APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED Folheto informativo Marcaína espinal pesada 20 mg/4 ml solução injectável (cloridrato de bupivacaína) Denominação do medicamento Marcaína Espinal Pesada 20 mg/4 ml solução injectável. Composição qualitativa e quantitativa 1 ml de solução contém 5,0 mg de cloridrato de bupivacaína. Para os excipientes, ver “Lista dos excipientes” Forma farmacêutica Solução injectável. Indicações terapêuticas A Marcaína Espinal Pesada está indicada para: - Anestesia intratecal (subaracnoideia, espinal) para procedimentos cirúrgicos e obstétricos. - Cirurgia abdominal inferior (incluindo cesariana), urológica e dos membros inferiores, incluindo cirurgia da anca, com duração de 1,5 - 3 horas. Posologia e modo de administração Adultos e crianças com idades superiores a 12 anos: As dosagens indicadas na tabela são as consideradas necessárias para a produção de um bloqueio eficaz e devem ser consideradas como uma orientação para um adulto de estatura média. Os valores indicam a gama esperada de doses médias necessárias. Devem ser consultados manuais de referência, de forma a verificar os factores que afectam cada técnica de bloqueio específica e as exigências individuais de cada doente. Relativamente à distribuição e tempos de duração, há grandes variações interindividuais. O estado físico do doente e o uso de terapêutica concomitante devem ser tidos em consideração na determinação da dose, devendo usar-se a dose mais baixa que permita APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED obter uma anestesia eficaz. Ocorrem variações individuais no início e na duração do efeito. A distribuição segmentar pode ser de difícil previsão e irá ser afectada pelo volume de medicamento utilizado, especialmente em solução isobárica (simples). A dose deverá ser reduzida nos idosos e em doentes nos estadios finais da gravidez (ver secção “Advertências e precauções especiais de utilização”). Indicação Conc. Volume Dose Duração do efeito (horas) 7,5-15 Início acção (minutos ) 5-8 mg/ml (ml) (mg) Cirurgia urológica 5,0 1,5-3 Cirurgia abdominal inferior (incluindo cesariana), cirurgia dos membros inferiores (incluindo anca) 5,0 2-4 10-20 5-8 1,5-3 2-3 Crianças com peso até 40 Kg: A Marcaína Espinal Pesada pode ser usada em crianças. Uma das diferenças entre crianças pequenas e adultos é que o volume de líquido cerebroespinal é relativamente superior em crianças e recém-nascidos, sendo necessárias doses/kg relativamente superiores para produzir o mesmo nível de bloqueio que nos adultos. Peso corporal (Kg) <5 5 a 15 15 a 40 Dose (mg/Kg) 0,40-0,50 mg/kg 0,30-0,40 mg/kg 0,25-0,30 mg/kg Contra-indicações Hipersensibilidade a anestésicos locais do tipo amida ou a qualquer dos excipientes. Devem ser tomadas em consideração as contra-indicações gerais relacionadas com a anestesia intratecal: - Doença aguda activa do sistema nervoso central, tal como meningite, tumor, poliomielite e hemorragia craniana. APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED - Estenose espinal e doença activa (ex. espondilite, tuberculose, tumor) ou trauma recente (ex. fractura) da coluna vertebral. - Septicémia. - Anemia perniciosa com degeneração subaguda combinada da medula espinal. - Infecção pirogénica da pele no local da punção ou adjacente a este. - Choque cardiogénico ou hipovolémico. - Distúrbios da coagulação ou tratamento anticoagulante em curso. Advertências e precauções especiais de utilização A anestesia intratecal deverá somente ser efectuada por ou sob a supervisão de médicos com os conhecimentos e experiência necessários. Como todos os anestésicos locais, a bupivacaína, quando utilizada em técnicas de anestesia local, pode originar efeitos tóxicos agudos ao nível do sistema nervoso central e sistema cardiovascular derivado de concentrações sanguíneas elevadas, particularmente, após administração intravascular inadvertida ou após infiltração de áreas muito irrigadas. Foi reportado arritmia ventricular, fibrilhação ventricular, paragem cardio-respiratória e morte