______________________________________________________________________________ Curso de Biomedicina Artigo de Revisão O USO CONTÍNUO DE ANTI-HIPERTENSIVOS COLORRETAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E O RISCO DE CÂNCER THE CONTINUOUS USE OF ANTIHYPERTENSIVE DRUGS AND THE RISK OF COLORECTAL CANCER: A BIBLIOGRAPHIC REVIEW Maria Astéria de Sousa Almeida1Patrícia Luiza da Costa Fernandes2 1 Aluna do Curso de Biomedicina 2 Professora Doutora do Curso de Biomedicina Resumo Introdução: O carcinoma colorretal figura entre as cinco primeiras causas de morte por câncer no Brasil. Alguns estudos epidemiológicos sugerem que o uso contínuo de algumas classes de medicamentos anti-hipertensivos estariam relacionadas a uma menor incidência de câncer colorretal. Objetivo: Revisar a literatura cientifica a fim de determinar a relação entre o uso contínuo dos medicamentos anti-hipertensivos bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II (BRA II)/inibidores da enzima conversora da angiotensina I (IECA) e a incidência de câncer colorretal. Material e Métodos: Foi realizando um rastreamento nas bases de dados do Scielo, Lilacs, Google acadêmico e Pubmed, incluindo estudos publicados em periódicos, teses e dissertações, meta-analises, revisões e comentários. Resultados: A maioria dos estudos epidemiológicos determinou que não ha uma associação significativa entre a incidência de câncer colorretal e o uso de IECA ou BRA II, exceto o estudo de Makar et al., 2014 que identificou um risco 16% menor de câncer colorretal entre os pacientes que fizeram uso de IECA/BRA II por mais de 3 anos. Conclusão: São necessários mais estudos epidemiológicos, com grande numero de participantes e desenho metodológico adequado, bem como mais pesquisas laboratoriais para seja determinado se os anti-hipertensivos IECA ou BRA II estão associados a uma menor incidência de câncer colorretal. Palavras-Chave: Neoplasia colorretal; fármacos anti-hipertensivos; inibidores da enzima conversora da angiotensina I (IECA); bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II. Abstract Introduction: Colorectal carcinoma is among the five leading causes of cancer death in Brazil. Some epidemiological studies suggest that continued use of some anti-hypertensive drugs would be related to a reduced incidence of colorectal cancer. Objective: To determine the relationship between the continued use of angiotensin receptor blocker (ARB) and angiotensin I-converting enzyme inhibitors (ACEI) and the incidence of colorectal cancer, through a bibliographic review. Material and Methods: A search was performed in databases, such as: Scielo, Lilacs, PubMed and Google Scholar, including studies published in journals, theses and dissertations, meta-analyzes, reviews and comments. Results: Most epidemiological studies have determined that there is no significant association between the incidence of colorectal cancer and the use of ACEI or ARB, except for the study of Makar et al2014 who found a 16% reduction in colorectal cancer incidence among patients who used ACEI/ARB for more than three years. Conclusion: More epidemiological studies needs to be done, with large numbers of participants and rigorous study design, as well as more laboratory research, in order to determine whether ACEIs or ARBs are associated with a lower incidence of colorectal cancer. Keywords: colorectal cancer; antihypertensive drugs; angiotensin I-converting enzyme inhibitor(ACEI); angiotensin receptor blocker (ARB). ___________________________________________________________________________________________________________ Contato: [email protected] Pesquisa Financiada pelas Faculdades Integradas Promove de Brasília e Faculdade ICESP, por meio do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa - NIP. Edital número 02/2014. Introdução O carcinoma colorretal figura entre as cinco primeiras causas de morte por câncer, tendo-se observado um aumento consistente de suas taxas de mortalidade ao longo das últimas décadas, sendo esta a terceira neoplasia maligna mais incidente no Brasil, com estimativa em torno de 34.200 novos casos em 2016 (INCA, 2015). É uma doença decorrente da proliferação descontrolada do epitélio cólico ou do reto, sendo que grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que crescem na parede interna do intestino grosso (INCA, 2014). Este tipo de câncer tem como fatores de risco a hereditariedade (histórico