AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE COMPONENTES DE UM PETRÓLEO COM ESTROMATÓLITOS DA LAGOA SALGADA, RJ RAFAEL DA COSTA PACHECO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF LABORATÓRIO DE ENGENHARIA E EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO – LENEP MACAÉ – RJ SETEMBRO DE 2014 i AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE COMPONENTES DE UM PETRÓLEO COM ESTROMATÓLITOS DA LAGOA SALGADA, RJ DISSERTAÇÃO DE MESTRADO “Dissertação apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Reservatório e de Exploração de Petróleo”. Orientadora: Prof.ª ELIANE SOARES DE SOUZA, D. Sc. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF LABORATÓRIO DE ENGENHARIA E EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO – LENEP MACAÉ – RJ SETEMBRO DE 2014 ii AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE COMPONENTES DE UM PETRÓLEO COM ESTROMATÓLITOS DA LAGOA SALGADA, RJ RAFAEL DA COSTA PACHECO Dissertação apresentado ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de mestre em “Engenharia de Reservatório e de Exploração de Petróleo”. Aprovada em 18 de setembro de 2014 COMISSÃO EXAMINADORA: Adolfo Puime Peires, D. Sc.-LENEP/ CCT/ UENF Georgiana Feitosa Da Cruz, D. Sc.- LENEP/ CCT/ UENF Hélio J. P. Severiano Ribeiro, D.Sc.- LENEP/ CCT/ UENF Alexsandro Araújo da Silva, D. Sc. – INSTITUTO DE QUÍMICA/ UERJ Eliane Soares de Souza (Orientadora), D. Sc.- LENEP/ CCT/ UENF iii AGRADECIMENTOS A Deus por me ajudar a galgar as dificuldades que fazem parte de todo trajeto da vida. À minha namorada pelo amor, dedicação e companheirismo, além de contatos técnicos sobre atividades geológicas de E&P. À minha família, especialmente aos meus pais pelo amor, apoio e confiança. À minha orientadora, profa. Eliane Soares de Souza, deixo aqui a minha imensa gratidão e respeito. Agradeço por todo apoio, orientação e sugestões enriquecedoras e, principalmente, a grande oportunidade de aprendizagem durante o tempo de trabalho no Laboratório de Geologia e Geoquímica do LENEP/UENF. Ao Laboratório de Fluidos e de Petrofísica do LENEP/UENF por permitir que fossem realizadas as atividades de saturação inicial de água de formação e análises da composição mineralógica de amostras de estromatólitos. Aos professores do curso de pós-graduação do LENEP/UENF pelos conhecimentos transmitidos. Aos doutores da banca Adolfo Puime Peires, Alexsandro Araújo da Silva, Georgiana Feitosa da Cruz e René Rodrigues por fazerem parte da Banca examinadora desta titulação. Aos colegas do LENEP/UENF, Bárbara Diniz, Laercio Martins, Leonam Braga, Lívia Carvalho pela colaboração nas atividades desenvolvidas no Laboratório de Geologia e Geoquímica e aos amigos Alan, Cleysson, Ernanda, Emílio, Fabrício, Graziele e Jose Fernando pela companhia durante o curso de pós graduação no LENEP. À UENF pela oportunidade de realizar esta pesquisa e aos seus funcionários que de alguma forma contribuíram para conclusão desta dissertação. A FAPERJ-UENF pela bolsa de estudo concedida para realização deste trabalho. À FAPERJ, CNPQ, CAPES E PRH20-ANP, pelo suporte financeiro necessário para o desenvolvimento desta pesquisa. Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho. iv ÍNDICE LISTA DE FIGURAS............................................................................................... vii LISTA DE TABELAS............................................................................................... x LISTA DE SIGLAS.................................................................................................. xii RESUMO................................................................................................................ xiv ABSTRACT............................................................................................................. xv CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.............................................................................. 1 1.1. 1.2. 1.1. Objetivo.................................................................................................... 2 1.3. 1.4. 1.1.1. Objetivo principal..................................................................... 2 1.5. 1.6. 1.1.2. Objetivos específicos............................................................. 2 CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................ 3 2.1. Pré-Sal Brasileiro .................................................................................... 3 2.2. Rochas carbonáticas: Estromatólitos...................................................... 6 2.3. Propriedades das rochas carbonáticas................................................... 9 2.4. Fluidos presentes em reservatório de petróleo....................................... 13 2.4.1. Água de formação .................................................................. 13 2.4.2. Petróleo .................................................................................. 14 2.5. Migração do petróleo............................................................................... 19 2.6. Mudanças na composição do petróleo ao longo da migração.................. 22 CAPITULO 3 – METODOLOGIA........................................................................... 5.1. 3.1. 3.2. 5.2. 29 Preparação e caracterização das amostras de estromatólitos............ 31 3.1.1. Caracterização mineralógica das amostras de estromatólitos por Difração e Fluorescência de Raio X........................................................ 32 3.2. Saturação das amostras de estromatólitos com água de formação sintética................................................................................................ 34 3.3. Caracterização geoquímica do óleo utilizado na ascensão capilar......................................................................................... 36 v 5.3. 3.3.1. Precipitação dos asfaltenos........................................................... 36 5.4. 3.3.2. Fracionamento do Malteno............................................................ 37 3.4. 3.3.3. Análise geoquímica das frações de hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos do óleo..................................................... 38 3.3.4. 3.4. Simulação do processo de migração do óleo...................................... 40 3.4.3. 3.4.1. Extração do óleo livre presente nos poros das amostras de rocha............................................................................................. 41 3.5. 3.4.2. Precipitação dos asfaltenos do óleo livre...................................... 42 3.5. Caracterização geoquímica do óleo livre................................................ 42 3.5.1. Fracionamento do óleo livre ......................................................... 42 3.5. 3.6. 3.5.2. Análise geoquímica das frações de hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos do óleo livre......................................................... 43 5.4.1. 3.6. Caracterização geoquímica do óleo adsorvido....................................... 43 CAPITULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................. 46 5.5. 5.6. 6.1. 4.1. Caracterização mineralógica dos estromatólitos..................................... 46 6.2. 4.2. Caracterização geoquímica do óleo usado na ascensão capilar......... 48 6.3. 4.3. Estimativa do volume poroso das amostras de estromatólitos............... 51 4.3. 4.4.Caracterização geoquímica do óleo livre presentes nas subunidades de 4.4. estromatólitos............................................................................................................ 54 4.5. Caracterização do óleo adsorvido. ......................................................... 69 5. CAPÍTULO 5- CONCLUSÕES............................................................................... 74 5.1. Sugestões para trabalhos futuros............................................................ 75 5.2. Participação em congressos................................................................... 76 5.3. Premiações ............................................................................................. 77 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 78 APÊNDICE ............................................................................................................ 89 vi LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1: Carta estratigráfica da Bacia de Santos na qual encontram-se localizadas as formações responsáveis pelas rochas: geradora, reservatório e selante (fonte: MOREIRA et al., 2007) .............................................................. 