1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – UNESC PRISCILA PEREIRA VIANA PAULO LEMES DOS SANTOS FILHO ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRONTO SOCORRO AO PACIENTE EM EMERGÊNCIA CARDIOLÓGICA: UMA REVISÃO DA LITERATURA COLATINA 2009 2 PRISCILA PEREIRA VIANA PAULO LEMES DOS SANTOS FILHO ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRONTO SOCORRO AO PACIENTE EM EMERGÊNCIA CARDIOLÓGICA: UMA REVISÃO DA LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC, sob orientação da professora Roberta Milanez, para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem. COLATINA 2009 3 PRISCILA PEREIRA VIANA PAULO LEMES DOS ANTOS FILHO ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRONTO SOCORRO AO PACIENTE EM EMERGÊNCIA CARDIOLÓGICA: UMA REVISÃO DA LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC, para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem. ORIENTADORA Roberta Milanez, Professora do UNESC, Especialista em Enfermagem em alta complexidade - Urgência e Emergência e mestranda em Terapia Intensiva. Nota AVALIADOR Nota Colatina, ______ de __________________ de 2009. 4 Dedico este trabalho a Deus por ter me concedido a graça de concluir mais uma etapa de minha caminhada com sucesso. A meus pais, minhas irmãs, pelo carinho, amor e educação que muito contribuíram na minha formação. E ao Paulo, meu namorado, por sempre estar comigo e me apoiando muito nessa etapa da minha vida. 5 A minha orientadora Professora Roberta Milanez, pela dedicação e doação dispensadas para a elaboração desse trabalho. 6 "Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem se atreve... E a vida é muito para ser insignificante” Charles Chaplin 7 RESUMO O pronto socorro é destinado a promover serviços de emergência e urgência, os profissionais de saúde, por sua vez, devem atender às necessidades dos pacientes e as cobranças da instituição; precisam ser rápidos e imediatos em suas ações. As emergências cardiológicas são a primeira causa de morte no mundo e, dentre elas temos: Infarto Agudo do Miocárdio, emergência hipertensiva, disritmia cardíaca, Insuficiência Congestiva Aguda, Tromboembolismo Pulmonar e Edema Agudo de Pulmão. O objetivo do trabalho é orientar toda equipe de enfermagem a importância de conhecerem melhor a fisiopatologia dessas doenças, bem como as condutas para com os pacientes cardiopatas em estado emergencial. A equipe de enfermagem no pronto socorro deve estar preparada para, sem conhecimento prévio, atender as mais variadas situações de emergência, diferentemente das demais equipes de enfermagem de um hospital. O papel do enfermeiro no pronto socorro consiste em realizar a anamnese, o exame físico, executar tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando para uma continuidade do tratamento e medidas vitais. O processo de enfermagem proporciona uma estrutura lógica para a resolutividade dos problemas nesse ambiente. Após a estabilização e avaliação do paciente, os diagnósticos de enfermagem apropriados são formulados, o tratamento inicial é estabelecido e são feitas as metas para a designação correta do paciente. As prescrições de enfermagem são realizadas de forma interdependente, sob a orientação da enfermeira, sendo previstas com base no histórico do paciente. Por conseguinte, a evolução de enfermagem deve ser contínua, e os diagnósticos de enfermagem se modificam de acordo com a condição do paciente. Os pacientes podem ter vários diagnósticos, o foco se faz sobre aqueles com maior risco; com freqüência, são necessárias prescrições de enfermagem autônomas e interdependentes. Resumindo, o enfermeiro necessita compreender o processo de liderança e desenvolver as habilidades necessárias como: a comunicação, o relacionamento interpessoal, tomada de decisão e competência clínica, e aplicá-las na sua prática profissional. Palavras chaves: Emergências cardiológicas, assistência e enfermagem 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Anatomia cardíaca ................................................................................. 25 Figura 2 – Sistema respiratório ............................................................................... 31 Figura 3 – Manual de RCP...................................................................................... 41 Figura 4 – Protocolo para assistolia ........................................................................ 44 Figura 5 – Protocolo para RCP................................................................................ 46 9 SUMÁRIO RESUMO INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12 1 O PRONTO SOCORRO ......................................................................... 13 1.1 RECURSOS HUMANOS ..................................................................... 14 1.2 ÁREA FÍSICA ...................................................................................... 14 1.3 RECURSOS MATERIAIS .................................................................... 15 1.3.1 Carrinho de emergência............................................................... 17 2 PRINCIPIOS DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE EMERGÊNCIA .................................................................................... 20 2.1 TRIAGEM ............................................................................................ 20 2.2 AVALIAR E INTERVIR ........................................................................ 22 3 REVISÃO ANATÔMICA E FISIOLÓGICA DA FUNÇÃO CARDIOVASCULAR ................................................................................ 24 3.1 COMPARTIMENTOS CARDÍACOS .................................................... 25 3.2 VÁLVULAS CARDÍACAS .................................................................... 25 3.3 ARTÉRIAS CORONÁRIAS ................................................................. 26 3.4 MÚSCULO CARDÍACO ....................................................................... 26 3.5 FUNÇÃO DO CORAÇÃO: SISTEMA DE CONDUÇÃO ...................... 26 3.6 FISIOLOGIA DA FUNÇÃO CARDÍACA .............................................. 27 3.7 CICLO CARDÍACO .............................................................................. 28 3.8 DÉBITO CARDÍACO E VOLUME DE EJEÇÃO .................................. 29 4 REVISÃO ANATÔMICA E FISIOLÓGICA DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA ...................................................................................... 30 4.1 VIAS RESPIRATÓRIAS E PULMÕES ............................................... 30 4.2 O TÓRAX ............................................................................................ 31 4.3 MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS .......................................................... 31 4.4 TRANSPORTE DE OXIGÊNIO ........................................................... 32 4.5 RESPIRAÇÃO ..................................................................................... 32 4.5.1 Ventilação ....................................................................................... 33 4.6 EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE ................................................................. 33 10 5 DISTÚRBIOS CARDÍACOS MAIS COMUNS NO DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIA ................................................................................... 34 5.1 CRISES HIPERTENSIVAS ................................................................. 34 5.2 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO .................................................. 34 5.3 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA ................................................. 35 5.4 EDEMA AGUDO DE PULMÃO ........................................................... 36 5.5 DISRITMIAS CARDÍACAS .................................................................. 36 5.5.1 Fibrilação Atrial .............................................................................. 37 5.5.2 Fibrilação Ventricular .................................................................... 39 5.5.3 Taquicardia Paroxística Supraventricular .................................... 41 5.5.4 Bloqueio Atrioventricular .............................................................. 41 5.5.5 Assistolia ......................................................................................... 42 5.6 TROMBOELMBOLISMO PULMONAR ............................................... 43 5.7 PARADA CARDIORESPIRATÓRIA .................................................... 44 6 TERAPIA FARMACOLÓGICA .............................................................. 46 6.1 FIBRINOLÍTICOS ................................................................................ 46 6.2 ANTICOAGULANTES ......................................................................... 47 6.3 INIBIDORES PLAQUETÁRIOS ........................................................... 47 6.4 ANTIARRÍTMICOS .............................................................................. 48 6.4.1 Medicamentos antiarrítmicos da classe I ..................................... 49 6.4.2 Medicamentos antiarrítmicos da classe II ................................... 49 6.4.3 Medicamentos antiarrítmicos da classe III ................................... 50 6.4.4 Medicamentos antiarrítmicos da classe IV .................................. 50 6.4.5 Medicamentos antiarrítmicos não-classificados ........................ 51 6.5 INOTRÓPICOS ................................................................................... 51 6.5.1 Dopamina ........................................................................................ 52 6.5.2 Dobutamina ..................................................................................... 52 6.5.3 Epinefrina ........................................................................................ 52 6.5.4 Isoproterenol ................................................................................... 53 6.5.5 Norepinefrina .................................................................................. 53 6.5.6 Anriona ............................................................................................ 53 6.5.7 Milrinona .......................................................................................... 53 6.6 VASODILATADORES ......................................................................... 54 11 6.6.1 Nitratos ............................................................................................ 54 6.6.2 Nitroprussiato de sódio ................................................................. 54 6.7 INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA ...... 55 6.8 ANTI-HIPERLIPIDÊMICOS ................................................................. 55 7 EXAMES LABORATORIAIS CARDÍACOS ........................................... 56 7.1 EXAMES LABORATORIAIS DE ROTINA ........................................... 56 7.2 EXAMES ENZIMÁTICOS .................................................................... 57 7.3 MARCADORES BIOQUÍMICOS: PROTEÍNAS MIOCÁRDICAS ........ 57 7.4 MARCADORES DIAGNÓSTICOS MAIS MODERNOS ...................... 57 8 EXAMES DIAGNÓSTICOS CARDÍACOS ............................................. 58 8.1 PROCEDIMENTOS NÃO-INVASIVOS ............................................... 58 8.2 PROCEDIMENTOS INVASIVOS ........................................................ 59 9 TRATAMENTO E CONDUTAS GERAIS NAS EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS .................................................................................... 61 9.1 PACIENTE ADULTO EM PARADA CARDIACA ................................. 61 9.2 ARRITMIAS POTENCIALMENTE FATAIS ......................................... 62 10 O PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE ÀS EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS .................................................................................... 63 10.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES EXERCIDAS PELO ENFERMEIRO NO 64 PRONTO SOCORRO ................................................................................ CONCLUSÃO ........................................................................................... 67 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 69 12 INTRODUÇÃO A unidade de emergência é destinada a promover serviços com caráter de emergência e urgência para prolongar a vida ou prevenir conseqüências críticas, devendo estes ser proporcionados imediatamente. As emergências cardiológicas representam a primeira causa de morte no mundo ocidental e, dentre essas temos: Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), emergências hipertensivas, disritmias cardíacas, Insuficiência Congestiva Aguda, Tromboembolismo Pulmonar e Edema Agudo de Pulmão. Em um setor de emergência de hospital, vários pacientes com diversos problemas de saúde podem apresentar-se simultaneamente a ele, alguns com risco de vida, outros não. Procurando no serviço de emergência uma solução imediata para suas manifestações, depositando na instituição e nos profissionais que ali atuam a esperança para resolução do seu caso; os profissionais de saúde, por sua vez, devem atender às necessidades dos pacientes e as cobranças da instituição; precisam ser rápidos e imediatos em suas ações. Este trabalho tem por objetivo estudar as características dos pacientes atendidos no pronto socorro com emergências cardíacas e orientar toda equipe de enfermagem a importância de conhecerem melhor a fisiopatologia dessas doenças, bem como as condutas para com os pacientes cardiopatas em estado emergencial. Para este estudo foi realizada uma pesquisa em livros de autores especializados em emergências clínicas, em revistas e artigos científicos, além de consultas em sites confiáveis, buscando dar sustentação ao conteúdo. Aos enfermeiros e toda equipe de enfermagem entender melhor com que pacientes estão lidando diariamente neste setor se torna necessário. É importante para eles conhecerem melhor a fisiopatologia dessas doenças, bem como as condutas para com os pacientes cardiopatas em estado emergencial. Desta forma os pacientes poderão receber as melhores condutas dos profissionais da equipe de enfermagem, bem como os tratamentos existentes para melhora do seu quadro de saúde. 13 1 O PRONTO SOCORRO Nos hospitais, o departamento de emergência é uma área importante, onde situações críticas freqüentemente ocorrem. O paciente que procura este serviço é conduzido a ele em circunstâncias graves, onde na maioria das vezes, há risco iminente de perda da vida (SABBADINI E GONÇALVES, 2008). Segundo SOUZA, SILVA e NORI (2007), a unidade de emergência é destinada a promover serviços médicos requeridos com caráter de emergência e urgência para prolongar a vida ou prevenir conseqüências críticas, devendo estes ser proporcionados imediatamente. Os prontos socorros públicos prestam esse tipo de atendimento à população, constituindo-se num importante componente da assistência à saúde, por isso a sua meta é a avaliação rápida, a estabilização, o tratamento e a pronta admissão do paciente ao hospital (SABBADINI E GONÇALVES, 2008). SOUZA, SILVA E NORI (2007) dizem que um dos desafios no atendimento de emergência é saber ouvir para colher os dados corretamente e poder atender e suprir as expectativas dos pacientes. Por que o paciente que procura o serviço de emergência busca uma solução imediata para suas manifestações, depositando na instituição e nos profissionais que ali atuam a esperança para resolução do seu caso; os profissionais de saúde, por sua vez, devem atender às necessidades dos pacientes e as cobranças da instituição; precisam ser rápidos, imediatos em suas ações e, com isso, podem até tornarem-se impessoais. Segundo SABBADINI E GONÇALVES (2008) a unidade de emergência é um setor multidisciplinar de especialistas em tratar pacientes em estado grave, lembrando que é uma das áreas mais críticas e congestionadas dentro do hospital, onde situações inesperadas ocorrem. SOUZA, SILVA e NORI (2007) ressaltam que a equipe de enfermagem que atua no pronto socorro deve estar preparada para, a cada instante, sem conhecimento prévio, atender as mais variadas situações de emergência, diferentemente das demais equipes de enfermagem de um hospital, estando assim, submetidos a um estresse constante. A diversidade de atividades executadas, as interrupções freqüentes, os imprevistos, o contato direto com o sofrimento e a morte, 14 são fatores agravantes no trabalho de enfermagem que podem conduzir, até mesmo, a um desgaste mental. 1.1 RECURSOS HUMANOS Segundo a Portaria GM/MS n°2048/2002, toda equipe da Unidade deve ser capacitada para executar suas tarefas. No caso do treinamento em serviço, o Responsável Técnico pela Unidade será o coordenador do programa de treinamento dos membros da equipe. A Unidade deve contar com: a - Responsável Técnico - médico com Título de Especialista em sua área de atuação profissional reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina ou com Certificado de Residência Médica em sua especialidade emitido por Programa de Residência Médica reconhecido pelo MEC. b - Equipe Médica: deve ser composta por médicos em quantitativo suficiente para o atendimento dos serviços nas 24 horas do dia para atendimento de urgências/emergências e todas as atividades dele decorrentes. c - Enfermagem: Coordenação de Enfermagem: 01 (um) Enfermeiro Coordenador; Enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem em quantitativo suficiente para o atendimento dos serviços nas 24 horas do dia para atendimento de urgências/emergências e todas as atividades dele decorrentes. 1.2 ÁREA FÍSICA De acordo com a Portaria GM/MS n°2048/2002, a área física do pronto socorro deve se enquadrar nos critérios e normas estabelecidos pela legislação em vigor ou outros ditames legais que as venham substituir ou complementar, seguindo a: a - Resolução nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, que dispõe sobre o RegulamentoTécnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de 15 projetos Físicos de Estabelecimentos de Assistência à Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –ANVISA. b - Resolução nº 05, de 05 de agosto de 1993, do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Sendo que a área física deve ser estruturada de acordo com o tamanho, complexidade e perfil assistencial da unidade e adequada para o acolhimento e atendimento especializado aos portadores de danos e/ou agravos específicos em situação de urgência/emergência (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Um pronto socorro em geral é constituído das seguintes áreas: triagem, especialidades, serviços auxiliares e coadjuvantes. A sala de triagem é uma instalação essencial. O bom atendimento aos pacientes começa na triagem, pela avaliação cuidadosa e hierarquização das necessidades. A boa condução desse processo representa a chave de um serviço eficiente agilizando o atendimento (SABBADINI E GONÇALVES, 2008). As áreas de especialidades devem compreender clínica médica, cirurgia e pediatria e uma seção de tratamento agudo para pacientes com agravamento no quadro clínico. E os principais serviços auxiliares são radiologia, laboratório, fisioterapia e o serviço social. O serviço social é importante devido ao fato de que nas suas atividades, o pessoal de pronto-socorro lida tanto com problemas de natureza médica quanto social, tais como: alcoolismo, aborto, distúrbios mentais, drogas e enfermidades terminais (SABBADINI E GONÇALVES, 2008). 1.3 RECURSOS MATERIAIS Segundo SABBADINI e GONÇALVES (2005) os recursos materiais iniciam-se desde de a instalação da unidade, uma vez, que é necessário a estrutura básica da instalação, em geral, seja constituída das seguintes áreas: triagem, especialidades, serviços auxiliares e coadjuvantes. A área de triagem é uma instalação essencial. A estruturação desta área representa a chave de um serviço eficiente no sentido de agilizar o atendimento (SABBADINI e GONÇALVES, 2005). 16 As áreas de especialidades devem compreender clínica médica, cirurgia e pediatria e uma seção de tratamento agudo para pacientes com agravamento no quadro clínico (OLIVEIRA, 2005). Os principais serviços auxiliares são radiologia, laboratório, fisioterapia e o serviço Social, uma vez que ele é importante (ERLICHMAN, 2005). De acordo com OLIVEIRA (2005),deve-se fazer uma avaliação adequada dos recursos materiais existentes na sala de emergência, verificando: 1. O estado de conservação e manutenção preventiva dos materiais e equipamentos. 2. A quantidade e qualidade dos materiais e equipamentos são adequados ao número de pacientes atendidos na unidade. 3. Os equipamentos embarcados para transporte de pacientes em cuidados intensivos. 4. A existência e condições de uso de equipamentos para atendimento de urgência cardiorrespiratória. 5. A instalação de ar comprimido e de vácuo, e a existência de filtro e periodicidade de troca. A lei orgânica do MINISTÉRIO DA SAÚDE (2006), considera importante a existência de protocolos na unidade de emergência, com o intuito de melhorar a qualidade da assistência, bem como registrar como está sendo os cuidados prestados e os materiais existentes no setor. Mas a ANVISA (2007) declara que os materiais que devem conter em um pronto socorro dependerá da demanda de cada unidade. O setor de emergência deve ter uma boa infra-estrutura, além de conter os materiais necessários para uma assistência eficaz e eficiente, tais como: monitores cardíacos; cardioversores; eletrocardiógrafos; leitos para repouso e observação clínica; materiais para pequenas cirurgias; materiais para reanimação cardiorrespiratória; rede de O2 canalizada ou cilindro de O2 próxima; medicamentos de urgência; aspirador Portátil; relógio de parede; balança antropométrica; bomba de Infusão; carro de Emergência, com lacre; ambu infantil e adulto; bomba de infusão; detector de batimentos cardíacos fetais; esfignomanômetro; estetoscópio; lanterna clínica; laringoscópio; maletas de vias aéreas; oxímetro de pulso portátil; ressuscitador manual; ventilador pulmonar; instrumentais cirúrgicos – Caixa Básica; materiais para sondagem nasogástrica ou vesical; materiais para acesso venoso 17 periférico; biombo; escada com 02 Degraus; negatoscópio; pia de escovação; suporte de soro de chão; tábua para massagem cardíaca; suporte para cilindro de oxigênio; caixa de pérfuro-cortante (SOUZA, 2003). 1.3.1 Carrinho de emergência Para GUIMARÃES (2003), deve haver a padronização dos carros de emergência, objetivando homogeneizar o conteúdo e quantidade de material dos carrinhos nas diferentes unidades, retirando o desnecessário e acrescentando o indispensável, de forma a agilizar o atendimento de emergência e reduzir o desperdício. A quantidade de drogas e equipamentos deve ser estipulada conforme necessidade da área e rotina institucional. O conteúdo dos carros foi dividido em níveis de prioridade: Nível I- itens essenciais, que devem estar disponíveis IMEDIATAMENTE; Nível II- itens altamente recomendados, que devem estar disponíveis, no máximo, em 15 minutos; Nível III – itens recomendados, mas opcionais. FINALIDADE NÍVEL DE PACIENTES ADULTOS Monitor/desfibrilador externo, com com monitorizacao PRIORIDADE marcapasso nas 1 pás, mininmo 3 derivacoes, onda bifásica Material de proteção (luvas, mascaras e 1 óculos) Avaliação Oximetro de pulso 1 e diagnóstico Dextro 2 Gerador de marcapasso 3 Cânula orofaríngea (nº 3 e 4) 1 Bolsa valva-mascara com reservatório de O2 1 Mascara facialtamanho adulto 1 Tubo endotraqueal (6,0 a 9,0) 1 18 Cânula para traqueostomia (6,0 a 9,0) 1 Laringoscópio com lamina curva nº3 e 4 1 Mascara de oxigênio com reservatorio 1 Cânula nasal tipo óculos 1 Umidificador 1 Controle das Nebulizador 1 Vias aéreas Extensão para nebulizador 1 Extensão de pvc para oxigênio 1 Cânula de aspiração flexível nº 12, 10 1 Fixador de cânula orotrqueal 1 Sonda nasogastrica nº16, 18 2 Detector esofágico (ou outro dispositivo para 3 confirmação secundaria) Mascara laríngea adulto 3 Via aérea alternativa (um ou mais dos 3 seguintes itens: agulha para cricotireostomia, conjunto para traqueostomia percutanea) Jelco nº 14, 16, 18, 20, 22, 1 Torneirinha 1 Conjunto de perfusão 1 Agulha de intracath (para tamponamento e 1 pneumotórax hipertensivo) SF 1000ml, Ringer Lactato 1000ml, SG 5% 1 500ml Equipo macrogotas 1 Acesso vascular e Equipo hemoderivados 1 Controle Bureta 1 Seringa 3ml, 5ml, 10ml e 20ml 1 Agulha 36x12 ou 36x10 1 Frasco a vácuo 1 Gaze 1 Micropore 1 circulatório 19 Medicamentos Água destilada 10ml 1 Água destilada 250ml 1 Água destilada 500ml (para nitroglicerina) 1 Aspirina 300mg 1 Atropina 1mg 1 Adrenalina 1mg 1 Amiodarona 1 Lidocaina 1 Adenosina 1 B-bloqueador 1 Nitroglicerina 1 Nitroprussiato 1 Cloreto de cálcio 1 Gluconato de cálcio 1 Sulfato de magnésio 1 Procainamida 1 Bicarbonato de sódio 1 Glicose 50% 1 Furesemida 1 Broncodilatador 1 Aminofilina 2 Diempax 2 Dormonid/fentanil (sedação geral) 2 Morfina 2 Dobutamina 2 Dopamina 2 Noraepinefrina 2 Naloxone 3 Diltiazem 3 Verapamil 3 Manitol 3 isoproterenol 3 Fonte: GUIMARÃES (2003). 