FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 ANÁLISE DO CONVERSOR CC-CC BOOST - ELEVADOR DE TENSÃO. Marcelo Vinicios Santos João Antonio Martins Ferreira Faculdades Ponta Grossa Ponta Grossa – Brasil [email protected] [email protected] RESUMO Este projeto prevê o estudo comparativo e o desenvolvimento de conversores com característica elevadora de tensão, adequados a aplicações nas quais se requer um elevado ganho estático. O campo de aplicação refere-se ao aproveitamento de fontes CC associadas a fontes de energia como células a combustível, baterias e outras de natureza semelhante, como painéis fotovoltaicos. De modo mais específico, são consideradas situações em que não se necessita isolação elétrica entre entrada e saída, como é o caso de veículos elétricos. Para a seleção da topologia a ser implementada serão focalizados aspectos de rendimento, densidade de potência, complexidade topológica e de comando, esforços de tensão e de corrente, etc. Serão desenvolvidas metodologias de projeto da topologia, tanto em termos de dimensionamento dos componentes como de controle. 1. INTRODUÇÃO Um conversor Boost ou elevador de tensão, fundamentos sobre Conversores CC-CC são sistemas formados por semicondutores de potência operando como interruptores, e por elementos passivos, normalmente indutores e capacitores que tem por função controlar o fluxo de potência de uma fonte de entrada para uma fonte de saída é um circuito muito continua. A tensão de entrada está em série com um grande indutor que age como uma fonte de corrente. A chave em paralelo com a fonte de corrente e a saída é desligada periodicamente, fornecendo energia do indutor e da fonte para aumentar a tensão média de saída. 189 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 São diversas as estratégias de comando destes conversores, embora a maioria opere em modulação por largura de pulso (PWM, da sigla em inglês). Usualmente, por simplicidade, a análise das topologias é feita desprezando as perdas. Considerando que o rendimento destes conversores está na faixa de 90%, quando são bem selecionados os componentes e a freqüência de trabalho, tal simplificação não leva a grandes erros quando se comparam os resultados teóricos com os experimentais. Este fato deixa de ser verdade, no entanto, quando o ponto de trabalho do conversor se encontra nos limites de sua faixa de operação em termos da variável razão cíclica (também chamada de largura de pulso). São inúmeras as não-idealidades que podem ser significativas no desempenho de um conversor CC-CC e que a análise simplificada pode desconsiderar. Vamos nos ater nesta introdução apenas nos aspectos de perda de energia no circuito de potência. Outros aspectos, como o comportamento não-linear dos elementos magnéticos, os circuitos de acionamento e controle, não serão incluídos nesta análise introdutória. A topologia do conversor Boost é mostrada na Figura 01. TOPOLOGIA DO CONVERSOR CC-CC BOOST. Fig. 01 – topologia do conversor cc-cc Boost. 