5 FIGURA 2.2: Mapa da região norte do estado do Rio e Janeiro, enfatizando a Lagoa Salgada e sua localização (modificado de MARTIN et al., 1993) ....... 7 FIGURA 2.3: Exemplo de amostra de estromatólito recente da região do litoral Norte do Estado do Rio de Janeiro (A) e testemunho de sondagem do poço 3RJS-646 (bloco BM-S-11) do reservatório pré-sal na região de águas ultra profundas na Bacia de Santos (B) (modificada de ESTRELLA, 2008). ............ 8 FIGURA 2.4: Exemplos de moléculas de hidrocarbonetos saturados ramificados (biomarcadores isoprenóides) encontrados no petróleo................ 15 FIGURA 2.5: Estrutura genérica dos terpanos tricíclicos (A), terpanos pentaciclícos (hopanos) (B) e Esteranos (C), onde R é uma cadeia carbônica e mostrando o fragmento principal (m/z) utilizado na análise por CG-EM........ 16 FIGURA 2.6: Compostos aromáticos presentes no petróleo........................... 17 FIGURA 2.7: Estrutura hipotética de asfalteno (DELGADO, 2006).................. 18 FIGURA 2.8: Exemplos de compostos pertencentes à fração de resinas em amostras de petróleo.......................................................................................... 18 FIGURA 2.9: Representação esquemática da migração primária e secundária (A) e sua acumulação em trapas geológicas (B) (modificado de TISSOT & WELTE, 1984) ................................................................................................. 19 FIGURA 2.10: Transporte de uma gotícula de óleo através de garganta de poro em ambiente saturado com água (Modificado de TISSOT E WELTE, 1984) ................................................................................................................ 21 FIGURA 3.1: Fluxograma da metodologia utilizada nesta pesquisa................. 30 FIGURA 3.2: Foto ilustrativa de um exemplar de amostra de estromatólitos coletada na Lagoa Salgada................................................................................ 31 FIGURA 3.3: Representação do fenômeno de difração de Raio X..................... 32 FIGURA 3.4: Unidades de ascensão capilar de petróleo em amostras de estromatólitos..................................................................................................... 40 vii FIGURA 3.5: Fotografia do módulo de Extração Térmica – cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (1- Amostrador Automático; 2Extrator Térmico; 3- Espectrômetro de massas; 4- Linha de transferência e 5-Cromatógrafo a Gás).................................................................................... 44 FIGURA 4.1: Perfil cromatográfico e identificação dos principais compostos correspondentes as n-parafinas (m/z 85) (A), terpanos cíclicos (m/z 191) (B) e esteranos (m/z 217) (C) do óleo usado na ascensão capilar......................... 50 FIGURA 4.2: Perfis cromatográficos dos isômeros de metil-fenantrenos (m/z 192) (A) e metil-dibenzotiofenos (B) do óleo usado na ascensão capilar............................................................................................................... 51 FIGURA 4.3: Gráfico do teor médio de n-alcanos no óleo livre presente nas subunidades (Topo, Meio e Base) de amostras de estromatólitos saturadas com água de formação sintética A1 e A2.......................................................... 55 FIGURA 4.4: Sobreposição dos perfis cromatográficos de terpanos policíclicos do óleo livre das subunidades Base e Topo dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 (A) e A2 (B).............................. 57 FIGURA 4.5: Sobreposição de perfis cromatográficos de esteranos no óleo livre das subunidades (Base e Topo) dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 (A) e A2 (B)............................................................... 59 FIGURA 4.6: Sobreposições de perfis cromatográficos dos isômeros de metilfenantrenos presentes no óleo livre das subunidades (Base e Topo) dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 (A) e A2 (B)....... 63 FIGURA 4.7: Sobreposições de perfis cromatográficos de isômeros de metildibenzotiofenos presentes no óleo livre das subunidades (Base, Meio e Topo) dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 (A) e A2 (B)...................................................................................................................... 64 FIGURA 4.8: Diagramas tipo estrela das razões de n-C17 e compostos aromáticos (isômeros de metil-fenantreno e metil- dibenzotiofenos) e razões entre hidrocarbonetos saturados (terpanos policíclicos e esteranos) do óleo livre das subunidades (Base, Meio e Topo) em função da salinidade da água de formação A1 e A2.......................................................................................... 68 FIGURA 4.9: Gráfico do teor médio de n-alcanos (n-C17 a n-C30) adsorvidos na Base dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 e A2....................................................................................................................... 70 viii FIGURA 4.10: Gráfico comparativo da concentração n-alcanos do óleo livre e do óleo adsorvido nas subunidades Base saturadas com os dois tipos de água de formação A1 e A2.......................................................................................... 71 FIGURA 4.11: Gráfico comparativo dos valores médios das razões de n-C17 em relação aos isômeros de metil-fenantreno presentes no óleo livre e no óleo adsorvido oriundos das subunidades Base saturadas com água de formação A1(A) e A2 (B).................................................................................................... 72 ix LISTA DE TABELAS TABELA 2.1: Composição química da água de formação dos Campos de Marlim e de Roncador (Bacia de Campos), segundo BEZERRA et al (2004)..................... 14 TABELA 2.2: Fases estacionárias e móveis da geocromatografia segundo KROOSS et al., (1995) .......................................................................................... 23 TABELA 2.3: Adsorção de asfaltenos sobre diferentes minerais (modificado de GONZALEZ & MOREIRA (1994)) ......................................................................... 25 TABELA 3.1: Composição química das águas de formação sintéticas A1 e A2 (g/ L) ............................................................................................................................ 35 TABELA 3.2: Denominação dos extratos de óleo livre e Branco............................ 42 TABELA 3.3: Identificação das 45 frações obtidas por cromatografia líquida........ 43 TABELA 4.1: Composição mineralógica média dos estromatólitos da Lagoa Salgada obtida por Difração de Raio X.................................................................... 46 TABELA 4.2: Composição elementar (%m/m) dos estromatólitos, obtida por Fluorescência de Raio X......................................................................................... 47 TABELA 4.3: Resultado do fracionamento do óleo usado na simulação da migração, em porcentagem de hidrocarbonetos saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos............................................................................................................... 48 TABELA 4.4: Resultados do procedimento de saturação das unidades de estromatólitos com os dois tipos de água de formação sintética........................... 52 TABELA 4.5: Massa de óleo livre obtido, por extração Soxhlet, para cada subunidade de amostra de estromatólito após a simulação da migração................................................................................................................. 53 TABELA 4.6: Média dos resultados da razão de Fitano/n-C18 do óleo livre após a simulação da migração em amostras de estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 e A2.................................................................................... 56 TABELA 4.7: Média dos resultados das razões de terpanos policíclicos do óleo livre após a ascensão capilar em amostras de estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 e A2 ............................................................................... 58 x TABELA 4.8: Resultados médios das razões entre esteranos do óleo livre das subunidades de estromatólitos saturadas com água de formação A1 e A2........... 60 TABELA 4.9: Resultados médios da razão 20S/ 20R de esteranos (C27-C28C29) do óleo livre das subunidades de estromatólitos, saturados com água de formação A1 e A2................................................................................................... 