Lorenna Rodrigues de Souza Cuidados com feridas Estomas Aparelho Digestivo Função: Transformar os alimentos em substâncias absorvíveis e assimiláveis ao organismo e eliminar os dejetos não aproveitáveis. Processo da Digestão • Funcionamento motor • Funcionamento bioquímico Intestino Delgado Intestino Grosso Duodeno (cerca de 25 cm) / Jejuno (cerca de 2,5 m) / Íleo Ceco Cólon ascendente Cólon transverso Cólon (cerca de 3,5 m) descendente Cólon sigmóide A função do intestino delgado consiste em continuar a • Absorção de água e eletrólitos do quimo • Armazenamento de matéria fecal até que possa ser digestão até que os alimentos nutritivos estejam em condições de serem absorvidos. expelida • Defecação Composição das Fezes • Água e sais minerais • Muco procedente dos diversos níveis do tubo • Resíduos alimentares não digeridos digestivo • Bactérias procedentes na maioria da vezes do cólon • Células desprendidas das superfícies do tubo • Pigmentos biliares Tipo de efluente de acordo com a Localização do Estoma Estoma Tipo de efluente Colostomia Sigmóide Firme, Sólido Colostomia Descendente Pastoso Colostomia Transversa Pastoso Colostomia Ascendente Semilíquido Cecostomia Líquido Ileostomia Líquido e contínuo Rins • Regulam o balanço hidroeletrolítico (água e eletrólitos) • Eliminam substâncias tóxicas e produtos finais do metabolismo • Mantêm a pressão osmótica do plasma • Regulam o equilíbrio ácido - base do organismo ESTOMAS Do grego significa abertura, óstio, boca Qualquer abertura cirúrgica de uma víscera oca ao meio externo, com fins de alimentação eliminação ou descompressão. Indicações • Tumores • Doenças inflamatórias • Traumas abdominais • Doenças congênitas • Traumas retais Classificação dos Estomas Quanto ao segmento exteriorizado • Jejunostomias • Ileostomias • Colostomias Estomas perineais • Temporários (abaixamentos) • Definitivo (continente?) • • • Cecostomias Ascendentostomias Transversostomias • • Descendestostomias Sigmoidostomias Quanto a permanência *Permanente * Temporária Quanto a Forma de exteriorização • Por sonda • Terminal (boca única) • Em alça (duas bocas unidas) • Bocas separadas • Justapostas • Distantes * Colostomia Tangencial (ventostomia) Quanto a continência * Continente * Não Continente Quanto a maturação * Precoce (imediata) * Tardia (retardada) Quanto a via de acesso * Por laparotomia * Por laparoscopia Tipos mais freqüentes de Ostomias 1. Colostomia Sigmóide 2. Colostomia Descendente 3. Colostomia Transversa 4. Colostomia Ascendente 5. Ileostomia 6. Urostomia Demarcação de Estomas Intestinais A demarcação consiste na escolha prévia do local para exteriorização do estoma na parede abdominal. Objetivos Facilitar o auto-cuidado; Garantir a área de aderência para os dispositivos; Garantir melhor adaptação e qualidade de vida ao ostomizado. Lorenna Rodrigues de Souza Escolha do local é fundamentada nos seguintes aspectos: Tipo de estoma; Localização do músculo reto abdominal; Escolha de uma área de pele suficiente para a adesão do sistema coletor; Distância adequada de pontos críticos; Facilidade de visualização do estoma pelo paciente; Presença de próteses ou órteses que exigem apoio abdominal. Formas de Demarcação Caneta especial ou marcador (a prova d’água): este método é indolor, não invasivo,econômico e mais comumente utilizado; Tatuagem: consiste em injetar 0,01ml de azul de metileno, intradérmico, no local selecionado, após anti-sepsia com álcool etílico a 70%; Escarificação: consiste na laceração ou realização de lesões puntiformes na epiderme do local selecionado para o estoma. Etapas da Demarcação do Estoma Explicar ao cliente o procedimento e sua importância, solicitar sua cooperação e participação; Colocá-lo em decúbito dorsal; Dividir a superfície abdominal em quadrantes e identificar a linha da cintura e o músculo reto abdominal; Flexionar a cabeça junto ao tronco contraindo a musculatura abdominal para identificar a bainha do músculo reto abdominal; Selecionar o local, marcá-lo provisoriamente, adaptar o sistema coletor e solicitar ao cliente que tente visualizá-lo. Pedir que realize os movimentos de sentar e levantar, verificando se é possível o seu manuseio; Após confirmação realiza-se a demarcação definitiva. Particularidades da Demarcação de Estoma em Criança A localização do ostoma no recém-nascido não deverá interferir nos cuidados com o coto umbilical; A localização do estoma na parte inferior do abdome pode provocar irritações causadas pela fralda. Higiene e manejo com estomas, auto-cuidado Para o ensino da higienização, manutenção e auto-cuidado com o sistema coletor para os ostomizados, é necessário que os