abertura das tampas dos frascos de cultura, cinco dias antes do transplantio para os respectivos substratos. Transplante e desenvolvimento de mudas micropropagadas Mudas enraizadas e pré-aclimatizadas de abacaxizeiro ornamental foram retiradas dos tubos de cultura e transplantadas em bandejas de isopor com 72 células, contendo quatro diferentes substratos utilizados como tratamentos: 1) substrato comercial de fibra de coco; 2) substrato de fibra de coco-verde da Embrapa Hortaliças; 3) substrato Plantmax; e 4) substrato padronizado da Embrapa Hortaliças composto por solo de cerrado, areia lavada, esterco de gado curtido e palha de arroz carbonizada, em proporções de 3:1:1:1 v/v, com adição de 300 g de calcário dolomítico e de 300 g da formulação 430-16. Apenas 30 células por bandeja foram transplantadas com mudas de abacaxizeiro ornamental (uma muda por célula), deixando-se 42 células livres (sem planta) para que não houvesse competição entre plantas nas MATERIAL E MÉTODOS bandejas. As bandejas permaneceram cobertas com Produção de mudas in vitro envoltório plástico, nos primeiros três dias após o Foram utilizados como fonte de explantes propágulos produzidos in vitro, subcultivados a cada 60 dias, utilizando-se o método proposto por Correia et al. (1999). Os explantes consistiram de brotações com 2 cm de comprimento, transferidos para meio básico de cultura, contendo sais minerais MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962), acrescido de 3% de sacarose e, em mg L-1, incluíramse: i-inositol, 100; tiamina.HCl, 0,2; ácido nicotínico, 0,05; piridoxina.HCl, 0,05 e glicina, 0,2. O meio de cultura foi transplante. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 10 repetições para as variáveis massa fresca total, massa fresca da parte aérea, massa fresca de raiz e tamanho de raiz e 30 repetições para as variáveis altura e número de folhas. Os dados foram coletados aos 90 dias, após o transplantio. A análise de variância do experimento foi realizada com o auxílio do programa estatístico SAS Institute Inc. (SAS INSTITUTE, 1988), e a Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 70-75, 2008 72 CUNHA FILHO, F. N. da et al. diferenciação de médias pelo teste de Tukey, p 0,01 e p 0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise conjunta do experimento indicou que existiu homogeneidade de variância, não sendo necessária a transformação de dados para a realização das análises. A análise de variância (Tabelas 1 e 2) indicou que houve efeito significativo dos diferentes substratos (teste de Tukey, p 0,05) sobre a massa fresca total, massa fresca da parte aérea, altura de plantas e número total de folhas, e que não houve diferença significativa entre os diferentes substratos, com relação à massa fresca de raízes e o comprimento de raízes (Figuras 1 A-F). Embora não tenha havido diferença significativa (teste de Tukey, p 0,05) entre os valores de massa fresca total e de massa fresca da parte aérea nos tratamentos com os substratos padronizado da Embrapa Hortaliças, comercial de fibra de coco e o Plantmax, os valores absolutos mais elevados desses parâmetros foram obtidos com o substrato padronizado da Embrapa Hortaliças (Figuras 1 A-B). No substrato de fibra de coco-verde da Embrapa Hortaliças, as plantas de abacaxizeiro ornamental tiveram sempre pior performance em produção de massa fresca total e de massa fresca da parte aérea, não se diferenciando estatisticamente dos valores obtidos com o uso dos substratos comerciais da Plantmax e de fibra de coco. Entretanto, esses substratos foram significativamente inferiores (teste de Tukey, p 0,05), em relação aos valores obtidos com o uso do substrato padronizado da Embrapa Hortaliças (Figuras 1 A-B). Os valores obtidos para as variáveis, massa fresca de raízes e de comprimento de raízes, não diferiram estatisticamente entre si (teste de Tukey, p 0,05), em relação aos quatro tratamentos (substratos analisados). Os maiores valores absolutos dessas variáveis foram obtidos para a massa fresca de raízes no substrato padronizado da Embrapa Hortaliças, e para o comprimento de raízes no substrato comercial de fibra de coco (Figuras 1 C-D). TABELA 1 Resumo da análise de variância para massa fresca total, massa fresca da parte aérea, massa fresca de raízes e comprimento de raízes de A. comosus var. bracteatus. Quadrado médio Fontes de variação GL Massa fresca total Massa fresca da parte aérea Massa fresca de raízes Comprimento de raízes Tipo de substrato 03 67,3536** 51,8934** 0,2201ns 2,2382ns Resíduo 36 11,5108 8,0557 0,1328 1,3107 Total 39 - - - - (**) significativo ao nível de 1% de probabilidade; (ns) não significativo. TABELA 2 Resumo da análise de variância para altura e número de folhas de A. comosus var. bracteatus.. Fontes de variação GL Quadrado médio Altura de plantas Número total de folhas Tipo de substrato 003 142,4357** 52,6854** Resíduo 124 5,0188 1,6807 Total 127 - - (**) significativo ao nível de 1% de probabilidade. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 70-75, 2008 Avaliação de substratos na produção de mudas... A 12 Massa frsca da parte aérea (g) Massa fresca total (g) B 12 9,894+a 1,229 10 7,459+ab 1,414 8 73 6,254+ab 0,789 6 3,653+b 0,688 4 2 10 8,930+a 0,933 8 6,822+ab 1,152 6,002+ab 0,763 6 3,421+b 0,664 4 2 0 0 Plantmax Embrapa Hortaliças Fibra de coco Fibra de coco verde Plantmax Embrapa Hortaliças Fibra de coco Fibra de coco verde Tipo de substratos Tipo de substratos 0,568 + 0,178 a 0,4 0,363 + 0,120 a 0,298 + 0,007 a 0,222 + 0,039 a 0,2 Comprimento de raizes (cm) Massa fresca de raizes (g) 0,8 0,6 D 15 C 1 0 14 12,800 + 0,387 a 13 12,020 + 0,204 a 12 11 10 Plantmax Embrapa Hortaliças Fibra de coco Fibra de coco verde Plantmax E Fibra de coco Fibra de coco verde F 12 13,800 + 0,406 b 11,789 + 0,412 a Embrapa Hortaliças Tipo de substratos 11,088 + 0,381 a 8,797 + 0,385 c Número total de folhas Altura de plantas (cm) Tipo de substratos 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 12,000 + 0,338 a 11,690 + 0,468 a 10 8,143 + 0,294 ab 8,818 + 0,259 a 7,727 + 0,191 b 8 5,882 + 0,173 c 6 4 2 0 Plantmax Embrapa Hortaliças Fibra de coco Fibra de coco verde Tipo de substratos Plantmax Embrapa Hortaliças Fibra de coco Fibra de coco verde Tipo de substratos FIGURA 1 Variáveis avaliadas na determinação de eficiência dos substratos Plantmax, Embrapa Hortaliças, fibra de coco e fibra de coco-verde na produção de mudas do abacaxizeiro ornamental -em condições de casa de vegetação. A) massa fresca total; B) massa fresca da parte aérea; C) massa fresca de raízes; D) comprimento de raízes; E) altura de plantas e F) número total de folhas. Médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, P<0,05. Houve diferença significativa (teste de Tukey, p 0,05) entre os valores médios obtidos para a altura de plantas e para o número total de folhas nos quatro tratamentos avaliados. As plantas tiveram, significativamente, maior desenvolvimento em altura no substrato padronizado da Embrapa Hortaliças. Não houve diferença significativa entre os valores médios em altura de plantas nos substratos comerciais da Plantmax e de fibra de coco. Esses, porém, foram diferentes dos valores obtidos no substrato de fibra de coco-verde, que proporcionou, significativamente, o menor crescimento das plantas (Figura 1 E). Maiores médias da variável número total de folhas foram obtidas com a utilização do substrato padronizado Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 70-75, 2008 74 CUNHA FILHO, F. N. da et al. da Embrapa Hortaliças e do Plantmax. Não houve diferença significativa entre os valores médios do número total de folhas nos substratos Plantmax e de fibra de coco comercial, mas esses diferiram estatisticamente dos obtidos no substrato fibra de coco-verde. O substrato de fibra de cocoverde foi o que propiciou os menores valores da variável número total de folhas (Figura 1 F). Esses resultados contradizem os relatados por Carrijo et al. (2002), que verificaram que os substratos contendo fibra de coco-verde são os mais indicados para produção de mudas de hortaliças e ornamentais em cultivo sem solo. Correia et al. (2003) não observaram diferença significativa entre os valores da massa fresca de raízes de mudas de cajueiro anão precoce, crescidas em substratos com adição de pó de coco-verde ou de pó de coco-maduro. Santos et al. (2006) relataram que os substratos orgânicos contendo as combinações de fibras de coco seco ou verde proporcionaram baixo desenvolvimento na aclimatização de mudas Heliconia rostrata Ruiz. & Pav. provenientes da micropropagação. Porém, Bezerra et al. (2001) discordam dos autores acima mencionados, informando que os substratos contendo fibras de coco-verde ou seco foram os mais indicados, respectivamente, para o enraizamento de mudas de crisântemo (Chrysanthemum sp.) e de violeta africana (Saintpaulia ionantha H. Wendl.). Também substrato contendo casca de arroz carbonizada tem sido utilizado na produção de mudas micropropagadas. Weber et al. (2003) relataram que o substrato contendo esse componente misturado com vermiculita e vermicomposto em proporções de 1:1:1, foi a melhor opção para aclimatação de mudas de abacaxizeiro ornamental oriundas da cultura in vitro e transplantadas para tubetes. Esses autores ainda observaram que o uso da mistura contendo casca de arroz carbonizada e pó de casca de coco em proporções de 1:1, resultou em baixo desempenho de mudas do abacaxizeiro ornamental em função da má agregação física, baixa retenção de água e limitação nutricional da planta. Neste trabalho, os resultados com o uso de substrato contendo casca de arroz carbonizada sem a presença de fibras de coco seco ou verde, também proporcionou excelente desenvolvimento de mudas do abacaxizeiro ornamental, o que indica uma provável incompatibilidade das fibras de coco com outros componentes de substratos, na produção de mudas dessa ornamental. Não houve diferença significativa entre valores de massa fresca de raízes e de comprimento de raízes de abacaxizeiro ornamental em relação aos quatro substratos analisados. Porém, o maior valor absoluto em massa fresca de raízes foi obtido no substrato padronizado da Embrapa Hortaliças, enquanto que o maior valor em comprimento de raízes no substrato comercial de fibra de coco. Com relação às demais variáveis analisadas, observou-se que a massa fresca total e a massa fresca da parte aérea tiveram performances mais significativas nos substratos padronizado da Embrapa Hortaliças, comercial de fibra de coco e o da Plantmax, enquanto que a altura de plantas foi significativamente mais elevada no substrato padronizado da Embrapa Hortaliças e o número total de folhas mais significativo nos substratos padronizado da Embrapa Hortaliças e o Plantmax. CONCLUSÕES Os substratos padronizado da Embrapa Hortaliças, fibra de coco comercial e o da Plantmax são os mais indicados para a produção de mudas do abacaxizeiro ornamental para fins comerciais. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) as bolsas concedidas. 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RESUMO Objetivou-se, no presente trabalho, foi o de avaliar o efeito da adição de concentrações de 2iP em diferentes subcultivos na micropropagação do abacaxizeiro ornamental var. bracteatus. Brotações com, aproximadamente, 1,0 cm de tamanho, oriundos da cultura in vitro foram utilizados como explantes. Os explantes foram inoculados em meio básico liquido contendo sais minerais MS, 3% sacarose e, em mg L-1: i-inositol, 100; tiamina.HCl, 0,1; piridoxina. HCl, 0,5; ácido nicotínico, 0,05 glicina 2,0, formulação líquida. A esse meio foram adicionados: concentrações de 2iP (0,0; 0,5; 1,0 e 2,0 mg L-1) em combinação com quatro subcultivos (30, 60, 90 e 120 dias). Máximo número de brotações por explante (139) foi obtido em meio básico com 1,6 mg L-1 de 2iP e no quarto subcultivo, aos 120 dias. Após a transferência de brotações individualizadas para meio contendo ANA (0,0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 4,0 mg L-1), verificou-se a diferenciação de raízes adventícias na porção basilar dos explantes. Termos para indexação: Ananas comosus var. bracteatus; micropropagação; cultivo in vitro. ABSTRACT The objective of this work was to evaluate the effect of 2iP addition in different subcultures during the micropropagation of ornamental pineapple var. bracteatus. Shoots with 1.0 cm in length, originated from in vitro culture were used as explants. The explants were inoculated in liquid basal medium containing MS salts, 3% sucrose, 100 mg L -1 i-inositol, 0.1 mg L -1 thiamine.HCl,; 0.5 mg L-1 pyridoxine.HCl,; 0.05 mg L-1 nicotinic acid and 2.0 mg L-1 glycine. Different concentrations of 2iP (0.0; 0.5; 1.0 and 2.0 mg L-1) in combination with four subcultures (30, 60, 90 e 120 days) were used. Maximum number of shoot formed per explant (139) was observed in basal medium with 1.6 mg L-1 2iP at the fourth subculture (120 days). After transferring individual shoots to medium containing different concentrations of NAA (0.0; 0.5; 1.0; 1.5; 2.0; 2.5; 3.0 and 4.0 mg L-1), media adventitious root formed in the basal portion of the explants. Index terms: Ananas comosus var. bracteatus; micropropagation; in vitro culture. INTRODUÇÃO O abacaxizeiro ornamental [Ananas comosus (L.) Merr. var. bracteatus (Lindl.) Coppens & F. Leal] é uma planta de propagação vegetativa, com grande potencial ornamental (D EECKENBRUGGE & LEAL, 2003). A qualidade fitossanitária do campo de produção dessa espécie depende do material utilizado para sua propagação. Assim sendo, pode haver acúmulo, entre plantios sucessivos, de patógenos que são transmitidos de um ciclo de produção a outro, via mudas contaminadas. A micropropagação, em larga escala de mudas sadias, via cultura de tecidos, é uma estratégia que possibilita contornar a limitação de mudas com alta qualidade fitossanitária, principalmente, isentas de fusariose (REINHARDT & CUNHA, 1999). Em espécies do gênero Ananás, os explantes mais utilizados são as gemas axilares das mudas do tipo coroa ou filhote embora outros tipos de mudas possam ser usadas. A vantagem do uso de gemas axilares incluem boa sobrevivência em meio de cultura e, com a quebra da dominância apical do broto há estímulo para a formação de gemas múltiplas (DREW, 1980). A adição de fitorreguladores, em geral, é necessária para suprir as possíveis deficiências dos níveis endógenos de hormônios nos explantes in vitro. Assim sendo, recomenda-se a combinação de uma auxina com uma citocinina (SKOOG & MILLER, 1957). Em geral, a benzilaminopurina (BAP) (Recebido em 8 de abril de 2008 e aprovado em 6 de outubro de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 76-83, 2008 Efeito de isopenteniladenina por quatro subcultivos... (ALMEIDA et al., 2002; BARBOZA et al., 2001; BE & DEBERG, 2006) ou essa substância em combinação auxina e ácido naftalenoacético (ANA) (COSTA & ZAFFARI, 2005; GUERRA et al., 1999) têm sido a(s) substância(s) reguladora(s) de crescimento mais usada(s) na formação de brotações de Ananas sp. Entretanto, em abacaxizeiro ornamental a inclusão de BAP no meio pode induzir o aparecimento de variações somaclonais (RODRIGUES et al., 2007; SANTOS et al., 2008). Também a combinação de cinetina, ANA e AIB (ácido indolbutírico) foi empregada para proliferação de brotações em abacaxizeiro (KISS et al., 1995; MATHEWS & RANGAN, 1979). Dada a escassez de informações sobre o efeito de isopenteniladenina (2iP) na propagação in vitro de espécies do gênero Ananas, neste trabalho procurou-se otimizar a concentração de 2iP na produção de brotações de abacaxizeiro ornamental em diferentes subcultivos e seu subseqüente