62 TABELA 4.10: Resultado dos valores das razões de isômeros de metilfenantreno e metil-dibenzotiofeno do óleo livre nas subunidades saturadas com água de formação sintética A1 e A2....................................................................... 66 xi LISTA DE SIGLAS A1 A2 Água de formação com salinidade similar à da água de formação presente nos reservatórios da camada do pós-sal. Água de formação com salinidade similar à da água de formação presente nos reservatórios da camada do pré-sal. ARO Compostos aromáticos BRT Subunidade TOPO da Amostra de estromatólito livre de óleo- Branco BRM Subunidade MEIO da Amostra de estromatólito livre de óleo- Branco BRB Subunidade BASE da Amostra de estromatólito livre de óleo- Branco CG/EM Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas DRX Técnica de Difração de Raios X E1A1 Amostra de estromatólito 1 saturada com água de formação sintética A1 E2A1 Amostra de estromatólito 2 saturada com água de formação sintética A1 E3A2 Amostra de estromatólito 3 saturada com água de formação sintética A2 E4A2 Amostra de estromatólito 4 saturada com água de formação sintética A2 E1A1T E1A1M E1A1B E2A1T E2A1M E2A1B E3A2T E3A2M E3A2B E4A2T Subunidade TOPO da amostra de estromatólito 1 saturada com água de formação sintética A1 Subunidade MEIO da amostra de estromatólito 1 saturada com água de formação sintética A1 Subunidade BASE da amostra de estromatólito 1 saturada com água de formação sintética A1 Subunidade TOPO da amostra de estromatólito 2 saturada com água de formação sintética A1 Subunidade MEIO da amostra de estromatólito 2 saturada com água de formação sintética A1 Subunidade BASE da amostra de estromatólito 2 saturada com água de formação sintética A1 Subunidade TOPO da amostra de estromatólito 3 saturada com água de formação sintética A2 Subunidade MEIO da amostra de estromatólito 3 saturada com água de formação sintética A2 Subunidade BASE da amostra de estromatólito 3 saturada com água de formação sintética A2 Subunidade TOPO da amostra de estromatólito 4 saturada com água de formação sintética A2 xii E4A2M E4A2B F1 Subunidade MEIO da amostra de estromatólito 4 saturada com água de formação sintética A2 Subunidade BASE da amostra de estromatólito 4 saturada com água de formação sintética A2 Fração de compostos eluídos com o solvente n-hexano através da cromatografia líquida da amostra de estromatólito Branco Fração de compostos eluídos com a mistura de solvente n-hexano/ F2 Diclorometano através da cromatografia líquida da amostra de estromatólito Branco Fração de compostos eluídos com a mistura de solvente Diclorometano F3 /metanol através da cromatografia líquida da amostra de estromatólito Branco FRX Técnica de Fluorescência de Raios X ICDD International Center for Diffraction Data. IMF 1,5* (2MF+3MF)/ (1MF+9MF), MSD Mass Selective Detector ou detector seletivo de massas RES Resinas RMDBT Razão de isômeros de metil-dibenzotiofenos RMF Razão de 9-metil-fenantreno/ 1-metil-fenantreno SAT Hidrocarbonetos saturados SIM Single Íon Monitoring ou monitoramento seletivo dos íons SCAN ET-CG/EM Modo convencional de varredura ou escaneamento completo de íons massa Extração ou Extrator Térmica (o) acoplado a um cromatógrafo a gásEspectrômetro de massa xiii RESUMO O conhecimento do fracionamento composicional do petróleo durante o processo de migração pode ser usado para inferir as distâncias que o petróleo pode ter percorrido até o preenchimento do reservatório, e ser usado no estudo das interações existentes entre a rocha, os componentes do petróleo e a água de formação salina. Diante das recentes descobertas de petróleo em reservatórios carbonáticos na Bacia de Santos, esta pesquisa investigou o fracionamento composicional de um petróleo durante sua ascensão capilar em estromatólitos, análogos recentes às rochas reservatórios da camada pré-sal brasileira, em função do nível de salinidade da água de formação. Inicialmente, caracterizou-se mineralogicamente as três subunidades dos estromatólitos por difração e fluorescência de Raio X. A ascensão capilar foi realizada usando um petróleo de 26o API através de quatro leitos carreadores carbonáticos, sendo dois deles saturados com água de formação sintética A1, menos salina, e os outros dois com A2, mais salina. Após a migração de 60 dias, as unidades foram divididas em 3 subunidades: Base, Meio e Topo. De cada subunidade foi obtido, por extração Soxhlet, os óleos livres. Cada óleo livre foi analisado por cromatografia líquida e cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massa. Para caracterização geoquímica do óleo adsorvido nas subunidades, as amostras de rocha advindas da extração Sohxlet passaram por Extração térmica e Cromatografia em fase gasosa acoplada a um espectrômetro de massa. Como resultados, em função do elevado conteúdo de calcita magnesiana, as amostras de estromatólitos puderam ser consideradas leitos carreadores de composição mineral homogênea, facilitando as avaliações das interações óleo-água de formação-rocha. Na análise do fracionamento composicional durante a ascensão capilar, o uso de razões envolvendo somente hidrocarbonetos saturados ou compostos aromáticos não se mostrou eficiente. As razões n-C17 /2-MF e n-C17 /ΣMDBT diminuiram da Base para Topo, indicando que elas poderiam ser usadas na avaliação da distância de migração de um óleo através de leitos carreadores carbonáticos. A avaliação do efeito do nível de salinidade da água de formação sobre o fracionamento composicional do óleo livre também foi realizada através do uso das razões n-C17/2-MF e n-C17/ΣMDBT. A diminuição diferenciada nos valores destas razões, da Base para o Topo, em leitos carreadores saturadas com a água de formação de diferentes salinidade pode ser indicativo de que a salinidade da água de formação pode interferir nas interações físico-químicas existentes entre óleo–água de formação–rocha. A caracterização geoquímica do óleo adsorvido nas subunidades Base saturadas com águas de formação A1 e A2, indicou que os n-alcanos de maior massa molecular (n-C20 a n-C26) ficaram mais retidos. Além disso, observou-se o baixo potencial de adsorção do n-C17 pela rocha carbonática, quando comparado aos isômeros de metil fenantreno, independentemente do nível de salinidade da água. Palavras chave: ascensão capilar; interações; rocha carbonática; petróleo; água de formação. xiv ABSTRACT The knowledge of petroleum compositional fractionation accompanying the migration process can be used to infer distances that the petroleum may have travelled until achieve the reservoir, and can be used in researches about the interactions, which exist between the rock, oil components and formation water. In the face the recent discoveries of petroleum in carbonate reservoirs of the Santos Basin, this research investigated the compositional fractionation of a petroleum during its capilar ascension in stromatolites, which is recent analogous to reservoir rocks of the Brazilian pre-salt layer, according to level of formation water salinity. The capilar ascension was realized using an API gravity 26 oil through four carriers carbonate beds, two of them being saturated with synthetic formation water of salinity W1, less saline, and other two with W2, more saline. After migration, conducted over 60 days, the four units were divided into 3 subunits: Bottom, Middle and Top, and the free oils were removed by Soxhlet extraction. Each sample of free oil was fractionated by liquid chromatography and gas chromatography / mass spectrometry. For geochemical characterization of oil adsorbed in the subunits, rock samples resulting from the Sohxlet extraction were subjected to thermal extraction / gas chromatography coupled to a mass spectrometer. In order to characterize mineralogical, the two subunits of stromatolites were analyzed by X-ray fluorescence and diffraction. As results, due to high content of magnesian calcite, the stromatolites samples could be considered carrier beds with homogeneous mineral composition, facilitating the evaluations of the oil - water formation - rock interactions. The use of diagnostic ratios in the petroleum compositional fractionation evaluation, involving only saturated hydrocarbons or aromatics compounds, along the migration, was not efficient under these experimental conditions. It was found that the values obtained for the ratios n-C17/2-MF and n-C17/ΣMDBT decreased from the Bottom to Top, indicating that these ratios could be used in the evaluation of migration distance traveled by petroleum through carbonate bed. The evaluation of the salinity level effect of formation water on