mesmos estejam estimulados para o aprendizado; É importante a participação de um familiar/cuidador durante todo o processo, principalmente se o próprio ostomizado não estiver em condições de assumi-lo; Ter conhecimento sobre o seu próprio estoma, acesso aos dispositivos de ostomias, bem como às associações existentes no local de sua residência são condições básicas para que tenham melhor qualidade de vida. O enfermeiro ou enfermeiro-estomaterapeuta deverá realizar uma consulta de Enfermagem. Avaliação clínica geral do paciente; Anamnese; Avaliação específica sobre o tipo e localização do estoma, da condição da pele periestoma, capacidade de aprendizado e realização dos cuidados pelo próprio paciente. Especificamente em relação ao estoma o paciente deve ser avaliado quanto à presença de complicações como sangramento, edema, lesões de pele, retração, estenose, prolapso e hérnia paracolostômica. Fase Pré-operatória Explicar a estrutura anatômica normal e funcional do sistema digestório e urinário; Descrever os tipos e a localização do estoma; Demonstrar os dispositivos e encorajar o cliente a manuseá-los; Encorajar o cliente a expressar seus medos e ansiedades sobre as conseqüências da cirurgia; Demarcar o estoma (Enfermeiro-Estomaterapeuta ou Enfermeiro treinado); Promover e incentivar o auto-cuidado; Solicitar a visita de um voluntário da Associação dos Ostomizados. Fase Transoperatória Assegurar a continuidade da assistência mantendo comunicação com a enfermeira do bloco cirúrgico; Padronização do dispositivo a ser utilizado no intra-operatório para possibilitar a avaliação do estoma e do efluente no período pósoperatório imediato. Fase Pós-operatória Imediata Usar dispositivo de uma ou duas peças, transparente e drenável; Observar alterações: coloração, edema, sangramento, retração e necrose do estoma; Monitorar o volume urinário (30 ml/h), e características de h/h (urostomias); Indicar um dispositivo com sistema anti- refluxo (urostomias); Inspecionar o estoma a cada 4 horas; Trocar o dispositivo se ocorrer infiltração ou vazamento; Manter a pele periestoma íntegra, limpa e seca. Fase Pós-operatória Mediata Esvaziar o dispositivo quando estiver com um terço a um meio de sua capacidade, e trocá-lo regularmente antes que ocorra o vazamento; Confeccionar o molde adequado ao formato do estoma do cliente, quando for necessário; Ensinar a manipulação, higienização e troca do dispositivo ao cliente e familiar/cuidador; Corrigir irregularidades periestomais com utilização de pasta de resina sintética para previnir lesões; Utilizar o cinto para auxiliar e melhorar a sustentação no abdome, garantindo segurança ao paciente, quando necessário; Estimular o paciente quanto à ingestão de 2 a 3 litros de líquidos diariamente; Encaminhar o cliente para aquisição dos dispositivos nos Programas ou Associações existentes no Serviço Público. Nutrição A nutrição é um aspecto importante para a manutenção, recuperação e reabilitação de todo indivíduo que apresenta problemas de saúde. Observar: Ganho de Peso; / Perda de Peso;/ Tipo de estoma; Segmento Exteriorizado; / Consistência das fezes; /Irritação química; Orientar sobre alimentos laxantes e obstipantes; Lorenna Rodrigues de Souza Lorenna Rodrigues de Souza Condutas •Antibioticoterapia sistêmica; •Drenagem de abscessos; •Terapia tópica adequada; •Equipamento coletor de duas peças - drenável e transparente. Alimentos que aumentam ou diminuem a produção de gases bem como de odores. Consistência das Fezes: Modifica após a cirurgia • Remoção precoce do bastão de sustentação nas colostomias em alça. Condutas •Conduta conservadora; •Intervenção cirúrgica; •Equipamento coletor convexo e pastas protetoras para preenchimento de espaços e nivelamento da parede abdominal; •Obesos: reeducação alimentar, controle de peso e acompanhamento. Tardio O Ostomizado stomizado deve ser orientado a observar o funcionamento do próprio organismo após a cirurgia. A presença da nutricionista nas instituições de saúde facilita o desenvolvimento de um atendimento profissional integrado entre todos os profissionais que prestam assistência ao Ostomizado, stomizado, com discussão das condições de cada cliente. Bolsas e Acessórios para Ostomias Dispositivos São equipamentos ou instrumentos que afixados ou implantados no corpo, são desenhados para substituir ou atuar como parte corporal perdida. Tipos de Adesivos • Óxido de zinco • LongWear • Karaya natural • Perfil • Curagard Bolsas para Ostomias • Fechadas e drenáveis • Transparente ou opaca • De uma ou duas peças • Pré-cortada cortada ou recortável Acessórios (Adjuvantes) para Ostomias • Cintos • Placas