familiar) e fatores ambientais – hábitos e estilos de vida. Seus principais sintomas são mudanças no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), perda de peso sem razão aparente, fezes pastosas de cor escura, náuseas, vômitos, desconforto abdominal, sangramento nas fezes, sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação e anemia (INCA, 2014). O rastreamento populacional é feito principalmente pelo teste de sangue oculto nas fezes e confirmados através de colonoscopia, retossigmoidoscopia flexível e biopsia (WINAWERS et al., 2007). O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor, podendo incluir cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia (BMJ, 2013). Um estudo epidemiológico recente sugeriu que o uso contínuo de algumas classes de medicamentos anti-hipertensivos estariam relacionadas a uma menor incidência de câncer colorretal (MAKAR et al., 2014). Enquanto outros estudos não encontraram tal associação (YANG et al., 2015). Sabendo-se que 20-30% da população mundial sofre de hipertensão arterial e que essa porcentagem é ainda maior na população idosa, torna-se relevante investigar as possíveis associações entre o uso desses medicamentos e a incidência deste câncer. Os anti-hipertensivos moduladores do sistema renina-angiotensina (SRA), inibidores da enzima conversora da angiotensina I (IECA) e bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II (BRA II) estão entre os fármacos mais prescritos no Brasil para o tratamento da hipertensão arterial (SBC, 2010). Simultaneamente, pesquisas científicas tem desvendado o papel da ativação do sistema renina angiotensina em processos carcinogênicos em modelos experimentais, regulando a angiogênese, proliferação celular e progressão tumoral (AGER et al, 2008). Portanto, o presente trabalho tem como objetivo revisar a literatura a fim de determinar a relação entre o uso contínuo dos medicamentos anti-hipertensivos BRA II e IECA e a incidência de câncer colorretal. Material e Métodos Foi realizando um rastreamento nas bases de dados do Scielo, Lilacs, Google acadêmico e Pubmed. Foram incluídos estudos publicados em periódicos, teses e dissertações, como casos controle, meta-analises, revisões e comentários. A seleção dos artigos foi efetuada por meio de combinações das palavras chaves: câncer; neoplasia colorretal; fármacos anti-hipertensivos; inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA); bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II. Esta pesquisa consiste em uma revisão sistemática onde foram coletados dados dos estudos epidemiológicos pertinentes, como a coorte estudada, local de coleta dos dados, tamanho da amostra, seguimento das analises, prescrições dos anti-hipertensivos (BRA II e/ou IECA), resultados, entre outros. Foram incluídas publicações a partir do ano de 2006. Resultados Medicamentos anti-hipertensivos e seu uso no Brasil A hipertensão arterial está entre as doenças de maior prevalência no Brasil e a elevação da pressão arterial representa um fator de risco independente para doença cardiovascular. O uso de medicamentos antihipertensivos tem como principal objetivo a queda dos valores pressóricos, a diminuição do risco para eventos cardiovasculares e demais complicações (OLIVEIRA, 2011). Os medicamentos para hipertensão são divididos em sete classes principais, conforme a tabela 1, utilizados individualmente ou em combinação para o controle da pressão arterial: diuréticos, inibidores adrenérgicos (principalmente betabloqueadores e Alfa bloqueadores), vasodilatadores direto, inibidores direto da renina, bloqueadores dos canais de cálcio, IECA e BRA II (SBC, 2010). TABELA 1. ANTI-HIPERTENSIVOS COMERCIALMENTE DISPONÍVEIS NO BRASIL CLASSES DE ANTIHIPERTENSIVOS Diuréticos MEDICAMENTOS Vasodilatadores direto Clortalidona, Hidroclorotiazida, Indapamida, Bumetanida, Furosemida, Piretanida, Amilorida, Espironolactona, Triantereno. Alfametildopa, Clonidina, Guanabenzo, Moxonidina, Rilmenidina, Reserpin,Atenolol, Bisoprolol, Carvedilol, Metoprolol, Nadolol , Nebivolol, Propranolol, Pindolol Doxazosina, Prazosina, Prazosina XL, Terazosina. Hidralazina, Minoxidil Inibidores direto de renina Alisquireno Bloqueador dos canais de cálcio de antagonista de íons de cálcio Verapamil Retard, Diltiazem, Anlodipino, Felodipino Isradipino, Lacidipino, Lercanidipino, Manidipino, Nifedipino Oros, Nifedipino Retard, Nisoldipino , Nitrendipino. Benazepril, Captopril, Cilazapril, Delapril, Enalapril