the compositional fractionation of the free oil was accomplished using the ratios n-C17/2-MF and n-C17/ΣMDBT. In the units saturated with water of different salinities, there was a differenced decrease in the values of these rations of the Bottom to Top, and this effect can be attributed to lower solubility of aromatic components in the more saline formation water. Thus, the salinity of the formation water could interfere in the physicochemical interactions between oil- formation water-rock. The geochemical characterization of oil adsorbed on Bottom subunits, saturated with W1 and W2 formation water, indicated that the n-alkanes of higher molecular weight (n-C20 to n-C26) were more retained. Furthermore, it was observed the low potential for adsorption of n-C17 for carbonate rock when compared to isomers of methyl phenanthrene, independently of water salinity level. Keywords: capilar ascension; interactions; petroleum; water formation; carbonates rocks. xv 1. INTRODUÇÃO Com a grande demanda por combustíveis fósseis nos dias atuais, a indústria do petróleo cada vez mais investe em eficiência na exploração e explotação de campos petrolíferos. Devido às novas descobertas de grandes reservas de petróleo em reservatórios carbonáticos da camada pré-sal das Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, no Brasil, estão sendo requeridos estudos mais minuciosos sobre os processos de preenchimento destes reservatórios e sobre as interações do petróleo com a superfície mineral das rochas carbonáticas e a água de formação. O preenchimento de um reservatório é decorrente da migração secundária do petróleo, através de leitos carreadores, após a sua expulsão da rocha geradora. A migração é um processo que provoca alterações na composição química do petróleo devido às diferentes interações físico-químicas que ocorrem entre a água de formação, a rocha e o petróleo. Estas alterações podem ser explicadas através da atuação dos processos de adsorção e partição que levam à retenção de determinados compostos de petróleo nos poros da rocha reservatório. A solubilização de compostos mais polares do petróleo na água de formação, presente na rocha reservatório, também colabora para a alteração da composição química do petróleo armazenado. As interações entre os componentes de um óleo com a água de formação e com a matriz mineral têm influência sobre a molhabilidade da rocha carbonática (BUCKLEY et al., 1998), podendo levar à retenção do óleo nos poros da rocha. Estes fenômenos podem ser levados em consideração não só no conhecimento do processo de preenchimento de um reservatório, como também nos métodos de recuperação do petróleo proveniente da camada pré-sal das bacias sedimentares brasileiras. Dentro deste contexto, o presente trabalho de pesquisa se propôs a avaliar as interações existentes entre os componentes saturados e aromáticos de um petróleo com 26° API, água de formação sintética, em dois níveis de salinidade, e a superfície da rocha carbonática do tipo estromatólito, análoga às rochas reservatório da camada pré-sal brasileira. Para isso foram conduzidos experimentos de ascensão capilar em escala laboratorial, sendo o fracionamento composicional do petróleo, ao longo do leito carreador, avaliado por técnicas cromatográficas. 1 1.1. OBJETIVOS 1.1.1. Objetivo principal: O objetivo principal desta pesquisa foi caracterizar geoquimicamente o fracionamento composicional do petróleo, após a ascensão capilar em leito carreador do tipo estromatólito, análogo recente dos reservatórios da camada pré-sal brasileira, em função do nível de salinidade da água de formação sintética usada na saturação inicial das rochas. 1.1.2. Objetivos específicos: Caracterizar as amostras de estromatólitos em função de sua composição mineral. Proporcionar a ascensão capilar de um petróleo em leitos carreadores do tipo estromatólito, saturados com águas de formação sintéticas de salinidades diferentes, durante 60 dias. Analisar a composição química do óleo livre e do óleo adsorvido nos poros da rocha em função da extensão vertical do leito carreador e da salinidade da água de formação sintética, após a ascensão capilar. Avaliar a eficiência de parâmetros geoquímicos envolvendo hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos, já sugeridos pela literatura internacional como uma ferramenta para medida de distância de migração em leitos carreadores. 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo será apresentada uma revisão bibliográfica sobre os principais temas abordados pela presente pesquisa, tais como, os reservatórios carbonáticos que compõem a camada pré-sal das bacias marginais brasileiras e suas principais propriedades petrofísicas; os estromatólitos da Lagoa Salgada por serem considerados análogos recentes dos estromatólitos formadores dos reservatórios do pré-sal; a composição dos principais fluidos presentes em reservatórios de petróleo; os processos que levam às mudanças composicionais do petróleo e às interações ocorridas entre óleo, água e matriz mineral ao longo de um leito carreador. 2.1. PRÉ-SAL BRASILEIRO Estimativas e operações de exploração e produção tem mostrado que o potencial de produção de petróleo de reservatórios carbonáticos é elevado em vários campos do mundo, e ultimamente, em reservatórios da camada pré-sal das bacias marginais brasileira. Mundialmente, merecem destaque os reservatórios carbonáticos do Ghawar (Jurássico) onde é produzida a metade da produção diária de petróleo da Arábia Saudita e o campo petrolífero principal de Cantarell (Cretáceo Superior) no México (LIU et al., 2009). No Brasil, a busca pela autossuficiência energética conduziu os esforços na exploração de petróleo na útima década, quando foram descobertas reservas de petróleo em reservatórios carbonáticas do início do Aptiano, na camada pré-sal das bacias brasileiras, do Espírito Santo, Campos e Santos. Na Bacia de Santos, merecem destaques os Campos de Tupi e Pão de Açúcar, possuídores de grandes reservas (BEASLEY et al., 2010; SPADINI & MARÇAL, 2005). As gigantes acumulações de petróleo da camada pré-sal brasileira encontramse em águas ultraprofundas na costa Sudeste Brasileira, e pode-se dizer que elas estão abrindo novas fronteiras para a exploração e produção. Numericamente, são volumes recuperáveis de 4,86 milhões a 6,72 bilhões de barris de óleo equivalente. Como exemplo, tem-se um poço de Tupi Sul, que produziu uma média de 15,6 mil barris/dia em 2010, mostrando o real potencial deste novo play no Brasil (BEASLEY 3 et al., 2010). Em 2014, a Petrobras confirmou que a produção de óleo do pré-sal atingiu recorde de 371 mil barris/dia em 24 de dezembro de 2013. A estrutura da Bacia de Santos, foi formada há cerca de 160 milhões de anos (Mesozóico) a partir de processos de rifteamento quando o supercontinente Gondwana começou a se romper, dando origem aos continentes Sul- Americano e Africano (BEASLEY et al., 2010, MOREIRA et al., 2007). No sistema rifte criou-se condições para a deposição de sedimentos entre os continentes, um ambiente de baixa energia e alta salinidade. Este sistema propiciou o crescimento dos estromatólitos, unidade genética básica das atuais rochas reservatórios da camada pré-sal, nomeada por Formação Barra Velha do Grupo Guaratiba. Esses reservatórios de petróleo da camada pré-sal da Bacia de Santos estão preenchidos por petróleo com densidade API 28, os quais foram gerados a partir de rochas geradoras de origem lacustre, ricas em matéria orgânica e pertencentes ao Grupo Guaratiba (MOREIRA et al., 2007). É reconhecido que os evaporitos depositados no Aptiano (Formação Ariri), comportam-se como rochas selantes desses reservatórios carbonáticos (BEASLEY et al., 2010; CHANG et al., 2008; MOREIRA et al., 2007). A FIGURA 2.1 apresenta a carta estratigráfica, para a melhor representação dos pacotes sedimentares existentes na Bacia de Santos, com destaque para os reservatórios carbonáticos, rocha selante e geradora. Os reservatórios recém descobertos tem exigido novas pesquisas e estratégias para a otimização das operações de exploração e de explotação do petróleo. Sabese que os principais reservatórios explotados até o momento nas bacias marginais brasileiras são compostos por arenitos turbiditícos, localizados na camada pós-sal. Estes reservatórios requerem tecnologias específicas em função de suas características litológicas e menor profundidade quando comparadas com as novas acumulações encontradas na camada pré-sal. Assim, mesmo com a vasta experiência e utilização de técnicas consolidadas para explorar e explotar campos de águas profundas da Bacia de Campos, a adaptação destas atvidades aos campos da Bacia de Santos, onde os reservatórios são carbonáticos e estão selados por uma camada espessa de evaporito não tem sido trivial (BEASLEY et al., 2010). 