20 2 PRINCIPIOS DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE EMERGÊNCIA Defini-se como cuidado de emergência toda assistência e cuidados que devem ser administrados sem demora. Em um setor de emergência de hospital, vários pacientes com diversos problemas de saúde podem apresentar-se simultaneamente ao setor de emergência, alguns com risco de vida, outros não. (SMELTZER e BARE, 2005). 2.1 TRIAGEM Triagem vem do francês trier, que significa selecionar. O departamento de emergência utiliza a triagem para selecionar os pacientes em grupos, com base na gravidade de seus problemas de saúde e no imediatismo com o qual esses problemas devem ser tratados. Sendo diferenciados em emergentes, urgentes e não urgentes. A triagem é uma competência avançada; as enfermeiras de emergências despendem de tempo para aprender a classificar as diferentes doenças e lesões, visando atender sem demora quem precisa de cuidados imediatos. Os protocolos podem ser seguidos para iniciar os exames laboratoriais ou radiológicos enquanto o cliente aguarda por um leito no departamento de emergência. (SMELTZER e BARE, 2005). Um dos desafios no momento da triagem é saber ouvir para coletar os dados corretamente e poder atender as expectativas dos pacientes (SOUZA, SILVA e NORI, 2007). Ao mesmo tempo as enfermeiras na triagem colhem os dados iniciais cruciais: sinais vitais e história, achados da avaliação neurológica e dados diagnósticos, quando necessários. As seguintes perguntas mostram as informações mínimas que devem ser coletadas do paciente ou do acompanhante dele no setor de emergência. Devem sempre documentar as respostas para referência de outros profissionais de saúde. (SMELTZER e BARE, 2005). 21 De acordo com SMELTZER e BARE (2005) deve-se questionar: Quais foram as circunstâncias, eventos precipitantes, local e hora da lesão ou • doença? • Quando surgiram os sinais e sintomas? • O cliente ficou inconsciente depois da lesão ou do início da doença? • Como ele chegou ao hospital? • Como era o estado de saúde dele antes da lesão ou doença? • Existe uma história clínica ou cirúrgica, história de internações no hospital? • Atualmente ele usa algum tipo de medicamento, principalmente hormônios, insulina, digitálicos, anticoagulantes? • Ele é alérgico a alguma coisa? Em caso positivo, a quê? • O paciente apresenta alguma tendência a ter hemorragias? • Quando foi sua última refeição? • Algum médico tem avaliado esse paciente? Qual o nome e o endereço do médico? Qual data que este paciente se imunizou pela última vez contra o tétano? • O enfermeiro necessita ter conhecimento científico, prático e técnico, afim de que possa tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente (SOUZA, SILVA e NORI, 2007). O enfermeiro de triagem deve apresentar três habilidades fundamentais: avaliação, conhecimento e intuição. Sendo que a intuição é desenvolvida pela experiência, sensibilidade e pelo uso da observação (DOMICIANO e FONSECA, 2008). Os protocolos de triagem segundo SMELTZER e BARE (2005), são distintos dos protocolos de triagem utilizados em acidentes em massa e em desastres (triagem de campo). Sendo que a triagem hospitalar direciona seus recursos disponíveis para aqueles pacientes que estão mais criticamente doentes, a despeito do resultado potencial; enquanto a triagem de campo, usa seus recursos limitados para beneficiar o maior número de pessoas possíveis. Sendo assim, o enfermeiro é o primeiro contato entre a equipe e o paciente, cabendo-lhe o papel de orientador, além de coletar os dados necessários sobre a sintomatologia (ZENEVICZ, 2007). 22 2.2 AVALIAR E INTERVIR Aos pacientes com problemas de saúde emergentes ou urgentes, a estabilização, o fornecimento dos tratamentos críticos e a imediata transferência para o ambiente apropriado, como a unidade de terapia intensiva, sala de cirurgia e unidade de cuidados gerais, são as prioridades dos cuidados de emergência. Uma abordagem sistemática para estabelecer e tratar efetivamente as prioridades de saúde consiste na abordagem de avaliação primária e a avaliação secundária. Na primária será focalizada a estabilização das condições de risco de vida. A equipe do setor trabalha de forma coordenada e cooperativa e segue o método ABCD (Via aérea, respiração [breathing], circulação e incapacidade [disability]): (SMELTZER e BARE, 2005). • Estabelecer uma via aérea permeável. • Ofertar a ventilação adequada, empregando as medidas de reanimação quando necessário. • Avaliar e restabelecer o débito cardíaco ao controlar a hemorragia, evitar e tratar o choque e manter ou restaurar a circulação efetiva. • Determinar a incapacidade neuronal ao examinar a função neurológica usando a Escala de Coma de Glasgow. De acordo com SMELTZER e BARE, (2005) após que essas prioridades sejam abordadas, a equipe do departamento de emergências prossegue com a avaliação secundária, que inclui: • Completa história da saúde e exame físico completos. • Exames diagnósticos e laboratoriais. • Inserção ou aplicação de dispositivos de monitorização, como eletrodos de eletrocardiograma (ECG), linhas arteriais ou sondas urinárias. • Imobilizar fraturas suspeitadas. • Limpar e aplicar curativos nas feridas. • Realização de outras intervenções necessárias com base na condição de cada paciente. De acordo com WHEBE e GALVÃO, o papel do enfermeiro na unidade de emergência consiste em pesquisar a história do paciente, realizar o exame físico, 23 executar tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando para uma continuidade do tratamento e medidas vitais. Depois que o paciente for avaliado, estabilizado e examinado, os diagnósticos de enfermagem apropriados são formulados, o tratamento inicial importante é estabelecido e são feitas as metas para a designação correta do paciente. Muitas condições emergenciais e urgentes e intervenções de emergência prioritária são debatidas em detalhe nas seções seguintes. (SMELTZER e BARE, 2005). Nesse caso a busca da melhora da assistência nessa unidade deve ser contínua, uma vez que a assistência deve proporcionar aos clientes o máximo e mais completo bem estar (DOMICIANO e FONSECA, 2008). 24 3 REVISÃO ANATÔMICA E FISIOLÓGICA DA FUNÇÃO CARDIOVASCUAR O coração é um órgão muscular oco com medida aproximada de um punho fechado. Tem aproximadamente 12,5cm de comprimento e 9cm de diâmetro no seu ponto mais largo; pesa entre 250 e 300g. O coração está localizado entre os pulmões no mediastino, atrás e à esquerda do esterno (ANDRIS et al, 2006). A ação de bombeamento do coração é realizada pela contração e relaxamento rítmicos da sua parede muscular. Durante a sístole, os compartimentos do coração tornam-se menores à medida que o sangue é ejetado; enquanto na diástole, as câmaras cardíacas enchem-se com sangue na preparação para a ejeção subseqüente. Em um adulto a freqüência cardíaca é de 60 a 80bpm. Os ventrículos ejetam aproximadamente 70ml de sangue pó batimento (cada um) e apresenta um débito cardíaco de aproximadamente 5l/min (SMELTZER e BARE, 2005). Figura 1: Anatomia cardíaca Disponível em <http://www.cabuloso.com/AnatomiaHumana/SistemaCardiovascular/foto/Cardio2a.jpg> Acesso em 04 maio 2009 25 3.1 COMPARTIMENTOS CARDÍACOS O coração consiste em quatro compartimentos: átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e esquerdo. Os átrios são compartimentos de baixa pressão, menores e com paredes mais finas. Os ventrículos são maiores, de pressão mais elevada, com paredes mais espessas que os átrios. As paredes do ventrículo esquerdo são mais grossas que as do ventrículo direito, pois o esquerdo deve gerar uma grande quantidade de força para ejetar o sangue para a aorta (MORTON E CRAIG, 2007). Segundo SMELTZER e BARE (2005), as espessuras variadas das câmaras atriais e ventriculares relacionam-se com a carga de trabalho exigida para cada compartimento. O ventrículo esquerdo possui suas paredes duas vezes e meia mais musculares que aquelas do ventrículo direito, por contrair contra a pressão sistêmica alta. 3.2 VÁLVULAS CARDÍACAS MORTON E CRAIG (2007) afirmam que as valvulas cardiacas são composta de tecido fibroso e permitem que o sangue flua em uma única direção. Elas se abrem e se fecham em consequencia do fluxo sanguineo e das diferenças de pressão. Existem dois tipos de válvulas: as atrioventriculares – separam os átrios dos ventrículos, sendo a tricúspide separando o átrio direito do ventrículo direito e a bicúspide que separa o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo -, e as semilunares – são duas válvulas: a pulmonar (separando o ventrículo direito da artéria pulmonar) e a aórtica (separando o ventrículo esquerdo da artéria aorta) (SMELTZER e BARE, 2005). De acordo com ANDRIS et al. (2006) os folhetos de cada válvula, são ancorados à parede cardíaca por meio de cordões ou tecido fibrosos, chamados de cordões tendinosos, e são controlados por músculos papilares. 26 3.3 ARTÉRIAS CORONÁRIAS O suprimento sanguíneo para o miocárdio deriva das duas artérias coronárias principais, a direita e a esquerda. Originando-se da aorta, imediatamente acima da válvula aórtica (MORTON E CRAIG, 2007). O coração apresenta grandes requisitos metabólicos, consumindo assim cerca de 70 a 80% do oxigênio apresentado. Ao contrário do que ocorrem com outras artérias, as artérias coronárias são perfundidas durante a diástole. O aumento da freqüência cardíaca encurta a diástole e pode diminuir a perfusão miocárdica. Os pacientes, principalmente aqueles com doença da artéria coronária, podem desenvolver isquemia miocárdica quando a freqüência acelera (SMELTZER e BARE, 2005). 3.4 MÚSCULO CARDÍACO ANDRIS et al. (2006) descreve que a parede cardíaca é constituída por três músculos ou camadas. O miocárdio espesso, composto de feixes de fibras musculares cardíacas, formará a maior parte dessa parede. A parte interna é formada pela camada fina de tecido endotelial e se chama endocárdio. E externamente tem-se o epicárdio recobrindo o coração. E o epicárdio está firmemente aderido à base dos grandes vasos (MORTON E CRAIG, 2007). 3.5 FUNÇÃO DO CORAÇÃO: SISTEMA DE CONDUÇÃO As células cardíacas especializadas de seu sistema de condução geram metodicamente e coordenam a transmissão dos impulsos elétricos para as células miocárdicas. O resultado é a contração atrioventricular seqüenciada, o que proporciona o fluxo mais efetivo do sangue, otimizando, assim, o débito cardíaco. 27 Essa coordenação depende de três características fisiológicas de condução cardíaca: Automaticidade – capacidade de iniciar um impulso elétrico; excitabilidade – capacidade de responder a um impulso elétrico; e condutividade – capacidade de transmitir um impulso elétrico de uma célula para outra (SMELTZER e BARE, 2005). MORTON E CRAIG (2007) explicam: o nodo sinoatrial (SA) localiza-se entre a abertura das veias cavas superior e inferior na parede atrial direita. As celulas tem como propriededade a automaticidade. como o nodo SA normalmente gera descargas com maior rapidez que qualquer outra celula cardíaca com automaticidade, esse tecido especializado age como um marca-passo cardíaco normal. De acordo com SMELTZER e BARE (2005) os impulsos elétricos iniciados pelo nódo SA são conduzidos ao longo das células miocárdicas dos átrios pelas vias internodais. Esses impulsos provocam a estimulação elétrica e subseqüente contração atrial. A seguir, eles são conduzidos para o nódulo atrioventricular (AV), localizado na parede atrial direita próximo a válvula tricúspide, que coordenará os impulsos elétricos que chegam dos átrios e, depois de um pequeno retardo, retransmite o impulso para os ventrículos. Em seguida, esse impulso é conduzido através de um feixe de células de condução especializadas (feixe de His), fazendo um trajeto no septo que separa os ventrículos esquerdo e direito, se ramificando por eles. Esses ramos alcançam o ponto final de condução, chamado fibras de Purkinje. Nesse momento as células miocárdicas são estimuladas, provocando a contração ventricular. 