Baixar este arquivo PDF

Propaganda
ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DO NERVO ISQUIÁTICO NO DIDELPHIS
ALBIVENTRIS(1)
Jade Pellenz(2), Wilson Viotto de Souza(3), Paulo de Souza Júnior(4),Amarílis Díaz de
Carvalho(4),Natan da Cruz de Carvalho(5)
(1)
Trabalho executado com recursos do Edital 021/2016, da Pró-Reitoria de Extensão;
Estudante, bolsista do Projeto Quatro Patas; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do Sul;
[email protected];
(3)
Estudante, Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do sul;
(4)
Professor, Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do sul;
(5)
Orientador; Universidade Federal do Pampa.
(2)
Palavras-Chave: Anatomia animal, plexo lombossacro, animais silvestres.
INTRODUÇÃO
O DiIdelphis albiventris, conhecido popularmente como “gambá-de-orelha-branca”, é um animal
silvestre que habita o continente americano, principalmente a América do Sul (REIS et al., 2006). Os
didelfídeos são considerados marsupiais generalistas, devido a seus hábitos alimentares (SANTORI et al.,
1997). Esses animais podem ser encontrados em áreas rurais, florestas remanescentes e ambientes
urbanos (ALÉSSIO et al., 2003).
O plexo lombossacral é composto por diversos nervos que inervam os principais músculos do
membro pélvico. Entre tais nervos destaca-se o nervo isquiático, pois, trata-se do maior nervo do corpo,
com função tanto motora como sensorial (DYCE et al., 2004). Assim, lesões neste nervo são críticas para a
locomoção. A origem do nervo isquiático varia conforme a espécie, mas em mamíferos geralmente é
composta por ramos ventrais dos últimos pares de nervos lombares e o primeiro e segundo pares de nervos
sacrais (KÖNIG; LIEBICH, 2004). O conhecimento da anatomia oferece subsídios para eventuais
procedimentos clínicos e cirúrgicos em animais silvestres.
O objetivo desse estudo é determinar a origem e distribuição do nervo isquiático no D.albiventris.
METODOLOGIA
Foram utilizados cinco cadáveres encontrados mortos nas rodovias da mesorregião sudoeste riograndense (autorização IBAMA/SISBIO 33667), sendo quatro machos e uma fêmea. Os espécimes foram
fixados e conservados em solução de formaldeído a 10% e dissecados oportunamente.
Para observar a origem e distribuição do nervo isquiático foi necessário rebater a pele e musculatura
formadora da parede das cavidades abdominal e pélvica. As vísceras, o púbis e os músculos flexores da
coluna lombar também foram removidos para a exposição do plexo lombossacro. Após a identificação do
nervo isquiático seu trajeto foi acompanhado até sua inervação na musculatura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O nervo isquiático no gambá foi simétrico entre os antímeros direito e esquerdo. Sua origem se deu
a partir dos ramos ventrais do quarto, quinto e sexto nervos lombares (L4, L5 e L6) em 80% (4/5) dos casos
sendo que em 20% (1/5) dos casos o nervo isquiático teve origem apenas em L5 e L6. Esses dados são
semelhantes com os resultados encontrados no Didelphis aurita, no qual o nervo isquiático tinha origem em
L4, L5 e L6 (SENOS et al.,2015), possivelmente devido a proximidade filogenética entre as duas espécies.
No Galea spixii (OLIVEIRA et al., 2010) e no Procyoncancrivorus (PEREIRA et al., 1798) originou-se de L6 e
L7. Enquanto no cão doméstico o nervo isquiático se originou de L6, L7, S1 e S2 (KÖNIG; LIEBICH, 2004).
O nervo isquiático também foi o mais calibroso do plexo e deu origem aos nervos glúteo cranial e glúteo
caudal, assim como no guambá-de-orelha-preta (SENOS et al., 2015).