4 FIGURA 2.1: Carta estratigráfica da Bacia de Santos na qual encontram-se localizadas as formações responsáveis pelas rochas geradora, reservatório e selante (fonte: MOREIRA et al., 2007). 5 2.2. ROCHAS CARBONÁTICAS: ESTROMATÓLITOS As rochas carbonáticas, de uma forma geral, contêm pelo menos 50% de carbonato em sua estrutura. Podem ser de origem química, física (detritos) ou biológica (criadas in situ). Elas são altamente suscetíveis a processos físicos (fraturamentos decorrentes da movimentação tectônica) e químicos (transformações diagenéticas) que ocorrem após a sua deposição. Estes processos conferem complexidade e heterogeneidade às rochas, principalmente, com relação às suas propriedades petrofísicas: porosidade, permeabilidade e molhabilidade (AHR, 2008, TEIXEIRA et al., 2001). Essas rochas sedimentares variam em função de sua composição mineralógica ou textural. Em termos de composição mineralógica, as rochas carbonáticas variam principalmente com relação aos polimorfos de carbonato de cálcio: calcita, aragonita e/ou dolomita, ocorrendo individualmente ou em misturas. Porém, devido à estabilidade da estrutura cristalina dos minerais calcita e dolomita, estes são considerados os mais comuns nas rochas carbonáticas (AHR, 2008). A calcita e a dolomita possuem seus sistemas cristalinos na forma hexagonal, tendo como fórmulas unitárias CaCO3 e MgCa(CO3)2, respectivamente. Diferente destes dois minerais, a aragonita, de fórmula unitária igual à da calcita, apresenta um sistema cristalino do tipo ortorrômbico (AHR, 2008, TEIXEIRA et al.,2001). Existe ainda a possibilidade da ocorrência da calcita magnesiana em rochas carbonáticas, isto é, a combinação do mineral CaCO3 com cerca de 4 a 19% mols de MgCO3 (AHR, 2008). A diversidade das rochas carbonáticas pode ser verificada em função das várias classificações que existem e que foram propostas por FOLK (1959), DUNHAM (1962), EMBRY & KLOVAN (1971) e TERRA et al., (2010). Os estromatólitos, por exemplo, segundo FOLK (1959), estariam classificados como carbonatos com estruturas orgânicas desenvolvidas in situ, conhecidas como Biolititos. Na classificação de DUNHAM (1962), que é baseada na textura deposicional das rochas, os estromatólitos se enquadrariam na classe Boundstone, na qual, os componentes crescem interligados e seu edifício é bioinduzido (SUGUIO, 2003). A classificação de EMBRY & KLOVAN (1971) é uma ampliação daquela proposta por DUNHAN (1962), e nesta classificação, os estromatólitos estariam classificados como Bindstone, que são componentes originais ligados organicamente durante a deposição, quando ligados e encrustados pelos organismos (TERRA, et al., 2010; AHR, 2008). A 6 classificação sugerida por TERRA et al., (2010) é a que melhor se aplica às rochas carbonáticas das bacias sedimentares brasileiras. Ela baseia-se na textura deposicional e segue referências de vários autores, entre elas a de FOLK (1959), DUNHAM (1962), EMBRY & KLOVAN (1971). Logo, nesta classificação, os estromatólitos pertencem a uma classe que se caracteriza pela ligação de seus elementos durante a formação in situ. Os estromatólitos presentes na camada pré-sal são depósitos de estruturas laminadas e convexas, podendo apresentar feições de crescimento/ ramificações internas, na maioria das vezes de origem microbial. As rochas carbonáticas do tipo estromatólitos das bacias marginais brasileiras compõem os reservatórios dos sistemas petrolíferos da camada pré-sal e foram formadas anteriormente ao período Aptiano. Segundo SILVA e SILVA (2008); FILHO & FAIRCHILD (2005 e 2004); GUIMARÃES et al., (2002), os estromatólitos são produzidos pelo trapeamento do sedimento ou resultantes da união e aprisionamento de sedimentos com precipitados minerais derivados da interação de comunidades microbiais bentônicas do ambiente, chamadas de esteiras (associação ecológica bentônica) de microrganismos (cianobactérias filamentosa e bactérias). A Lagoa Salgada, localizada no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, entre os municípios de Campos dos Goytacazes e São João da Barra (FIGURA 2.2), apresenta particularidades próprias, tais como a ocorrência de depósitos microbiais bentônicos e, em suas porções marginais, as chamadas construções de estromatólitos recentes a sub-recentes (IESPA et al., 2008). FIGURA 2.2: Mapa da região norte do Estado do Rio de Janeiro, enfatizando a Lagoa Salgada e sua localização (modificado de MARTIN et al., 1993). 7 As esteiras de microrganismos realizam atividade fotossintética intensa e é provável que sejam responsáveis por mudanças físico-químicas na interface água/sedimento, provocando a precipitação de carbonatos e a formação de estromatólitos na Lagoa Salgada. Além do papel das cianobactérias, a evaporação, principalmente nos momentos de seca nesta lagoa, também é outro fator que favorece a precipitação de carbonatos e a formação dos estromatólitos. Dispersos em todas as fácies estratigráficas dos estromatólitos, os gastrópodes (50%), foraminíferos (25%), bivalves (20%) e ostracóides são outras fontes de carbonatos encontrados nos estromatólitos (LEMOS, 1995). As formações carbonáticas estromatolíticas encontradas na Lagoa Salgada apresentam similaridades geológicas aos estromatólitos pretéritos (inicio do Aptiano) e podem ser consideradas análogas às rochas que compõem os reservatórios da camada pré-sal (PAPATERRA, 2010) (FIGURA 2.3). A similaridade observada entre os estromatólitos de diferentes tempos geológicos que foi ilustrada pela FIGURA 2.3, fez com que, neste trabalho, as amostras de estromatólitos da Lagoa Salgada fossem utilizadas como leitos carreadores durante a ascensão capilar de um óleo. FIGURA 2.3: Exemplo de amostra de estromatólito recente da região do litoral norte do Estado do Rio de Janeiro (A) e testemunho de sondagem do poço 3-RJS-646 (bloco BM-S-11) do reservatório pré-sal na região de águas ultra profundas na Bacia de Santos (B) (modificada de ESTRELLA, 2008). Os estromatólitos da Lagoa Salgada são do tipo estratiforme e podem ser 8 interpretados como corpos biossedimentares, que ocorrem em ambientes de baixa energia (NEHZA & WOO, 2006; SILVA e SILVA, 2008). Segundo LEMOS (1995) e ARCHILHA (2012), eles podem ser divididos em três unidades distintas: Base, que se assemelha ao Travertino; Meio, ao Trombólito e Topo, ao estromatólito (FIGURA 2.3). A porção inferior apresenta-se friável, com lâminas milimétricas e irregulares de carbonato de cálcio, com cavidades produzidas por dissolução dos minerais e com sedimentos de gastrópodes e clásticos terrígenos. A porção intermediária apresentase com laminações cíclicas de CaCO3 mais maciça que a basal. A porção superior possui uma fase mais descontínua, organizada e com caráter maciço sem laminações (LEMOS, 1995). 2.3. PROPRIEDADES DAS ROCHAS CARBONÁTICAS Os principais constituintes das rochas carbonáticas são os grãos (arcabouço), a matriz carbonática, o cimento carbonático e os poros. A matriz ou lama carbonática equivale à fração mais fina dos carbonatos e pode sofrer alterações diagenéticas, relacionadas à dissolução, compactação e desidratação. Segundo LEMOS (1995), os estromatólitos da Lagoa Salgada mostram uma matriz granulosa e carbonato claro e cristalino, com pouca dolomita. O cimento inclui os cristais produzidos pela diagênese, que preenchem o espaço poroso da rocha ou foram depositados entre o arcabouço e a matriz. A porosidade e permeabilidade são propriedades fundamentais para determinar a qualidade de reservatórios de petróleo. São influenciadas pela textura, estrutura e composição mineralógica das rochas, as quais são dependentes do arranjo, do tamanho, da seleção, do formato e do empacotamento dos grãos quando depositados, e após a deposição, como consequência da cimentação e das fraturas presentes nas rochas (AHR, 2008). A capacidade de armazenamento de fluidos no reservatório é dada através da medida da porosidade. A porosidade total está relacionada com o volume vazio (conectado ou não) de uma rocha e é definida pela relação entre o volume não ocupado por sólidos ou volume de “vazios” e o volume total da rocha. Já a porosidade efetiva corresponde ao volume poroso interconectado, ou seja, vazios que permitem o fluxo de fluidos, portanto, é a propriedade que mais interessa aos estudos de 9 engenharia de reservatórios. Esta porosidade efetiva é a razão entre o volume