súbita, associados a elevadas concentrações sistémicas de bupivacaína. No entanto, não se prevêem concentrações sistémicas elevadas com as doses normalmente utilizadas para anestesia intratecal. Os métodos de anestesia regional ou local devem ser sempre efectuados em locais adequadamente equipados e com pessoal competente para o efeito. O equipamento e os medicamentos necessários à monitorização e reanimação de emergência devem encontrar-se imediatamente disponíveis. O acesso intravenoso, por ex., para perfusão intravenosa, deve ser colocado antes de se iniciar a anestesia espinal. O médico responsável deve tomar as devidas precauções para evitar a injecção intravascular e estar devidamente treinado e familiarizado com o diagnóstico e tratamento dos efeitos secundários, toxicidade sistémica e outras complicações. Se surgirem sinais de toxicidade sistémica aguda ou bloqueio espinal total, a injecção do anestésico geral deve ser interrompida de imediato (ver “Sobredosagem”). Embora a anestesia regional possa, frequentemente, ser a opção mais adequada para cirurgia, alguns doentes exigem uma atenção especial de forma a reduzir o risco de efeitos indesejáveis graves: • Doentes idosos e doentes com mau estado geral; APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED • Doentes em estadios finais de gravidez; • Doentes com bloqueio parcial ou completo da condução cardíaca – os anestésicos locais podem diminuir a condução miocárdica; • Doentes com doença hepática ou insuficiência renal grave; • Doentes com hipovolémia que podem desenvolver hipotensão repentina e grave durante a anestesia intratecal, independentemente do anestésico local usado. A hipotensão usualmente verificada após o bloqueio intratecal em adultos é rara em crianças com idade inferior a 8 anos; • Doentes tratados com medicamentos anti-arritmícos de classe III (por exemplo, aminodarona) devem permanecer sob vigilância médica apertada e deve ser considerada a monitorização ECG, pois os efeitos cardíacos podem ser aditivos. Um efeito adverso raro, mas grave, consequente da anestesia espinal é o bloqueio espinal alto ou total que resulta em depressão cardiovascular e respiratória. A depressão cardiovascular é causada por bloqueio simpático extenso que pode resultar em hipotensão profunda e bradicardia ou mesmo paragem cardíaca. A depressão respiratória pode ser causada pelo bloqueio dos nervos dos músculos respiratórios, incluindo o diafragma. Existe um risco acrescido de bloqueio espinal alto ou total nos idosos e em doentes nos estadios finais da gravidez pelo que, nestes doentes, a dose deverá ser reduzida. As lesões neurológicas são uma consequência rara da anestesia intratecal e podem resultar em parestesia, anestesia, hipotonia e paralisia. Ocasionalmente, estes efeitos são permanentes. Não se considera que a anestesia intratecal afecte adversamente os distúrbios neurológicos, tais como esclerose múltipla, hemiplagia, paraplegia e distúrbios neuromusculares, mas estas situações requerem precaução. Antes do tratamento ser instituído, deverá ser considerado se os benefícios superam os possíveis riscos para o doente. Interacções medicamentosas e outras formas de interacção A bupivacaína deverá ser usada com precaução em doentes em tratamento com outros anestésicos locais ou agentes estruturalmente relacionados com os anestésicos locais do tipo amida, como por exemplo certos anti-arritmícos tais como lidocaína, mexiletina e tocainida, visto os efeitos tóxicos sistémicos serem aditivos. Não foram efectuados estudos específicos de interacção entre a bupivacaína e medicamentos anti-arritmícos de classe III (por exemplo, amiodarona), mas aconselha-se precaução (ver também secção “Advertências e precauções especiais de utilização”). Gravidez e aleitamento Gravidez APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED É razoável assumir que um largo número de mulheres grávidas e mulheres em idade fértil foram tratadas com bupivacaína. Não foram até agora registados distúrbios específicos no processo reprodutivo como por ex. aumento da incidência de malformações (ver também “Propriedades farmacocinéticas”). Note-se que a dose deverá ser reduzida em doentes nos estadios finais da gravidez (ver também “Advertências e precauções especiais de utilização”). Aleitamento A bupivacaína é excretada no leite materno mas em quantidades tão pequenas que geralmente não há risco de afectar o lactente. Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas Além do efeito anestésico directo, os anestésicos locais podem ter um efeito muito ligeiro na função mental e na coordenação, mesmo na ausência de manifestações de toxicidade a nível do SNC e podem temporariamente afectar a locomoção e o estado de vigília. Informações importantes sobre alguns componentes de Marcaína Espinal Pesada Este medicamento contém 80 mg de glucose em 1 ml de solução injectável. Esta informação deve ser tida em consideração em doentes com diabetes mellitus. Efeitos indesejáveis Geral O perfil de reacções adversas da Marcaína Espinal Pesada é semelhante ao de outros anestésicos locais de acção prolongada administrados por via intratecal. As reacções adversas devidas ao fármaco per si são difíceis de distinguir dos efeitos fisiológicos do próprio bloqueio dos nervos (por ex. redução da pressão arterial, bradicardia, retenção temporária de urina), dos efeitos causados directa (por ex. hematoma espinal) ou indirectamente (por. ex. meningite, abcesso epidural) pela punção da agulha ou dos efeitos associados à saída do líquido cerebroespinal (ex. cefaleia pós punção da dura). Tabela de reacções adversas Muito frequentes (>1/10) Distúrbios cardíacos: Hipotensão, bradicardia Distúrbios gastrointestinais: Náuseas Frequentes Distúrbios do sistema nervoso: Cefaleia pós punção da dura Distúrbios gastrointestinais: Vómitos Distúrbios renais e urinários: Retenção urinária, incontinência urinária (>1/100 <1/10) APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED Pouco frequentes (>1/1,000 <1/100) Distúrbios do sistema nervoso: Parestesia, paresia, disestesia Afecções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos: Fraqueza muscular, lombalgia Raras Distúrbios cardíacos: Paragem cardíaca Distúrbios do sistema imunitário: Reacções alérgicas, choque anafiláctico Distúrbios do sistema nervoso: Bloqueio espinal total inadvertido, paraplegia, paralisia, neuropatia, aracnoidite Distúrbios respiratórios: Depressão respiratória (>1/10,000 <1/1,000) Sobredosagem Se utilizada de acordo com as recomendações, não é provável que a Marcaína Espinal Pesada origine concentrações sanguíneas suficientemente elevadas para provocar toxicidade sistémica. No entanto, se outro anestésico local estiver a ser administrado concomitantemente, os efeitos tóxicos são aditivos e podem causar reacções sistémicas tóxicas. Tratamento da toxicidade sistémica aguda Se surgirem sinais de toxicidade sistémica aguda ou de bloqueio total, a injecção do anestésico local deverá ser interrompida de imediato e os sintomas (convulsões, depressão do SNC) tratados adequadamente com suporte respiratório e administração de medicamentos anticovulsivantes). Se surgir paragem cardio-respiratória devem ser imediatamente iniciadas manobras de reanimação cardio-respiratória. O conveniente suporte de oxigénio, ventilatório e circulatório, bem como o tratamento da acidose, são de importância vital. Se ocorrer depressão cardiovascular (hipotensão, bradicardia) deve ser considerado o tratamento apropriado com fluidos intravenosos, vasopressores e/ou agentes inotrópicos. As doses administradas a crianças devem ser ajustadas ao peso e à idade. Propriedades farmacodinâmicas Grupo farmacoterapêutico: 2.2. Sistema nervoso central. Anestésicos Locais Código ATC: N01BB01 A bupivacaína é um anestésico local do tipo amida. Administrada como anestésico intratecal tem um rápido início de acção e uma duração de acção média a longa. A duração da acção anestésica é dependente da dose. APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED A bupivacaína, tal como outros anestésicos locais, origina um bloqueio reversível da