enraizamento. MATERIAL E MÉTODOS Proliferação de brotações: 77 e quarto subcultivos foram utilizados frascos de 1000 mL, com 100 mL de meio. As culturas foram mantidas em sala de crescimento sob fotoperído de 16 horas com densidade de fluxo de fótons de 32 mmol m-2 s-1, a 27±2oC. Em cada subcultivo foi determinado o número e a massa de matéria fresca das brotações formadas por explante inoculado. Os dados foram transformados para X 1 e as análises estatística foram realizadas com o auxílio dos programas SAS/Stat e SISVAR versão 3.01. Aplicou-se a análise de regressão polinomial até segundo grau para avaliar o efeito da concentração de 2iP sobre o número e massa da matéria fresca de brotações, em cada subcultivo. Enraizamento das brotações: Foram utilizadas brotações de abacaxizeiro ornamental regeneradas in vitro. Os explantes com 1,0 a 2,0 cm de comprimento foram inoculados em tubos de ensaio (25x150 mm) com 20 ml de meio básico, 0,7% de ágar, suplementado com diferentes concentrações de ácido naftalenoacético (ANA) (0,0; 0,5; 1,0 ; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 4,0 mg L-1). Após inoculação, as culturas foram mantidas em Brotações câmara de crescimento nas condições descritas individualizadas, com aproximadamente, 1 cm de anteriormente. Após 30 dias da inoculação foram avaliados comprimento, estabelecidas a partir da cultura de gemas a percentagem de brotações enraizadas, número e massa axilares de mudas tipo coroa, foram utilizadas como fonte fresca das raízes desenvolvida por brotação, altura da de explantes. Os explantes foram cultivados em meio básico planta e massa da matéria fresca da parte aérea. O líquido contendo sais minerais MS (MURASHIGE & delineamento experimental foi inteiramente casualizado com SKOOG, 1962), 3% sacarose e, em mg L-1: tiamina.HCl, 0,1; 29 repetições. Cada parcela foi constituída de um tubo de piridoxina.HCl, 0,05; ácido nicotínico, 0,05 e glicina, 2,0 ensaio com um explante. (SANTOS, 2008). O delineamento experimental empregado As análises estatísticas foram realizadas com o foi o inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 4x4, auxílio dos programas SAS/Stat e SISVAR versão 3.01. referentes concentrações de 2iP e subcultivos. Ao meio Aplicou-se a análise de regressão polinomial até segundo básico foram adicionadas: quatro concentrações de BAP grau para avaliar a variação das variáveis em função da (0; 0,5; 1,0 e 2,0 mg L-1), em combinação com quatro concentração de ANA. subcultivos (30, 60, 90 e 120 dias). O pH dos meios foi ajustado a 5,7. Foram utilizadas nove repetições por RESULTADOS E DISCUSSÃO tratamento, sendo que cada parcela foi constituída por um Proliferação de brotações: Na proliferação de brotações, observou-se que os fatores concentração de 2iP e o subcultivo, isoladamente e em interação, afetam significativamente (P 0,05) as variáveis número e massa da matéria fresca das brotações formadas. A equação que explante. Inicialmente, os explantes foram inoculados em frascos de 250 mL de capacidade, com 40mL de meio. No segundo subcultivo, os propágulos foram transferidos para frascos idênticos com meio recém-preparado. No terceiro Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 76-83, 2008 78 SANTOS, M. do D. M. dos et al. melhor se ajustou para explicar o efeito de 2iP nos diferentes subcultivos para a variável número de brotações foi a de segundo grau (Figuras 1 e 2). A multiplicação de brotações de abacaxizeiro ornamental in vitro é dependente de 2iP, no meio de cultura. O número de brotações por explante responsivo de tamanho maior que 0,5 cm de comprimento foi pequeno na primeira subcultura (30 dias), em todas as concentrações de 2iP testadas, aumentando-se nos demais subcultivos. Aos 30, 60, 90 e 120 dias estimou-se que a concentração de 1,6 mg L-1 de 2iP produziu o máximo de brotações por explante inoculado, respectivamente, 20; 42; 64 e 139 (Figuras 1 e 2). Esses resultados estão em consonância com a importância da citocinina em vários aspectos do crescimento e desenvolvimento da planta, tais como divisão celular (SKOOG & MILLER, 1957), quebra da dominância apical e desenvolvimento das gemas laterais (SACHS & THIMMAN, 1964), indução e multiplicação de brotações in vitro (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998; JOSHI & DHAWAN, 2007; MURASHIGE, 1974). Também, o tipo de citocinina e a sua concentração são determinantes no processo de micropropagação (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998; MURASHIGE, 1974). Em Ananas sp. o BAP tem sido, preferencialmente, usado na proliferação de brotações in vitro (ALMEIDA, 1994; ALMEIDA et al., 2002; CRUZ, 2000; ESCALONA et al., 1999; FIROOZABADY & GUTTERSON, 2003; GUERRA et al., 1999; MATHEWS et al., 1976). Entretanto, Kiss et al. (1995) relataram que tanto o BAP quanto a cinetina foram efetivos para formação de brotações, em abacaxizeiro comercial. No presente trabalho, o 2iP foi adicionado ao meio devido a sua maior atividade biológica comparada com o BAP e a cinetina (MURASHIGE, 1974). Também, para a variável massa da matéria fresca foi constatada a resposta quadrática das doses de 2iP (Figuras 3 e 4). Pelas equações de regressão, infere-se que o 2iP estimula o acúmulo de massa fresca nas brotações, com o máximo obtido com a concentração de 1,8 mgL-1 desse fator nos subcultivos de 30, 60 e 120 dias, com a produção de, respectivamente, 9, 17, e 77 g por explante inoculado. No terceiro subcultivo, aos 90 dias a concentração de 1,7 g.L-1 de 2iP produziu o total de biomassa de 45 g por explante. Essa observação está em concordância com os trabalhos do efeito benéfico de citocininas na produção de parte aérea, até uma concentração ótima, acima da qual seu excesso é inibitório (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1988). 2 y (60y )dias dias)60(=14,585x 14,585x=2 -- 47,661x 47,661x++3,1353 3,1353+ 45 Número médio de botações por explantes 2 R R2 = 0,999 40 0,999 = 35 30 25 20 15 10 5 0 0 0,5 1 1,5 2 30 dias -1 Concentração de 2ip (mg.L )-1 Concentração de 2iP (mg L ) 60 dias FIGURA 1 Efeito de concentrações de 2iP no número de brotações por explante, nos subcultivos de 30 e 60 dias. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 76-83, 2008 Efeito de isopenteniladenina por quatro subcultivos... Número médio de brotação por explante por explante Número médio de brotação 160 79 y (120 dias) = 50,725x2 - 162,3x + 9,464 R2 = 0,954 140 120 2 y )dias 120(50,72x = - 162,3x + 9,464 + 100 2 R 0,954 = 80 60 40 2 y )d ias 9 0 ( 22,847x = - 73,196x + 5,5784 2 R 0,9477 = 20 0 0 0,5 1 1,5 -1 2 Concentração de 2ip ) Concentração de (mg.L 2iP (mg 90 dias -1 L ) 120 dias FIGURA 2 Efeito de concentrações de 2iP no número de brotações por explante, nos subcultivos de 90 e 120 dias. 2 y (60 dias) = -3,8745x + 13,957x + 4,9227 Massa fresca das brotações ( g) 20 +2 2 y (60 dias) = - 3,8745x + 13,957x R =4,9227 0,9999 R2 = 0,9999 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0 0,5 1 1,5 2 30 dias -1 (mg.L ) -1 Concentração de de 2ip Concentração 2iP (mg L ) 60 dias Massa fresca das brotações (g) FIGURA 3 Efeito de concentrações de 2iP na massa fresca de brotações por explante, nos subcultivos de 30 e 60 dias. 2 2 (120 dias) == -19,075x - 71,029x + 11,295 yy)dias 71,029x + 11,295 + 120(19,075x 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 R2 R=2 0,96 0,96 = 2 12,255x== 12,255x - 43,239x 2+ -7,5847 + yy )dias (9090(dias) 43,239x + 7,5847 2 = R2 R=0,9717 0,9717 0 0,5 1 1,5 -1 -1 Concentração (mg Concentração dede 2ip 2iP (mg.L ) L ) 2 90 dias 120 dias FIGURA 4 Efeito de concentrações de 2iP na massa matéria fresca de brotações por explante, nos subcultivos de 90 e 120 dias. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 76-83, 2008 80 SANTOS, M. do D. M. dos et al. Enraizamento das brotações: A indução, emergência e alongamento das raízes ocorreram em todos foi afetada pela concentração de ANA, sendo o valor de F não significativo. os tratamentos. Em meio sem regulador de crescimento, Constatou-se uma relação quadrática entre as os propágulos apresentaram raízes desenvolvendo-se variáveis número e massa da matéria fresca das raízes e da de maneira pontual na extremidade seccionada dos parte aérea e a concentração de ANA. A estimativa da explantes (Figura 5). Em meio com ANA as raízes proliferação de raízes baseando-se no número de raízes desenvolveram-se na porção basilar dos propágulos em por explante aumentou com a concentração de ANA, forma de roseta. Em geral, a auxina é utilizada na fase de atingindo um máximo de 11,9 com 2,2 mg L-1 de ANA. enraizamento de propágulos oriundos da cultura in vitro Concentrações acima de 2,2 mg L-1 tendem a apresentar de Ananas (BARBOZA et al., 2004; CORREIA et al., um efeito inibitório na produção de raízes (Figura 6). 2000; FIROOZABADY & GUTTERSON, 2003; Também a massa da matéria fresca das raízes aumentou PRAXEDES et al., 2001; TENG, 1997). Entretanto, o com a concentração de ANA com um máximo de 0,23 g enraizamento pode ser feito em meio sem regulador de obtida com a concentração de 2,4 mg L-1 de ANA (Figura crescimento (KISS et al., 1995; ZEPEDA & SAGAWA, 7). Essa tendência foi observada para a massa fresca da 1981). A utilização de uma auxina na fase de enraizamento parte aérea onde a estimativa máxima da produção de induz à formação de um sistema radicular mais biomassa foi de 0,46 g por explante, em meio com 1,9 mg L-1 pronunciado que facilitará a fase de aclimatação (Figura de ANA (Figura 8). 5). Observou-se que a concentração de ANA afetou Com relação à altura das plantas não houve significativamente (P 0,05) o número de raízes, massa diferença significativa entre as diferentes concentrações fresca das raízes e da parte aérea. A altura da planta não de ANA e essa variável. 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 4,0 FIGURA 5 Brotações enraizadas em meio MS contendo diferentes concentrações de ANA (mg L-1), aos 30 dias após a inoculação. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 76-83, 2008 Efeito de isopenteniladenina por quatro subcultivos... 81 2 y = -1,202x + 5,291x + 6,1504 2 Nº de raízes 14 12 R = 0,6865 10 8 6 4 2 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 -1 Concentração de de ANA ( mg Concentração ANA (mgLL-1)) FIGURA 6 Variação do número de raízes por explante em função da concentração de ANA. 2 y = -0,0282x + 0,1359x + 0,0704 0,3 Massa fresca das raízes 2 R = 0,7573 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 -1 Concentração de ANA ANA(mg ( mgL-1L) ) Concentração de FIGURA 7 Variação na massa da matéria fresca de raízes por explante em função da concentração de ANA. 2 y = -0,0363x + 0,1407x + 0,3255 Massa fresca da parte aérea 0,6 2 R = 0,857 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 Concentração de ANA (mg L-1) FIGURA 8 Variação da massa de matéria fresca da parte aérea por explante em função da concentração de ANA. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 76-83, 2008 82 SANTOS, M. do D. M. dos et al. CONCLUSÕES No meio líquido, contendo MS, vitaminas, 3% de sacarose e 1,6 mg L-1 de 2iP obtém-se uma estimativa média de 139 brotações por explante inoculado, no final do quarto subcultivo (120 dias). Maior número de raízes adventícias por explante é estimado com a concentração de 2,2 mg L-1 de ANA. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas concedidas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, W. A. B. Efeito da benzilaminopurina nas diferentes fases da propagação in vitro do abacaxizeiro (Ananas comosus (L.) Merr.). 1994. 83 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal da Bahia, Cruz das Almas, 1994. ALMEIDA, W. A. B.; SANTANA, G. S.; RODRIGUEZ, A. P. M.; COSTA, M. A. P. C. Optimization of a protocol for the micropropagation of pineapple. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, p. 296-300, 2002. BARBOZA, S. B. S. C.; CALDAS, L. S. 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PLANTS CULTIVATED IN VITRO UNDER DIFFERENT SUCROSE CONCENTRATIONS AND LIGHT QUALITY GEÓRGIA PEIXOTO BECHARA MOTHÉ1, ALENA TORRES NETTO2, LUIS EDUARDO CAMPOS CRESPO2, ELIEMAR CAMPOSTRINI2 1 Bióloga Universidade Estadual do Norte Fluminense, Centro de Ciências Tecnológicas e Agrárias, UENF-CCTA Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal Departamento de Fisiologia Vegetal Sala 217 P4 Av. Alberto Lamego, 2000 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ [email protected] 2 Engenheiro Agrônomo Universidade Estadual do Norte Fluminense, Centro de Ciências Tecnológicas e Agrárias, UENF-CCTA Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal Departamento de Fisiologia Vegetal Sala 217 P4 Av. Alberto Lamego, 2000 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO Dentre os diversos produtos agrícolas cultivados no Estado do Rio de Janeiro, a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) é a cultura de maior importância econômica. Diante dessa importância, na região fluminense torna-se necessária cada vez mais a busca na elevação da produtividade dessa espécie. A produção em escala comercial de plantas de cana-de-açúcar pode ser beneficiada pela obtenção de mudas de alta qualidade e homogeneidade em curtos períodos de tempo, o que pode ocorrer pelo uso da micropropagação. A presença de carboidrato é essencial para o enraizamento de muitas espécies in vitro, sendo a sacarose o açúcar mais utilizado na micropropagação. Porém, a necessidade desse composto no meio de cultivo vem sendo discutida por alguns autores. Objetivou-se, neste trabalho, verificar o efeito da concentração de sacarose no meio de cultivo e a qualidade da luz sobre a capacidade fotossintética e as características de crescimento, em plantas de cana de açúcar cultivadas in vitro. Para tanto, foi quantificada a emissão da fluorescência da clorofila, determinada a massa seca de raiz e da parte aérea, a massa foliar específica e estimada a concentração de clorofilas. Os resultados obtidos mostraram que em cana de açúcar cultivada in vitro, em frascos fechados, a elevação na concentração de sacarose no meio de cultivo promoveu aumentos na matéria seca da parte aérea e da raiz, na massa foliar específica e na intensidade de cor verde das folhas estudadas. Não houve modificação na capacidade fotoquímica máxima do PSII. A justificativa para o nãocomprometimento da sacarose sobre as características relacionadas à fotossíntese, estudadas neste trabalho, como o teor de clorofilas (avaliada pelos valores do MPC) e o rendimento quântico máximo do PSII, pode estar relacionada com a alta capacidade dessa espécie em armazenar sacarose nos tecidos. Termos para indexação: Saccharum officinarum, aclimatização, meio de cultura, fotossíntese. ABSTRACT The State of Rio de Janeiro was one of the pioneers in Brazil to set out the sugar cane activity, which still represents an important segment in the regional economy. The production of plants in commercial scale would be benefited by the attainment of seedlings of high quality and homogeneity in short periods of time, which can be obtained using the micropropagation. The presence of carbohydrate is essential for in vitro rooting of many species, with the sucrose being considered the most used sugar during micropropagation, despite the discussion by some authors regarding its requirement. The objective of this work was to evaluate the effect of sucrose concentrations in the culture medium and light quality on the photosynthetic capacity and biometric characteristics on micropropagated sugar cane plants. Chlorophyll fluorescence and contents were quantified, root and shoot dry mass and specific leaf mass were determined and chlorophyll concentrations were