190 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 1. - ETAPAS DE FUNCIONAMENTO DO CONVERSOR BOOST. Fig. 02 – Circuito com Chave S fechada. 1.1 - PRIMEIRA ETAPA A CHAVE (𝑆), FECHADA. Quando S é ligado, S está conduzindo. O indutor L é magnetizado. A fonte Vi fornece energia ao indutor, a tensão Vd é aplicada ao indutor L . O diodo fica reversamente polarizado (pois Vo>Vi). Acumula-se energia em L, a qual será enviada ao capacitor e à carga quando S desligar. A corrente de saída, iD, é sempre descontínua, enquanto iL (corrente de entrada) pode ser contínua ou descontinua. 1.2 - SEGUNDA ETAPA A CHAVE (𝑆) ABERTA. Fig. 03 – Circuito com chave S aberta. 191 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 Quando o interruptor S é aberto, a corrente da indutância tem continuidade pela condução do diodo. A energia armazenada em L é transferida para a saída, recarregando o capacitor e alimentando a carga. No modo contínuo, ao se iniciar o ciclo seguinte, ainda existe corrente pelo indutor. Quando o transistor conduz (intervalo δT), a tensão sobre a indutância é igual à tensão de alimentação, E. Durante a condução do diodo de saída, esta tensão se torna (Vo-E). Do balanço de tensões, obtém-se a relação estática no modo contínuo: Teoricamente a tensão de saída vai para valores infinitos para ciclos de trabalho que tendam à unidade. No entanto, devido principalmente às perdas resistivas da fonte, dos semicondutores e do indutor, o valor máximo da tensão fica limitado, uma vez que a potência dissipada se torna maior do que a potência entregue à saída. 2.- FORMAS DE ONDAS DA TENSÃO E CORRENTE. Fig 4 – Formas de ondas da tensão e corrente. 192 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 2.1 -TENSÃO DE ENTRADA (𝑉𝑔): Vg 12.5 12 11.5 11 0.0436 0.0437 0.0438 Time (s) 0.0439 0.044 Fig 5 – Tensão de entrada (𝑉𝑔). 2.2 - CORRENTE DE ENTRADA (𝐼𝑔): Ig 0.9 0.85 0.8 0.75 0.7 0.0434 0.0436 0.0438 0.044 0.0442 0.0444 Time (s) Fig 6 – Corrente (𝐼𝑔). 2.3 – TENSÃO NO INDUTOR (𝐿). A Tensão inicial no indutor (𝑉𝑙), é positiva quando a chave 𝑆 é comutada e negativa quando a chave 𝑆 esta aberta. Vl 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 0.0302 0.0304 0.0306 Time (s) Fig 7 - Tensão no indutor 193 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 2.4 - CORRENTE NO INDUTOR (𝐼𝑙): A corrente no indutor (𝐼𝑙), é dada pelo tempo em que a chave 𝑆, permanece fechada quanto mais tempo fechada ela tende a corrente máxima fornecida pela fonte ela é igual a corrente (𝐼𝑔). I(L) 0.92 0.9 0.88 0.86 0.84 0.82 0.8 0.78 0.76 0.74 0.0384 0.0386 0.0388 0.039 0.0392 0.0394 Time (s) Fig 8 – Corrente no indutor (𝐿). 