Após a sua origem, o nervo isquiático percorreu trajeto no sentido caudoventral ao músculo pssoas
maior até a primeira vértebra sacral, quando então se lateralizou ao atravessar a incisura isquiática maior. A
partir deste ponto, seguiu ventralmente ao músculo glúteo médio. No Procyoncancrivorus, assim como no
cão doméstico, o nervo isquiático deixa a cavidade pélvica entre os músculos abdutor crural caudal, bíceps
femoral e glúteo superficial através do forame isquiático maior (PEREIRA et al.,2010), enquanto no Galea
spixii emerge entre os músculos glúteo médio e glúteo profundo (OLIVEIRA et al.,2010).
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Constatou-se que ramos do nervo isquiático se distribuíram para os músculos bíceps femoral,
semitendinoso, semimembranoso (Figura 1). Adicionalmente ao músculo glúteo profundo, esses mesmos
músculos são inervados pelo nervo isquiático no Galea spixii (OLIVEIRA et al., 2010), sendo que esta
distribuição não foi encontrada mão-pelada, que têm os músculos gêmeos e quadrado femoral recebendo
ramos do nervo isquiático (PEREIRA et al., 2011).
Após emitir seus ramos para os músculos caudais da coxa, o nervo isquiático se bifurcou em nervo
tibial e nervo fibular comum, assim como nos mamíferos domésticos (KÖNIG; LIEBICH, 2004; DYCE et al.,
2004).
Figura 1–A) Fotomacrografia da região da coxa esquerda, em vista lateral, do D.albiventris,
evidenciando o nervo isquiático e suas principais ramificações; 1: m. vasto lateral; 2: m. glúteo
profundo; 3: m. bíceps femoral; 4: m. semitendinoso; 5: m. semimembranoso; 6: m. glúteo
superficial; 7: n. isquiático; 8: n.fibular comum; 9: n. tibial. B) Fotomacrografia da região lombar, em
vista ventral,revelando as origens do n. isquiático do D.albiventris; L4, L5 e L6: 4°, 5° e 6° ramos
ventraislombares. NI: N. isquiático. Barra de escala: 1cm.
Fonte: Acervo do Laboratório de Anatomia Animal da UNIPAMPA.
CONCLUSÕES
O nervo isquiático do gambá-de-orelha-branca origina-se dos ramos espinhais ventrais dos
seguimentos L4 L5 e L6 da medula vertebral em maior frequência, e sua distribuição se deu para os
músculos bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso.
REFERÊNCIAS
ALÉSSIO, F. M.; MENDES PONTES, A. R.; SILVA, V. L. Feeding by Didelphis albiventris on tree gum in northeastern
Atlantic Forest in Brazil. Mastozoologia Neotropical, 12, 53-56, 2005.
DYCE, K. M. et al. Tratado de anatomia veterinária. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
KONIG H. E.; LIEBICHH, G.; CERVENY, C. Systema Nervosum. in: KONIG H. E. & LIEBICHH. G. Anatomia dos
Animais Domésticos: texto e atlas colorido. Artmed, Porto Alegre. 2004. p. 399.
OLIVEIRA G. B., RODRIGUES M. N., SOUSA E. S., ALBUQUERQUE J. F. G., MOURA C. E. B., AMBRÓSIO C. E.;
MIGLINO M. A.; OLIVEIRA M. F. Origem e distribuição dos nervos isquiático do preá. Ciência Rural, 40, 1741-1745,
2010.
PEREIRA F. C., LIMA V. M.; PEREIRA K. F. Morfologia dos músculos da coxa de mão-pelada (ProcyoncancrivorusCuvier,.Ciência Animal Brasileira, 11, 947-954, 2010.
REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; PEDRO, W. A. & LIMA, I. P. Mamíferos do Brasil: guia de identificação. Editora
Technical Books, Rio de Janeiro, 2010.
SANTORI, R. T.; DEMORAES, D. A.; GRELLE, C. E. V.; CERQUEIRA, R. Natural diet at a Restinga forestand laboratory
food preferences of the opossum Philander frenata in Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 32, 1216, 1997.
SENOS, R. RIBEIRO, M. S.; BENEDICTO, H. G.; KFOURY, J. R. Lumbosacral plexus in Brazilian Common Opossum.
Folia Morphologica, 2015.
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Download