Curagard • Creme barreira • Clamps • Filtros avulsos • Limpador da pele • Pasta • Desodorante ostobon • Strip Paste • Película protetora Características de um Dispositivo Adequado • Segurança • Praticidade • Proteção • Economia • Conforto A Evolução dos Adesivos Bolsas para Ostomias Sistema 2 peças Acessórios (Adjuvantes) São produtos especialmente desenvolvidos para serem utilizados em casos que se deseje uma proteção ou adaptação do dispositivo. Complicações no Pós-operatório Imediato ou mediato Edema; Causas •Mobilização da alça intestinal; •Trauma local; •Ligadura de pedículos venosos. Condutas •Equipamento coletor de duas peças e placa recortável/bolsa transparente e drenável; •Recortar a placa com 1cm a mais em relação ao estoma para acomodação do mesmo. Hemorragia; Causas •Hemostasia inadequada durante a construção do estoma; •Hipertenção portal; •Trauma relacionado ao uso incorreto do equipamento coletor; •Uso de medicamentos anticoagulantes. Condutas •Equipamento coletor de duas peças/ bolsa transparente e drenável; •Compressão local ou cauterização (sangramento discreto); •Revisão da cavidade e hemostasia – intervenção cirúrgica (sangramento intenso). •Orientar clientes sobre o uso de anticoagulantes. Necrose; Causas •Preparo Preparo inadequado da alça intestinal quanto à extensão e arcada vascular; •Isquemia arterial / venosa; •Hipovolemia sistêmica. Condutas •Tratamento Tratamento conservador: acometimento de 1/3 da circunferência do estoma; •Tratamento Tratamento cirúrgico: comprometimento de ttoda a circunferência da alça; •Equipamento Equipamento coletor transpa transparente, duas peças e drenável. •Avaliação periódica do estoma pelo enfermeiro ET. Descolamento mucocutâneo; Causas •Fatores intrínsecos (desnutrição / uso de corticóide); •Fatores extrínsecos (técnica cirúrgica). Condutas •Equipamento coletor de duas peças recortável; •Preenchimento do espaço morto com barreira protetora; •Tratamento conservador- descolamento parcial e superficial; •Tratamento cirúrgico - descolamento total e superficial. Abscesso e Infecções Causas •Fungos ou germes anaeróbios; •Contaminação durante a passagem da alça pelo trajeto ou durante a maturação. Prolapso; Causas •Exteriorização distantes dos pontos de fixação anatômicos; •Não fixação do meso do segmento exteriorizado; •Grandes aberturas do trajeto; •Aumento da pressão abdominal. Condutas •Manobras de redução; •Correção cirúrgica; •Mensurar o diâmetro da abertura do equipamento coletor quando o estoma estiver com exteriorização máxima. •Estomas urinários com presença do prolapso predispõe o risco de estagnação urinária, podendo ocasionar hidronefrose e infecção. •Recomenda-se a introdução de um cateter de Foley no estoma (aliviar ou reduzir a pressão no conduto), antes de realizar a redução manual do prolapso. Retração; Causas •Exteriorização insuficiente ou má fixação da alça intestinal; • Descolamento mucocutâneo; • Necrose do estoma; • Infecção crônica da pele periestoma; • Aumento ponderal; Estenose; Causas •Técnica cirúrgica inadequada; •Decorrente de retração ou descolamento mucocutâneo; •Processos inflamatórios; •Ganho excessivo de peso. Condutas •Dilatação digital ou instrumental; •Cirurgia plástica (restrita à pele); •Laparotomia (comprometimento da fáscia); •Equipamento coletor com placa convexa. Hérnia Periestoma; Causas •Localização do estoma fora do músculo reto abdominal; •Obesidade; •Aumento da pressão intra-abdominal; •Envelhecimento; •Redução do tônus muscular - sedentarismo. Condutas •Equipamento coletor de duas peças com barreira flexível; •Utilização de cinta elástica; •Tratamento cirúrgico. Dermatite. Incontinência Fecal • • Plug anal Sistema de drenagem Indicações Controle da incontinência fecal de pacientes com pouco ou nenhum controle intestinal e fezes líquidas ou semi-líquidas. Contra – Indicações Uso mais de 29 dias consecutivos Pacientes pediátricos Não usar Flexi-Seal® Sistema de Controle da Incontinência Fecal Sensibilidade ao produto Lesão no reto ou no ânus Estreitamento ou estenose retal ou anal grave (o reto distal não é capaz de acomodar o balão quando inflado) Suspeita ou confirmação de comprometimento da mucosa retal Tumor retal/ anal confirmado Hemorróida grave Fecaloma Referências Bibliográficas BATES, B. Propedêutica medica. 4ª ed. Rio de Janeiro - Editora Interamericana, 1990. JORGE, S.A.; DANTAS, S.R.P.E. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Editora. Atheneu, 2003. CÂNDIDO,L. C.Nova abordagem no tratamento de feridas. São Paulo: Editora SENAC ,2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de consultas para úlceras nefróticas e traumáticas,2002.