propagação do impulso nervoso, ao impedir o fluxo de iões sódio para dentro da célula nervosa através da sua membrana. A Marcaína Espinal Pesada é hiperbárica e a sua distribuição inicial no espaço intratecal é afectada pela gravidade. Devido às pequenas doses, a distribuição intratecal resulta numa concentração relativamente baixa e a duração da anestesia tende a ser relativamente curta. As soluções simples (sem dextrose) produzem um nível de bloqueio menos previsível, mas de maior duração que as soluções hiperbáricas. Propriedades farmacocinéticas A bupivacaína é altamente lipossolúvel com um coeficiente de partilha óleo/água de 27,5. A bupivacaína mostra uma absorção completa e bifásica a partir do espaço subaracnoideu, sendo as semi-vidas das duas fases da ordem dos 50 e 408 minutos. A absorção lenta é o factor limitante na eliminação da ropivacaína, o que explica o motivo pelo qual a semi-vida aparente de eliminação é mais prolongada do que após a administração intravenosa. A concentração plasmática da bupivacaína obtida após bloqueio intratecal é inferior, comparativamente às concentrações obtidas com outras técnicas de anestesia loco-regional, devido à pequena dose necessária para anestesia intratecal. Geralmente, o aumento da concentração plasmática máxima é de aproximadamente 0,4 µg/ml por cada 100 mg injectados. Isto significa que uma dose de 20 mg resulta em níveis plasmáticos inferiores a 0,1 mg/ml. Após administração intravenosa, a bupivacaína tem uma clearance plasmática total de 0,58 L/min, um volume de distribuição no estado estacionário de 73 L, uma semi-vida de eliminação de 2,7 h e uma taxa de extracção hepática intermédia de 0,40. A clearance da bupivacaína é quase inteiramente devida a metabolismo hepático e depende quer do fluxo sanguíneo hepático quer da actividade das enzimas de metabolização. A bupivacaína atravessa facilmente a placenta alcançando-se o equilíbrio com o fármaco livre. Uma vez que o grau de ligação às proteínas no feto é inferior ao da mãe, a concentração plasmática total será superior na mãe, embora a concentração de fármaco livre seja a mesma. A bupivacaína é excretada no leite materno, mas em quantidades tão pequenas que não existe risco para a criança. Apenas 6% da bupivacaína é excretada sob a forma inalterada, sendo os principais metabolitos a 2,6-pipecolilxilidina (PPX) e seus derivados. Dados de segurança pré-clínica APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED Com base em estudos convencionais de farmacologia de segurança, toxicidade de dose única e dose repetida, toxicidade reprodutiva, potencial mutagénico e toxicidade local, não foram identificados outros riscos para os humanos, para além dos que seriam de esperar com base na acção farmacodinâmica de altas doses de bupivacaína (ex: sinais a nível do SNC e cardiotoxicidade). Lista dos excipientes Dextrose monohidratada Hidróxido de sódio e/ou ácido clorídrico para acerto do pH Água para injectáveis 80,0 mg/ml q.b. q.b para 1 ml A densidade relativa da solução é de 1,026 a 20°C (correspondente a 1,021 a 37°C). Incompatibilidades Não se recomenda efectuar adições às soluções espinais. Prazo de validade 3 anos. Precauções especiais de utilização Não conservar acima de 25ºC. Não congelar. Natureza e conteúdo do recipiente Ampolas de vidro tipo I, acondicionadas em blisters. Instruções de utilização e manipulação A Marcaína Espinal Pesada não contém conservantes e destina-se exclusivamente a uma única utilização. Deve rejeitar-se toda a solução que não tenha sido utilizada duma ampola aberta. Uma vez que a Marcaína Espinal Pesada contém glucose pode ocorrer caramelização durante a autoclavagem. Deve evitar-se a re-esterilização das ampolas. Titular da autorização de introdução no mercado AstraZeneca Produtos Farmacêuticos, Lda Rua Humberto Madeira, 7 Valejas APROVADO EM 16-02-2007 INFARMED 2745-663 Barcarena Fabricante AstraZeneca AB - Liquid Production Sweden S-151 85 Södertälje Suécia Medicamento sujeito a receita médica restrita a meio hospitalar. Este folheto foi aprovado em