prevenção de dermatite em pele periestoma na estomia intestinal

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ITANA SANTOS DA SILVA
PREVENÇÃO DE DERMATITE EM PELE PERIESTOMA NA
ESTOMIA INTESTINAL
Projeto de pesquisa apresentado à
disciplina de Metodologia da Pesquisa I
do
Curso
de
Enfermagem
Dermatológica da Atualiza, como parte
dos requisitos para aprovação na
disciplina.
Orientadora: ProfªJeane Rodella
Assunção
Salvador - BA
2015
PREVENÇÃO DE DERMATITE EM PELE PERIESTOMA NA ESTOMIA
INTESTINAL1
Itana Santos da Silva2
RESUMO
O presente trabalho trata-se de uma abordagem narrativa, visando reconhecer
a importância na prevenção de dermatite em pele periestoma das pessoas com
ostomia intestinal. A dermatite periestoma é uma das complicações mais
frequente e difícil de tratar, além de ser causa principal de perda da integridade
da pele. Os resultados do estudo podem contribuir para melhor cuidado com a
pele, promover ações preventivas e detecção precoce dos problemas
cutâneos, bem como a utilização correta dos equipamentos e acessórios para
ostomizados.
Descritores: Colostomias. Complicação de Estomia. Dermatite. Ileostomia .
1 INTRODUÇÃO
De origem grega, estoma, ostoma, estomia e ostomia são palavras cujo
significado se traduz em “abertura” ou “boca”, é feita através de um ato
cirúrgico que exterioriza uma porção do intestino para parede abdominal
(Dicionário Médico Enciclopédico Taber,2000).
O termo estoma significa a criação de uma solução de continuidade entre uma
cavidade ou órgão com a superfície corporal, seja de maneira direta ou através
de tubos. Com finalidade de introduzir alimentos se tratando em jejunostomia e
grastrostomia ou a eliminação de dejeções nas colostomias, ileostomias e
1
Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de
especialista em Enfermagem Dermatológica, sob a orientação do professor a Jeane Rodella
Assunção. Salvador-BA. 2015.
2
Bacharel em Enfermagem. E-mail: [email protected]
2
urostomias. Podem ser provisório ou definitivo (SANTOS e CESARETT, 2005).
Em 1710 Alex Litré imaginou a colostomia durante uma autópsia, os registros
apontam o ano de 1750, para realização da primeira colostomia, realizada em
uma esposa de pescador com uma hérnia encarcerada (SANTOS, 2005).
Ainda de acordo com Santos (2005), a primeira ileostomia foi confeccionada
em 1879 por Baum um cirurgião alemão, que fez uma derivação temporária
em um caso de câncer e cólon ascendente.
A ABRASO (2006) relata que em 1975 na França , um ostomizado usou uma
bolsa de couro para coletar as fezes e depois outros dispositivos surgiram,
como: sacos de papel, latas e caixas de alumínio. E com eles, a preocupação
com o cuidado da pele exteriorizada, que para prevenir lesões, utilizavam talco
e amido; e para diminuir odores: perfume, bicarbonato de sódio, vanila e
extrato de menta.
Estomias intestinais são procedimentos cirúrgicos realizados, tanto no cólon
(intestino grosso) como no intestino delgado e consiste em exteriorizar um
segmento intestinal, através da parede abdominal, criando uma abertura
artificial para a saída de fezes. São indicações cirúrgicas de colostomia quando
por alguma patologia ou trauma não é possível o funcionamento normal da
parte inferior do intestino grosso, o reto ou o ânus, ou quando necessitam de
um período de repouso para recuperar as suas funções normais (SANTOS,
2005).
O paciente que se submete a uma estomia necessita de cuidados específicos,
um acompanhamento especializado que atenda às suas necessidades
psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais, e requer um plano de
cuidados de enfermagem abrangente e contínuo. Na indicação de uma
estomia, deve-se fazer um planejamento pré-operatório criterioso a fim de se
evitar problemas pós-operatórios (BRUNNER e SUDDARTH, 2006).
Não existe um número oficial de pessoas com ostomia no Brasil. A Associação
Brasileira de Ostomizados (ABRASO), estima que existam aproximadamente
33.864 pessoas ostomizadas. Porém, acredita-se que essa quantidade seja
maior. Nem toda pessoa com ostomia é membro de uma associação e muitos
até escondem essa condição por vergonha ou medo do preconceito e suas
consequências negativas (2010).
3
De acordo com Santos (2007), das pessoas ostomizadas, a maioria são
estomias intestinais, representando uma população de pacientes que merece
um cuidado holístico e sistemático, voltado a amenizar os impactos que um
estoma pode provocar na vida do indivíduo que o possui.