3.6 FISIOLOGIA DA CONDUÇÃO CARDÍACA A atividade elétrica cardíaca é a conseqüência do movimento de íons (Na, K e Ca) através da membrana celular. As alterações registradas dentro de uma única célula resultam no que é chamado de potencial de ação cardíaco (SMELTZER e BARE, 2005). Em repouso, as células musculares cardíacas estão polarizadas, o que significa que existe uma diferença elétrica entre o interior da membrana celular negativamente carregado e o exterior positivamente carregado. Após o inicio do 28 impulso elétrico, a permeabilidade da membrana celular se modifica e o Na deslocase rapidamente para dentro da célula, enquanto o K sai da célula. Essa troca iônica começa a despolarização, convertendo a carga interna da célula em uma carga positiva. Após a despolarização de topas as células do sistema de condução ocorre a contração do miocárdio. A repolarização ocorre à medida que a célula retorna ao seu estado basal; isso corresponde ao relaxamento do músculo miocárdio (MORTON E CRAIG, 2007). O músculo cardíaco, diferente do músculo esquelético ou liso, apresenta um prolongado período refratário durante o qual ele não pode ser reestimulado a se contrair. Essa refratariedade protege o coração contra a contração sustentada (tetania), o que resultaria em morte cardíaca súbita (SMELTZER e BARE, 2005). 3.7 CICLO CARDÍACO O ciclo cardíaco descreve o período entre o início de um batimento cardíaco e o início do próximo batimento. Nesse ciclo, os eventos elétricos e mecânicos devem ocorrer em ordem correta e em grau adequado para fornecer um fluxo sangüíneo adequado a todas as partes do corpo. Basicamente, o ciclo cardíaco tem duas fases: a sístole e a diástole (ANDRIS et al, 2006). SMELTZER e BARE (2005) explicam o ciclo cardíaco da seguinte forma: Começando com a sístole, a pressão dentro dos ventrículos se eleva rapidamente. Em conseqüência disso, o sangue pára de fluir dos átrios para dentro dos ventrículos e é evitada a regurgitação sanguínea. A rápida elevação da pressão dentro dos ventrículos direito e esquerdo força as válvulas pulmonar e aórtica se abrirem, sendo o sangue ejetado para dentro da artéria pulmonar e aorta. No inicio a saída sanguínea é rápida, depois à medida que a pressão em cada ventrículo e em sua artéria correspondente se equalizam, o fluxo sangüíneo diminui gradualmente. Ao final da sístole, a pressão dentro dos ventrículos direito e esquerdo diminui rapidamente. Isso reduz as pressões das artérias pulmonar e aórtica, fazendo o fechamento das válvulas semilunares. Esses eventos marcam o começo da diástole. Ainda segundo SMELTZER e BARE (2005) durante a diástole, quando os ventrículos estão relaxados as válvulas atrioventriculares estão abertas, o sangue o 29 sangue retornará as veias e fluirá para dentro dos átrios e, em seguida, para dentro dos ventrículos. Chegando ao final desse período diastólico, os músculos atriais contraem-se em resposta a um impulso elétrico iniciado pelo nódulo SA. A contração resultante eleva a pressão dos átrios, ejetando o sangue para dentro dos ventrículos. A sístole atrial aumenta o volume sangüíneo ventricular em 15 a 25%. Nesse ponto, a sístole ventricular começa em resposta à propagação do impulso elétrico gerado no nódulo SA há alguns milissegundo. 3.8 DÉBITO CARDÍACO E VOLUME DE EJEÇÃO O débito cardíaco é a quantidade de sangue que o coração bombeia em um minuto. O volume de ejeção, a quantidade de sangue ejetada em cada batimento multiplica-se pelo número de batimentos por minuto, determinará o débito cardíaco. O volume de ejeção depende de três fatores principais: pré-carga – estiramento das fibras musculares cardíacas, causado pelo volume sanguíneo nos ventrículos no final da diástole; pós-carga – pressão que os músculos ventriculares devem gerar para superar a pressão mais elevada na aorta; e contratilidade – capacidade inerente ao miocárdio de contrair normalmente (ANDRIS et al, 2006). O debito cardíaco depende da freqüência cardíaca e do volume sistólico. Independentemente da causa inicial do aumento do volume sistólico, isso levará ao aumento da carga de trabalho. De maneira similar, uma freqüência cardíaca aumentada independentemente de sua causa, aumenta a demanda de oxigênio (MORTON E CRAIG, 2007). 30 4 REVISÃO ANATÔMICA E FISIOLÓGICA DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA “O sistema respiratório inclui as vias respiratórias, os pulmões, o tórax ósseo, os músculos respiratórios e o sistema nervoso central (SNC)” (ANDRIS et al, 2006, p.130). Todos agem em conjunto para fornecer oxigênio para a corrente sanguínea e retira o excesso de gás carbônico corporal (ANDRIS et al, 2006). Figura 2: Sistema respiratório Disponível em <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistemarespiratorio/sistema-respiratorio-2.php> Acesso em 04 maio 2009 4.1 VIAS RESPIRATÓRIAS E PULMÕES As vias respiratórias são divididas em superiores e inferiores. As vias respiratórias superiores incluem a nasofaringe, a orofaringe, a laringofaringe e a laringe. Sua finalidade é aquecer, filtrar e umidificar o ar inalado. Também participam 31 da fonação e do envio de ar para as vias respiratórias inferiores. Elas são revestidas por epitélio ciliado produtor de muco, uma das principais defesas do sistema respiratório (DÂNGELO E FATTINI, 2004). As vias inferiores si iniciam na traquéia, que se divide em brônquios principais esquerdo e direito. Os tubos brônquicos dividem-se em brônquios, que são revestido por epitélio ciliado produtor de muco, um dos principais sistemas de defesa dos pulmões. Os brônquios principais se dividem em brônquios terciários, bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e, finalmente, nos alvéolos, que são as unidades de trocas de gases nos pulmões. Os pulmões de pessoas adultas normalmente contém cerca de 300 milhões de alvéolos (DÂNGELO E FATTINI, 2004). 4.2 O TÓRAX Ele contém as principais estruturas deste sistema. Elas incluem a caixa torácica, os músculos da ventilação, os pulmões e o mediastino. A caixa torácica é uma estrutura rígida, embora flexível. Sua estrutura óssea protege os principais órgãos na cavidade torácica. A flexibilidade permite a inspiração e a expiração dos pulmões. A caixa torácica consiste de 12 vértebras, cada qual um par de costelas. Posteriormente, cada costela liga-se com uma vértebra. Anteriormente, as sete primeiras ligam0se ao esterno, enquanto as 8ª, 9ª e 10ª são ligadas por cartilagem às costelas acima delas. A 11ª e a 12ª são chamadas de costelas flutuantes, porque não se ligam anteriormente a outra estrutura (JOHNSON, 2007). 4.3 MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS O diafragma e os músculos intercostais externos são os principais músculos respiratórios. Eles contraem quando o paciente inala e relaxam quando ele exala. O centro respiratório do bulbo inicia cada respiração enviando sinais para os músculos 32 respiratórios principais através do nervo frênico. Os impulsos ajustam a freqüência e a profundidade da respiração, dependendo dos níveis de dióxodo de carbono e de pH no líquido céfaloraquidiano (ANDRIS et al, 2006). Músculos inspiratórios acessórios incluem: trapézio, esternocleidomastóideo e os escalenos, que se combinam para elevar a escápula, clavícula, esterno e costelas superiores. Essa elevação aumenta quando o uso do diafragma e dos músculos intercostais não é eficaz (ANDRIS et al, 2006). 4.4 TRANSPORTE DE OXIGÊNIO Na inspiração, o oxigênio difunde-se a partir do capilar através da parede capilar para o líquido intersticial. Nesse ponto, ele difundi-se através da membrana das células tissulares, onde é utilizado pela mitocôndria para a respiração celular. O movimento de carbono ocorre por difusão na direção oposta – da célula para o sangue (SMELTZER e BARE, 2005). 4.5 RESPIRAÇÃO Após acontecer as trocas gasosas, o sangue penetra nas veias sistêmicas e faz trajeto até a circulação pulmonar. A respiração eficaz depende de três processo: ventilação, perfusão pulmonar e difusão. Todo esse processo de troca gasosa entre o ar atmosférico e o sangue e as células do corpo é chamado de respiração. Esses processo são vitais para manter a oxigenação adequada e o equilíbrio ácido-base (SMELTZER e BARE, 2005). 33 4.5.1 Ventilação A ventilação é um processo complexo que tem múltiplas variáveis, incluindo a alteração nas pressões e na integridade dos músculos responsáveis por mover o ar para dentro e para fora dos pulmões, a complacência dos pulmões e a resistência imposta pelas vias aéreas. O movimento do ar para os pulmões é conhecido como inalação, e o movimento de ar para fora dos pulmões é conhecido como expiração (JOHNSON, 2007). 4.6 EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE Os pulmões participam da manutenção do equilíbrio ácido-base, mantendo a respiração externa e interna. O oxigênio coletado pelos pulmões é transportado pelos sistema circulatório para os tecidos, onde é trocado por dióxido de carbono produzido pelo metabolismo celular. O dióxido de carbono se dissolve no sangue, onde a maior parte forma bicarbonato e uma quantidade menor forma ácido carbônico. Os pulmões controlam o nível de bicarbonato ao converte-lo em dióxido de carbono e água, que são eliminados. Em resposta, os pulmões podem alterar a freqüência e a profundidade da ventilação. Essas alterações mentem o equilíbrio ácido-base por meio do ajuste da quantidade de dióxido de carbono que é eliminada. (ANDRIS et al, 2006). 34 5 DISTÚRBIOS CARDÍACOS MAIS COMUNS NO DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIA SMELTZER e BARE, (2005) afirmam que no departamento de emergência grande número de pacientes procura tais cuidados para condições cardíacas graves com risco de vida, como o infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca aguda, edema agudo de pulmão, disritmias cardíacas, etc. 5.1 CRISES HIPERTENSIVAS As emergências hipertensivas podem ocorrer com os pacientes, a qual hipertensão tem sido mal controlada ou com aqueles que interromperam seus tratamentos medicamentosos. Ela é definida como uma elevação aguda da pressão arterial com risco de vida; é uma condição em que a pressão arterial deve ser imediatamente reduzida (não necessariamente <140/90mmHg) para diminuir ou evitar a lesão dos órgãos-alvo. As condições de saúde associadas à emergência hipertensiva incluem o IAM (Infarto Agudo do Miocárdio), aneurisma dissecante da aorta e hemorragia intracraniana (SMELTZER e BARE, 2005). 5.2 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO O infarto agudo do miocárdio (IAM) é causado por uma isquemia prolongada causada por desequilíbrio entre o aporte e a demanda de oxigênio. A isquemia prolongada leva a um comprometimento celular irreversível e morte muscular (MORTON, 2007). FRANCISCO (1989) explica que a oferta de oxigênio ao miocárdio é feita pelas artérias coronárias e seus ramos menores. Quando ocorre oclusão total de um ramo de artéria coronária por trombo, o tecido miocárdio irrigado por este vaso apresenta necrose isquêmica, que é o IAM. A arteriosclerose coronária tem alguns fatores 35 predisponentes como hipertensão arterial, idade, hereditariedade, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, diabetes, menopausa e tabagismo. Os sinais e sintomas são: dor, descrita como aperto, peso, opressão, constrição ou compressão na região retroesternal ou precordial, sendo causada pela isquemia e pela necrose miocárdica. Podendo as vezes ser descrita como sufoco, ardor ou punhalada. Isso em geral é intenso, variando de intensidade, com duração de 30 minutos a horas. E pode ser confundido com indigestão, por poder se iniciar na região epigástrica (PORTO e NERY, 2005). Segundo MORTON (2007), O IAM pode ser determinado a partir de inúmeras perspectivas diferentes, incluindo as perspectivas clínica, alterações eletrocardiográficas, dosagens séricas de enzimas no sangue, mapeamento com radioisótopos e outros métodos. 