estimated. The results showed that the increase in sucrose concentration during the in vitro cultivation of sugar cane, in closed flasks, promotes increase in the shoot and root dry matter, specific leaf mass and chlorophyll contents. No modification of maximum PSII photochemistry capacity was observed. The lack of sucrose effects on photosynthetic characteristics such chlorophyll contents and PSII yield, may be related to the high capacity of this specie to storage sucrose in the tissues. Index terms: Saccharum officinarum; aclimatization; culture medium; photosynthesis. Símbolos: PSII: fotossistema II, SPAD: Soil Plant Analysis Development; BAP: benzilaminopurina; FFF: fluxo de fótons fotossintéticos; MPC: medidor portátil de clorofilas; MFE: massa foliar específica, Fv/Fmáx: Rendimento quântico máximo do fotossistema II, MSPA: massa seca parte aérea, MSR: massa seca raiz, AIB: acido indol butirico, ANA:acido naftaleno acético. (Recebido em 25 de março de 2008 e aprovado em 6 de outubro de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 84-91, 2008 Eficiência fotoquímica e características de crescimento... INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) foi introduzida no Brasil no século XVII, com o objetivo de quebrar o monopólio mundial exercido pela França no comércio do açúcar produzido nas Ilhas do Caribe. O cultivo da cana-de-açúcar teve um grande aumento quando, em meados da década de 70, o Brasil criou o Programa Nacional do Álcool, o qual teve como objetivo estimular a produção do álcool, visando o atendimento das necessidades do mercado interno e externo e da política de combustíveis automotivos (MENEZES VEIGA et al., 2006). Atualmente, a cana-de-açúcar é uma das principais culturas do panorama brasileiro e continua crescendo em função do consumo como fonte de energia e açúcar. Dentre os diversos produtos agrícolas cultivados no estado do Rio de Janeiro, a cana-de-açúcar é a cultura de maior importância econômica (MENEZES VEIGA et al., 2006). Diante dessa importância, na região fluminense torna-se necessária cada vez mais a busca na elevação da produtividade dessa espécie. Uma das alternativas para essa elevação é a formação de lavouras, por meio do uso de mudas de excelente qualidade. Assim, a micropropagação é uma técnica que pode contribuir significativamente para a produção de mudas de cana de açúcar de alta qualidade. Entre as diversas vantagens que essa técnica apresenta está a produção rápida de mudas em larga escala e a eliminação de microrganismos potencialmente fitopatogênicos. A micropropagação tradicional tem como premissa a presença de sacarose no meio de cultivo, uma vez que esse composto eleva a produção de biomassa e pode contribuir para aumentar o enraizamento de muitas espécies in vitro (GRATTAPAGALIA & MACHADO, 1990). Entretanto, vários autores têm sugerido que a fonte de carboidrato no meio de cultura inibe o metabolismo fotossintético do carbono. A adição da sacarose ao meio inibiu a fotossíntese potencial in vitro (LEES et al., 1991), reduziu a atividade da Rubisco (GROUT & DONKIN, 1987), inibiu o acúmulo de clorofila (LA ROSA et al., 1984) e diminuiu a fixação do carbono inorgânico por meio da inibição da atividade da carboxilase do fosfoenol-piruvato 85 e do Ciclo de Calvin (NEUMANN & BENDER, 1987). Entretanto, Khan et al. (2006), trabalhando com cana-deaçúcar, relataram que a máxima taxa de multiplicação de dois clones (AEC82-223 e NIA-2004) foi nas concentrações de 4 e 6% de sacarose no meio, mostrando que nesses clones cultivados em frascos fechados in vitro, a sacarose foi de fundamental importância para a otimização do crescimento da parte aérea. Esses autores mostraram que a maior taxa de enraizamento foi em meio MS, com 1 mg L1 de AIB e 6% de sacarose. Alguns autores, para facilitar a aclimatização da planta micropropagada, sugerem adotar na última fase da cultura in vitro, diminuir a concentração de sacarose, com o objetivo de tentar elevar a taxa fotossintética e capacitar a planta à nutrição autotrófica; uma vez que a fonte de carboidrato no meio de cultura pode inibir o metabolismo fotossintético do carbono. Em vista disso, Simmonds (1983) obteve melhores resultados no enraizamento de portaenxerto de macieira, ao reduzir a concentração de sacarose no meio de cultura para apenas 1%. Contudo, Wainwright & Scrace (1989), sugerem manter a sacarose no nível normalmente utilizado (3%), ou até mesmo aumentá-lo numa fase anterior à aclimatização, visando melhorar a qualidade da planta. Segundo esses autores, o pré-condicionamento em altas concentrações de sacarose aumentaria as reservas de carboidratos armazenadas pelas folhas, aumentando, assim, a energia disponível para as plântulas durante o processo de aclimatação. Para George & Sherrington (1984), no desenvolvimento in vitro de muitas espécies, a assimilação fotossintética é baixa, fazendo com que as culturas sejam dependentes do suporte externo de carboidratos. Objetivou-se, neste trabalho, verificar o efeito da concentração de sacarose no meio de cultivo e da qualidade de luz sobre a eficiência fotoquímica e as características de crescimento da cana-de-açúcar, cultivada in vitro. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado, na unidade de pesquisa em fotossíntese de plantas in vitro, no Setor de Fisiologia Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 84-91, 2008 86 MOTHÉ, G. P. B. et al. Vegetal, Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal na UENF, Campos dos Goytacazes/RJ. Como fonte de explante foram utilizadas plântulas de cana-de-açúcar, com dois a três centímetros de altura proveniente de material vegetal já em fase de multiplicação, contendo meio MS modificado (0,2 mg L-1 de fonte de nitrogênio combinado, 0,1 mg L-1 de cinetina, 0,2 mg L-1 de BAP, 1 mg L-1 de Tiamina, 100 mg L-1 de mio-inositol e 20 g L-1 de sacarose), em condições de perfilhamento. O material foi obtido no Laboratório de Cultura de Tecido do Campus Dr. Leonel Miranda, UFRRJ. O meio de cultura utilizado para o recultivo foi o MS padrão (MURASHIGE & SKOOG, 1962), acrescido de 100 mg L-1 de mio-inositol, 7 g L-1 de Agar (Vetec) e sem adição de reguladores de crescimento. Os tratamentos consistiram de uma combinação bifatorial de seis concentrações de sacarose no meio (0, 10, 20, 30, 40 e 50 g L-1), e dois tipos de luz (lâmpada fluorescente branca 40w, luz branca com irradiância de 94,8 ìmol m-2 s1 e lâmpada fluorescente tipo Grolux 40w, luz vermelha com irradiância de 96,6 ìmol m-2 s-1). O pH do meio foi ajustado para 5,8 antes da inclusão do ágar e da autoclavagem (1,5 atm a 120ºC por 20 min.) A parcela experimental consistiu de frascos tipo baby food , contendo 50 mL do meio MS, nas diferentes concentrações de sacarose. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições, em que cada parcela consistiu de um frasco com duas plantas. Após a inoculação, os explantes foram cultivados em sala de crescimento, a uma temperatura 25º C ± 1,0; a um fluxo de fótons fotossintéticos de 120 a 150 ìmol m-2 s-1, com 16h de fotoperíodo. Aos vinte e oito dias após a inoculação (DAI), foi utilizada a 2º e/ou 3º folha mais expandida para as análises para determinação do rendimento quântico máximo do PSII (Fv/Fmax), (após adaptação da folha ao escuro por 30 minutos com auxílio de pinças), por meio de um fluorímetro não modulado PEA (Plant Efficiency Analyser - Hansatech Ltd., King s Lynn, Norfolk, UK). A medida de intensidade de verde, (relacionada com o teor de clorofilas totais), foi feita nesta mesma época, por meio do medidor portátil do teor de clorofila SPAD 502 Chlorophyll Meter Minolta, Japão. Os valores da intensidade do verde foram provenientes da média de cinco repetições em cada folha A massa foliar específica feita aos 28 dias após o cultivo in vitro, foi determinada a partir da divisão da massa seca da folha de uma parte do limbo foliar pela respectiva área dessa parte. No final do experimento foi determinada a massa seca das partes aérea e da raiz das plantas. Essas partes foram colocadas em estufa com ventilação forçada a 70º C por 48 h. A partir dos dados da massa seca, estimou-se a relação parte aérea/raiz (massa seca da parte aérea / massa seca das raízes). Os dados experimentais foram submetidos a uma análise de variância e para cada tratamento, foram avaliados três frascos. Foram realizadas duas repetições para cada frasco e seis plantas foram utilizadas, provenientes de três frascos. Os dados de cada avaliação foram analisados estatisticamente por teste Tukey, a 5% e os resultados expressos como média (± erro-padrão) de seis repetições. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os diferentes tratamentos de luz e dosagem de sacarose no meio de cultura influenciaram a produção de biomassa na parte aérea, mostrando que maiores concentrações de sacarose produziram maior biomassa (figuras 2 e 3) O tratamento controle (0 g L-1 de sacarose) não produziu biomassa suficiente para as análises. Portanto, as plantas-controle cultivadas nessas condições requerem a adição de carboidratos para suprir suas necessidades metabólicas, quer participando na geração de energia, ou como fonte de esqueletos carbônicos para vários processos bioquímicos, sugerindo que as condições encontradas no frasco de cultivo e na sala de crescimento foram ineficientes para as plantascontrole desenvolverem condições de realizar fotossíntese e conseqüentemente produzir biomassa (Figura 1). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 84-91, 2008 Eficiência fotoquímica e características de crescimento... 87 FIGURA 1 Plantas de cana-de-açúcar cultivada em diferentes concentrações de sacarose, após 28 dias de cultivo (A) 0 g L-1, (B) 10 g L-1, (C) 20 g L-1, (D) 30 g L-1, (E) 40 g L-1 e (F) 50 g L-1. Os resultados obtidos por meio da análise de variância, para as cinco diferentes concentrações de sacarose (10; 20; 30; 40 e 50 g L-1) no meio, demonstraram que, para a característica massa seca da parte aérea (MSPA), houve uma resposta crescente, em que doses crescentes de sacarose promoveram acréscimos de biomassa seca (Figura 2A). A concentração 10 g L -1 diferenciou significativamente das concentrações de 40 g L-1 e 50 g L1 , produzindo uma menor MSPA, 0,039; 0,101 e 0,135g respectivamente (Figura 2A). Dados semelhantes foram obtidos em morangueiros, batata, menta e videira por (RIQUELME et al., 1991), e por (NICOLOSO, 2003), em que, nesse trabalho, a elevação da concentração de sacarose de 30 até 60 g L-1 promoveu maior produção de biomassa dos órgãos de Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen. Com relação à matéria seca da raiz (MSR), as diferenças de concentração de sacarose influenciaram significativamente os resultados. As menores concentrações (10, 20 e 30 g L-1) somente diferenciaram significativamente da maior concentração (50 g L-1), que produziu valores 0,084g de MSR (Figura 2b). Pelos resultados, foi verificado que a presença de sacarose mostrou-se fundamental para o desenvolvimento da parte aérea e das raízes da cana-de-açúcar cultivadas in vitro. De fato, Khan et al. (2008), mostraram que o meio MS com meia força, suplementado com reguladores de crescimento (AIB e ANA) e 60 g L-1 de sacarose, proporcionou maior enraizamento em 3 variedades elite de cana-de-açúcar. Khan et al. (2006) também indicaram a importância da sacarose no crescimento da parte aérea, em clones dessa espécie. George (1996) relata que, para formação de raízes in vitro há necessidade de energia e carboidratos, sendo esses fornecidos por meio da fotossíntese (em condições autotróficas) ou oriunda de uma fonte exógena de açúcar (em sistemas heterotróficos ou mixotróficos). O autor verificou ainda, que o aumento da concentração de sacarose, de modo geral, estimula o crescimento e a formação de raízes de algumas espécies. Já em outros trabalhos, na fase de enraizamento, a redução da concentração de sacarose no meio de cultura vem sendo citada como benéfica na melhoria da qualidade do sistema radicular, bem como na sobrevivência das plântulas transplantadas (ANDRADE, 1998). Com relação à MSPA/MSR, os tratamentos não apresentaram diferença significativa apontando uma relação direta entre o crescimento das raízes e da parte Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 84-91, 2008 88 MOTHÉ, G. P. B. et al. 10 g/L 0,15 20 g/L MSPA (g) 0,12 D 20 g/L 30 g/L 24,00 30 g/L 40 g/L 22,00 40 g/L 50 g/L 0,09 10 g/L 26,00 MFE (g/m2) A 0,06 50 g/L 20,00 18,00 16,00 14,00 0,03 12,00 0 10,00 Concentração de Sacarose (g/L) 0,1 Concentração de Sacarose (g/L) 10 g/L B 20 g/L 0,08 E 20 g/L 32 Valores de MPC 40 g/L MSR (g) 10 g/L 34 30 g/L 30 g/L 0,06 36 50 g/L 0,04 40 g/L 30 50 g/L 28 26 24 0,02 22 20 0 Concentração de Sacarose (g/L) Concentração de Sacarose (g/L) 6,00 C 10 g/L F 20 g/L 40 g/L 4,00 50 g/L 3,00 10 g/L 0,76 20 g/L 30 g/L 0,74 30 g/L 40 g/L 0,72 Fv/Fm MSPA/MSR 5,00 0,78 50 g/L 0,7 0,68 2,00 0,66 1,00 0,64 0,62 0,00 Concentração de Sacarose (g/L) Concentração de Sacarose (g/L) FIGURA 2 Relação entre as características estudadas e as diferentes concentrações de sacarose no meio de cultivo, independente da luz. (A) Massa seca parte aérea (MSPA) (B) Massa seca raiz (MSR) (C) Razão massa seca da parte aérea/raízes (MSPA/MSR) (D) Massa foliar específica (MFE) (E) Teor estimado de clorofilas totais (valores de MPC) (F) Rendimento quântico máximo do PSII (Fv/Fm) em plantas de cana-de-açúcar cultivadas in vitro aos 28 dias. Cada símbolo representa a média de seis repetições em MSPA, MSR, MSPA / MSR e MFE e oito repetições em Valores de MPC e da relação Fv/Fm. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Tukey 5%). aérea. Essa relação é de fundamental importância para a organização dos processos fisiológicos e desenvolvimento das plantas (TAIZ & ZEIGER, 2002). Essas partes estão relacionadas entre si, e essa relação é devida à dependência nutricional e fitohormonal da parte aérea com a raiz (SALISBURY & ROSS, 1992) (Figura 2c). As diferentes concentrações de sacarose influenciaram a massa foliar específica (MFE), a qual representa a quantidade de massa seca por unidade de área da folha, estimando a proporção relativa da superfície assimilatória e os tecidos de sustentação e condutores da folha, além de poder ser correlacionada positivamente com a taxa fotossintética (CRUZ et al., 2004). A menor concentração de sacarose apresentou o menor valor (14,8 g m-2), o que indica que a ausência de sacarose pode comprometer a espessura foliar, bem como a capacidade da maquinaria fotossintética (Figura 2d). O teor de clorofila foi estimado por meio do medidor portatil de clorofila (MPC). Os valores encontrados da intensidade do verde foram oriundos da média de cinco repetições em cada folha. As diferentes concentrações de sacarose no meio de cultivo influenciaram a intensidade de verde (Figura 2e), em que a maior concentração de sacarose apresentou o maior valor do MPC (33,6), Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 84-91, 2008 Eficiência fotoquímica e características de crescimento... diferenciando significativamente dos demais tratamentos. Esses valores estão relacionados com uma maior quantidade de clorofilas totais em maiores teores de sacarose. Nesse caso, em plantas de cana-de-açúcar, a elevação no teor de sacarose contribui para o incremento do teor de clorofilas, a partir de 30 g L-1 desse composto no meio de cultivo. Com relação à atividade do PSII, avaliada por meio da emissão da fluorescência da clorofila a, as plantas de cana-de-açúcar apresentaram alterações com relação aos tratamentos utilizados. Estatisticamente, os valores menores da eficiência fotoquímica máxima do PSII (Fv/Fm) foram verificados na concentração de 20 g L-1 de sacarose (Figura 2f). Com exceção das plantas crescidas nessa concentração de sacarose, as demais plantas cultivadas em meios com maiores concentrações de sacarose, não apresentaram diferenças significativas para a característica 22 A Fv/Fm. Por meio dos resultados relacionados aos efeitos da concentração de sacarose no meio de cultivo sobre as características de crescimento, a produção de biomassa estaria mais relacionada à oferta de carbono no meio de cultivo do que a eficiência na maquinaria fotoquímica das plantas. A qualidade do fluxo de fótons fotossintético (FFF) teve influência relevante nas características MSPA, MSR, MFE e valores do MPC. A luz considerada vermelha emitida pelas lâmpadas GroLux proporcionou maiores valores das características supracitadas. Tais resultados poderiam estar relacionados a um maior ganho de carbono por meio de um aumento da taxa fotossintética líquida e/ou indiretamente causado por alterações fitormonais causadas pela modificação no espectro luminoso (CAMPELL & BONNER, 1986). Ainda, na presença da luz vermelha, houve favorecimento para a produção de biomassa, tanto na parte 0,05 B Luz branca Luz vermelha 0,04 MSR (g) MFE (g/m2) 20 18 16 Luz branca Luz vermelha 0,03 0,02 0,01 0 14 LUZ MSPA (g) 0,12 LUZ D Luz branca 30 Luz vermelha 28 Valores de MPC 0,14 C 89 0,1 0,08 0,06 Luz branca Luz vermelha 26 24 22 0,04 0,02 20 LUZ LUZ FIGURA 3 Relação entre as características estudadas e os diferentes tipos de luz (Branca e Vermelha), (A) Massa seca parte aérea (MSPA), (B) Massa foliar especifico (MFE) (C) Massa seca raiz (MSR), e (D) Teor estimado de clorofilas totais (Valores de MPC), Cada símbolo representa a média sendo 15 repetições em MSPA, MSR e valores de MPC e 20 repetições em MFE em plantas de cana-de-açúcar cultivadas in vitro aos 28 dias. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Tukey 5%). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 84-91, 2008 90 MOTHÉ, G. P. B. et al. aérea como no sistema radicular. A luz branca apresenta uma composição espectral que pode variar, e causar respostas diferenciadas na cultura in vitro. A predominância na emissão de fótons na região do vermelho até o azul pode estimular a indução de calos, quebrar a molécula de AIA e ainda estimular a indução de brotos (BARRUETO CID, 2001; CHAMOVITZ & DENG, 1996). As plantas cultivadas em maiores concentrações (40 e 50 g/L-1) de sacarose e aclimatadas em luz vermelha tiveram melhores resultados do que nos outros tratamentos (Figura 2 e 3). CONCLUSÕES CAMPELL, R. R.; BONNER, B. A. Evidence for phytochrome regulation of gibberelin A20 3b-hydroxylation in shoots of dwarf (lele) Pisum sativum L. Plant Physiology, Washington, v. 82, p. 909-915, 1986. CHAMOVITZ, D. A.; DENG, X. W. Light signaling in plants. Critical Reviews in Plant Science, v. 15, p. 455-478, 1996. CRUZ, J. L.; COELHO, E. F.; PELACANI, C. R.; COELHO FILHO, M. A.; DIAS, A. T. dos; SANTOS, M. T. 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Brasilia, DF: Embrapa, 1990. p. 99-169. de sacarose de 40 e 50g/L-1 parece ter uma resposta somatória, tanto na produção de parte aérea e raiz, quanto na massa foliar específica e no teor de clorofila. GROUT, B. W. W.; DONKIN, M. E. Photosynthetic activity of cauliflower meristem cultures in vitro and a transplanting into soil. Acta Horticulturae, Amsterdam, v. 212, p. 323-327, 1987. A justificativa para o não-comprometimento da sacarose no meio sobre as características relacionadas à fotossíntese, estudadas neste trabalho, como exemplo o teor de clorofilas (avaliada pelos valores do MPC) e o rendimento quântico máximo do PSII (Fv/Fm), pode estar relacionada com a alta capacidade dessa espécie em armazenar sacarose nos tecidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KHAN, I. A.; DAHOT, M. H.; YASMIN, S.; KHATRI, A.; SEEMA, N.; NAQVI, M. H. Effect of sucrose and growth regulators on the micropropagation of sugarcane clones. Pakistan Journal of Botany, v. 38, n. 1, p. 961-967, 2006. KHAN, S. 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SCHUM AND PHENOLIC COMPOUNDS PRODUCTION EFEITO DE AUXINAS E CITOCININAS NO DESENVOLVIMENTO IN VITRO DE Alpinia purpurata K. SCHUM E PRODUÇÃO DE SUBSTÂNCIAS FENÓLICAS CRISTIANE PIMENTEL VICTÓRIO1, IACINETE PAMPLONA DA CRUZ2, ALICE SATO3, RICARDO MACHADO KUSTER4, CELSO LUIZ SALGUEIRO LAGE5 1 Doutora em Ciências Biológicas (Biofísica), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/Lab. Fisiologia Vegetal Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ Av. Carlos Chagas Filho, s/n, CCS, Bloco G, sala G2-050 21952-590 Rio de Janeiro, RJ [email protected] 2 Estudante de Farmácia, bolsista PIBIC/UFRJ. 3 Doutora em Biotecnologia Vegetal, Prof. Dep. Botânica Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Av. Pasteur 458 22290-040 Rio de Janeiro, RJ [email protected] 4 Doutor, Prof., Laboratório de Fitoquímica Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN) Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ Av. Carlos Chagas Filho, s/n, CCS, Bloco H 21941-902 Rio de Janeiro, RJ [email protected] 5 Doutor, Prof. IBCCFo Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ Av. Carlos Chagas Filho, s/n, CCS, Bloco G, sala G2-050 21952-590 Rio de Janeiro, RJ [email protected] ABSTRACT Alpinia purpurata K. Schum is largely used in ornamentation and scarcely present itself in folk medicine. Studies using plant tissue culture technique under standardized condition permit to evaluate plant physiological, morphological and phytochemical responses to exogenous plant growth regulator. This work consisted in the establishment of in vitro A. purpurata plants using different concentrations of auxin and cytokinins in mg L-1: IAA 2, TDZ 2 and 4, IAA 2 + TDZ 2, IAA 2 + BAP 2. Additionally, it was determined the content of phenolic compounds in the leaves of field and in vitro plants using FolinCiocalteau method. Buds from inflorescence A. purpurata were disinfested and introduced in solid MS medium to initiate cultures. The direct organogenesis process was fast and satisfactory producing elongated plants with a developed radicular system. The rooting percentage reached 100% for all treatments after 2 months. Cytokinins and auxins were important for the increasing of the leaves quantity (4.2 to 5.1) and shoot elongation (4.0 cm). Liquid MS0 presented the favorable results for fast micropropagation and higher production of shoots, providing plants ready to be acclimatized. In vitro plants cultivated under MS0 produced 93% of phenolic compounds in comparison with field plants (100%). Through High Performance Liquid Chromatographic, it was verified similar chromatographic profiles between field and in vitro plant extracts. Index terms: Folin-Ciocalteau, HPLC, micropropagation, tissue culture, Zingiberaceae, Alpinia purpurata. RESUMO Alpinia purpurata K. Schum é uma espécie muito utilizada como ornamental e possui escassas indicações de uso na medicina popular. Estudos utilizando técnicas de cultura de tecidos vegetais permitem, a partir de condições padronizadas, avaliar as respostas fisiológicas, morfológicas e fitoquímicas dos vegetais aos fitorreguladores exógenos. Este trabalho consistiu no estabelecimento de plantas de A. purpurata in vitro utilizandose diferentes concentrações de auxina e citocininas (mg L-1): AIA 2, TDZ 2 e 4, AIA 2 + TDZ 2, AIA 2 + BAP 2. Verificou-se também o conteúdo de substâncias fenólicas nas folhas de plantas de campo e in vitro, através do método de Folin-Ciocalteau. Brotos oriundos da inflorescência de A. purpurata foram desinfestados e introduzidos em meio MS sólido para iniciar as culturas. O processo de organogênese direta foi rápido e satisfatório, produzindo plantas alongadas e com sistema radicular desenvolvido. A porcentagem de enraizamento atingiu 100% para todos os tratamentos ao final de 2 meses. As citocininas e auxinas foram importantes para incrementar o número de folhas (4,2 a 5,1) e alongamento dos brotos (4,0 cm), em comparação com o meio controle. O MS0 líquido foi o mais favorável para rápida propagação in vitro e maior produção de brotos, com suprimento de plantas aptas a serem aclimatizadas. Plantas in vitro cultivadas em meio MS0 produziram 93% de fenóis totais, em relação às plantas de campo (100%). Através da Cromatografia Líquida de Alta Eficiência foi verificada semelhança entre os perfis cromatográficos dos extratos de plantas de campo e in vitro. Termos para indexação: Folin-Ciocalteau, CLAE, micropropagação, cultura de tecidos vegetais, Zingiberaceae, Alpinia purpurata. INTRODUCTION Alpinia purpurata K. Schum is widely used as ornamental plant in several tropical and subtropical areas, with high international market demand (KRESS et al., 2002; SANGWANANGKUL et al., 2008). In folk medicine, it is (Recebido em 20 de junho de 2008 e aprovado em 16 de outubro de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 92-98, 2008 Effects of auxins and cytokinins on in vitro... used for cough in Venezuela and presents antibacterial activity (BERMÚDEZ & VELÁSQUEZ, 2002; ZOGHBI et al., 1999). Recent studies have showed the phytochemical potential of this species (VICTÓRIO et al., 2007, 2008). The vegetative propagation through rhizome is the main way of reproduction of this species. According to Morón (1987), for the propagation of A. purpurata in greenhouse the time is twice more than in in vitro systems. Plant tissue culture techniques have been employed, in Brazil, since 1950, and the main advantages include the continuous and fast production of aseptic and selected plants. These techniques permit a commercial-scale production of plants (ROUT et al., 2006) and some studies have showed them as an alternative for optimizing secondary metabolites production (RAO & RAVISHANKAR, 2002). The micropropagation of A. purpurata supplies may be a source for ornamental and medicinal raw material (MULABAGAL & TSAY, 2004; POMPELLI et al., 2007). Addition of auxins and cytokinins in the culture media are essential to improve and regulate growth and morphogenesis of the cultures (CHITRA & PADMAJA, 2005; KYOZUKA, 2007). Besides, several studies have reported the effects of plant growth regulators in in vitro phenolic production (SANTOS-GOMES et al., 2002; THIEM, 2003). We intended to develop a protocol for in vitro production of A. purpurata plants and to evaluate the effects of auxins and cytokinins on plant development and compounds phenolic production. MATERIALAND METHODS Plant Material Buds from inflorescence of donor plants of Alpinia purpurata, red inflorescence, were used as source of plant material to initiate in vitro cultures. Voucher specimen was deposited at the Herbarium of Rio de Janeiro Botanical Garden, under accession number RB 433484. Buds were collected and washed with running water using nylon brush for removing residues. The sterilization process was concluded in four steps in sterile ambient, after dissection 93 of leaves: 20% of commercial bleach solution for 40 min, followed by immersion in distilled water plus commercial detergent solution for 15 min, dipped in 70% ethanol, washed for 10 min in 30% of commercial bleach solution and rinsed with sterile distilled water three after each step. Establishment of in vitro cultures Explants were subcultured into glasses (16 x 8 cm) containing 50 ml of culture medium Murashige & Skoog (1962) supplemented with 3% of sucrose, 1.48 ìM thiamineHCl, 2.43 ìM pyridoxine, 4.1 ìM nicotinic acid, 0.6 mM myoinositol. The media pH was adjusted to 5.8 before autoclaving at 121oC for 15 min. The media was solidified with 0.78% of agar-agar. In order to obtain at the least of shoots for initiating the treatments, plantlets were subcultured in solid MS0 until enough shoots were available. MS basal media was supplemented with growth regulators BAP (6-benzylaminopurine), TDZ (thidiazuron), IAA (indole-3-acetic) either singly or in combination as follows: solid MS (control 1); liquid MS (control 2); IAA 2 (2 mg L-1); TDZ 2 and TDZ 4 (2 and 4 mg L-1, respectively); BAP 2 (2 mg L-1); IAA 2 + TDZ 2 (2 mg L-1) and IAA 2 + BAP 2 (2 mg L-1). Liquid MS was used for all treatments with growth regulators. Cultures were maintained at 25 ± 2oC, photoperiod of 16 h under fluorescent tubes (Duramax Universal, General Electric®) at light intensity of 30 µmoles.m-2.s-1. The morphogenetic response was recorded after 3 months of incubation: percentage of shoot per explant, number of leaves, shoot height (cm) and percentage of rooting. Figure 1 shows a summarized scheme of in vitro protocol of A. purpurata plant production. Threemonth-old in vitro plants were used in the phytochemistry analysis. Total phenolic content through Folin-Ciocalteau Total phenolics compounds were determined using the Folin-Ciocalteau method. The hydroalcoholic extracts of leaves of A. purpurata from field and in vitro system were dissolved in ethanol (70%) at 1mg mL-1. An aliquot of 0.5 ml of diluted extract and 2 ml Folin-Ciocalteau reagent (10%) were added, after 3 min, along with 2 ml of 7.5% Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 92-98, 2008 94 VICTÓRIO, C. P. et al. FIGURE 1 Scheme of in vitro establishment of Alpinia purpurata. sodium carbonate, and the contents were mixed. The mixture was homogenized and incubated at 50oC for 30 min. The absorbance was measured at 740 nm in a spectrophotometer using gallic acid as standard. It was used two controls: (1) Folin-Ciocalteau + sodium carbonate and (2) crude extract solution. The quantification of phenolic compounds in crude extracts was determined from regression equation of calibration curves and expressed as mg gallic acid equivalents (GAE) per 1 g of dried leaves, after converted in percentage considering field samples as 100%. All determinations were carried out in triplicates. Qualitative analysis of crude extract by HPLC Leaves of A. purpurata from field and in vitro systems were dried and macerated in 70% ethanol for 45 min using ultrasonic bath according to Victório (2008). Crude extracts were filtered and dried by evaporation at 60ºC in rotary evaporator and by lyophilization. Crude extracts were dissolved in methanol (70%) at 20 mg mL-1 (field leaves) and 50 mg mL-1 (in vitro leaves), filtered in vacuum and HPLC-UV analyses were performed on an apparatus Shimadzu equipped with SPD-M10A diode array detector, LC-10AD pump and CBM-10 interface, UV-vis detector and fitted with a reversed phase column (Lichrosorb RP-18, 25 cm x 5 mm), ambient temperature. Separation was done in the following mobile phase: MilliQ water + 0.1% phosphoric acid (A) and methanol (B): 1-10 min (30% B); 20 min (40% B); 60 min (100% B). The flow rate was kept constant at 1 ml min-1 and the peaks were detected at 360 nm. All chemical used in analysis as methanol and phosphoric acid were of HPLC grades and were purchased from Merck. MilliQ water was utilized to HPLC mobile phase and sample preparation. The injections were repeated in triplicates. Statistical analysis Each treatment was replicated a minimum of 30 times, using a completely randomized design. Data were submitted to analysis of variance (ANOVA) and statistical averages comparisons were made through Tukey s test at 5% Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 92-98, 2008 Effects of auxins and cytokinins on in vitro... significance level. For percentages, it was taken difference between two percentages (p1 and p2) test, considering p< 0.05 level using t-test. 95 subcultures or acclimatization can be made, since its shoots Comparing growth regulators treatments, no advantage was obtained in number of shoots. In previous studies, Morón (1987) verified that BAP increased the proliferation rate of A. purpurata. Illg & Faria (1995) obtained the best number of shoots when combined BAP with auxin. In the present study, the addition of isolated TDZ or BAP improved the number of leaves when compared with control. For the first time it was evaluated the addition of TDZ in in vitro cultures of any Alpinia species. The increasing in TDZ concentration did not result in better proliferative responses of in vitro plants. Despite auxins are associated with the initiation of rooting, IAA did not influence rooting in A. purpurata. These plantlets developed new roots from the first month, reaching 100% in the second month, when cultured in medium without growth regulators. However, auxin IAA induced an increasing in shooting height and in the number of leaves in comparison with control after 3 months. reached 100% rooting and are properly elongated (Figure Considering the report on micropropagation of the 2A). The ideal interval of time for subcultures was 2 to 3 same species using IAA and BAP (ILLG & FARIA, 1995; months for all treatments. High proliferation rate was MORÓN, 1987), the different results suggest that plant achieved using liquid MS0. Within 1 year, it was verified material characteristics as origin, collecting period, age of the greatest quantity of 30 shoots per year (100%) in MS0, plant are decisive for establishing in vitro cultures and followed by TDZ 2 (84%). By comparison with solid MS0, obtaining a good development. RESULTS AND DISCUSSION The sterilization method was efficient. The use of buds from inflorescence represented an advantage instead of rhizome buds that are more difficult to be sterilized and may present dormancy period (BURCH et al., 1987). The in vitro development responses of A. purpurata are grouped in Table 1 and Figure 2. Alpinia species posses the advantage of reproducing through vegetative propagation that increases the chances in micropropagation. Cultures establishment was fast and the growth is continuous as shootings occur till 5 or 6 months. For three months, different stages of shooting were observed, however after 2 months plants the liquid medium increased the number of shoots in 161% The production of phenolic compounds in plantlets and for this reason it was chosen for conducting growth has been reported and may be associated with in vitro regulators experiments. stress conditions (SANTOS-GOMES et al., 2002). The TABLE 1 In vitro development of Alpinia purpurata plants under different plant growth regulators. Growth Regulators (mg L-1) Leaves per shoot 1 month 2 months 4.0±0.2 a 82.5 100 100 ac 100 100 100 b 100 100 100 3.5±0.2 a 100 100 100 4.2±0.2 c 100 100 100 90 96.7 100 100 100 100 2.2±0.1 a 2.1±0.1 a BAP 2 2.8±0.1 a IAA 2 + TDZ 2 2.0±0.1a 4.2±0.2a 5.0±0.2b IAA 2 + BAP 2 a a b 2.5±0.1 3.3±0.2 a 3 months 2.3±0.1 TDZ 4 3.3±0.2 a 2 months a TDZ 2 3.4±0.2 a 1 month a 2.3±0.3 IAA 2 3.4±0.3 3 months a Liquid MS0 a Rooting (%) 4.2±1.0 3.4±0.1 4.1±0.2 5.1±0.1 5.1±0.2 Different letters indicate significant differences at p< 0.05 level, Tukey s test, n e 30. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 92-98, 2008 96 VICTÓRIO, C. P. et al. FIGURE 2 In vitro development of Alpinia purpurata plants in MS medium under different plant growth regulators (mg.l-1): (A) Sequence of development: 1 month (I), 2 months (II) and 3 months (III); (B) shoot height after 2 months; (C) shoot height and (D) percentage of shoots, after 3 months. Different letters indicate significant differences at p< 0.05 level, Tukey s test, n e 30. *100% correspond to 30 shoots per explant, within 1 year. advantage of in vitro production of secondary metabolites is the possibility to control environment and nutritional factors. Data show high level of phenolics in in vitro cultures of A. purpurata (93%) compared with field plants (100%) (Figure 3A). Through reversed-phase HPLC was found similarity between field and in vitro plants profiles (Figure 3B-C). The peaks 1, 2 and 3 presented characteristics of phenolic compounds verified through UV spectra obtained by HPLC. A. purpurata is not currently used in folk medicine and these results may indicate the presence of therapeutic resource in its phytochemistry. The preliminary investigation of phenolic in organogenic cultures of A. purpurata using FolinCiocalteau reagent and HPLC analysis brings perspectives about the production of antioxidant compounds by this species. In addition, the establishment of tissue culture of A. purpurata may be a good alternative to produce aseptic plants and its bioactive metabolites. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 92-98, 2008 Effects of auxins and cytokinins on in vitro... 97 FIGURE 3 (A) Total phenolic of crude extract of field and in vitro Alpinia purpurata leaves, n= 3. (B) Chromatographic profiles of hydroalcoholic extract of field A. purpurata plants (360 nm) and (C) in vitro plants (liquid MS0) obtained by HPLC. ACKNOWLEDGEMENTS C. P. Victório acknowledges the fellowship from CAPES and PROEX financial support. REFERENCES BERMÚDEZ, A.; VELÁZQUEZ, D. Etnobotánica médica de una comunidad campesina del estado Trujillo, Venezuela: un estudio preliminar usando técnicas cuantitativas. Revista Facultad Farmacia, v. 44, p. 2-6, 2002. BURCH, D.; DEMMY, W. W.; DONSELMAN, H. Gingers for Florida gardens. Proceedings of the Florida State Horticultural Society, Florida, v. 100, p. 153-155, 1987. CHITRA, D. 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Coville (FABACEAE-MIMOSOIDEAE) GROWTH CURVE, PHENYLALANINE AMMONIA-LYASE ACTIVITY AND TOTAL PHENOL LEVELS IN CALLUS OF Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (FABACEAE-MIMOSOIDEAE) ANA HORTÊNCIA FONSÊCA CASTRO1, MILLER MARANI LIMA2, RENATO PAIVA3, AMAURI ALVES DE ALVARENGA4, MIRELLE OLIVEIRA SÓTER5 1 Doutora, Centro Universitário de Lavras/UNILAVRAS 37200-000 Lavras, MG. Bolsista IC/FAPEMIG, Centro Universitário de Lavras/UNILAVRAS 37200-000 Lavras, MG. 3 PhD, Universidade Federal de Lavras/UFLA 37200-000 Lavras, MG. 4 Doutor, Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected] 5 Acadêmica, Centro Universitário de Lavras/UNILAVRAS 37200-000 Lavras, MG. 2 RESUMO Objetivou-se estabelecer a curva de crescimento e avaliar a atividade da fenilalanina amônia-liase e os teores de fenóis e taninos totais em calos de barbatimão, explantes foliares foram inoculados em meio MS suplementado com 30 g L-1 sacarose e acrescidos de 9,05 M de 2,4-D. O crescimento, a atividade da fenilalanina amônia-liase e os teores de fenóis e taninos totais foram avaliados a cada 10 dias, durante 110 dias. A curva de crescimento dos calos apresentou um padrão sigmoidal, com cinco fases distintas. Os teores médios de fenóis totais acompanharam as variações observadas para a atividade enzimática. Alta atividade e maiores teores de fenóis totais foram observados no explante inicial, com reduções progressivas até a fase linear. Na fase estacionária, observaram-se incrementos importantes naatividade da fenilalanina amônia-liase e nos teores de fenóis totais. Não foi detectada a presença de taninos totais nos calos. INTRODUÇÃO Atualmente, um considerável esforço tem sido feito com o intuito de se produzir fitoterápicos com maiores concentrações de substâncias ativas vegetais, através de culturas de células ou tecidos. Segundo Taniguchi et al. (2002), dentre as diferentes técnicas de cultivo in vitro, a cultura de calos tem apresentado grande importância para a propagação e produção in vitro de espécies de interesse medicinal. A desdiferenciação e indução de regeneração das plantas a partir de calos são, muitas vezes, processos difíceis de serem obtidos e podem demandar algum tempo. Termos para indexação: Barbatimão, cultivo in vitro, planta medicinal, Stryphnodendron adstringens. As auxinas têm sido amplamente utilizadas nos meios de ABSTRACT In order to establish growth curve, phenylalanine ammonialyase (PAL) activity and total phenol and tannin levels in Stryphnodendron adstringens, leaf explants were inoculated in MS medium, supplemented with 30 g L-1 sucrose and 9.05 M 2,4-D. The growth, PAL activity and total phenol and tannin levels were evaluated at 10 days intervals, during 110 days. Callus growth curve presented a sigmoid shape with five different phases. Average levels of total phenol followed the changes observed for enzymatic activity. High activity and higher levels of total phenol were observed in initial explants, with progressive reductions until the linear phase. Increases in phenylalanine ammonia-lyase activity and total phenols levels were observed in stationary phase. No tannins were observed on callus. da concentração, causam elongação celular e expansão ou Index terms: Stryphnodendron adstringens, In vitro Culture, Medicinal Plant. cultivo para a indução de calos e geralmente, dependendo divisão celular. Em geral, com o uso de baixas concentrações de auxinas, predomina a formação de raízes adventícias, enquanto que altas concentrações induzem a formação de calos. A interação entre auxinas e citocininas também é muito utilizada para a indução de calogênese (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998). Durante a calogênese é importante estabelecer-se a curva de crescimento de calos, o que propicia a identificação das fases distintas de crescimento da espécie. A partir deste estudo, pôde-se determinar o momento exato de repicagem dos calos para um meio fresco ou a (Recebido em 23 de janeiro de 2008 e aprovado em 7 de outubro de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 99-104, 2008 100 CASTRO, A. H. F. et al. possibilidade de sua utilização em suspensões celulares, visando a otimização da produção de metabólitos secundários em espécies medicinais (GEORGE, 1996). O crescimento in vitro de calos geralmente apresenta um padrão sigmoidal, com cinco fases distintas. Segundo Smith (1992), a fase lag se caracteriza como fase de maior produção de energia, correspondendo ao período em que as células se preparam para a divisão, visando sua expansão. Ocorre o início da mobilização de metabólitos primários, sem qualquer divisão celular, síntese de proteínas e de compostos específicos. Essa fase resulta em um pequeno crescimento dos calos. A fase exponencial é biossintética. Observa-se o maior crescimento dos calos, devido à máxima taxa de divisão celular, característica desse período. O número de células aumenta. Na fase linear há diminuição da divisão celular, mas aumento de volume celular e a fase de desaceleração é o momento em que as culturas devem ser transferidas para outro meio, devido à redução de nutrientes, produção de produtos tóxicos, secagem do ágar e redução do oxigênio no interior das células. Na fase estacionária ocorre maior acúmulo de metabólitos secundários. O barbatimão [Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Fabaceae-Mimosoideae) é uma importante espécie medicinal do cerrado, com altos teores de compostos polifenólicos, em especial os taninos. Possui grande distribuição e importância econômica para o estado de Minas Gerais, sendo empregado como adstringente e cicatrizante, no combate de amidalite, faringite, hemorróidas, leucorréias, erupções cutâneas, diarréias e como agentes antiinflamatórios (LIMA et al., 1998). A fenilalanina amônia-liase (E.C. 4.3.1.5) é uma enzima-chave e regulatória da rota biossintética dos fenilpropanóides e de seus derivados e catalisa a desaminação do aminoácido L-fenilalanina, em ácido transcinâmico, sendo esse o primeiro passo para a biossíntese dos fenólicos vegetais (ASSIS et al., 2001). De acordo com Rivero et al. (2001), os níveis dessa enzima podem flutuar significativamente em intervalos relativamente curtos, em resposta a uma ampla variedade de estímulos como o fotoperíodo, fitocromo, mudanças de temperatura, radiação UV, deficiência de nutrientes, reguladores de crescimento, injúrias mecânicas, íons metálicos, infecções fúngicas, virais e ataque de insetos, bem como o estádio de desenvolvimento vegetal e o grau de diferenciação de células e tecidos (SOLECKA & KACPERSKA, 1995). Devido à exploração irracional pelas indústrias de curtimento do couro, o barbatimão encontra-se ameaçado de extinção. Assim, devem-se melhorar as técnicas de propagação, encorajar seu cultivo e criar vias alternativas para a produção de tanino, em larga escala, a partir de fontes naturais. Objetivou-se estabelecer a curva de crescimento e avaliar a atividade da fenilalananina amônia-liase e os teores de fenóis e taninos totais em calos de barbatimão. MATERIAL E MÉTODOS As etapas experimentais foram realizadas entre fevereiro de 2007 e janeiro de 2008, no Centro Universitário de Lavras (UNILAVRAS) e na Universidade Federal de Lavras (UFLA). Curva de crescimento de calos A curva de crescimento foi obtida a partir da inoculação de segmentos foliares de 0,25 cm2 de área, empregados como explantes em meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962), suplementado com 30 g L-1 sacarose e acrescidos de 9,05 M de 2,4-D. Os meios foram solidificados com ágar, na proporção de 7 g L-1 e o pH ajustado para 5,7 ± 0,1, antes da autoclavagem, por 20 min. Após inoculação, os explantes foram transferidos para sala de crescimento, onde foram incubados na presença de luz, à temperatura de 27 ± 1 oC , fotoperíodo de 16 horas e DFFFA= 25 mol m-2 s-1. Foram feitas pesagens do material inoculado fresco, a partir do dia da inoculação (tempo 0), até ser atingida a fase de desaceleração, em intervalos de 10 dias. O porcentual de crescimento dos calos foi determinado pela equação proposta por Lameira (1997): % crescimento = Pf Pi Pf Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 99-104, 2008 Curva de crescimento, atividade da fenilalanina... 101 onde: Pf = Matéria seca final Pi = Matéria seca inicial agitação contínua, medida pela variação da absorbância a 290 nm. A atividade específica da enzima foi definida em nmol de ácido cinâmico/h/mg de proteína. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo cada pesagem composta por duas repetições e cada repetição pela média de 10 tubos, cada tubo contendo um explante. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e analisados estatisticamente utilizando-se o Sistema de Análise de Variância para Dados Balanceados (FERREIRA, 2000). Fenóis totais Determinações da atividade da fenilalanina amônia-liase e teores de fenóis e taninos totais Calos obtidos na curva de crescimento foram imersos em nitrogênio líquido e posteriormente armazenados em Freezer Forma Scientific, a -86 oC, até o momento de serem utilizados na determinação da atividade enzimática. Outros calos, assim como aqueles obtidos no experimento com a sacarose foram liofilizados para determinação dos teores de fenóis e taninos totais. Atividade da fenilalanina amônia-liase O procedimento descrito por Cheng & Breen (1991), com algumas modificações, foi utilizado para extração e determinação da atividade enzimática. Calos congelados (5 g) foram triturados, homogeneizadas com acetona 80% e congelados por 15 minutos. O homogenato foi filtrado e o pelet foi seco através de vácuo. O extrato protéico foi obtido homogeneizando-se 0,5 g do pelet seco, em 5 mL de tampão borato de sódio 0,1 M, pH= 8,8, contendo 5 mM de -mercaptoetanol, 2 mM de EDTA e 4% (p/v) de PVP a 4oC. Depois de 1h, o homogenato foi centrifugado a 27.000 g por 30 minutos, a 4 oC. A mistura de reação foi constituída por 0,5 mL de Lfenilalanina 30 M, 30 mM de tampão borato de sódio pH= 8,8 e 1 mL de extrato cru, num volume total de 3 mL. O substrato foi adicionado após 10 minutos de pré-incubação e a reação foi interrompida com 0,1 mL de HCl 6 N. A atividade da fenilalanina amônia-liase foi determinada pela produção de cinamato, após 90 minutos, à 30 oC, sob Amostras de calos liofilizados foram trituradas em micromoinho e armazenadas em frascos fechados, protegidos da luz. Aproximadamente 500 mg de calos liofilizados e triturados foram extraídos cinco vezes com 5 mL de uma mistura de metanol:água (1:1), sob refluxo. O volume final do extrato foi completado para 25 mL. Uma alíquota de 100 L do extrato foi utilizada para a determinação dos teores de fenóis totais, através do método de Folin-Dennis, segundo as normas da AOAC (1970). As determinações foram feitas em triplicata e o resultado foi expresso em porcentagem de ácido tânico, por grama de calo seco. Taninos Totais A determinação dos teores de taninos totais foi realizada através do Método de Difusão Radial , de acordo com Hagerman (1987). Um volume de 5 mL do extrato foi concentrado a 37 o C e posteriormente retomado com 0,5 mL de uma mistura de metanol:água (1:1). Uma alíquota de 15 mL foi utilizada para a determinação. Todas as determinações foram feitas em triplicata. O resultado foi expresso em percentagem de tanino, por grama de calo seco. RESULTADOS E DISCUSSÃO Curva de crescimento de calos A curva de crescimento dos calos seguiu o padrão sigmoidal, apresentando cinco fases distintas: lag, exponencial, linear, desaceleração e estacionária (Figura 1). A fase lag onde as células do explante se preparam para a divisão celular e produção de energia ocorreu até o 30o dia após a inoculação, com calos apresentando um crescimento de aproximadamente 73%. A segunda fase, exponencial, estendeu-se do 31o ao 50o dia de cultivo, com 70% de crescimento, período esse caracterizado pela Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 99-104, 2008 102 CASTRO, A. H. F. et al. máxima divisão celular. A fase linear ocorreu entre o 51o ao 70o dia e não se verificou crescimento dos calos nesse período. Entre o 71o e 100o dia observou-se a fase de desaceleração, com 28% de crescimento e a partir do 101o dia, a cultura entrou na fase estacionária. Segundo Smith (1992), na fase de desaceleração, os calos devem ser transferidos para um novo meio de cultura, devido à redução de nutrientes, secagem do ágar e acúmulo de substâncias tóxicas. 0,16 Matéria seca (g) 0,14 0,12 0,1 0,08 0,06 0,04 0,02 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 Dias FIGURA 1 Curva de crescimento de calos de Stryphnodendron adstringens obtidos a partir de segmentos foliares inoculados em meio MS, contendo 9,05 M de 2,4D e 30 g L-1 de sacarose. De maneira semelhante, essa mesma curva de crescimento pode ser dividida em três fases: fase de crescimento lento (do dia da inoculação até o 30o dia), fase de crescimento ativo (do 31 o ao 70 o dia) e fase de estabilização (71 o dia em diante), sendo indicada a repicagem entre o 71o ao 100o dia. A curva de crescimento para calos de barbatimão apresentou um padrão semelhante ao de outras espécies medicinais de cerrado como Byrsonima intermédia A. Juss. (NOGUEIRA et al., 2008), Croton urucurana Baill.(LIMA, 2004), Rudgea viburnoides Benth. (BONILLA, 2002) e Derris sp. (CONCEIÇÃO, 2000). Atividade da fenilalanina amônia-liase e teores de fenóis e taninos totais Na figura 2, encontram-se representados os resultados da atividade da enzima fenilalanina amônia-liase e dos teores de fenóis totais verificados durante o período experimental. O explante inicial apresentou um teor médio de 0,65% de taninos totais, não se detectando, entretanto, a presença de taninos nos demais calos formados. Conforme pode-se observar, a atividade da fenilalanina amônia-liase situou-se entre 0,16 e 1,96 mol de ácido cinâmico h-1 g-1 de matéria fresca (p<0,05) (figura 2A). A atividade apresentou-se máxima no explante inicial (dia 0) e reduziu progressivamente até o 70o dia, período esse correspondente às fases lag, exponencial e linear. Entre o 71o ao 100o dia, ou seja, na fase de desaceleração, a atividade enzimática indicou uma tendência em se manter constante e a partir do 101o dia (fase estacionária), verificouse um pequeno incremento nessa atividade, da ordem de 26%. De maneira semelhante, os teores médios de fenóis totais acompanharam as variações observadas para a atividade enzimática e situaram-se em uma faixa de 0,29 a 3,99%, sendo o teor médio máximo observado no explante inicial (figura 2B). Os teores de fenóis totais reduziram significativamente até o 60o dia (fase lag e exponencial) e a partir do 61o ao 90o dia permaneceram praticamente constantes, com os menores níveis observados durante o período experimental, em torno de 0,37%, em média. A partir da fase estacionária (100o dia), verificou-se um aumento de 65% nos teores médios de fenóis totais. Estes resultados mostraram-se muito interessantes do ponto de vista fisiológico e fitoquímico e corroboram com relatos de Conceição (2000) e Lameira (1997), os quais citam que a fase estacionária corresponde ao período em que ocorre maior acúmulo de metabólitos secundários. Apesar de esses teores serem baixos, é importante ressaltar que o meio de cultura pode ser otimizado para produção em larga escala de fenóis totais e taninos, uma vez que foram obtidos in vitro, a partir de segmentos foliares e de forma convencional são extraídos da casca da planta adulta, cultivada in vivo. A presença de baixos teores de fenóis e a ausência de taninos pode estar associada à alta atividade metabólica relacionada ao crescimento dos calos (mitose), o que demanda elevada quantidade de substrato necessário à Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 99-104, 2008 2,5 103 4,5 A B 4 2 3,5 Fenóis Totais (%) Atividade da Fenilalanina Amônia-Liase (mmol de ác. cinâmico h -1 g-1 MF) Curva de crescimento, atividade da fenilalanina... 1,5 1 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0,5 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 Dias Dias FIGURA 2 Valores médios de atividade da enzima fenilalanina amônia-liase (A) e teores de fenóis totais (B) em Stryphnodendron adstringens, durante o período experimental. produção de energia. Segundo Botta et al. (2001), a diferenciação celular, assim como a desaceleração da atividade mitótica, progressivamente, permite o acúmulo de compostos derivados do metabolismo secundário. Para Lavola et al. (2000) e Peñuelas et al. (1997), variações nos teores de metabólitos secundários não podem ser explicadas somente pelas diferenças na disponibilidade de carboidratos, devendo-se considerar também a disponibilidade de precursores para a sua síntese e as mudanças nos padrões de síntese e catabolismo desses compostos. CONCLUSÕES A curva de crescimento para calos de barbatimão apresentou um padrão sigmoidal, com cinco fases distintas, sendo indicada a repicagem entre o 71o ao 100o dia. Alta atividade e maiores teores de fenóis totais foram observados no explante inicial, com reduções progressivas até a fase linear. Na fase estacionária, observaram-se incrementos importantes na atividade da fenilalanina amônia-liase e nos teores de fenóis totais. Não se detectou a presença de taninos totais nos calos durante a determinação da curva de crescimento, na presença de 9,04 M de 2,4-D. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, J. S.; MALDONADO, R.; MUNOZ, T.; ESCRIBANO, M. I.; MERODIO, C. 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CONCENTRAÇÕES DE NH4NO3 E DE KNO3 NO DESENVOLVIMENTO DE EMBRIÕES1 105 DIRECT SOMATIC EMBRYOGENESIS OF Coffea arabica L.: CONCENTRATIONS OF NH4NO3 AND KNO3 ON THE DEVELOPMENT OF EMBRYOS JULIANA COSTA DE REZENDE2, MOACIR PASQUAL3, SAMUEL PEREIRA DE CARVALHO3, ESTER ALICE FERREIRA4, FLAVIA CARVALHO SANTOS5 1 Artigo extraído da dissertação de mestrado da primeira autora apresentada a Universidade Federal de Lavras/UFLA. Pesquisadora MSc Epamig Campus da UFLA Cx. P. 176 372000-000 Lavras, MG [email protected] 3 Professor Dr. Titular do Departamento de Agricultura/DAG Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P 3037 372000-000 Lavras, MG [email protected], [email protected] 4 Pesquisadora Dra. Epamig Cx. P. 351 Uberaba, MG [email protected] 5 Doutoranda em Fitotecnia Bolsista Capes [email protected] 2 RESUMO O melhoramento genético do cafeeiro tem incorporado através de cruzamentos, ganhos genéticos para produtividade e outras características de interesse agronômico. A introdução de métodos biotecnológicos para auxiliar os programas de melhoramento genético tem-se mostrado bastante útil, principalmente em culturas perenes, como é o caso do cafeeiro. Um importante método de propagação in vitro de plantas de Coffea é a embriogênese somática direta. Objetivou-se, com este trabalho, avaliar os efeitos de diferentes concentrações de NH4NO3 e KNO3 no desenvolvimento de embriões somáticos diretos de C. arabica L. cv. Rubi. Os tratamentos foram constituídos de cinco concentrações de NH4NO3 (0; 412,5; 825; 1237,5 e 1650 mg L-¹) e cinco concentrações de KNO3 (0; 475; 950; 1425 e 1900 mg L-¹) adicionados ao meio MS. O experimento foi mantido por 150 dias em sala de crescimento com irradiância em torno de 32 ìM m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas, com temperatura de 25 ± 1oC. As variáveis avaliadas foram número de folhas, comprimento da parte aérea e massa fresca da parte aérea. Os resultados indicaram que a utilização de 950 mg L-¹ de KNO3 combinada com 115,5 a 247,5 mg L-¹ de NH4NO3 como a mais indicada para o desenvolvimento de embriões somáticos de C. arabica L. Os resultados apontam ainda que a ausência de nitrogênio promove o maior peso das plântulas. of NH4NO3 (0; 412.5; 825; 1237.5 and 1650 mg L-¹) of MS formulation x KNO3 (0; 475; 950; 1425 and 1900 mg L-¹) MS formulation were tested for the development of somatic embryos. The experiments were maintained in a growth room under light intensity of 32 µMol m-2 s-1, photoperiods of 16 hours and temperature of 25 ± 1o C. The characteristics evaluated were: leaf number, shoot length and shoot fresh matter. The results indicated that the use of 950 mgL-¹ KNO3 combined with 115.5 to 247.5 mg L-¹ NH4NO3 is the most indicated for the development of somatic embryos of C. arabica L. The absence of nitrogen promotes the largest weight of plantlets. Termos para indexação: Nitrogênio, café cv. Rubi, Coffea arabica. O nitrogênio difere dos demais macronutrientes por ABSTRACT Coffee breeding programs have incorporated, using artificial crossings, genetic benefits for productivity and other characteristics of agronomic interest. The introduction of biotechnology methods to improve genetic breeding programs has demonstrated to be useful, mainly in perennial cultures, as coffee species. An important method of in vitro propagation of Coffea plants is somatic embryogenesis. Therefore, the objective of this work was to obtain the most adequate combinations of culture medium components, for plantlets growth. The influence Index Terms: Nitrogen, Coffee cv. Rubi, Coffea arabica. INTRODUÇÃO O nitrogênio é um dos elementos necessários e ativos para diversos processos metabólicos da planta, pois é constituinte de várias biomoléculas essenciais, tais como aminoácidos, ácidos nucléicos, enzimas e proteínas e, juntamente com a sacarose, é o principal componente em quantidade no meio de cultura. apresentar-se na forma de cátion (amônio) e ânion (nitrito e nitrato) contribuindo de forma efetiva tanto no metabolismo celular como na regulação do seu potencial osmótico. Atua como agente tamponante e favorece a absorção de outros íons presentes no meio (NAGAO et al., 1994). A vantagem dos tecidos vegetais receberem pelo menos parte do nitrogênio sob uma forma prontamente reduzida é que haveria uma diminuição no gasto de energia (Recebido em 14 de fevereiro de 2007 e aprovado em 16 de outubro de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 105-110, 2008 106 REZENDE, J. C. de et al. que ocorre na conversão enzimática de nitrato a amônio (GEORGE et al., 1987). O efeito dessas diferentes formas inorgânicas, separadamente, pode promover ou não o crescimento e desenvolvimento de determinadas espécies de plantas, enquanto a combinação das duas estimula o crescimento de muitas espécies in vitro (CALDAS et al., 1998). De acordo com George & Sherrington (1984), o desenvolvimento e morfogênese em cultura de tecidos são acentuadamente influenciados pela disponibilidade de nitrogênio e pela forma como o mesmo é fornecido. Alta concentração de sais do meio MS, comparada a outros meios, especificamente dos níveis de amônio (-NH4) e nitrato (-NO3), pode ser crítica no processo de morfogênese e crescimento (SAKUTA & KOMAMINE, 1987), estando pois, a demanda energética fornecida pelo metabolismo de carboidratos e a assimilação destes íons diretamente relacionada com o sucesso da cultura in vitro. Sato (1994) estudou o efeito de diferentes concentrações de nitrogênio sobre a propagação de três diferentes clones de gérbera de vaso (Gerbera jamesonii Adlam.), e concluiu que a concentração de nitrogênio do MS completo inibe a regeneração de brotos, enquanto a utilização de concentrações diluídas favorece a indução dos brotos. Bespalhok et al. (1992), estudaram a concentração de nitrato de amônia na indução de brotos em estevia (Stevia rebaudiana (Bertoni) Bertoni) e constataram que a concentração de nitrato de amônia do MS é tóxica. Obteve maior indução de brotações usando ¼ de nitrato de amônia no meio MS. Por outro lado, Tadesse et al. (2000), verificaram que a ação de diferentes concentrações de nitrogênio promoveu um incremento inicial da área foliar das plântulas formadas, mas ocasionou efeitos relativamente negativos no aumento da área foliar das plântulas durante a aclimatização. O nitrato, como única fonte de nitrogênio, sustenta boa taxa de crescimento em algumas culturas, como roseira (Rosa gallica L.) (NASH & DAVIES, 1972) e trigo (Triticum ssp) (BAYLEY et al., 1972; GAMBORG et al., 1968; GAMBORG & SHYLUK, 1970). Entretanto, há espécies que não crescem bem com o nitrato no meio como, por exemplo, o arroz (Oriza sativa L.) (SARGENT & KING, 1974; YATAZAWA & FURUHASHI, 1968). Grewal et al. (1980), citados por Grattapaglia & Machado (1990), verificaram em culturas de eucalipto (Eucaliptus citriodora Hook.) que, ao se reduzir pela metade as concentrações de nitrato de amônio e de potássio do meio MS, a taxa de multiplicação dobrava. Essa mesma concentração proporcionou o melhor comprimento da parte aérea em embriões zigóticos de C. arabica L. (RIBEIRO, 2001). A maioria das plantas prioriza a absorção de NH4+ a NO3-, porém é necessário encontrar o balanço ideal de NH4+/NO3- para o ótimo crescimento in vitro (SATO, 1994). Objetivou-se, com este trabalho, estudar os efeitos de diferentes concentrações de NH4NO3 e KNO3 do meio MS no desenvolvimento de embriões somáticos diretos de C. arabica L. cv. Rubi. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, MG. Foram utilizados como explantes, embriões de C. arabica cv. Rubi provenientes da embriogênese somática direta. Os embriões somáticos foram induzidos em meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) com 50% dos sais, acrescido de 20 mg L-1 de GA3, 6 mg L-1 de cinetina, 8 mg L-1 de ANA, 100mg L-1 de caseína hidrolisada e 400mg L1 de extrato de malte. Os tubos de ensaio foram mantidos durante 150 dias sob condições de obscuridade, com temperatura de 25 ± 1oC. Os embriões somáticos induzidos nesse processo foram individualizados em tubos de ensaio e mantidos, durante 30 dias, em meio MS, objetivando a homogeneização do material para a realização deste experimento. No preparo do meio foram utilizadas soluçõesestoque armazenadas em frascos de vidro escuro, a temperaturas em torno de 5°C. Os tratamentos foram constituídos de cinco concentrações de NH4NO3 (0; 475; Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 105-110, 2008 Embriogênese somática direta de Coffea arabica... 