A pele é o maior órgão do corpo humano é um órgão vital, constituindo 16% do
nosso peso corporal. Sua função é regulamentação térmica, defesa orgânica,
controle do fluxo sanguíneo, proteção contra diversos agentes do meio externo
e funções sensoriais como calor, frio, dor e tato. Constituída de duas camadas
sendo a mais superficial a epiderme, seguida pela derme (DOMANSKY e
BORGES, 2012).
Corroborando com MALAGUTTI e KAKIHARA (2014), dermatites são lesões
agudas ou crônicas, primárias ou secundárias com perda da integridade da
pele. As alterações dermatológicas mais frequentes são: eritema ou irritação,
erosão, pústulas e até ulcerações. Classificam-se em leve, moderada ou grave,
dependendo do grau de comprometimento relativo à cor, presença de coleção
hídrica ou de pus e à perda tecidual.
Esta pesquisa se justifica pelo fato que, as dermatites periestoma são umas
das complicações mais frequentes e difíceis de tratar, além de ser a causa
principal de perda da integridade cutânea, afetando a qualidade de vida,
ocasionando dor, dificultando o uso da bolsa coletora, levando ao isolamento
social, gerando despesas financeiras com consultas especializadas e o
tratamento. É relevante destacar que estudos envolvendo estomizados são
extremamente importantes, pois o número de pessoas com estomias vem
aumentando continuamente e manter a pele periestoma livre de complicações
vem constituindo grande desafio à assistência multiprofissional.
Desse modo a questão norteadora deste trabalho compreende: como prevenir
dermatite periestoma em pessoas com estomia intestinal? Apresentando como
objetivos, analisar os riscos de lesão da pele periestoma por dermatite em
estomizado intestinal; identificar os riscos e lesão na pele em estoma intestinal;
descrever as formas de prevenção da dermatite; apontar a importância do
autocuidado para manutenção da integridade da pele.
2 METODOLOGIA
4
Para a concretização do presente estudo, escolheu-se a revisão bibliográfica
narrativa, que é um tipo de pesquisa bibliográfica no qual abrange a leitura,
analise e interpretação de livros, periódicos, textos legais, documentos
xerocopiados, fotos, mapas, manuscritos, dentre outros. Todo material
recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual é possível
estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática
que se faz acompanhar de anotações e fechamentos que eventualmente,
poderão servir á fundamentação teórica do estudo (SEVERINO, 2002).
Os dados foram coletados a partir de leituras de artigos científicos e base de
dados on line. Para a seleção dos artigos, utilizou-se o Scielo, PubMed e
Bireme como base de dados, e o Google acadêmico como site de busca de
artigos científicos. No período de 2005 a 2015.
Para tanto foram analisadas em torno de 40 (quarenta) obras, dentre estas:
livros, cartilhas, artigos científicos, monografias e dissertações que atenderam
aos critérios de seleção. Os critérios de inclusão foram utilizados artigos
publicados mediante coleta de dados da literatura de textos completos
indexados, idiomas em Português nos últimos 10 anos que abordam o tema.
Os critérios de exclusão desse trabalho foram os artigos duplicados e que não
tiveram correlação com o objetivo da pesquisa e os descritores utilizados
foram: colostomias, complicação de estomia, dermatite e ileostomia.
3 DISCUSSÃO
Stephen-Tayanes (2012), relata ser comum ocorrerem lesões de pele em
indivíduos com fragilidade cutânea, principalmente os acometidos por alguma
patologia ou ainda em uso de determinados medicamentos, exigindo
avaliações assistenciais para determinar o tratamento adequada ao cliente.
De acordo com Domansky e Borges (2012), o contato com efluentes é
prejudicial a pele. Enzimas e bactérias intestinais podem enfraquecer a
integridade do tecido e causar danos.
As dermatites são as mais frequentes das complicações com ostomias e
podem se classificar em: dermatite por irritação, ocasionada pelo contato do
efluente com a pele, é mais comum em estomas planos ou retraídos,
5
ileostomias, estomias de colon transverso e ascendente; dermatite por alergia,
ocasionada por reações de contato dos dispositivos usados com a pele, e
nesse caso a área cutânea comprometia tem a forma da área de contato com o
dispositivo; e a dermatite por trauma mecânico, que ocorre pela retirada
abrupta da bolsa coletora, pela troca frequente, na limpeza exagerada
(MARTINS, et al., 2007).
Yamada et al (2003),relatam que outros fatores são apontados como
desencadeadores das dermatites, tais como: inadequação dos dispositivos ao
tipo de estoma, bem como
utilização de forma incorreta, a alergia aos
componentes químicos desses dispositivos e a higienização precária.
Conforme Martins et al (2005), nos casos de dermatite por alergia, deve-se
procurar a causa da alergia, usar dispositivo hipoalergênico e,o se necessário,
usar inibidores da ação alérgica, para atenuar o desconforto. Já para as
dermatites por trauma mecânico, devem-se evitar ações que promovam o
trauma e usar dispositivos com protetor de pele (duas peças).