5.3 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA Síndrome que ocorre quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para satisfazer as necessidades metabólicas do corpo. Resulta em sobrecarga de volume intravascular e intersticial, bem como má perfusão tecidual. (ANTCZAK, et al, 2005). Ela é caracterizada por falta de ar, dispnéia de esforço, dispnéia paroxística noturna, ortopnéia e edema periférico ou pulmonar. Mas nem todos os pacientes apresentam todos esses indicadores clínicos (BLUM, 2007). A insuficiência cardíaca aguda refere-se ao aparecimento súbito dos sintomas, usualmente durante dias ou horas, progredindo até um ponto em que a intervenção imediata ou de emergência se faz necessária para salvar a vida do paciente. (BLUM, 2007). O edema pulmonar é um evento que resulta da insuficiência cardíaca. O paciente desenvolve rapidamente o edema pulmonar, em razão da sobrecarga de volume sanguíneo nos pulmões. No edema pulmonar, bem como na insuficiência cardíaca, a pré-carga, a contratilidade e a pós-carga podem ser alteradas (SMELTZER e BARE, 2005) BLUM (2007) relata que as principais preocupações do cuidado de pacientes 36 com exarcebações agudas da insuficiência cardíaca aguda são as mesmas que em qualquer paciente com uma condição com risco de morte, elas começam com as prioridades básicas: via aérea, respiração e circulação. Ressaltando que quando essas questões são abordadas, os fatores etiológicos e as estratégias de longo prazo podem torna-se o foco do cuidado. 5.4 EDEMA AGUDO DE PULMÃO “O edema pulmonar é definido como o acúmulo anormal de líquido no tecido pulmonar e/ou espaço alveolar. Trata-se de uma condição grave, com risco de vida” (SMELTZER e BARE, 2005, p. 573). Ocorre devido a pressão aumentada a partir da função cardíaca anormal. O retorno do sangue para dentro da vasculatura pulmonar decorrente da função ventricular esquerda inadequada provoca uma pressão microvascular aumentada, e o líquido começa a extravasar para dentro do espaço intersticial e dos alvéolos (SMELTZER e BARE, 2005). Distúrbios que podem causar o edema pulmonar: insuficiência cardíaca do lado esquerdo; disfunção diastólica; cardiopatia valvar; arritmias; sobrecarga de líquido; isquemia e infarto agudos do miocárdio; intoxicação por barbitúricos ou opiáceos; inalação de gases irritantes; mixoma atrial esquerdo e pneumonia (ANTCZAK, et al, 2005). 5.5 DISRITMIAS CARDÍACAS As disritmias são problemas na formação ou condução (ou de ambas) do impulso elétrico dentro do coração. Esses distúrbios podem causar alterações da freqüência cardíaca, do ritmo cardíaco ou de ambos. Elas são diagnosticadas através da análise do eletrocardiograma, sendo denominadas de acordo com o local de origem do impulso e do mecanismo de formação ou condução envolvido. (SMELTZER e BARE, 2005). 37 5.5.1 Fibrilação Atrial Nos últimos tempos a fibrilação atrial é a arritmia sustentada mais freqüente em seres humanos, afetando diretamente na morbidade e mortalidade de milhares de pacientes, é a mais freqüente arritmia encontrada na prática clínica diária, representando custo associado elevado para o sistema de saúde. (ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA, 2006) “A fibrilação atrial (FA) é uma arritmia supraventricular caracterizada por uma ativação ventricular não coordenada, com conseqüente deterioração da função mecânica atrial.” (ERLICHAMAN, PEREZ e CIRENZA, 2006, p. 376). Segundo ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA (2006), a fibrilação atrial pode ocorrer isoladamente ou associado a outras doenças arrítmicas, sendo o flutter atrial e a taquicardia atrial as mais comuns. Nesses casos, o tratamento deve ser direcionado à arritmia inicial, para que seu controle adequado evite a recorrência da fibrilação atrial. A fibrilação atrial pode ser desencadeada após IAM (Infarto Agudo do Miocárdio), cirurgia cardíaca, miocardite, hipertireoidismo e edema agudo de pulmão ou pode estar ou não associada à doença cardíaca detectável. (ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA, 2006). De acordo com ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA (2006), após observação de pacientes com fibrilação atrial definiu-se que ela pode ser classificada da seguinte forma: a) Fibrilação atrial isolada; b) Fibrilação atrial idiopática; c) Fibrilação atrial não vulvar; d) Fibrilação atrial recorrente; e) Fibrilação atrial paroxística; f) Fibrilação atrial persistente; g) Fibrilação atrial permanente. Para ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA (2006), o mecanismo na teoria, da fibrilação atrial envolve dois processos: automatismo de um ou mais focos e reentrada envolvendo um ou mais circuitos. Em indivíduos suscetíveis, focos de despolarização atrial rápida, mais frequentemente localizados nas veias pulmonares 38 superiores, são capazes de iniciar a fibrilação atrial. Já na teoria da reentrada, diversas ondas de despolarização se disseminariam em distintas partes dos átrios na dependência do período refratário, massa e velocidade de condução atriais. Durante a fibrilação atrial, a função hemodinâmica pode ser afetada por três fatores: perda da atividade mecânica atrial sincronizada, irregularidade da resposta ventricular e resposta ventricular inapropriadamente elevada. [...] A freqüência ventricular elevada persistentemente (>130 bpm) pode levar a uma miocardiopatia dilatada decorrente da depleção de energia, isquemia, anormalidades na regulação do cálcio e no remodelamento. (ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA, 2006, p. 377). Deve-se conhecer plenamente essa patologia, pois o controle da arritmia leva a uma reversão parcial ou completa da miocardiopatia. Veja então na tabela 1 com quais doenças as pessoas possuem o risco de ter a fibrilação atrial. (ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA, 2006) TABELA 1 – DOENÇAS ASSOCIADAS COM FIBRILAÇÃO ATRIAL Hipertensão Pericardite Doença arterial coronária Tumores intratorácicos Cardiomiopatia: Doença Dilatada interatrial ou anomalia de Ebstein cardíaca congênita: comunicação Hipertrófica Doença valvar mitral Álcool Tireotoxicose Doença pulmonar Doença do nó sinusal Causa neurogênica Cirurgia cardíaca Causa idiopática Fonte: ERCHMAN, PEREZ e CIRENZA, 2006, p. 378 Em alguns casos, a fibrilação atrial pode estar junto a causas agudas, temporárias, em que a intervenção e tratamento da condição subjacente podem eliminar a fibrilação atrial. Como no caso de fibrilação atrial associada à ingestão alcoólica, hipertireoidismo, cirurgia cardíaca e pulmonar e doenças pulmonares. (ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA, 2006) Clinicamente estes pacientes apresentam algumas características: prevalência no sexo masculino, surge entre 40 e 50 anos, ocorrência em períodos de maior tônus vagal após alimentação e exercícios e à noite, geralmente precedida por bradicardia. (ERLICHMAN, PEREZ e CIRENZA, 2006) 39 5.5.2 Fibrilação Ventricular “A fibrilação corresponde a uma parada cardíaca, pois ocorrem apenas movimentos incoordenados dos ventrículos, bastante irregulares e totalmente ineficazes” (PORTO E JUNIOR, 1998, p. 253). É a mais grave disritmia cardíaca. Admite-se que seja devido ao exagero do automatismo das fibras ventriculares de Purkinje, o qual produziria desorganização elétrica ventricular, dependente ou da descarga taquicárdica do foco ectópico, ou de mecanismos de reentrada periférica, conseqüentes a distúrbios da condução, induzidos pela manifestação elétrica ectópica (MOFFA, 2001). Isquemia miocárdica e dano no miocárdio grave são as principais causas de fibrilação ventricular. O diagnóstico é eletrocardiográfico, mas a ausência de bulhas cardíacas é indicativa dessas arritmias (PORTO E JUNIOR, 1998). 40 Figura 3: Manual de RCP Fonte: Disponível em <http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/medicos_profissionais_saude/manuais_guias/pdf/guia manualpcr.pdf> Acesso em 04 maio 2009 41 5.5.3 Taquicardia Paroxística Supraventricular Segundo PORTO E JUNIOR (1998) quando surge um foco ectópico ativo de localização supraventricular ou ventricular, emitindo estímulos numa freqüência entre 150 e 250 por minuto, o coração passa a ser comandado por ele, consubstanciando-se o que se chama de taquicardia paroxística. O diagnóstico da taquicardia supraventricular pode ser suspeitado através de um cuidadoso exame do eletrocardiograma (ECG) escalar (CHEITLIN, SOKOLOW E MCLLROY, 1996). As crises tem início e término súbitos, podendo durar desde alguns segundos até horas e, inclusive, dias, variando muito a freqüência das mesmas. A pessoa apresenta palpitações, diminuição do débito cardíaco e restrição (PORTO E JUNIOR, 1998). 5.5.4 Bloqueio Atrioventricular Resultam do atraso ou interrupção da condução, através do nó AV, do impulso atrial para os ventrículos (RIBEIRO E RODRIGUES, 2002). O bloqueio pode acontecer no nível do nodo AV, feixes de His ou ramos do feixe, porque o sistema de condução AV contém todas essas estruturas. Sendo que ele pode ser classificado como de primeiro grau, segundo grau e terceiro grau. No bloqueio AV de primeiro e segundo graus, o bloqueio é incompleto; parte ou totalidade dos impulsos são, mais adiante, conduzidas para os ventrículos. No bloqueio de terceiro grau ou completo, nenhum dos impulsos iniciados pelo nodo sinusal é conduzido (MORTON, TUCKER E RUEDEN, 2007). 42 5.5.5 Assistolia Caracteriza-se pelos complexos QRS ausentes, embora as ondas P possam ficar aparentes por uma curta duração em duas derivações diferentes, ela geralmente é chamada de linha plana. Existe ausência de batimentos cardíacos, pulso e respiração. Sem tratamento imediato ela se torna fatal. A RCP e os serviços de emergência são necessários para manter o paciente vivo. A chave para sucesso no tratamento é a detecção rápida. As causas geralmente são hipóxia, acidose, desequilíbrio eletrolítico grave, overdose de drogas ou hipotermia. Recomenda-se após a intubação e o estabelecimento de acesso venoso calibroso, sendo que o marcapasso transcutâneo pode ser tentado (SMELTZER e BARE, 2007). 43 Figura 4: Protocolo para assistolia Fonte: Disponível em <http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/medicos_profissionais_saude/manuais_guias/pdf/guia manualpcr.pdf> Acesso em: 03 maio 2009 5.6 TROMBOELMBOLISMO PULMONAR A embolia pulmonar é a implantação de material orgânico dentro de material orgânico ou inorgânico dentro dos ramos do leito arterial pulmonar. Na maioria das 44 vezes são coágulos de sangue, mais raramente, células neoplásicas, gotículas de gordura, líquido amniótico ou substâncias exógenas injetadas na circulação, como nos viciados em drogas, ou até fragmentos de cateter após punção venosa central (BABAUZZI et al, 2006). Os sintomas do tromboembolismo pulmonar são: dor torácica, cianose, falta de ar, respirações rápidas e hemoptise. Ele pode bloquear a circulação para uma região do pulmão, produzindo uma área de infarto pulmonar. Em geral, há uma diminuição significativa na oxigenação; a dor experimentada geralmente é pleurítica. Comumente, o paciente é submetido e uma cintilografia de ventilação-perfusão ou a uma arteriografia pulmonar para o diagnóstico definitivo (SMELTZER e BARE, 2005). O principal objetivo do tratamento da embolia pulmonar é impedir a propagação do trombo, o risco de reembolização e restaurar precocemente a circulação pulmonar (BABAUZZI et al, 2006). 