2.5 – TENSÃO NA CHAVE (𝑆): Quando a chave 𝑆 esta aberta a tensão sobre ela é 𝑉𝑔, estando fechada assume a tensão que está sobre o capacitor 𝐶 . Vs 30 20 10 0 0.0302 0.0304 0.0306 Time (s) Fig 9 – Tensão na chave 𝑆. 2.6 - CORRENTE NA CHAVE (𝑆). A corrente (𝐼𝑠), é a mesma que circula em (𝐿). 194 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 Is 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0.0384 0.0386 0.0388 0.039 Time (s) Fig 10 – Corrente na chave (𝑆). Valores obtidos com o simulador PSIM. Time Time Is From To 3.8278900e-002 3.9146400e-002 6.4665163e-001 2.7 – TENSÃO NO DIODO (𝐷) : A tensão sobre o diodo (𝐷), é negativa devido ele está polarizado reversamente sendo fornecida pelo capacitor (𝐶), quando a chave (𝑆) está aberta. Vd 10 0 -10 -20 -30 -40 0.0302 0.0304 0.0306 Time (s) Fig 11 – Tensão no diodo. 2.8 - CORRENTE NO DIODO (𝐷). 195 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 Id 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 -0.2 0.0384 0.0386 0.0388 0.039 Time (s) Fig 12 – Corrente no diodo (𝐷). 2.9 – TENSÃO NO CAPACITOR: A tensão no capacitor é oscilante devido a comutação da chave 𝑆, sendo constante mas não continua porém na média se mantendo nos 30𝑉. VO 30.1 30 29.9 0.0384 0.0386 0.0388 0.039 0.0392 0.0394 Time (s) Fig 13 – Tensão no Capacitor. Valores obtidos com o simulador PSIM. Time Time VO From To 3.8243600e-002 3.9482700e-002 2.9994970e+001 2.10 – TENSÃO NO RESISTOR (𝑅). A tensão no resistor é a mesma que do capacitor (fig 5) , sendo que os dois estão em paralelo. A corrente 𝐼𝑜, tem o seu valor médio 0,33𝐴. 196 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 I(R1) 0.335 0.3345 0.334 0.3335 0.333 0.3325 0.332 0.3315 0.0384 0.0386 0.0388 0.039 0.0392 0.0394 Time (s) Fig 14 – Corrente no resistor (𝑅). Valores obtidos com o simulador PSIM. Time Time I(R1) From To 3.8243600e-002 3.9482700e-002 3.3327883e-001 3. - ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO: TABELA - I Especificações Valor Tensão de Entrada ( Vg) 12V Tensão de Saída (Vo) 30V Potencia de Saída ( Po) 10W Ondulação de Corrente ( ∆iL) 20% Ondulação de Tensão ( ∆vC) 1% Frequência de comutação ( fs) 30Khz 4. - EQUACIONAMENTO DO CIRCUITO. Conforme as especificações apresentadas foram calculados os valores dos seguintes componentes: Corrente de entrada(𝐼𝑜). 𝐼𝑜 = 𝑃𝑜 𝑉𝑜 𝐼𝑜 = 0,33𝐴 197 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 4.1 - Resistor (𝑅𝑜). 𝑅𝑜 = 𝑉𝑜 𝐼𝑜 𝑅𝑜 = 90Ω 4.2 - Corrente de entrada (𝐼𝑔). 𝐼𝑔 = 𝑃𝑜 𝑉𝑔 𝐼𝑔 = 0,833𝐴 Se analisando a topologia do circuito conforme a fig 1, observa-se que a corrente de entrada 𝐼𝑔 = 𝐼𝑙 . 