Para escolha apropriada da bolsa coletora, Castru (2001) descreve que deverá
ser considerado o tipo de estoma, a atividade desenvolvida, as condições
físicas e mentais e a preferência pessoal do paciente, seguida de orientações
de uso e manuseios correto.
Essas bolsas são discretas, ajustam a qualquer estomias, seguras de fácil
utilização, tendo vários tipos que se adaptam para cada situação, descartáveis,
flexíveis; possuem neutralizador de odores para bolsas fechadas, tem adesivos
protetores para a pele, (APO, 2005).
Castros (2001), afirma que a bolsa deverá ser retirada molhando o adesivo e
soltá-lo suavemente sem tracionar a pele, retirando também os resíduos que
poderão ficar na pele periestoma. Em seguida higienizar com água e sabão
neutro, usando toalha macia para secar com leves toques.
De acordo com Smeltzer e Bare, o paciente apresentando queimação ou
prurido sob o disco ou dor na área do estoma, o dispositivo deverá ser trocado
imediatamente (2005).
O estoma bem localizado na parede abdominal facilita à colocação e à
remoção da bolsa, higiene do estoma e pele periestoma, bem como a
manutenção do sistema coletor e prevenção complicações (CESARETI, 2001).
6
A declaração internacional dos direitos dos estomizado, garante ao paciente,
ter o estoma bem confeccionado em local apropriado. Silvia e Shimizu (2012)
relatam que para uma demarcação adequada é preciso considerar o tipo de
estoma a ser confeccionado, localizar o músculo reto abdominal, escolher a
área que promova uma aderência do equipamento coletor, manter distancia
adequada de cicatrizes e acidentes anatômicos, proporcionar uma visualização
do estoma pelo paciente e se há presença de aparelho ortopédico ou prótese.
É dever e responsabilidade do enfermeiro estomaterapeuta e do cirurgião
garantirem a sua realização.
As barreiras protetoras de pele são adjuvantes utilizados para proteger a pele
periestoma do contato com efluente eliminado pelo estoma e também atuam no
tratamento da pele lesada. Eles podem ser: natural, sintético e semissintético.
CESARETTI, BORGES, GRECO (2005).
Malagutti e Kakihara (2014), afirmam que a resina natural ou goma de Karaya
mantém as condições naturais da pele, evitando lesões periestoma e
favorecem a cicatrização. Os dispositivos de barreiras sintéticas são os mais
utilizados e os mais resistentes, oferecem proteção à pele periestoma contra
ação de efluentes; mantêm as condições fisiológicas da pele por mais tempo.
Podem ser encontrados na forma de pastas, tiras ou placas. A resina mista é a
associação da resina sintética com a resina natural, também auxiliando na
cicatrização.
Martins et al,(2012), afirmam que o banho de sol é um cuidado com a pele, que
contribui sobremaneira para a prevenção e tratamento da dermatite
periestoma. Sendo necessário fazê-lo, sempre que possível, na oportunidade
da troca do equipamento coletor, expondo-se a terapia solar por cerca de 15 a
20 minutos por dia pela manhã, protegendo o estoma com gaze umedecida. O
hábito de banhar-se à luz solar promove vida e saúde à pele, além de
possibilitar a ventilação natural desse órgão, que até então estava coberto pela
resina sintética da bolsa coletora ou fluido intestinal (MARTINS et al, 2012).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude do que foi mencionado, este trabalho é muito relevante, visto que os
estudos abordam aspectos importantes para necessidade de tratamento da
7
dermatite na pele periestoma, sobretudo para as formas de prevenção desse
problema. É importante ressaltar que, a constante troca da bolsa coletora, a
higiene realizada de forma inadequada, a fricção exagerada para retirada de
cola sobre a pele, à má adaptação da placa e o recorte indevido da bolsa são
fatores que influenciam diretamente para o surgimento das lesões. A
demarcação adequada considerando o tipo de estoma, observar a pele e o
estoma a cada troca do sistema coletor, escolha correta da bolsa e adjuvante e
o banho de sol, contribui sobremaneira para a prevenção e tratamento da
dermatite periestoma assegurando a melhora da qualidade de vida do
ostomizado.
DERMATITIS PREVENTION IN SKIN IN OSTOMY INTESTINAL PERISTOMA
ABSTRACT
This work it is a narrative approach , aiming to recognize the importance in
preventing dermatitis in peristoma skin of people with intestinal ostomy . The
peristoma dermatitis is one of the most common and difficult to treat
complications as well as being the main cause of loss of skin integrity. The
results of the study may contribute to better skin care , direct preventive and
early detection of skin problems as well as the correct use of equipment and
accessories for ostomates .
Keywords: Colostomies. Complication. Dermatitis. Ileostomy. Ostomy.
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