5.7 PARADA CARDIORESPIRATÓRIA Segundo JONG et al (2007) a parada cardiorespiratória é a cessação da respiração e da circulação. As causas cardíacas são: IAM, ICC, arritmias, espasmos da artéria coronária e tamponamento cardíaco; e as causas pulmonares são: insuficiência respiratória secundária a depressão respiratória, obstrução da via aérea, troca gasosa prejudicada, ventilação prejudicada, embolia pulmonar, distúrbios eletrolíticos, hipercalemia, hipomagnesemia, hipercalcemia/hipoclacemia. Primeiro tem-se a intervenção rápida e secundariamente verifica-se as causas. Antes de iniciar a ressuscitarão cardiopulmonar(RCP), a enfermeira deve determinar a responsividade do paciente; o paciente deve ser colocado em posição dorsal e em superfície plana e rígida, ficando posicionado de forma a garantir uma via aérea aberta e permeável. Inicia-se a RCP. 45 Figura 5: Protocolo para RCP Fonte: Disponível em: <http://www.hc.ufpr.br/acad/clinica_medica/cardiologia/protocolos/Prot_Parada_Card.pdf> Acesso em 04 maio 2009 46 6 TERAPIA FARMACOLÓGICA Os recentes avanços farmacológicos reduziram a mortalidade e a morbidade relacionadas com as doenças cardiovasculares. As enfermeiras do departamento de emergência são responsáveis pelo preparo e administração dos medicamentos potentes que afetam a função cardiovascular do paciente, avaliando continuamente os efeitos desses medicamentos. Os medicamentos que são comumente empregados nos ambientes de cuidados críticos para tratar as doenças cardiovasculares serão citados neste capítulo (JONG et al, 2007). 6.1 FIBRINOLÍTICOS A decisão de administrar a terapia baseia-se nos dados do exame físico cardiovascular e do eletrocardiograma. Eles convertem, direta ou indiretamente, o plasminogênio em plasmina, a qual, lisa o trombo. Sua meta consiste em dissolver o trombo, restabelecer o fluxo sanguineo coronariano, minimizar o tamanho do infarto, preservar a função ventricular esquerda e reduzir a morbidade e mortalidade (JONG et al, 2007). É importante administrar o medicamento fibrinolítico dentro de 30 minutos da apresentação. Mas são atualmente administrados até 12 horas depois do início dos sintomas. Os medicamentos comumente utilizados são o alteplase, o reteplase, o tenecteplase e a estreptocinase (RANG et al, 2004). Os fibrinolíticos estão indicados para pacientes com infarto agudo do miocárdio com elevação aguda dos segmentos ST. Está contra-indicada a terapia em pacientes com sangramento interno ativo, acidente vascular cerebral hemorrágico prévio, acidente vascular cerebral não-hemorrágico no ultimo ano, neoplasia intracraniana, malformação arteriovenosa ou aneurisma, cirurgia intracraniana ou intra-espinhal recente, trauma recente, suspeita de dissecção aórtica e hipertensão grave não controlada. Já os efeitos adversos mais comuns são sangramento, acidente vascular cerebral e arritmias de reperfusão (JONG et al, 2007). 47 6.2 ANTICOAGULANTES “Os anticoagulantes, como s heparina não-fracionada, LMWHs, inibidores diretos da trombina e a warfarina, limitam a formação adicional de fibrina e ajudam a evitar a tromboembolia” (JONG et al, 2007,p. 298). A heparina não fracionada é o anticoagulante mais comumente utilizado. Está indicada para SCA, tromboembolia venosa, intervenções coronarianas percutâneas e revascularização cirúrgica, bem como para aqueles pacientes que recebem alteplase, reteplase e tenecteplase (RANG et al, 2004). As LMWHs, como a enoxaparina e a dalteparina, são pequenos fragmentos derivados da heparina não-fracionada. É indicado para pacientes com angina instável, IAM sem elevação do segmento ST ou trombose venosa profunda. Tem como reações adversas sangramento, trmobocitopenia, níveis de aminotransferase elevados e dor, eritema, equimose ou hematoma so sítio de injeção (JONG et al, 2007). A Lepiriduna é um inibidor direto da trombina usado para evitar complicações tromboembólicas em pacientes com trombocitopenia induzida por heparina e doença tromboembólica, sendo que seus principais efeitos adversos são as complicações hemorrágicas (JONG et al, 2007). A warfarina é usada em pacientes em terapia com anticoagulante crônico, age interferindo a síntese dos fatores de coagulação vitamina K-dependentes. É indicada para casos de anticoagulação pós-IAM para os pacientes de alto risco, miocardiopatia dilatada, fibrilação atrial, ICC, tromboembolia venosa e presença de uma prótese de válvula cardíaca (RANG et al, 2004). 6.3 INIBIDORES PLAQUETÁRIOS A aspirina é o inibidor de plaquetas mais utilizado. É usada para diminuir a mortalidade de pacientes com IAM; reduzir a incidência de IAM não-fatal e a mortalidade de pacientes com angina estável, angina instável e ou infarto do miocárdio prévio; e evitar o fechamento do enxerto depois da cirurgia de enxerto de 48 bypass da artéria coronária e trombo da artéria coronária depois da angioplastia. Também tem indicação em caso para redução do risco de acidente vascular cerebral não-fatal e morte em pacientes com história de acidente vascular cerebral isquêmico ou isquemia transitória decorrente da embolia por plaquetas. Tendo com efeitos colaterais: epigastralgia, náuseas, vômitos, sangramento GI, hemorragia subdural ou intracraniana, trombocitopenia, coagulopatia e um tempo de protrombina prolongado (JONG et al, 2007). A ticlopidina usa-se em pacientes com intolerância à aspirina. Os principais efeitos adversos da ticlopina são: sangramento, neutropenia, agranulocitose, púrpura trombocitopênica trombótica, aminotransferases hepáticas elevadas e irritação GI. O clopidogrel é indicado para reduzir novos eventos ateroscleróticos nos pacientes com aterosclerose. É usado geralmente por 4 semanas depois da aplicação de stent na artéria coronária e é uma alternativa a aspirina. Causa alguns efeitos adversos como: distúrbios hemorrágicos, desconforto GI, púrpura trombocitopênica trombótica e neutropenia (RANG et al, 2004). Atualmente existem três antagonistas do receptor GP IIb/IIIa, abciximab, tirofiban e eptifibatide. Eles irão inibir o receptor da GP IIb/IIIa, a via comum final para a agregação plaquetária, inibem a formação de trombo e evitam a agregação plaquetária. Tem como efeitos adversos sangramento, trombocitopenia, acidente vascular cerebral e reações alérgicas (JONG et al, 2007). 6.4 ANTIARRÍTMICOS Os medicamentos antiarrítmicos são usados para restaurar o ritmo cardíaco normal e para evitar as seqüelas com risco de morte decorrentes das arritmias. Eles são classificados por seu efeito sobre a função cardíaca, no entanto, muitos deles possuem mais de uma ação (JONG et al, 2007). 49 6.4.1 Medicamentos antiarrítmicos da classe I Em geral, pesquisas não confirmam a eficácia dos antiarrítmicos da classe I. a tendência é que se use antiarrítmicos das classes II e III, cardioversão e cardioversores-desfibriladores implantáveis em lugar de medicamentos da classe I. Na classe IA temos a quinidina, procainamida e disopiramida, eles não melhoram a mortalidade, podem causar arritmias com risco de morte e interagem com outros medicamentos comumente usados em pacientes com doença cardiovascular. Na classe IB temos a lidocaína, a mexiletina e a tocainida, sendo que a lidocaína não é mais usada profilaticamente para pacientes com IAM ou arritmias ventriculares assintomáticas (JONG et al, 2007). 6.4.2 Medicamentos antiarrítmicos da classe II Na classe II temos os beta-bloqueadores, eles são utilizados em pacientes com taquiarritmias, IAM com elevação do segmento ST, IAM sem elevação do segmento ST, dor isquêmica continuado ou recorrente, hipertensão e ICC. Com exceção do esmolol e o solatol, todos os bete-bloqueadores são utilizados em hipertensos. Já os únicos medicamentos aprovados para uso no tratamento de arritmias (RANG et al, 2004). O metropolol, propranolol, atenolol e nadolol estão aprovados para angina, enquanto o metropolol e o atenolol são indicados primeiramente para IAM. Sendo que a meta consiste em reduzir a freqüência cardíaca em repouso do paciente para 55 a 60 bpm. Os beta-bloqueadores estão contra indicados nos pacientes com asma grave ou broncoespasmo, DPOC, choque cardiogênico, insuficiência ventricular esquerda franca, bradicardia grave ou bloqueio cardíaco maior que o do primeiro grau. Causam como efeitos colaterais bradicardia, bloqueio cardíaco, hipotensão, insuficiência cardíaca, broncoespasmo, membros frios, insônia, fadiga e depressão (JONG et al, 2007). 50 6.4.3 Medicamentos antiarrítmicos da classe III Neles incluem a amiodarona, o solatol, a ibutilida e a dofetilida. A amiodarona é o tratamento de escolha em casos de disfunção ventricular acentuada e fibrilaçao atrial, estudos mostram que a amiodarona diminui a fibrilação ventricular e a morte decorrente das arritmias para os pacientes depois do IAM. Os protocolos do Suporte de Vida Cardíaco incluem a amiodarona como opção de primeira linha para tratar a fibrilação ventricular/taquicardia ventricular sem pulso, taquicardia com complexo amplo, fibrilação atrial e flutter atrial. A ibutilida e a dofetilida são os medicamentos de classe III modernos indicados para a FA e o flutter atrial. Embora esses medicamentos possam causar um intervalo QT prolongado e o torsades de pointes, eles acabam tendo menos efeitos adversos sistêmicos que a amiodarona e o solatol (JONG et al, 2007). 6.4.4 Medicamentos antiarrítmicos da classe IV Os antiarrítmicos bloqueadores dos canais de cálcio da classe IV são o verapamil e o ditilazem. Eles apresentam efeitos inotrópicos negativos e de vasodilatação periférica, além disso, apresentam efeitos antiplaquetários antiisquêmicos. São contra indicados para as formas usuais de taquicardia ventricular, bradicardia sinusal grave, síndrome do seio doente, síndrome de WolffParkinson-White (WPW) com FA, intoxicação por digoxina, hipotensão, insuficiência cardíaca, defeitos de condução AV e estenose aórtica grave, não se constituindo em terapias comuns para o IAM. Causa como efeitos colaterais hipotensão, bloqueio AV, bradicardia, cefaléia, tonteira, edema periférico, náusea, constipação e rubor (RANG et al, 2004). 51 6.4.5 Medicamentos antiarrítmicos não-classificados A adenosina é um antiarrítmico que converte efetivamente a taquicardia supraventricular paroxística com complexo estreito em ritmo sinusal normal ao lentificar a condução através do nodo AV. É usada também para diferenciar entre a taquicardia ventricular e a taquicardia supraventricular, tratar formas raras de TV idiopática e revelar a pré-excitação latente nos pacientes com suspeita de síndrome WPW (RANG et al, 2004). O sulfato de magnésio é a escolha para tratar o torsades de pointes. Usa-se também para a TV refratária e fibrilação ventricular, assim como as arritmias com risco de vida decorrentes da intoxicação digitálica. Já a atropina é usado para tratar a bradicardia sintomática e a condução lentificada no nodo AV, sendo que também é indicada para a assistolia ou atividade elétrica sem pulso bradicárdico (RANG et al, 2004). “A digoxina é um inotrópico positivo brando com ações antiarritmica e bradicárdica. (...) a digoxina também ativa o sistema parassimpático, gerando uma freqüência cardíaca diminuída e a inibição nodal atrioventricular aumentada “(JONG et al, 2007, p 306). Ela é mais benéfica para casos de fibrilação atrial aguda com freqüência ventricular rápida ou ICC crônica com FA crônica. Os sinais e sintomas de intoxicação digitálica são: síncope, palpitações, arritmias, nível de digoxina elevado, anorexia, vomito, diarréia, náusea, fadiga, confusão, insônia, cefaléia, depressão, vertigem, dor facial e visão turva ou colorida (RANG et al, 2004). 6.5 INOTRÓPICOS Estes são usados para aumentar a força da contração miocárdica e o débito cardíaco, e são comumente fornecidos a pacientes com disfunção ventricular e choque cardiogênico. A enfermeira deve monitorar rigorosamente o paciente quanto a evidência de isquemia, angina e arritmias (JONG et al, 2007). 52 6.5.1 Dopamina É o inotrópico mais utilizado, é administrada aos pacientes com condições que provocam hipotensão, debito cardíaco diminuído e oligúria. As dosagens muito elevadas causam, predominantemente, vasoconstrição e pressão arterial aumentada. Em geral a dopamina é administrada por um acesso venoso central para aumentar a distribuição e evitar o extravasamento, que pode causar vasoconstrição local e necrose tissular. Efeitos colaterais causados pela dopamina são: taquicardia, palpitações, arritmias, angina, cefaléia, náusea, vômito e hipertensão (JONG et al, 2007). 