950; 1425 e 1900 mg L-¹) e cinco concentrações de KNO3 - (0; 475; 950; 1425 e 1900 mg L ¹) adicionados ao meio MS. O meio foi solidificado com 5g L -1 de ágar e o pH ajustado para 5,8 ± 0,1, utilizando NaOH 0,5 e 0,1 N ou HCl 0,5 N e 0,1 N e distribuído em tubos de ensaio, cada um recebendo 15 mL do mesmo. Os tubos foram vedados com tampas plásticas translúcidas antes do processo de autoclavagem a 121°C e 1 atm, por 20 minutos. Após o resfriamento, o meio foi levado à câmara de fluxo laminar desinfestada com álcool 70% (etanol), onde foi feita a inoculação dos explantes. Os tubos foram vedados com parafilme e mantidos em sala de crescimento com irradiância em torno de 32 ìM m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas, com temperatura de 25 ± 1oC. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições e três tubos por parcela, cada tubo contendo um explante. Aos 150 dias após a instalação, foram avaliadas as variáveis número de folhas, comprimento da parte aérea e peso da matéria fresca das plântulas. Os valores observados foram submetidos à análise de variância para dados desbalanceados. Utilizou-se o procedimento GLM, disponível no aplicativo computacional SAS ® (SAS INSTITUTE, 1990). Em situações em que a análise de variância não confirmou a normalidade dos resíduos, para o comprimento da parte aérea e peso da matéria fresca os dados sofreram 107 uma transformação para garantir que essa pressuposição fosse atendida. As transformações utilizadas foram x e 5 x 1 0, 2 , respectivamente. A variável número de folhas atendeu às pressuposições de normalidade. A análise de variância do peso da matéria fresca foi realizada por meio do método dos quadrados mínimos ponderados pelo inverso das variâncias de cada tratamento, uma vez que esses apresentaram heterogeneidade de variâncias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo das concentrações de NH4NO3 e KNO3 para o número de folhas e peso da matéria fresca das plântulas (Tabela 1). Observa-se que a interação entre os fatores mostrou-se significativa em relação a todas as características avaliadas a 5% de probabilidade, pelo teste F. Número de folhas Analisando-se as curvas de regressão, observase, na Figura 1, que houve formação de maior número de folhas quando foram adicionados ao meio de cultura 1900 mg L-¹ de KNO3 combinado com 129,85 mg L-¹ de NH4NO3 (média de 11,63 folhas). Com a utilização de 950 mg L-¹ de KNO3 combinada com 878,79 mg L-¹ de NH4NO3, pôde-se observar a formação média de 10,01 folhas. Dessa forma, como a diferença é mínima, justifica-se a utilização de 950 mg L-¹ de KNO3, com o objetivo de redução dos custos. TABELA 1 Análise de variância dos dados relativos ao número de folhas (NF), comprimento da parte aérea (CPA) e peso da matéria fresca (PMF), das plântulas de Coffea arabica cv. Rubi cultivadas em diferentes concentrações de NH4NO3 e KNO3. Fonte de variação GL QM NF CPA (cm) PMF (g) NH4NO3 4 45,8337* 0,1152 1,7450* KNO3 4 23,0014* 0,0837 2,2117 NH4NO3 x KNO3 16 20,447* 0,1215* 1,5139* Erro 135 9,1386 0,0584 0,5871 51,62 23,57 9,12 CV (%) * Significativo a 5%, pelo teste F. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 105-110, 2008 108 REZENDE, J. C. de et al. Número de folhas (unid.) . 12 10 8 6 4 2 0 0 412,5 825 1237,5 1650 NH4NO3 (mg L-1) Y KNO3 475, Y KNO3 1425 = ns Y KNO3 0 = 4,35743 - 0,02046X - 0,0003936X2 + 0,91484LN(X+1) R2 = 0,7819 Y KNO3 950 = 2,38286 + 0,28657X - 0,00269X2 R2 = 0,9544 Y KNO3 1900 = 4,67671 - 0,70436X + 0,00471X2 + 5,59020LN(X+1) R2 = 0,9811 FIGURA 1 Número folhas de plântulas de Coffea arabica cv. Rubi cultivadas em diferentes concentrações de NH4NO3 combinadas com 0,950 e 1900 mg L-¹ de KNO3. Esses autores conseguiram diminuir o efeito tóxico do amônio apenas diminuindo a concentração de nitrato de amônio no meio MS. O número de folhas obtidas na ausência de KNO3 foi inferior, quando comparado aos demais tratamentos (a maior média observada foi 6,58 folhas na concentração de 376,26 mg L-¹ de NH 4NO 3), evidenciando, assim, a importância desse sal para o desenvolvimento de folhas em plântulas de C. arabica cv. Rubi. Os resultados obtidos confirmam citações (MAGALHÃES & WILCOX, 1987; SAKUTA & KOMAMINE, 1987), de que o nitrogênio é um dos elementos essenciais e ativos para diversos processos metabólicos da planta, pois, é constituinte de várias biomoléculas essenciais, como aminoácidos, ácidos nucléicos, proteínas, enzimas e outros. Comprimento da parte aérea 1,4 1,3 Comprimento da parte aérea (cm) . . Contudo, concentrações acima de 878,79 mg L-¹ de NH4NO3 combinadas com 950 mg L-¹ de NH4NO3 ou na ausência desse, provocaram redução no número de folhas, possivelmente por toxidez causada pelo amônio, devido à sua concentração mais elevada em relação ao nitrato no meio de cultura. Quando o nitrogênio é fornecido somente na forma de sais inorgânicos de amônio as células in vitro apresentam sintomas de toxidez (GAMBORG & SHYLUK, 1970; YATAZAWA & FURUHASHI, 1968), demonstrando assim a necessidade de combinação dessas duas fontes no meio de cultura. Segundo Raab & Terry (1994), em virtude do grande requerimento de energia fotoquímica para a redução bioquímica do nitrato, era de se esperar que as plantas crescessem melhor em meios com amônia do que em meios com nitrato como única fonte de nitrogênio, no entanto, observou-se o inverso. Esses mesmos autores apontam como causa desse paradoxo, o efluxo de íons H+ que ocorre devido à absorção do íon amônio, provocando acidificação do meio impedindo a absorção de nutrientes. Segundo Hashimoto et al. (1992), a presença de amônio in vitro poderia acidificar o meio favorecendo a síntese de carbamatos e também a atividade de anidrase carbônica. 1,2 1,1 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0 412,5 825 1237,5 1650 NH4NO3 (mg L-1) KNO3 0, Y KNO3 475, Y KNO3 1900 = ns Y KNO3 950 0,90002 - 0,01368X + 0,00004223X2 + 0,20762LN(X+1) R2 = 0,9793 Y KNO3 1425 = 0,99217 - 0,01854X + 0,00054029X2 - 0,00000342X3 R2 = 0,6948 FIGURA 2 Comprimento da parte aérea de plântulas de C. arabica cv. Rubi cultivadas em diferentes concentrações de NH4NO3 combinadas com 950 e 1425 mg L-¹ de KNO3. Analisando-se o efeito das concentrações de KNO3 e NH4NO3 no gráfico da Figura 2, observa-se que a utilização de 950 mg L-¹ de KNO3, associada a 280,86 mg L-¹ de NH4NO3, promoveu o maior desenvolvimento da parte aérea (1,28 cm, dados transformados). Os resultados Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.4, n.2, p. 105-110, 2008 Embriogênese somática direta de Coffea arabica... concordam, em parte, com os obtidos por Ribeiro (2001), trabalhando com embriões zigóticos de C. arabica, que recomenda a adição de 950 mg L-¹ de NH4NO3 e KNO3 no meio de cultura para comprimento da parte aérea. Observa-se, ainda que, utilizando-se a concentração de 1425 mg L-¹ de KNO3 há redução no comprimento da parte aérea das plântulas até a concentração de 420,91 mg L-¹ de NH4NO3, havendo, a partir desse ponto, incremento no desenvolvimento da variável até a concentração de 1491,31 mg L-¹ de KNO3 (1,32 cm, dados transformados). Esses resultados demonstram que as respostas de interação entre fontes de nitrogênio variam em função das concentrações utilizadas. Na ausência de NH 4 NO 3 , em ambas as concentrações estudadas, o comprimento da parte aérea foi inferior (0,9 e 0,97 cm, respectivamente, nas concentrações de 950 e 1425 mg L-¹ de KNO3) evidenciando, mais uma vez, a importância desse sal no desenvolvimento de embriões em C. arabica cv. Rubi. mg L-¹ de NH4NO3 (Figura 3), observando-se aumento do peso da matéria fresca a partir deste ponto. Para a concentração de 950 mg L-¹ de KNO3 ocorreu aumento do peso da matéria fresca até a concentração de 1002,21 mg L¹ de NH4NO3. Porém, o maior valor foi registrado na ausência de ambos os sais estudados (9,76 g). Da mesma forma, Grossi (2000) trabalhando com bromélia, observou que a menor concentração de nitrogênio promoveu maior produção de massa fresca. Kanashiro et al. (2007), observou decréscimo linear na massa fresca de folhas de bromélia à medida que se aumentou a concentração de nitrogênio (entre 7,5 e 120 mM), sendo que para cada mM de nitrogênio acrescido ao meio, houve um decréscimo de 0,0018 g na massa fresca. Provavelmente, o cultivo em concentrações maiores de nitrogênio tenderia a diminuir a produção de massa fresca, como foi observado no presente experimento. CONCLUSÕES Com base no crescimento da parte aérea e na formação do maior número de folhas, a utilização de 950 Peso da matéria fresca 10,5 mg L-¹ de KNO3 combinada com 115,5 a 247,5 mg L-¹ de NH4NO3 é mais indicada para o desenvolvimento de embriões somáticos de Coffea arabica L. Os resultados indicam ainda que a ausência de nitrogênio promove o maior peso das plântulas. 10 Peso da matéria fresca (g) . 109 9,5 9 8,5 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7,5 7 6,5 6 0 412,5 825 NH4NO3 (mg L-1) 1237,5 1650 Y KNO3 475; Y KNO3 1425; Y KNO3 1900 = ns Y KNO3 0 = 9,68811 - 0,06491X + 0,00061019X2 R2 = 0,9017 Y KNO3 950 = 8,00708 + 0,02278X 0,00022883X2 R2 =0,9053 FIGURA 3 Peso da matéria fresca de plântulas de C. arabica cv. Rubi cultivadas em diferentes concentrações de NH4NO3 combinadas com 0,950 mg L-¹ de KNO3. Na ausência de KNO3 houve decréscimo do peso da matéria fresca associado ao incremento das concentrações de NH4NO3 até a concentração de 917,75 BAYLEY, J. M.; KING, J.; GAMBORG, O. L. The effect of the source of inorganic nitrogen growth and enzymes of nitrogen assimilation in soybean and wheat cells in suspension cultures. Planta, Berlin, v. 105, p. 15-24, 1972. BESPALHOK, J. C. F.; VIEIRA, L. G. E.; HASHIMOTO, J. M. 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É condição fundamental que os artigos/comunicações submetidos à apreciação da revista Plant Cell Culture & Micropropagation não foram e nem serão publicados simultaneamente em outro lugar. Com a aceitação do artigo para publicação, os editores adquirem amplos e exclusivos direitos sobre o artigo para todas as línguas e países. A publicação de artigos/comunicações dependerá da observância das Normas Editoriais, dos pareceres do Corpo Editorial e da Comissão ad hoc. Todos os pareceres têm caráter sigiloso e imparcial, e tanto os autores quanto os membros do Corpo Editorial e/ou Comissão ad hoc não obtêm informações identificadoras entre si. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos e comunicações serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). 1. SUBMISSÃO: Cada trabalho deverá ter no máximo 14 páginas e junto do mesmo deverá ser encaminhado ofício dirigido ao Editor Chefe da revista, solicitando a publicação do artigo. Esse ofício deverá conter o pedido de apreciação na revista ao editor chefe, a declaração de ser um trabalho original e não ter sido submetido a nenhuma outra revista, ser assinado por todos os autores, constar o endereço completo, telefone e e-mail de todos. Qualquer inclusão, exclusão ou alteração na ordem dos autores, deverá ser notificada mediante ofício assinado por todos os autores (inclusive do autor excluído). Originais: quatro vias impressas e uma via em CDR, com texto e ilustrações e gráficos. Das 4 vias impressas apenas 1 deve conter os nomes completos dos autores e rodapé na primeira página. Processador de texto: Word for Windows (version 98, 2000, XP ou 2003) Redigido em português, inglês ou espanhol Espaçamento do texto: Duplo. Margens: esquerda (3cm), direita (2cm), inferior e superiores (2,5cm). Cabeçalho e Rodapé (2,5cm). Papel: formato A4 Fonte: Times New Roman, tamanho 12 Número de páginas: até 14 páginas, numeradas consecutivamente, incluindo as ilustrações Tabelas: devem fazer parte do corpo do artigo e ser apresentadas no módulo tabela do Word. O título deve ficar acima. Gráficos, Figuras e Fotografias: devem ser apresentados em preto e branco, nítidos e com contraste, escaneados, inseridos no texto após a citação dos mesmos e também em um arquivo à parte, salvos em extensão tif ou jpg , com resolução de 300 dpi. Os gráficos devem vir também em excel, com letra Times New Roman, tamanho 10, sem negrito, sem caixa de textos e agrupados, em arquivo à parte. Símbolos e Fórmulas Químicas: deverão ser feitos em processador que possibilite a formatação para o programa Page Maker, sem perda de suas formas originais. 2. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO 2.1. O artigo científico deve ser apresentado na seguinte seqüência: TÍTULO Suficientemente claro, conciso e completo, evitando-se palavras supérfulas, em letras maiúsculas, centralizado, em negrito, em português e inglês. AUTORES Máximo de 6 autores Nomes completos sem abreviação, com chamada para nota de rodapé da primeira página em apenas 1 das 4 vias do manuscrito Rodapé deve conter: titulação instituição a que o autor está filiado endereço da instituição CEP cidade, estado endereço de e-mail, do respectivo autor. RESUMO Deve condensar, em um único parágrafo, o conteúdo, expondo objetivos, materiais e métodos, os principais resultados e conclusões em não mais do que 250 palavras. De acordo com as normas da NBR6028 Termos para indexação : no mínimo de três e máximo de cinco. Não devem repetir os termos que se acham no título, podem ser constituídas de expressões curtas e não só de palavras e devem ser separadas por vírgula. Se possível, extraídas do vocabulário: Thesagro Thesaurus Agrícola Nacional, desenvolvido pela CENAGRI (indicação da revista Plant Cell Culture & Micropropagation para evitar o uso de vários sinônimos como termos de indexação) ABSTRACT Além de seguir as recomendações do resumo, não ultrapassando 250 palavras, deve ser uma tradução próxima do resumo. Index terms: representam a tradução das palavras-chave para a língua inglesa. INTRODUÇÃO Deve apresentar uma visão concisa do estado atual do conhecimento sobre o assunto, que o manuscrito aborda e enfatizar a relevância do estudo, sem constituirse em extensa revisão e, na parte final, os objetivos da pesquisa. Deve incluir a revisão de literatura. MATERIAL E MÉTODOS Esta seção pode ser dividida em subtítulos, indicados em negrito. RESULTADOS E DISCUSSÃO Podem ser divididas em subseções, com subtítulos concisos e descritivos, e conter tabelas e figuras. CONCLUSÕES Finalizar com os resultados de acordo com os objetivos do trabalho AGRADECIMENTOS Se for o caso ao fim do texto, e antes das Referências Bibliográficas, a pessoas ou instituições. O estilo, também aqui, deve ser sóbrio e claro, indicando as razões pelas quais se fazem os agradecimentos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Devem seguir as normas para citação no texto e na seção própria. 