4.3 - Calculando a razão cíclica através da seguinte equação: 𝐷= 𝑉𝑔 − 𝑉𝑜 −𝑉𝑜 𝐷 = 0,6 4.4 - Cálculo do indutor (𝐿), através da equação: 𝐿= 𝑉𝑔 ∗ 𝐷 ∆𝐼𝑙 ∗ 𝐼𝑙 ∗ 𝑓𝑠 𝐿 = 1,44𝑚𝐻 198 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 4.5 - Cálculo do capacitor (𝐶), através da equação: 𝐶= 𝐼𝑜 ∗ 𝐷 ∆𝑉𝑐 ∗ 𝑉𝑜 ∗ 𝑓𝑠 𝐶 = 22,222𝜇𝐹 4.6 - Projeto físico do indutor, serão utilizados os seguintes parâmetros: 𝐵𝑚𝑎𝑥 = 0,2𝑇 𝐽𝑚𝑎𝑥 = 450 𝐴 𝑐𝑚2 𝐾𝑊 = 0,7 𝑈𝑜 = 4𝜋 ∗ 10−7 𝐻 𝑚 4.7 - Corrente de pico no indutor é dada pela equação: 𝐼𝑙𝑝𝑖𝑐𝑜 = 𝐼𝑙 + ∆𝐼𝑙∗𝐼𝑙 2 𝐼𝑙 𝑒𝑓 = 𝐼𝑙 𝐼𝑙 𝑝𝑖𝑐𝑜 = 0,917𝐴 ∆𝑒∆𝑤 = 𝐼𝑙 𝑒𝑓 ∗ 𝐼𝑙𝑝𝑖𝑐𝑜 ∗ 𝐿 𝐵𝑚𝑎𝑥 ∗ 𝐽𝑚𝑎𝑥 ∗ 𝐾𝑤 ∆𝑒∆𝑤 = 1,746 × 10−9 𝑚4 Através dos resultados a presentados chagou ao seguinte núcleo escolhido. E=30/7, portanto teremos: 199 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 ∆𝑒 = 0,60𝑐𝑚2 ∆𝑤 = 0,80𝑐𝑚2 𝑁= 𝐿 ∗ 𝐼𝑙 𝑝𝑖𝑐𝑜 𝐵𝑚𝑎𝑥 ∗ ∆𝑒 𝑁 = 110𝑁 4.8 - Calculo da corrente entreferro, é obtida pela equação: 𝑁 2 ∗ 𝑈𝑜 ∗ ∆𝑒 𝐼 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝐿 𝐼 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 6,336 × 10−4 𝑚 4.9 - Obtendo a secção transversal do fio. 𝑆𝑓𝑖𝑜 = 𝐼𝑙 𝑒𝑓 𝐽𝑚𝑎𝑥 𝑆𝑓𝑖𝑜 = 1,852 × 10−7 𝑚2 O condutor escolhido será de 24 AWG ou (0,002047𝑐𝑚2 ) 4.10 - Calculo da possibilidade de execução: ∆𝑤 𝑚𝑖𝑛 = 𝑁 ∗ 𝐿 ∗ 𝑆𝑓𝑖𝑜 𝐾𝑤 ∆𝑤 𝑚𝑖𝑛 = 3,21 × 10−5 𝐸𝑥𝑒𝑥 = ∆𝑤 𝑚𝑖𝑛 ∆𝑤 𝐸𝑥𝑒𝑥 = 0,402 200 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 Definindo o comprimento do condutor através da expressão: 𝑇𝑎𝑚𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 = 𝑁 ∗ 5,6𝑐𝑚 𝑇𝑎𝑚𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 = 6,16𝑚 5. - Valores Obtidos com o Projeto. TABELA – II Grandeza Valor Valor da tensão de entrada 12𝑉 (𝑉𝑔) Ganho estático do 2,5 conversor (𝑀) Razão cíclica (𝐷) 0,6 Resistor (𝑅) 90Ω Indutor (𝐿) 1,44𝑚𝐻 Capacitor (𝐶) 22,22𝜇𝐹 Corrente de entrada (𝐼𝑔) 0,833𝐴 Corrente de saída (𝐼𝑜) 0,33𝐴 5.1 - Componentes utilizados no conversor. TABELA – III Componentes Valor Utilizados Resistor (𝑅) 90Ω Capacitor (𝐶) 22,22µF Transistor (𝑆) IRFP460 201 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 Diodo (𝐷) Indutor (𝐿) MUR460 Indutância – 1,44mH Nº de espiras 110 Fio condutor – 24 AWG Nucleo – E30/7 Conclusão: Teoricamente, quando o ciclo de trabalho tende à unidade a tensão de saída tenda para infinito. Na prática, os elementos parasitas e não ideais do circuito (como as resistências do indutor e da fonte) impedem o crescimento da tensão acima de certo limite, no qual as perdas nestes elementos resistivos se tornam maiores do que a energia transferida pelo indutor para a saída. 202 FACULDADES PONTA GROSSA www.faculdadespontagrossa.com.br/revistas ISSN: 2358-2669/Vol.1 nº13/Jan-Dez/2016 REFERÊNCIAS BARBI, Ivo. & MARTINS Denizar Cruz. Conversores CC-CC Básicos NãoIsolados, 1ª edição, UFSC, 2001 MUHAMMAD, Rashid Eletrônica de Potência; Editora: Makron Books, 1999 ERICKSON, Robert W.; MAKSIMOVIC, Dragan. Fundamentals of power electronics. New York: Kluwer Academic, 2001. MOHAN, Ned; UNDELAND, Tore M.; ROBBINS,21, UTFPR – Campus Curitiba William P. Power electronics: converters, applications, and design, New York: JohnWiley, 1995 AHMED, Ashfaq. Eletrônica de Potência; Editora: Prentice Hall, 1a edição, 2000 203