6.5.2 Dobutamina Ela é usada depois da cirurgia cardíaca, durante alguns procedimentos diagnósticos de estresse cardíaco, em insuficiência cardíaca, choque ou outras condições que gerem contratilidade cardíaca deficiente ou baixo débito cardíaco. Causando efeitos adversos como: taquicardia, arritmias, flutuações da pressão arterial, cefaléia e náuseas (RANG et al, 2004). 6.5.3 Epinefrina A epinefrina tem diversas indicações, inclusive parada cardíaca, bradicardia sintomática, hipotensão grave, anafilaxia e choque. Em doses altas, ela estimula os receptores alfa, causando vasoconstrição profunda, pressão arterial e resistência vascular sistêmica altas e perfusão renal esplâncnica diminuídas. A epinefrina pode ocasionar arritmias, taquicardia, hemorragia cerebral, edema pulmonar, cefaléia, tonteira, nervosismo, isquemia miocárdica e angina (JONG et al, 2007). 53 6.5.4 Isoproterenol Atualmente é usado para aumentar a freqüência cardíaca depois do transplante cardíaco, mas usa-se também em torsades de pointes refratário, superdosagem de beta-bloqueador e bradicardia simpática, quando um marca-passo externo não está disponível. Seus efeitos adversos são: arritmias, taquicardia, palpitações, isquemia miocárdica, hipotensão, edema pulmonar, broncoespasmo, cefaléia, náuseas, vômitos e sudorese (RANG et al, 2004). 6.5.5 Norepinefrina Ela é usada em pacientes com choque cardiogênico e hipotensão significativa acompanhada por uma RVS baixa. Os efeitos adversos são: taquicardia, bradicardia, arritmias, cefaléia, hipertensão, necrose tissular por extravasamento (RANG et al, 2004). 6.5.6 Anriona É utilizada para insuficiência cardíaca congestiva grave que é refratária a outros medicamentos, tendo como efeitos colaterais hipotensão, taquicardia, arritmias e trombocitopenia (RANG et al, 2004). 6.5.7 Milrinona É empregada para o tratamento de curto prazo da insuficiência cardíaca congestiva. Os pacientes que recebem milrinona podem ter arritmias ventriculares, hipotensão, cefaléia, broncoespasmo e trombocitopenia (JONG et al, 2007). 54 6.6 VASODILATADORES São medicamentos que irão diminuir a pré-carga e a pós-carga (JONG et al, 2007). 6.6.1 Nitratos Eles vasodilatam a artéria coronária, melhoram o fluxo sanguíneo colateral, reduzem a agregação plaquetária, estimulam a perfusão para o miocárdio isquêmico e diminuem a demanda miocárdica de oxigênio, reduzindo assim a isquemia, a dor torácica e o tamanho do infarto. São indicados para angina aguda, IAM anterior de grande porte, IAM associado a ICC, isquemia persistente ou hipertensão e profilaxia da angina. Sendo contra-indicações hipotensão, hipovolemia não-corrigida, miocardiopatia obstrutiva hipertrófica e tamponamento pericárdico, etc. E apresenta como reação adversa cefaléia, hipotensão, síncope e taquicardia (JONG et al, 2007). 6.6.2 Nitroprussiato de sódio É um potente vasodilatador arterial e venoso que é empregado para tratar a insuficiência ventricular esquerda grave, hipertensão após enxerto de bypass da artéria coronária, crise hipertensiva e aneurisma dissecante. Os efeitos indesejáveis incluem hipotensão, isquemia miocárdica, náuseas, vômitos, dor abdominal e intoxicação por cianeto (RANG et al, 2004). 55 6.7 INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA Eles são indicados para tratamento de ICC, hipertensão, IAM com ou sem disfunção ventricular assintomática. Também são usados para diminuir a morbidade e mortalidade para os pacientes com alto risco de IAM, AVC ou morte cardiovascular. Todos os IECAs são contra-indicados na gestação, angioedema, estenose da artéria renal bilateral e hipotensão preexistente, devendo ser usados com cautela no casos de insuficiência renal ou hipercalemia. Causa como efeitos colaterais hipotensão, tonteira, angioedema, tosse, cefaléia, fadiga, náuseas, vômitos, diarréia, hipercalemia e comprometimento da função renal (RANG et al, 2004). 6.8 ANTI-HIPERLIPIDÊMICOS A redução do colesterol se faz importante quando falamos sobre tratamento das doenças cardiovasculares. A terapia farmacológica irá diminuir a morbidade e mortalidade por cardiopatia coronária. Sendo que os medicamentos mais usados neste caso são: sinvastatina, pravastina, lovastadina, colestiramina, colestipol, ácido nicotínico genfibrozil (JONG et al, 2007). 56 7 EXAMES LABORATORIAIS CARDÍACOS Segundo MORTON, TUCKER e RUEDEN (2007) as enfermeiras que possuem uma compreensão básica de interpretação e analise de exames laboratoriais exercitam o julgamento dos resultados relacionando-os com outras informações sobre o paciente. Essa capacidade pode afetar de forma favorável a evolução clínica ou o prognostico do paciente. Os exames são adequados para garantir a avaliação exata e o diagnóstico correto do paciente que está apresentando sintomas compatíveis com um distúrbio cardiovascular ou uma cardiopatia coronariana. 7.1 EXAMES LABORATORIAIS DE ROTINA De acordo com MORTON, TUCKER e RUEDEN (2007), aqui está um breve listagem dos exames laboratoriais mais comuns na prática hospitalar: - Exames hematológicos: contagem de eritrócitos; hematócrito; hemoglobina; índices corpusculares; contagem de leucócitos e velocidade de hemossedimentação. - Exames de coagulação: contagem de plaquetas, tempo de protrombina; tempo de tromboplastina parcial; tempo de tromboplastina parcial ativada; tempo de coagulação ativado; nível de fibrinogênio e tempo de trombina. - Bioquímica sanguínea: eletrólitos séricos; gasometria; excesso de base; bilirrubina; cálcio; creatinina; glicose; magnésio; fósforo; fosfatase alcalina; proteína total; uréia; ácido úrico. - Colesterol: colesterol total; LDL; HDL; apolipoproteina A; apolipoproteina B. 57 7.2 EXAMES ENZIMÁTICOS Eles são rotineiramente usados para diagnosticar infarto agudo do miocárdio. As enzimas séricas usadas são:CK-MM; CK-MB; CK-BB; LDL-1; proporção LDL1:LDL-2 e asparato aminotransferase (MORTON, TUCKER e RUEDEN (2007). 7.3 MARCADORES BIOQUÍMICOS: PROTEÍNAS MIOCÁRDICAS Segundo SMELTZER e BARE (2007) os níveis de mioglobina e troponina são ótimos para diagnosticar algum comprometimento cardíaco. A mioglobina é encontrada nos músculos esqueléticos e cardíaco, ela aparece no soro mais precocemente que CK e pode ser encontrada no soro em menos de 1 hora após o inicio dos sintomas. Já a troponina se encontra em duas subformas, troponina I cardíaca e troponina T cardíaca. É detectada dentro de 4 horas depois de um IAM e pode permanecer elevada por 7 a 10 dias. 7.4 MARCADORES DIAGNÓSTICOS MAIS MODERNOS A proteína C-reativa e a selectina-P são os mais modernos da inflamação e necrose. A proteína C-reativa está elevada nos pacientes com síndromes coronarianas agudas. O dímero D é outro marcador, é detectado precocemente e permanece elevado durante dias, pode identificar a placa instável em pacientes de alto risco, quando a troponina e a CK-MB ainda não foram liberadas (MORTON, TUCKER e RUEDEN (2007). 58 8 EXAMES DIAGNÓSTICOS CARDÍACOS Para MORTON, TUCKER e RUEDEN (2007) isso fará uma triagem mais cuidadosa da população para procedimentos de alto risco e métodos de baixo risco para monitorar a evolução da doença e a resposta ao tratamento. A enfermeira cuida frequentemente de pacientes que se submetem a esses procedimentos. A compreensão destes exames possibilita a enfermeira responder às perguntas, incorpore os achados ao plano de cuidados do paciente, fornecendo um cuidado de alto nível, diminuindo a ansiedade dos pacientes e de seus familiares ao explicar o procedimento a ser realizado. 8.1 PROCEDIMENTOS NÃO-INVASIVOS Eletrocardiograma: Neste procedimento visualiza-se o impulso elétrico que faz tracejo pelo coração. Cada fase do ciclo cardíaco é refletido por traçados específicos na fita de ECG. É obtido colocando eletrodos sobre áreas específicas no tórax, eles promovem a detecção da corrente elétrica. Quando o ritmo for analisado de maneira sistemática, os achados são comparados e compatibilizados com os critérios do ECG para as disritmias, visando determinar o diagnóstico (SMELTZER e BARE, 2007). Monitoração por Holter: Não é um método usado para o primeiro diagnóstico de insuficiência coronária, mas tem sido o melhor método para a avaliação da isquemia durante as atividades habituais, em pacientes com doença arterial coronária, ajuda o reconhecimento do número e duração dos episódios de isquemias, quando ocorrem, as relações entre isquemia e a FC e a eficácia terapêutica utilizada (SOLIMENE, 2005). Monitor de alça implantável: É um aparelho implantável destinado a capturar e registrar o ECG de um paciente durante um episódio de síncope. Atualmente se usa ele para prover vigilância por mais tempo. Ele pode ser programado de modo que possa ser estabelecida uma correlação entre o ritmo cardíaco intrínseco e os 59 eventos de sincope do paciente, e monitora continuamente a atividade elétrica cardíaca do paciente (MORTON, TUCKER e RUEDEN, 2007). Radiografia de tórax: Segundo SMELTZER e BARE (2007), este exame serve para determinar o tamanho, contorno e posição do coração. Revelando calcificações cardíacas e pericárdicas, mostrando também alterações na circulação pulmonar. Ele não diagnostica o IAM, mas auxilia no diagnostico de suas complicações. Ela confirma também a posição correta dos cateteres cardíacos. Ecocardiografia: É um teste não-invasivo que é utilizado para examinar o tamanho, formato e movimento das estruturas cardíacas. Diagnostica derrames pericárdicos, determina a etiologia dos sopros cardíacos, verifica como está funcionando as próteses valvulares cardíacas, verifica o tamanho do compartimento e avalia o movimento da parede ventricular. Ela pode ser realizada com um teste de esforço por exercício ou farmacológico (SMELTZER e BARE, 2007). Angiocardiografia: Nestes exames podem incluir informações sobre as frações de ejeção ventricular direita e esquerda, anormalidades de movimento da parede regional do ventrículo esquerdo, volumes ventriculares e shunts cardíacos. É um índice prognostico primordial para os pacientes com IM ou parada cardíaca. A técnica mais usada é conhecida como angiocardiografia em equilíbrio (MORTON, TUCKER e RUEDEN, 2007). Tomografia computadorizada: Neste exame são empregados raios X para fornecer imagens transversais do tórax, incluindo o coração e os grandes vasos. A tomografia computadorizada cardíaca resulta em alta exposição à radiação, então o risco potencial deve ser pesado em relação aos benefícios de diagnosticar problemas de saúde importantes como doença da artéria coronária (SMELTZER e BARE, 2007). 8.2 PROCEDIMENTOS INVASIVOS Cateterismo cardíaco: Segundo MORTON, TUCKER e RUEDEN (2007) a angiografia coronariana é utilizada para avaliar a presença e a localização de cardiopatia coronariana. O cateterismo cardíaco é um termo usado que se refere aos procedimentos realizados no laboratório de cateterismo. Estes incluem a angiografia 60 coronária, o enxerto de bypass de veia safena ou a angiografia da artéria mamária interna, ventriculografia e cateterismo cardíaco direito ou esquerdo. Ultra-sonografia intravascular: É uma conduta mais moderna para a avaliação da anatomia da artéria coronária. Diferentemente da angiografia ela fornece uma avaliação de todo o perímetro do vaso com uma visão de 360°, enquanto a angiografia proporciona um meio rápido de avaliar o diâmetro da luz vascular em silhueta (MORTON, TUCKER e RUEDEN, 2007). 61 9 TRATAMENTO E CONDUTAS GERAIS NAS EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS Atualmente tem ocorrido uma mudança significativa do perfil do sistema de saúde em decorrência principalmente, da preocupação da população em conciliar o local de atendimento especializado - neste caso o PS que possua atendimento cardiovascular - e o local onde esse paciente reside. Ainda sob esse aspecto, o paciente deve estar atento quanto à opção de optar pelo tipo de atendimento, de acordo com o tipo de plano de saúde que possui. Essas escolhas independem se existe uma doença, ou seja, apenas sua suspeita. Sendo assim cabe a equipe de saúde manter o cliente informado acerca da sua historia cardiovascular, medicamentos administrados e exames que foram ou serão realizados (BARISH e NARADZAY, 2000). "Identificar uma doença, ou seja, fazer o diagnostico, não é tudo. é necessário, também, conhecer a pessoa doente em sua individualidade. as doenças podem ser iguais, mas os pacientes são sempre diferentes" (OLIVEIRA JR, OLIVEIRA e PORTO, 2005, p.16). Quando se trata de emergência, quanto mais precoce for o atendimento, maiores serão as chances de sobrevivência do paciente e menor as seqüelas ocasionadas (BARISH e NARADZAY, 2000). O atendimento ao paciente enfermo inicia-se com a identificação deste, logo após deve ser realizada a anamnese seguida de análise e interpretação dos achados clínicos, incluindo ai a investigação de todas as possibilidades, através do raciocínio lógico e um grau de precisão. O exame físico é também uma ferramenta fundamental para a finalização do raciocínio para o diagnóstico. Cabendo assim, não somente os exames tradicionais, mas também os exames complementares, tais como a tomografia computadorizada, a ressonância magnética, cintilografia entre outros (OLIVEIRA JR, OLIVEIRA e PORTO, 2005). 