Fosinopril, Lisinopril, Perindopril, Quinapril, Ramipril Trandolapril. Inibidores adrenérgicos (betabloqueadores e alfa bloqueadores) Inibidores da enzima conversora da Angiotensina – (IECA) Fonte: SBC, 2010. Os BRA II antagonizam a ação da Angiotensina II por meio do bloqueio especifico de seus receptores AT1, impedindo a ação vasoconstritora da Angiotensina II e secreção de aldosterona (WUERZNER, et al., 2015). A Combinação do BRA e do IECA inibe a vasoconstrição das arteríolas glomerulares aferentes e eferentes, com maior intensidade na arteríola eferente. Além desse efeito sobre as arteríolas glomerulares, tanto o IECA quanto o BRA inibem a proliferação de células inflamatórias e a fibrose na região túbulointersticial com um maior efeito antiproteinúrico (GONZAGA, 2009). Os IECA atuam diretamente na inibição da enzima conversora da angiotensina I (ECA), bloqueando a transformação da Angiotensina I em II no sangue e nos tecidos, consequentemente impedindo a ação vasoconstritora da Angiotensina II e secreção de aldosterona, além de impedir a inativação da bradicinina. Seus principais efeitos adversos são o risco de hipercalemia, insuficiência renal aguda (agravando a hiperpotassemia), tosse seca, má formação fetal, etc (BOMBIG; PÓVOA, 2009). Dentre todas as classes de antihipertensivos, os diuréticos, os IECA e BRA II estão entre os mais prescritos. Será dada ênfase a discussão dos IECA e BRA II, tendo em vista a existência de varias pesquisas de laboratório e epidemiológicas que correlacionam o seu uso a incidência de câncer. A incidência de câncer colorretal e o uso contínuo de anti-hipertensivos. Diversos estudos têm evidenciado que o SRA influencia diversos mecanismos fisiológicos e patológicos, além do sistema cardiovascular, incluindo o câncer (AGER et al., 2008). Desta maneira, espera-se que IECA e BRA II possam ter efeitos. Alguns estudos epidemiológicos buscaram correlacionar o uso desses medicamentos e a incidência de câncer colorretal e outros cânceres (MAKAR et al., 2014). Alguns desses estudos encontraram um efeito protetor contra o desenvolvimento do câncer, enquanto outros encontraram um aumento do risco de câncer ou não evidenciaram uma relação estatisticamente significativa, conforme descrito na tabela 02. Makar e colaboradores (2014) realizaram um estudo de caso-controle utilizando dados da EPIC/Londres (1987-2002), com quase 60.000 pacientes que faziam uso dos anti-hipertensivos IECA ou BRA. Cada paciente hipertensivo diagnosticado com câncer colorretal (caso) foi comparado de maneira pareada a outros 10 pacientes com hipertensão (sem câncer), de acordo com sexo, idade e duração do seguimento. Os pesquisadores concluíram que o tratamento de longa duração (mais de 03 anos), principalmente com altas doses, com IECA/BRA foi associado com um risco reduzido de câncer colorretal nesta coorte (16%). Bangalore et al (2011), realizou uma meta-analise que envolveu 70 ensaios randomizados controlados, com 324.168 participantes, que avaliaram a associação dos anti-hipertensivos BRA E IECA e o risco de câncer e mortes relacionadas ao câncer. Foi sugerido um aumento no risco de câncer entre os pacientes que fizeram uso de IECA e BRA como terapia combinada. Entretanto, como esse resultado foi largamente encontrado em razão de um único ensaio (ONCOTARGET TRIAL), outros estudos devem confirmar essa associação. Bhaskaran e colaboradores (2012) realizaram um estudo de coorte com 377.649 pesquisados no Reino Unido, com pelos menos um ano de uso dos anti-hipertensivos BRAII ou IECA, com uma mediana de seguimento de 4,6 anos. Os participantes deste estudo foram agrupados por características tais como idade, sexo, índice de massa corporal (IMC) e doenças pré-existentes. Os pesquisadores não detectaram uma associação entre o uso de IECA e BRA e o risco geral de câncer, nem o risco de câncer colorretal especificamente. Boudreau e colaboradores (2008) realizaram um estudo de caso controle na cidade de Washington USA, com 364 pacientes que utilizavam o IECA como terapia anti-hipertensiva, sendo que 190 destes foram diagnosticados com câncer colorretal. Não foi constatado associação entre o risco de câncer colorretal e o uso de IECA. Observa-se que o tamanho da amostra foi muito reduzido para permitir a detecção de associações moderadas. Azoulay, et al., (2012) realizou um estudo de coorte retrospectivo com 1.165.781 pacientes, usando uma analise