de poros interconectados e o volume de rocha total (ROSA et al., 2006). Segundo SUGUIO (2003), existem dois tipos de porosidade, a primária e a secundária. A primária é originada da sedimentação, podendo ser inter ou intragranular, ou inter ou intrapartícula. Esta porosidade pode sofrer modificações com o soterramento, compactação mecânica e diagênese, levando a formação da porosidade secundária, muito frequente nas rochas carbonáticas, ou seja, formada após a sedimentação, em função da ocorrência de fraturamentos (movimentação tectônica) e de processos diagenéticos. Independente de como foram formados os poros das rochas e suas variações de direção, as porosidades são caracterizadas em insignificante (0-5%), pobre (510%), regular (10-15%), boa (15-20%) até muito boa (>20%) (AHR, 2008). Segundo ARCHILHA (2012), os valores de porosidade, usando gás como fluido de preenchimento, de plugues de estromatólitos da Lagoa Salgada de 1,5 polegadas variaram de 10 a 20% na parte superior e de 30 a 40% na parte inferior, com valores médios de aproximadamente 20%. Logo, a porosidade desses estromatólitos pôde ser caracterizada no intervalo de boa a muito boa. Entre as propriedades petrofísicas das rochas reservatórios do pré-sal, a porosidade mostra-se altamente variável, devido à ocorrência de falhas, fraturas e de processos diagenéticos, especialmente a dissolução de alguns minerais, proporcionando, por exemplo, a existência de porosidade vugular, que é caracterizada por poros grandes e irregulares, também chamada de porosidade secundária (BEASLEY et al., 2010). A permeabilidade é a propriedade de um meio poroso que mede sua capacidade de se permitir atravessar por fluidos (ROSA et al., 2006). Quando existe apenas um único fluido saturando a rocha, esta propriedade recebe o nome de “permeabilidade absoluta” (THOMAS & TRIGGIA, 2001). Pode-se chegar a um valor aproximado da permeabilidade absoluta de uma rocha tendo como base dados de análises granulométricas e de porosidade, mas é preferível recorrer-se à determinação direta da mesma (SUGUIO, 2003). Para determinação direta da permeabilidade absoluta de uma dada amostra de rocha, pode ser utilizado permeâmetros. A equação de maior utilização em estudos de fluxo de fluidos em meios porosos foi formulada por Henry Darcy, em 1856. Essa equação quando adaptada para exprimir o fluxo de fluidos (permeabilidade), pode ser assim expressa: “A vazão 10 através de um meio poroso é proporcional à área aberta ao fluxo e ao diferencial de pressão, e inversamente proporcional ao comprimento e à viscosidade.” (ROSA et al., 2006; THOMAS & TRIGGIA, 2001). Em meios saturados com mais de um fluido, a permeabilidade é classificada como efetiva, ou seja, aquela que representa a capacidade de transmissão do fluido específico na presença de outro fluido. E por último, a permeabilidade relativa que é uma relação entre as permeabilidades efetiva e absoluta (100% de saturação) (ROSA et al., 2006; THOMAS & TRIGGIA, 2001). O fenômeno da capilaridade, de grande relevância nos estudos de engenharia de reservatório, ocorre no interior do meio poroso das rochas reservatórios devido à presença de dois ou mais fluídos imiscíveis. Os fluidos tendem a se separar de acordo com suas respectivas densidades, porém, isso não ocorre em um meio poroso formado por capilares de diferentes diâmetros, pois a superfície de separação neste caso não é brusca, existindo uma zona de transição devido aos fenômenos capilares (ROSA et al.,2006). Desta forma, os reservatórios carbonáticos, por apresentam fraturas e porosidade vugular, ou seja, mais heterogêneos podem provocar maiores variações de pressão capilar (NAMBA & HIRAOLQ, 1995). Segundo ROSA et al., (2006), os fenômenos capilares resultam das atrações intermoleculares da massa fluida, e quando a superfície de contato se dá entre um líquido e um gás, os fenômenos e as propriedades que aparecem chamam-se superficiais, e quando é entre dois líquidos o fenômeno é denominado interfacial, sendo que para efeitos práticos, não existe diferença entre os efeitos. A pressão capilar pode ser definida como a diferença de pressão existente entre dois fluidos imiscíveis em contato entre si, ou seja, a diferença de pressão existente na interface de dois fluidos imiscíveis, como a fase óleo e a fase água (ROSA et al., 2006 e NAMBA & HIRAOLQ, 1995). Como nos meios porosos que constituem reservatórios de petróleo é comum a presença de dois ou mais fluidos imiscíveis em contato com a matriz mineral da rocha, um conceito bastante importante para o entendimento dos fenômenos que ocorrem nas jazidas petrolíferas é o de molhabilidade. A molhabilidade, outra propriedade de uma rocha, é a tendência de um fluído, em relação ao outro, de ser preferencialmente atraído para superfície de um sólido, ou seja, é a tendência de um fluido deslocar outro de uma superfície sólida (AHR, 2008). Dessa forma, esta propriedade pode afetar outras propriedades petrofísicas tais como a pressão capilar e a permeabilidade 11 relativa, sendo um parâmetro muito relevante em métodos de recuperação de óleo, uma vez que tem um forte impacto sobre a distribuição, a localização do fluxo de óleo e de água no reservatório durante a produção dos fluidos (ANDERSON, 1986 apud GOLABI et al., 2012; ALOTAIBI et al., 2010). Mesmo que controverso, é mencionado nos estudos sobre molhabilidade que todos os reservatórios são fortemente molháveis à água antes da chegada de hidrocarbonetos (DONALDSON et al., 1969). Segundo PITTMANN, (1992) apud AHR, (2008), ao longo do tempo, podem ocorrer reações químicas ou outros fenômenos (variações de pH, temperatura e/ou pressão) em sua superfície mudando a molhabilidade do reservatório para óleo ou parcialmente molhável à óleo. De acordo com TIAB & DONALDSON (2004), a natureza química dos carbonatos faz com que eles reajam rapidamente com ácidos orgânicos ou outras substâncias presentes na maioria dos óleos brutos, que por sua vez, fazem com que os carbonatos tornem-se neutros ou molháveis a óleo. Além disso, a salinidade da água de formação e a composição química do petróleo presente no reservatório desempenham um papel significativo no tipo de molhabilidade da rocha e na tensão interfacial óleo-água de formação (ALOTAIBI et al., 2010). A determinação do estado de molhabilidade pós-migração do petróleo para o reservatório é influenciada por um conjunto de fatores tais como: evolução da saturação, propriedades físico-químicas do óleo, da água e da rocha, mineralogia da rocha, e geometria de poros e gargantas de poros. Segundo CHILINGAR & YEN, 1983; ALOTAIBI et al., 2010, estima-se que cerca de 80% de todos os reservatórios carbonáticos conhecidos podem ser classificados como neutros a molháveis a óleo Os reservatórios da camada pré-sal, objetivo de estudo desta pesquisa, são compostos por rochas carbonáticas que possuem uma estrutura em camadas, as quais são heterogêneas e ainda pouco conhecidas quanto à sua molhabilidade, conectividade hidráulica, estrutura de poros e permeabilidade (BEASLEY et al., 2010). Portanto, a existência dessas lacunas sobre o comportamento do petróleo em reservatórios do tipo estromatólitos tem aumentado a necessidade de estudar os processos de migração e de preenchimento destes reservatórios, os quais tem como principal objetivo contribuir para o desenvolvimento dos campos gigantes da Bacia de Santos. 12 2.4. FLUIDOS PRESENTES EM RESERVATÓRIO DE PETRÓLEO Os reservatórios de petróleo geralmente estão preenchidos com três tipos de fluidos: água de formação, petróleo, gás natural e outros gases (por exemplo, CO 2 e H2S), o que torna necessário um estudo mais detalhado da composição química destes fluidos nos estudos relacionados à migração e preenchimento de reservatórios de petróleo. 