9.1 PACIENTE ADULTO EM PARADA CARDIACA Nesta situação o profissional deve seguir um algoritmo que estabelece alguns 62 dogmas terapêuticos, que são: • Providenciar o serviço de saúde de emergência; • Providenciar os materiais no carrinho de emergência; • Realizar o ECG e começar o tratamento das arritmias malignas; • Oferecer suporte ventilatório e circulatório; • Notificar e alertar o PS da possível internação (BARISH e NARADZAY, 2000). 9.2 ARRITMIAS POTENCIALMENTE FATAIS As arritmias malignas podem ser causadas por vários fatores em conjunto, mas as principais causas são descritas através da negligencia do paciente a medicação, ICC aguda, AVE, distúrbio dos eletrólitos, embolia pulmonar entre outros. Sendo assim, as intervenções nessa cardiopatia é o rápido reconhecimento e conduta eficiente e eficaz (BARISH e NARADZAY, 2000). 63 10 O PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE ÀS EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS Para WEHBE E GALVÃO (2008) o papel do enfermeiro na unidade de emergência consiste em obter a história do paciente, fazer exame físico, executar tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os pacientes para uma continuidade do tratamento e medidas vitais. O enfermeiro desta unidade é responsável pela coordenação da equipe de enfermagem e é uma parte vital e integrante da equipe de emergência. A reestruturação e a organização do setor é de fundamental importância, para um bom funcionamento da unidade, uma vez que quando necessário à utilização do material, o mesmo deve estar disponível e de fácil acesso. O enfermeiro é responsável por elaborar uma rotina de checagem de materiais e equipamentos, validade da medicação e de esterilização dos materiais, lacre do carro de emergência, controle do estoque mínimo do material de ressuscitação e equipamentos para proteção individual. Deve avaliar sua unidade quanto à presença de tomadas de energia elétrica, a disponibilidade de recursos materiais e rede de oxigênio, presença de macas com grades, tábua de massagem, carro de emergência com presença de desfibrilador, assim como, a reposição dos materiais e medicamentos durante e após o atendimento (TIMERMAN, 2005). A enfermeira tem educação, treinamento e experiência especializada para ganhar a competência na avaliação e identificação de pacientes em situações de crise. Além disso, ela estabelece prioridades, monitora e avalia constantemente os pacientes lesionados ou agudamente doentes, dar apoio psicológico às famílias, supervisiona os profissionais de saúde aliados e ensina os clientes e as famílias dentro de um ambiente de cuidados de alta pressão e com tempo limitado. (SMELTZER e BARE, 2005). Por isso a constante atualização destes profissionais, é necessária, pois, desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônica na qual estão inseridos. (WEHBE E GALVÃO, 2008). De acordo com WEHBE E GALVÃO (2008), frente às características específicas da unidade de emergência, o trabalho em equipe de enfermagem tornase crucial. O enfermeiro deve ser uma pessoa calma, ágil, de raciocínio rápido, de 64 forma a adaptar-se, de imediato, a cada situação que se apresente à sua frente. Este profissional deve estar preparado para o enfrentamento de intercorrências emergentes necessitando para isso ter experiência. As prescrições de enfermagem são realizadas de forma interdependente, sob a orientação da enfermeira, sendo previstas com base nos dados do histórico do paciente. Lembrando que os potenciais da enfermagem e medicina são complementares em situações emergenciais. (SMELTZER e BARE, 2005). Segundo SMELTZER e BARE (2005), o processo de enfermagem proporciona uma estrutura lógica para a resolutividade dos problemas nesse ambiente. Tendo em vista que esses pacientes possuem uma ampla variedade de problemas reais ou potenciais, e suas condições podem se alterar constantemente. Resumindo, o enfermeiro necessita compreender o processo de liderança e desenvolver as habilidades necessárias; dentre elas, salientamos a comunicação, o relacionamento interpessoal, tomada de decisão e competência clínica, bem como aplicá-las na sua prática profissional. (WEHBE E GALVÃO, 2008). Por conseguinte, a evolução de enfermagem deve ser contínua, e os diagnósticos de enfermagem se modificam de acordo com a condição do paciente. Leva-se em consideração que pacientes podem ter vários diagnósticos em um determinado momento, o foco se faz sobre aqueles com maior risco; com freqüência, são necessárias prescrições de enfermagem autônomas e interdependentes (SMELTZER e BARE, 2005). 10.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES EXERCIDAS PELO ENFERMEIRO NO PRONTO SOCORRO Para MARIA e WEHBE (2001) as principais atividades exercidas pelo enfermeiro são: prestar o cuidado ao paciente juntamente com o médico; preparar e ministra medicamentos; viabilizar a execução de exames especiais procedendo a coleta; instalar sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes; efetuar curativos de maior complexidade; preparar instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução 65 dos procedimentos diversos; evolução do pacientes e anotação no prontuário e realizar o controle dos sinais vitais. O enfermeiro executa também as atividades administrativas como: realização da estatística dos atendimentos ocorridos na unidade; liderança da equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e não críticos; coordenação das atividades do pessoal de recepção, limpeza e portaria; soluciona problemas decorrentes com o atendimento médico-ambulatorial; solicitação do pessoal e recursos materiais necessários; realização da escala diária e mensal da equipe de enfermagem; controle do estoque de material; verificação da necessidade de manutenção dos equipamentos do setor (MARIA e WEHBE, 2001). O enfermeiro além de atuar na assistência e na área administrativa, deve aliar à fundamentação teórica, a capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensino, a maturidade e a estabilidade emocional, uma vez que ele é responsável pela coordenação da equipe de enfermagem, a qual é uma parte vital e integrante da equipe de emergência (BATISTA e BIANCH, 2006). Como a qualidade dos serviços em saúde é realizada pela ação de todos aqueles que proporcionam a assistência, para programar medidas de melhoria, é necessário considerar as ações de todos envolvidos e considerar a estrutura, o processo e o resultado obtido (DOMICIANO e FONSECA, 2008). A enfermagem tem um papel importante no processo de mudanças organizacionais e educacionais no âmbito hospitalar, assim, deve haver um a relação íntima entre cuidar e administrar (GATTI e LEÃO, 2004). O enfermeiro frente a outros profissionais de saúde é o melhor capacitado para essa função, pois sua educação é enfatizada à valorização das necessidades dos clientes, não só as biológicas, mas também as sociais e psicológicas. Além de que o seu papel de líder dar-lhe uma visão abrangente do setor, que inclui recursos humanos e materiais, área física e fluxo de clientes (DOMICIANO e FONSECA, 2008). Quando a comunicação é bem estabelecida pode amenizar a falta de tempo subjetiva que o profissional de emergência experimenta no seu dia-a-dia, além de que, se o profissional esclarecer as dúvidas e orientar adequadamente o cliente quanto mudanças no seu estilo de vida, o retorno do cliente à unidade poderá 66 reduzir, minimizando assim a grande demanda de pacientes na unidade de emergência (ZENEVICZ, 2007). Portanto a constante atualização é necessária, pois, desenvolvem com a equipe médica habilidades para que possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônica na qual estão inseridos (BATISTA e BIANCH, 2006). 67 CONCLUSÃO Ao decorrer do trabalho conclui-se que em um pronto socorro vários pacientes com diversos problemas de saúde podem apresentar-se simultaneamente a ele, alguns com risco de vida, outros não. Procurando neste serviço de emergência uma solução imediata para suas manifestações, depositando na instituição e nos profissionais que ali atuam a esperança para resolução do seu caso; os profissionais de saúde, por sua vez, devem atender às necessidades dos pacientes e as cobranças da instituição; precisam ser rápidos e imediatos em suas ações. Os prontos socorros públicos prestam esse tipo de atendimento à população, constituindo-se num importante componente da assistência à saúde, por isso a sua meta é a avaliação rápida, a estabilização, o tratamento e a pronta admissão do paciente ao hospital. Quando se trata de emergência, quanto mais precoce for o atendimento, maiores serão as chances de sobrevivência do paciente e menor as seqüelas ocasionadas, nestes casos o acolhimento da enfermagem inicialmente é crucial ao seu tratamento, pois durante sua avaliação na triagem, as condutas emergenciais serão tomadas. De acordo com nosso estudo no departamento de emergência grande número de pacientes procura tais cuidados para condições cardíacas graves com risco de vida, como o infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca aguda, edema agudo de pulmão, disritmias cardíacas, etc. Com isso reforçamos toda a anatomia e fisiologia cardiorrespiratória, bem como explicamos como acontece as principais patologias cardiológicas que a equipe de enfermagem pode enfrentar em seu ambiente de trabalho. Destacamos que o enfermeiro emergencista necessita ter conhecimento científico, prático e técnico, afim de que possa tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente. O processo de enfermagem proporciona uma estrutura lógica para a resolutividade dos problemas nesse ambiente. Tendo em vista que esses pacientes possuem uma ampla variedade de problemas reais ou potenciais, e suas condições podem se alterar constantemente. As prescrições de enfermagem são realizadas de 68 forma interdependente, sob a orientação da enfermeira, sendo previstas com base nos dados do histórico do paciente. Lembramos que os potenciais da enfermagem e medicina são complementares em situações emergenciais. Por conseguinte, a evolução de enfermagem deve ser contínua, e os diagnósticos de enfermagem se modificam de acordo com a condição do paciente, o foco se faz sobre aqueles com maior risco. Resumindo, o enfermeiro necessita compreender o processo de liderança e desenvolver as habilidades necessárias; dentre elas, salientamos a comunicação, o relacionamento interpessoal, tomada de decisão e competência clínica, bem como aplicá-las na sua prática profissional. Por isso a constante atualização destes profissionais, é necessária, pois, desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônica na qual estão inseridos. 69 REFERÊNCIAS ANDRIS, Deborah A. et al. Semiologia: bases para a prática assistencial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 414p. ANTCZAK, Susan E. et al. Fisiopatologia básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 340p. ANVISA. Resolução - RDC Nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Disponível em <http://selobiologica.com.br/anvisa/RDC%20n%C2%BA%205002%20projetos%20f%C3%ADsicos%20de%20estabelecimentos%20de%20sa%C3 %BAde.doc> Acesso em: 12 de maio de 2009. BARISH, Robert A.; NARADZAY, Jerome F. X. Abordagem das emergências cardiovasculares. In: GOLDMAN, Lee; BRAUNWALD, Eugene. 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