pareada (caso-controle) através de dados do General Practice Research Database do Reino Unido entre os anos de 1995 e 2010. Neste estudo foi comparado o risco de câncer entre pacientes que faziam uso de BRA II ou IECA versus pacientes que usavam diuréticos ou betabloqueadores (controle). Não foi detectada associação entre o uso de BRA ou IECA e o risco de câncer colorretal. Hallas e colaboradores (2012) realizaram um estudo de caso controle não randomizado com 747.085 pacientes da Dinamarca que usavam BRA ou IECA, com seguimento de 11 anos. Dentro das limitações de um estudo observacional, não foi encontrada diferença na incidência de câncer em pacientes que usavam BRA ou IECA comparado com outros antihipertensivos. Chiang e coautores (2014) realizaram um estudo de coorte retrospectivo, utilizando-se do banco de dados nacional de saúde de Taiwan. A pesquisa foi realizada com 297.688 pacientes que foram agrupados em usuários de IECA, usuários de BRA ou usuários de outros anti-hipertensivos (controle). Após o pareamento, a ocorrência de câncer (qualquer câncer) foi observada nesses pacientes. O uso regular de IECA e BRA foi associado a uma incidência 50% e 20% menor de câncer, respectivamente. Os tipos de cânceres não foram determinados separadamente. Os autores sugeriram que IECAs exercem efeito protetor. Os autores Mann e Christos (2014) apontaram varias criticas a esse estudo, dentre elas: o curto período de seguimento e a presença de grandes diferenças nas características dos pacientes de cada grupo (em especial as comorbidades). TABELA 02- INCIDÊNCIA DE CÂNCER COLORRETAL E O USO DE ANTI-HIPERTENSIVOS AUTORES MAKAR et al., 2014. BANGALORE et al., 2011. (METANÁLISE) BHASKARAN et al., 2012 BOUDREAU et al., 2008 AZOULAY et al., 2012. HALLAS, et al.,2012. NÚMERO DE PACIENTES Aprox. 60.000 324 168. DROGAS ANTIHIPERTENSIVAS IECA OU BRA BRA E IECA 377.649 BRA E IECA Não foi detectada associação 665 IECA Não foi detectada associação 1. 165.781 BRA x CONTROLE IECA x CONTROLE BRA x CONTROLE IECA x CONTROLE Não foi detectada associação Não foi detectada associação Não foi detectada associação Não foi detectada associação 149. 417 Mecanismos que explicam a relação entre câncer e a terapia com anti-hipertensivos (IECA e BRA II). O SRA contribui de forma expressiva na homeostase hidroeletrolítica, no controle da pressão arterial e na proliferação celular de vários tecidos, dentre outras funções (FYHQUIST, SAIJORUNNA; 2008). O SRA esteve classicamente ligado à regulação fisiológica da pressão arterial, mas nas ultimas décadas o envolvimento deste sistema passou a ser o foco também de estudos relacionados ao câncer. Uma variedade de respostas pode ser induzida através da ativação da ANG II, o principal efetor de SRA, sendo que a maioria dos efeitos da ANG II é mediada pelos receptores específicos - AT1 e AT2 (DESHAYES, NAHMIAS, 2006). A superexpressão de vários mediadores do SRA foi encontrada em várias células e tecidos cancerígenos, incluindo cérebro, pulmão, mama, próstata, pele, colo uterino e colón (DESHAYES, 2006; NAHMIAS, 2006; AGER et al, 2008). RISCO DE CANCER COLORRETAL Redução Não foi detectada associação Estudos experimentais implicam o SRA, particularmente a angiotensina II e seus receptores, na regulação da proliferação celular, angiogênese, e a progressão do tumor (WEGMAN et al., 2015, SIPAHI et al.,2010). A ativação do AT1 induz angiogênese, proliferação celular e respostas inflamatórias, bem como atuando como anti-apoptótico. Já a ativação de AT2 parece antagonizar funcionalmente muitas dessas ações (HUNYADY, 2006). Segundo Ager (2008) o equilíbrio entre os eventos de sinalização resultantes da ativação de Angiotensina I e II junto a seus receptores poderão contribuir para o crescimento do tumor, angiogênese e potencial metastático. Além disso, metabolitos da angiotensina, como a angiotensina 1-7 (ANG 1-7) também parecem exercer influencia nesse contexto. A ANG 1-7 apresenta mecanismos de ações apoptóticas, anti-proliferativas e inibição da angiogênese em oposição a ANG II, que atua contribuindo para o crescimento tumoral, angiogênese e potencial metastático, conforme mostrado na figura 01 (AGER et al, 2008). Figura 1 - Os efeitos de equilíbrio do sistema renina-angiotensina na tumorigênese. O SRA pode promover ou inibir a angiogênese e a proliferação celular, desta forma estimulando ou bloqueando a neovascularização, o crescimento e metástase tumoral. Por exemplo, o