2.4.1. ÁGUA DE FORMAÇÃO A água de formação é o primeiro fluido a ocupar os poros do reservatório e é ela que dá lugar, em parte ou no todo, ao petróleo que chega ao reservatório durante a migração secundária. A água de formação, por sua vez, interage com a superfície dos poros das rochas e com o petróleo e/ou gás (ROSA et al., 2006). A composição química da água de formação depende da idade geológica, do paleoambiente deposicional e de possíveis alterações químicas dos sedimentos decorrentes da interação rocha-fluido. Além disso, a composição desse fluido é dependente das condições de pressão e temperatura, responsáveis pelo equilíbrio termodinâmico entre as espécies iônicas dissolvidas na água e os minerais que compõem a rocha (GASPERI, 1999). Com base nos estudos desenvolvidos por STANDNES & AUSTAD (2003), STRAND et al., (2008) e SÁ TELES et al., (2010), temse que a água de formação de vários campos de petróleo do mundo apresentam os íons Cl-, Na+, Ca2+, SO4-2, HCO3-, Mg2+, K+, Ba2+, Sr2+, Ag+, Fe3+ entre outros. A salinidade elevada da água de formação, normalmente verificada nas bacias sedimentares mais antigas, é causada principalmente pela abundância do íon cloreto (Cl-). O cloro é um elemento que está em alta concentração na água de formação, porque, geralmente, não entra na estrutura dos principais minerais que constituem as rochas sedimentares, além disso, sua presença em abundância na água de formação também está relacionada com a dissolução do mineral halita (NaCl) (GASPERI, 1999). A concentração de cloreto nas águas de formação pode ser resultado da atuação de um ou mais processos, sendo os principais agentes controladores da salinização a concentração salina inicial da água singenética, o efeito da interação água-rocha (que envolve a dissolução e precipitação de sais) e o efeito da mistura de águas de diferentes concentrações (GASPERI, 1999). 13 A salinidade de água de formação de reservatórios do pré-sal possui maior concentração salina que os reservatórios do pós-sal de uma mesma bacia. Na Bacia de Campos vários campos de petróleo do pós-sal apresentam águas de formação com salinidade variando de 50 a 200 g.L-1. Por exemplo, o campo de Marlim a salinidade da água de formação e de cerca de 55 g.L-1 e o de Roncador cerca de 192 g.L-1 (BEZZERRA et al., 2004). A TABELA 2.1 apresenta a composição iônica completa da água de formação dos Campos de Marlim e de Roncador (Bacia de Campos). [Na+] [K+] [Ca2+] [Mg2+] [Ba2+] [Sr2+] [Cl-] [Br-] [HCO3-] [SO4(2-)] Salinidade TABELA 2.1: Composição química da água de formação dos Campos de Marlim e de Roncador (Bacia de Campos) (BEZERRA et al., 2004). Marlim 20,0 0,1 0,8 0,3 0,05 0,2 33,7 0,08 0,4 <1 55,6 Roncador 65,0 0,4 2,0 0,4 0,07 0,3 119,0 0,2 0,02 32,0 192,8 Concentração (g/L) 2.4.2. PETRÓLEO O petróleo acumulado em rochas reservatório é uma mistura complexa de compostos orgânicos. TISSOT & WELTE (1984) encontraram que a grande parte do óleo bruto produzido em torno do mundo se encontrava no padrão de distribuição, o qual compreende em média, 57 % de hidrocarbonetos saturados, 29 % de hidrocarbonetos aromáticos e 14 % de resinas e asfaltenos. Também estão presente traços de compostos organometálicos (ppm ou ppb), assim como sais inorgânicos dissolvidos (TISSOT & WELTE, 1984; PETERS et al., 2007; CHAUDHURI, 2011). Os hidrocarbonetos saturados, economicamente importantes, são compostos por alcanos normais e ramificados (as parafinas) e cicloalcanos (os naftenos). São compostos que tem somente carbono e hidrogênio em sua composição molecular e todas as ligações entre seus átomos de carbono são simples (TISSOT & WELTE,1984; SOLOMONS et al., 2009). Os alcanos normais ou n-alcanos (CnH2n+2) presentes no petróleo podem variar em número de carbono de n-C1 a n-C40, ou mais, perfazendo grande parte do volume total do óleo, porém pode ser menor em óleos 14 degradados ou imaturos, e ainda dependendo das condições genéticas como natureza da matéria orgânica geradora e paleoambiente deposicional (TISSOT & WELTE, 1984). Segundo TISSOT & WELTE (1984), os n-alcanos originam-se dos vegetais superiores e dos organismos pelágicos e bentônicos, ou melhor, devido ao aporte de lipídeos provenientes destes organismos. Portanto, podem ser considerados biomarcadores, isto é, moléculas biológicas resistentes aos processos diagenéticos que sofreram pequenas transformações em suas ligações e em seus grupos funcionais, mas que apresentam sua estrutura de carbonos basicamente inalterada quando comparada aos seus precursores biológicos (TISSOT & WELTE, 1984; PETERS et al., 2007). Os isoalcanos possuem a mesma fórmula molecular dos n-alcanos, distinguindo-se dos mesmos por ramificações na sua cadeia estrutural. Podem ser citados como exemplo: o pristano e o fitano, conhecidos como isoprenóides. A FIGURA 2.4 apresenta as fórmulas estruturais destes isoprenóides. Pristano (C19H40) Fitano (C20H42) FIGURA 2.4: Exemplos de moléculas de hidrocarbonetos saturados ramificados (biomarcadores isoprenóides) encontrados no petróleo. Os alcanos cíclicos ou compostos naftênicos possuem cadeias de carbono fechadas, cujas fórmulas moleculares são CnH2n (SOLOMONS et al., 2009). São exemplos desta classe os cicloalcanos constituídos de cinco (ciclopentano) e seis (ciclohexano) átomos de carbono. Além desses cicloalcanos simples, existem moléculas policíclicas mais complexas, constituídas de 10 a 35 átomos de carbono (C10 a C35). Estes compostos, também considerados biomarcadores do petróleo, representam as cicloparafinas de média a elevada massa molecular. Podem ser formados por vários ciclos (geralmente, arranjos de 1 a 6 ciclos) de cinco a seis átomos de carbono e múltiplas ramificações alquilas. Dentre os hidrocarbonetos policíclicos, podem ser citados os terpanos, que incluem várias séries homólogas, incluindo compostos acíclicos, bicíclicos, tricíclicos, tetracíclicos e pentacíclicos (hopanos) e os esteranos. A FIGURA 2.5 mostra alguns exemplos destas moléculas 15 de grande importância para estudos de geoquímica do petróleo (TISSOT & WELTE, 1984; PETERS et al., 2004). A C B FIGURA 2.5: Estrutura genérica dos terpanos tricíclicos (A), terpanos pentaciclícos (hopanos) (B) e Esteranos (C), onde R é uma cadeia carbônica e mostrando o fragmento principal (m/z) utilizado na análise por CG-EM. Os esteranos, que tem como precursores os esteróis presentes em organismos eucariontes, são dotados de 4 ciclos de carbonos e também encontrados no petróleo. São hidrocarbonetos constituídos de 27 átomos de carbono (colestanos), de 28 átomos de carbono (ergostanos), e com 29 átomos (estigmastanos). Podem ser encontrados na forma isomérica 20R (biológica) e 20S (geológica), gerando as séries ααα20R, ααα20S, αββ20R e αββ20S dos esteranos C27, C28 e C29 (PETERS et al., 2007). Entre os terpanos pentacíclicos, merecem destaque os hopanóides (4 ciclos de 6 carbonos e 1 ciclo de 5 carbono) e Gamacerano (de estrutura não hopanóide, com 5 ciclos de 6 carbonos). Os hopanos são compostos por três séries estereoisômeras, conhecidas por: 17β(H)21β(H) Hopano, 17β(H)21α(H) Hopano e 17α(H)21β(H) Hopanos (FIGURA 2.5B). Compostos da série βα são também chamados de moretanos. Os hopanos com a configuração 17α(H), 21β(H) variando de 27 a 35 átomos de carbono são característicos do petróleo devido à sua grande estabilidade termodinâmica, quando comparados com as outras séries epiméricas (ββ e βα). Os hopanos com mais de 30 átomos de carbono, que tem grupos CH2 ligados à cadeia lateral (carbono 21 de sua estrutura), são chamados de homohopanos. Esses apresentam, normalmente, cadeias laterais longas contendo um átomo de carbono assimétrico na posição 22, gerando a série de homohopanos C31, C32, C33, C34, 16 C35 com seus respectivos epímeros 22R e 22S (TISSOT & WELTE, 1984, PETERS et al., 2007). O segundo grupo de constituintes mais importantes do petróleo incluem os hidrocarbonetos aromáticos puros e os cicloalcanos aromáticos (naftenoaromáticos). Estas moléculas são caracterizadas por um anel benzênico na sua estrutura. O anel benzênico é um ciclo plano, com 6 átomos de carbonos e que apresentam o fenômeno de ressonância. O fenômeno de ressonância é a deslocalização dos 6 elétrons π dos orbitais p, fazendo com que todas ligações (C-C) apresentem um mesmo comprimento, tornando-as estáveis. Os hidrocarbonetos aromáticos formados pela condensação de dois ou mais anéis benzênicos são denominados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP). No petróleo, esses compostos podem ter até quatro anéis benzênicos. Alguns exemplos desses compostos são conhecidos como: naftaleno (2 anéis); fenantreno, antraceno e fluoreno (3 anéis); pireno, benzoantraceno e criseno (4 anéis) (FIGURA 2.6) (SOLOMONS et al., 2009; TISSOT & WELTE, 1984). Benzeno Naftaleno Antraceno FIGURA 2.6: Compostos aromáticos presentes no petróleo. O terceiro grupo de compostos de petróleo, resinas e asfaltenos, constituem a fração de moléculas complexas de elevada massa molecular contendo heteroátomos (Nitrogênio, Enxofre e Oxigênio). As resinas e os asfaltenos são, normalmente, distinguidos por suas solubilidades relativas em determinados solventes orgânicos. A precipitação de asfaltenos (insolúveis) ocorre em n-pentano ou n-hexano sendo possível sua separação dos maltenos (solúveis), onde estão as resinas, os hidrocarbonetos saturados e hidrocarbonetos aromáticos (TISSOT & WELTE, 1984; SOLOMONS et al., 2009). Os asfaltenos possuem elevada complexidade molecular envolvendo alta aromaticidade, e a presença de sistemas acíclicos e cíclicos com heteroátomos de nitrogênio, oxigênio e enxofre dispersos pela estrutura. Suas estruturas moleculares estão intimamente relacionadas à origem do óleo (DELGADO, 2006). 