2.2. A comunicação científica deve ser apresentada na seguinte seqüência: TÍTULO Suficientemente claro, conciso e completo, evitando-se palavras supérfluas, em letras maiúsculas, centralizado, em negrito, em português e inglês. AUTORES Máximo de 6 autores Nomes completos sem abreviação, com chamada para nota de rodapé da primeira página em apenas 1 das 4 vias do manuscrito Rodapé deve conter: titulação instituição a que o autor está filiado endereço da instituição CEP cidade, estado endereço de e-mail, do respectivo autor. RESUMO Deve condensar, em um único parágrafo, o conteúdo, expondo objetivos, materiais e métodos, os principais resultados e conclusões em não mais do que 250 palavras. De acordo com as normas da NBR6028 Termos para indexação : no mínimo de três e máximo de cinco. Não devem repetir os termos que se acham no título, podem ser constituídas de expressões curtas e não só de palavras e devem ser separadas por vírgula. Se possível, extraídas do vocabulário: Thesagro Thesaurus Agrícola Nacional, desenvolvido pela CENAGRI (indicação da revista Plant Cell Culture & Micropropagation para evitar o uso de vários sinônimos como termos de indexação) ABSTRACT Além de seguir as recomendações do resumo, não ultrapassando 250 palavras, deve ser uma tradução próxima do resumo. Index terms: representam a tradução das palavras-chave para a língua inglesa. Texto: sem subdivisão, porém com introdução, material e métodos, resultados e discussão (podendo conter tabelas e gráficos e conclusão subentendidas. AGRADECIMENTOS Se for o caso ao fim do texto, e antes das Referências Bibliográficas, a pessoas ou instituições. O estilo, também aqui, deve ser sóbrio e claro, indicando as razões pelas quais se fazem os agradecimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Devem seguir as normas para citação no texto e na seção própria. 3. CASO O ARTIGO CONTENHA FOTOGRAFIAS, GRÁFICOS, FIGURAS, SÍMBOLOS E FÓRMULAS, ESSAS DEVERÃO OBEDECER ÀS SEGUINTES NORMAS: 3.1. Fotografias deverão ser apresentadas em preto e branco, nítidas e com contraste, inseridas no texto após a citação das mesmas e também em um arquivo à parte, salvas em extensão TIFF ou JPEG com resolução de 300 dpi. 3.2. Figuras deverão ser apresentadas em preto e branco, nítidas e com contraste, inseridas no texto após a citação das mesmas e também em um arquivo à parte, salvas em extensão TIFF ou JPEG com resolução de 300 dpi. As figuras deverão ser elaboradas com letra Times New Roman, tamanho 10, sem negrito; sem caixa de textos e agrupadas. 3.3. Gráficos deverão ser inseridos após citação dos mesmos, dentro do próprio texto, elaborado preferencialmente em Excel, com letra Times New Roman, tamanho 10, sem negrito; sem caixa de textos e agrupadas. 3.4. Símbolos e Fórmulas Químicas deverão ser feitas em processador que possibilite a formatação para o programa Page Maker (ex: MathType, Equation), sem perda de suas formas originais. OBS: A formatação correta é parte imprescindível para que o trabalho seja devidamente protocolado. Caso este não esteja nas normas, o mesmo será recusado. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: as referências bibliográficas devem ser citadas conforme a NBR6023/2002 da ABNT. A exatidão das referências constantes da listagem e a correta citação no texto são de responsabilidade do(s) autor(es) do artigo. 4.1. Orientações gerais: - Deve-se apresentar todos os autores do documento científico (fonte); - O nome do periódico deve ser descrito por extenso, não deve ser abreviado; - Em todas as referências deve-se apresentar o local de publicação (cidade), a ser descrito no lugar adequado para cada tipo de documento; - As referências devem ser ordenadas alfabeticamente. 4.2. Exemplificação (tipos mais comuns): ARTIGO DE PERIÓDICO: VIEIRA, R. F.; RESENDE, M. A. V. de. Épocas de plantio de ervilha em Patos de Minas, Uberaba e Janaúba, Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 24, n. 1, p. 7480, jan./mar. 2000. LIVRO: a) livro no todo: STEEL, R. G. D.; TORRIE, J. H. Principles and procedures of statistics. New York: McGraw-Hill Book, l960. 481 p. b) Parte de livro com autoria específica: FLEURY, J. A. Análise ao nível de empresa dos impactos da automação sobre a organização da produção de trabalho. In: SOARES, R. M. S. M. Gestão da empresa. Brasília: IPEA/ IPLAN, 1980. p. 149-159. c) Parte de livro sem autoria específica: MARTIM, L. C. T. Nutrição de bovino de corte em confinamento. In: ______. Confinamento de bovino de corte. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1986. cap. 3, p. 29-89. DISSERTAÇÃO E TESE: GONÇALVES, R. A. Preservação da qualidade tecnológica de trigo (Triticum aestivum L.) e controle de Rhyzopertha dominica (F.) durante o armazenamento em atmosfera controlada com Co2 e N2. 1997. 52 f. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1997. MATIOLI, G. P. Influência do leite proveniente de vacas mastíticas no rendimento de queijo frescal. 2000. 55 p. Dissertação (Mestrado em Ciências dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2000. Nota: A folha é composta de duas páginas: anverso e verso. Alguns trabalhos, como teses e dissertações são impressos apenas no anverso e, neste caso, indica-se f. (ABNT, NBR6023/2002, p. 18). TRABALHOS DE CONGRESSO E OUTROS EVENTOS: SILVA, J. N. M. Possibilidades de produção sustentada de madeira em floresta densa de terra firme da Amazônia brasileira. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6., 1990, Campos do Jordão. Anais... Campos do Jordão: SBS/ SBEF, 1990. p. 39-45. DOCUMENTOS ELETRÔNICOS: As obras consultadas online são referenciadas conforme normas específicas para cada tipo de documento (monografia no todo e em parte, trabalho apresentado em evento, artigo de periódico, artigo de jornal, etc.), acrescidas de informações sobre o endereço eletrônico apresentado entre braquetes (< >), precedido da expressão Disponível em: e da data de acesso ao documento, precedida da expressão Acesso em: . Nota: Não se recomenda referenciar material eletrônico de curta duração nas redes (ABNT, NBR6023/2000, p. 4). Segundo padrões internacionais, a divisão de endereço eletrônico, no fim da linha, deve ocorrer sempre após barra (/). Monografia (acesso online): a) livro no todo TAKAHASHI, T. (Coord.). Tecnologia em foco. Brasília: Socinfo/MCT, 2000. 90 p. Disponível em: <http// www.socinfo.org.br>. Acesso em: 22 ago. 2000. b) parte de livro TAKAHASHI, T. Mercado, trabalho e oportunidades. In: ______. Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Socinfo/MCT, 2000. cap. 2, p. 13-24. Disponível em: <http://www.socinfo.gov.br>. Acesso em: 22 ago. 2000. c) Parte de congresso, seminário, etc. GIESBRECHT, H. O. Avaliação de desempenho de institutos de pesquisa tecnológica: a experiência de projeto excelência na pesquisa tecnológica. In: CONGRESSO ABIPTI, 2000, Fortaleza. Gestão de institutos de pesquisa tecnológica. Fortaleza: Nutec, 2000. Disponível em: <http://www.abipti.org.br>. Acesso em: 01 dez. 2000. d) Tese SILVA, E. M. Arbitrariedade do signo: a língua brasileira de sinais (LIBRAS). 1997. 144 p. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada e Estudo de Língua) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1997. Disponível em: <http://www.terra.com.br/virtualbooks/ freebook/port/did/ teses.htm>. Acesso em: 28 nov. 2000. O INFORMARÁ SOBRE SUA PUBLICAÇÃO. OS ARTIGOS QUE NECESSITAREM DE MODIFICAÇÕES SERÃO DEVOLVIDOS AO AUTOR PARA A DEVIDA REVISÃO. Artigo de periódico (acesso online): 7. OS ARTIGOS SERÃO PUBLICADOS EM ORDEM DE APROVAÇÃO. RESENDE, A. M. G. Hipertexto: tramas e trilhas de um conceito contemporâneo. Informação e Sociedade, Recife, v. 10, n. 1, 2000. Seção Educação. Disponível em: <http:// www.informaçãoesociedade.ufpb.br/>. Acesso em: 30 nov. 2000. CITAÇÃO: PELO SISTEMA ALFABÉTICO (AUTORDATA) (conforme ABNT, NBR10520/2002) Dois autores - Steel & Torrie (1960) ou (STEEL & TORRIE, 1960). Três ou mais autores - Valle et al. (l945) ou (VALLE et al., 1945). Obs.: Quando forem citados dois autores de uma mesma obra deve-se separá-los pelo sinal & (comercial). 5. O EDITOR CHEFE NOTIFICARÁ O AUTOR DO RECEBIMENTO DO ORIGINAL E, POSTERIORMENTE, 6. OS ARTIGOS NÃO APROVADOS SERÃO DEVOLVIDOS. 8. O NÃO-CUMPRIMENTO DESSAS NORMAS IMPLICARÁ NA DEVOLUÇÃO DO ARTIGO AO AUTOR. 9. OS CASOS OMISSOS SERÃO RESOLVIDOS PELA COMISSÃO EDITORIAL. 10. O ARTIGO DEVERÁ SER ENVIADO PARA: ABCTP Plant Cell Culture & Micropropagation Universidade Federal de Lavras Departamento de Biologia/Setor de Fisiologia Vegetal Caixa Postal: 3037 CEP 37200-000 Lavras MG INSTRUCTIONS FOR AUTHORS Plant Cell Culture & Micropropagation , a semestral journal edited by Editora UFLA of the Universidade Federal de Lavras, publishes scientific articles and communications in the area of plant tissue culture, elaborated by researchers of the national and international scientific community. One of the authors must be associated and have paid all charges required by the ABCTP (Plant Tissue Culture Association) in order to be tax free for publication in Plant Cell Culture & Micropropagation. Submission of a manuscript implies that it is neither under consideration for publication elsewhere nor has appeared previously in part or in whole. On acceptance for publication, authors assign to the Editors full copyright of the manuscript in all languages and countries. Publications will depend on editorial rules and on the review of experts and ad hoc commission. Reviewer and editorial opinions will be anonymously communicated to authors. Concepts and affirmations included in articles and communications are of the entire responsibility of the authors. 1. SUBMISSION The manuscript must present a maximum of 14 pages. At the time of submission, a cover letter must be sent with the manuscript copies to the Editor requesting publication of the article. This cover letter must be signed by all authors and also contain the full address, telephone number and e-mail of the authors. Any inclusion, exclusion or alteration in the authors order must be notified and signed by all authors including the one excluded. Original: Four copies and CD with text and illustrations. Only one of the 4 printed copies must contain the full names of the authors and footnote in the first page. Format: Word for Windows (version 98, 2000, XP ou 2003) Spacing of the text: Double. Margin on the left hand side and 2.0 cm margin on the right hand side, 2.5 cm upper and lower margin, 2.5 cm for the heading and 2.,5 cm for the footnote Paper: A4 format Source: Times New Roman, size 12 Number of pages: up to 14 pages, including the illustrations Tables: Tables should be part of the body of the paper and they must be presented in Word or Excel. The title should be above and be presented in the language in which the article was written and in English. The vertical lines separating the columns should not appear. Graphs/Figures/Photographs: must be presented in black and white, clear and with contrast, scanned, inserted in the text after citation and also in a separate file (on the same diskette as the article) saved in extension tif or jpg , with resolution of 300 dpi. The title should be below and presented in the language in which the article was written and in English. Symbols and Chemical Formula: must be presented using a word processor that permits a format Page Maker. 2. STRUCTURE AND ORGANIZATION 2.1. The article should be presented in the following sequence: TITLE In English language, containing no more than 15 words in capital letters and bold. AUTHORS Maximum of 6 authors Full names, with call for baseboard note with the following information on first page only 1 copys.They should come in the footnote of the first page in only one of the four printed copies. : Footnote: titulation name of the institution to which the authors belong address of institution ZIP CODE city, state mail address. ABSTRACT should be informative and condensed and should explain the objectives, material and methods, results and conclusion of the work in a maximum of 250 words all written in one paragraph. For articles written in English the abstract should also be presented in Portuguese. Key words: minimum of three and maximum of five. They should not repeat words that are already in the title. These may include phrases as well as individual words and should be separate by commas. For articles written in English the key-words should also be presented in Portuguese. INTRODUCTION Should present a concise vision of the current level of knowledge that has been achieved within the subject area that the paper will discuss. It should neither give an extensive review nor should it include details about the results and discussion. It should clearly indicate the objectives of the research that was carried out. MATERIALAND METHODS This section can contain subdivisions, with subtitles in bold print. RESULTS AND DISCUSSION This section can have subsection which begins with concise, descriptive titles in bold print. CONCLUSIONS Finishing agree of objectives of work ACKNOWLEDGEMENTS If applicable BIBLIOGRAPHICAL REFERENCES They should follow citation norms both in the text and in the appropriated section. 2.2 The Communication should be presented in the following sequence TITLE Sufficiently clear, conspicuous and complete, without superfluous words. It is recommended to initiate with the term that represent the most important aspect, with other terms in decreasing of importance TITLE IN PORTUGUESE; FULL NAME(S) OF THE AUTHOR(S) Maximum of 6 authors Full names, with call for baseboard note with the following information on first page only 1 copys.They should come in the footnote of the first page in only one of the four printed copies. Footnote: titulation name of the institution to which the authors belong address of institution ZIP CODE city, state mail address. ABSTRACT Written continuously without paragraph. It must not exceed 250 words. Index terms must be enclosed after the abstract using terms different from those used in the title and separated by comma. Index terms: (3 to 5) must be described in capital and small letters, and express the content of the article ABSTRACT AND INDEX TERMS IN PORTUGUESE Text: with no division but must include introduction, material and methods, results and discussion and conclusion (it may include tables and figures) ACKNOWLEDGEMENTS If applicable BIBLIOGRAPHICAL REFERENCES They should follow citation norms both in the text and in the appropriated section. 3. PHOTOGRAPHS, GRAPHS, FIGURES, SYMBOLS OR FORMULA CONTAINED IN THE ARTICLE SHOULD OBEY THE FOLLOWING RULES: 3.1. Photographs must be presented in black and white, clear and with contrast, inserted in the text after their citation and also in a separate file (on the same diskette as the article) saved in extension TIFF or JPEG with resolution of 300 dpi. 3.2. Figures must be presented in black and white, clear and with contrast, inserted in the text after their citation and also in a separate file (on the same diskette as the article) saved in extension TIFF or JPEG with resolution of 300 dpi. They must be elaborated using Times New Roman font, size 10, without bold, without text box and arranged. 3.3. Graphs must be inserted in the text after their citation, elaborated preferentially in Excel, using Times New Roman font, size 10, without bold. 3.4. Symbols and Chemical Formula must be presented using a word processor that permits a format for Page Maker (ex: MathType, Equation) without loss of its original form. 4. REFERENCES: references must be cited according to NBR6023/2002 of ABNT. All references and their correct citation in the text are of the entire responsibility of the author(s). 5. THE BRAZILIAN ASSOCIATION OF PLANT TISSUE CULTURE (ABCTP) WILL INFORM THE AUTHOR THE RECEIPT OF THE ORIGINAL MANUSCRIPT AND EVENTUALLY IT WILLALSO SEND INFORMATION REGARDING ITS PUBLICATION. MANUSCRIPTS THAT REQUIRE MODIFICATIONS WILL BE RETURNED TO THE AUTHOR FOR THE RESPECTIVE REVISION ANDCORRECTIONS. 6. MANUSCRIPTS NOT APPROVED WON T BE RETURNED TO THE AUTHOR. 7. ARTICLES WILL BE PUBLISHED ACCORDING TO THE ORDER OF RECEIPTAND APPROVAL. 8. IFANY OFTHESE RULES ARE NOTATTENDED THE MANUSCRIPTWILL BE RETURNED TO THE AUTHOR. 9. THE NEGLECTFUL CASES WILL BE SOLVED BY THE EDITORIAL COMMITTEE. 10. MANUSCRIPTS SHOULD BE SENT TO THE FOLLOWINGADDRESS: ABCTP Plant Cell Culture & Micropropagation Universidade Federal de Lavras Depto. de Biologia - Setor de Fisiologia Vegetal Caixa Postal: 3037 37200-000 Lavras MG BRAZIL