aumento da expressão de ANG II estaria relacionado a um aumento da proliferação celular e angiogênese tumoral, desta maneira BRA II e IECA poderiam inibir esta ação. Fonte: AGER et al., 2008. A ANG II parece exercer efeito prótumoral por meio da modulação de angiogênese tumoral, o que é essencial para o crescimento do tumor. A angiotensina II estimula a expressão de vários agentes pró-angiogênicos como o fator de crescimento vascular endotelial (VEGF), de fibroblasto (FGF) e de plaquetas (PDGF) (AGER et al., 2008). Vários estudos indicaram que a ANG II promove a migração e a proliferação de células endoteliais, que formam a camada mais interna dos vasos sanguíneos, facilitando a angiogênese (CHAMMAS, 2010). Neo et al., demonstraram em modelo experimental de camundongo com metástase de câncer colorretal no fígado que o IECA, Captopril, e o BRA II, Irbersartan, causaram uma redução marcante no volume das metástases, relacionado a inibição da angiogênese (NEO et al., 2007). De forma semelhante, em vários outros modelos experimentais em camundongos com câncer renal, pulmonar, gástrico e outros, o tratamento com inibidores de ECA ou BRA reduziram o crescimento tumoral e o numero de metástases (KOWALSKY et al.,2008 ; MIYAJIMA et al.,2007; HUANG et al.,2007; AGER et al, 2008). Conclusão A maioria dos estudos epidemiológicos determinaram que não ha uma associação significativa entre a incidência de câncer colorretal e o uso de IECA ou BRA II, exceto o estudo de Makar et al que identificou um risco 16% menor de câncer colorretal entre os pacientes que fizeram uso de IECA/BRA II por mais de 3 anos (MAKAR, et al., 2014). Diversos fatores ocasionam as divergências observadas nos estudos epidemiológicos e podem estar mascarando uma possível relação. Entre essas variáveis estão as características peculiares e especificas de cada coorte estudada, as variedades e tipos de cânceres incluídos nos estudos, critérios de comparações e uso de analises estatísticas não adequadas, tempo de seguimento muito curto em alguns estudos e a prevalência de diferentes medicamentos anti-hipertensivos, bem como doses utilizadas e duração do tratamento (MANN et al., 2014; SONG et al.,2014; AGER et al.,2008). Nos últimos anos, estudos experimentais sobre a ação de medicamentos anti-hipertensivos e o bloqueio do SRA têm sido explorados como potencial na redução do risco de câncer e especialmente no retardo do crescimento de tumores e metástases. As pesquisas dos possíveis mecanismos antitumorais destes medicamentos ainda estão em fase inicial e necessitam de maior numero de estudos tanto em modelos experimentais quanto em humanos. O uso de anti-hipertensivos ainda não pode ser considerado promissor como estratégia de prevenção ou tratamento contra o câncer colorretal. No entanto, como seu uso clínico esta bem estabelecido e poucos efeitos colaterais são associados a seu uso, novos estudos devem ser realizados para determinar os mecanismos fisiopatológicos envolvidos e determinar seu possível uso como agente quimiopreventivo. A partir destas pesquisas será possível considerar a possibilidade desses agentes antihipertensivos estarem relacionados a uma menor incidência de câncer colorretal, ou seja, a prescrição de BRAs e IECAs hipoteticamente poderá ocasionar um ganho em expectativa de vida, conforme encontrado em alguns estudos. São necessários mais estudos epidemiológicos, com grande numero de participantes e desenho metodológico adequado, bem como mais pesquisas laboratoriais para seja determinado se os anti-hipertensivos IECA ou BRA II estão associados a um menor risco de câncer colorretal. que contribuíram para a realização deste sonho, as Faculdades Integradas Promove de Brasília e Faculdade ICESP, por meio do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa – NIP, pelo apoio e financiamento desta pesquisa e em especial a orientadora Patrícia Costa Fernandes, pela compreensão e incentivo em minha vida acadêmica. Agradecimentos A Deus pela força concedida durante mais essa jornada, aos meus pais pelas palavras de amor REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - AGER E. I.; NEO J.; CHRISTOPHI, C. Therenin–angiotensin system and malignancy. CARCINOGENESIS. Sep;29(9):1675-84, 2008. 2 - AZOULAY, L.; ASSIMES T. L.; YIN H.; BARTELS D. B.; SCHIFFRIN E. L.; SUISSA S. Long-term use of angiotensin receptor blockers and the risk of cancer. 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