17 Um exemplo da estrutura molecular hipotética de um asfalteno pode ser visto na FIGURA 2.7 (DELGADO, 2006). Nesta estrutura percebe-se a presença de heteroátomos, núcleos aromáticos condensados com cadeias alifáticas laterais. FIGURA 2.7: Estrutura hipotética de asfalteno (DELGADO, 2006). As resinas são mais solúveis em n-hexano, portanto a análise de solubilidade é um meio de diferenciá-las dos asfaltenos. Talvez isto seja um indício de que as resinas sejam menos complexas do que os asfaltenos. Dentro do grupo das resinas, encontram- se os compostos: piridinas, quinolinas, carbazóis (nitrogenados), fenóis, ácidos graxos, cetonas, ésteres e porfirinas (oxigenados) e compostos da família dos benzotiofenos (sulfurados) (FIGURA 2.8) (TISSOT & WELTE, 1984). Metilfenol ou p-Cresol Ácido heptadecanóico Dibenzotiofeno Benzocarbazol FIGURA 2.8: Exemplos de compostos pertencentes à fração de resinas em amostras de petróleo. 18 2.5. MIGRAÇÃO DO PETRÓLEO Para que sejam formadas as acumulações de petróleo deve ocorrer o processo de migração do petróleo e gás a partir das rochas geradoras, um dos processos essenciais para formação de um sistema petrolífero. Um sistema petrolífero é considerado como um sistema natural que possui um conjunto de elementos e processos geológicos que são essenciais para existência de uma acumulação de petróleo. Os elementos geológicos são a rocha geradora, rocha reservatório, rocha selante e o soterramento, e os processos são os de formação da trapa e geraçãomigração-acumulação (MAGOON & DOW, 1994) De uma forma geral, a migração pode ser considerada como o percurso que o petróleo e gás fazem desde sua formação (rocha geradora) até onde são acumulados (armadilha ou trapa) nos poros da rocha reservatório. A migração é dividida em primária, secundária e terciária (FIGURA 2.9) (TISSOT & WELTE, 1984). FIGURA 2.9: Representação esquemática da migração primária e secundária (A) e sua acumulação em trapas geológicas (B) (modificado de TISSOT & WELTE, 1984). A migração primária é o processo no qual ocorre a expulsão de compostos do petróleo a partir de partículas sólidas orgânicas (querogênio) que formam a rocha geradora. Seu transporte ocorre dentro e através de capilares e poros estreitos em um leito gerador de baixa permeabilidade, construído por grãos finos. Mesmo sabendo que a rocha geradora apresenta baixa permeabilidade, a pressão e a temperatura são fatores suficientes para que sejam formadas microfraturas e por consequência ocorra o deslocamento desses compostos. Além disso, o gradiente de pressão, juntamente com o gradiente de temperatura, promove a expansão volumétrica do fluido formado, favorecendo assim a migração primária do petróleo (HUNT, 2005; THOMAS & 19 TRIGGIA, 2001; TISSOT & WELTE, 1984; DURAND, 1983). Mesmo com a certeza de que o processo de migração ocorre, seu mecanismo ainda não foi compreendido em detalhes e, por isso, pesquisas ainda são realizadas para detalhá-lo. O estudo do processo de migração permite avaliar o modo de preenchimento dos reservatórios e dados geoquímicos e geológicos são importantes para fazer correlações entre a rocha geradora e a acumulação ou entre duas ou mais acumulações que compõem um sistema petrolífero (LARTER et al., 2000). A migração secundária ocorre quando o petróleo, após ser expulso da geradora, se movimenta por rochas reservatórios possuidoras de maior permeabilidade até ser armazenado. O seu destino final, trapa geológica, é um arranjo geométrico de pacotes de rochas que possuem a capacidade de armazenar óleo e gás em subsuperfície. Normalmente, a acumulação ocorre na parte mais alta da estrutura (trapa), isto porque o óleo e o gás possuem densidades inferiores à água de formação (THOMAS & TRIGGIA, 2001; TISSOT & WELTE, 1984). Segundo ENGLAND (1994) e TISSOT & WELTE (1984), a principal força motriz da migração secundária do petróleo é a flutuabilidade, que consiste na força vertical resultante da diferença de densidade entre petróleo e água de formação. Quando a flutuabilidade é maior do que a pressão capilar, a gota de óleo irá se mover através da garganta do poro (FIGURA 2.10). Assim, a pressão capilar é uma das causas da retenção de hidrocarbonetos em reservatórios, resultante da tensão interfacial e superficial. Além disso, existe uma terceira força atuante nesta migração, que é a ocasionada pelo fluxo hidrodinâmico e que sofre influência do desequilíbrio de pressão devido à compactação da rocha. Resumindo, o processo de migração consiste do deslocamento de um fluido em fase contínua, impulsionado pelo gradiente de potencial do fluido, que é consequência da ação da flutuabilidade da pressão capilar e da pressão de compactação. 20 FIGURA 2.10: Transporte de gotículas de óleo através de garganta de poro em um ambiente saturado com água (Modificado de TISSOT E WELTE, 1984). Geralmente, o petróleo migra como uma fase separada e imiscível, através de estratos carreadores saturados com água de formação. Como esse processo de migração é dependente da pressão capilar (entre o óleo e a água), então, está intimamente relacionado com a molhabilidade. Portanto, se a rocha for molhável preferencialmente à água, esta diferença impede a entrada de óleo em pequenos poros saturados de água. Desse modo, a migração secundária ocorre, predominantemente, através das regiões mais permeáveis do leito carreador (GEORGE et al., 2004). A migração terciária pode ocorrer como consequência de processos geotectônicos ou diagenéticos após o trapeamento ou mesmo quando o petróleo ainda está na rocha reservatório. Estes eventos geotectônicos ou processos diagenéticos podem causar redistribuição de óleo ou gás em trapas e, assim, iniciar uma fase adicional de migração secundária. Quando o resultado for uma nova acumulação classifica- se o processo como remigração ou migração terciária (TISSOT & WELTE, 1984). A migração depende de alguns fatores como, por exemplo, a presença de falhas, de dobras, elevação e/ou subsidência dos pacotes sedimentares. A relação entre falhas, migração e acumulação de hidrocarbonetos é muito clara e forte. Os sistemas de falhas podem controlar ou modificar os caminhos de migração de fluidos, e deste modo, impactar a distribuição de hidrocarbonetos. Ainda, evidências mostram uma forte relação entre a atividade de falhas e fluxo de fluidos. As falhas facilitam o fluxo de fluidos devido ao alívio de pressão da rocha sobre o fluido, e também enfraquecem ou até mesmo podem interromper a migração de fluidos, dependendo de sua posição ou tamanho (ZHANG et al., 2006). 21 O mecanismo de acumulação e o modelo de migração ao longo do crescimento de falhas são dependentes das características dos reservatórios de petróleo, tais como: permeabilidade, porosidade e a conectividade entre os poros. As propriedades físicas e químicas do óleo tais como: densidade, viscosidade, nível de degradação biológica e o índice de saturação de hidrocarbonetos também podem ser alterados ao longo do caminho de migração. Ou seja, é cada vez mais nítido o impacto da presença de falhas na migração e acumulação de hidrocarbonetos (ZHANG et al., 2006), principalmente, nos reservatórios compostos por rochas carbonáticas, como os estudados na presente pesquisa. 2.6. MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO AO LONGO DA MIGRAÇÃO O estudo das variações da composição do petróleo durante a migração e o de sua interação com a superfície da rocha e a água de formação podem nos informar sobre o comportamento dos compostos do petróleo ao longo do leito carreador. Muitos trabalhos têm mostrado os efeitos das interações de compostos portadores de alta densidade eletrônica (compostos nitrogenados e oxigenados) com a superfície das rochas. Porém, em poucos trabalhos verifica-se a caracterização de interações utilizando hidrocarbonetos saturados e aromáticos, principalmente, em leitos carreadores carbonáticos, o que objetivou a presente pesquisa. A pesquisa e a interpretação das variações composicionais do petróleo encontradas nos mais diferentes sistemas petrolíferos foram um dos principais desafios desde o estabelecimento da geoquímica orgânica (KROOSS et al., 1995, YAMAMOTO, 1992; JAFFE et al., 1988; TISSOT & WELTE, 1984). Segundo KROOSS et al., (1995) são três os principais fatores que estão intimamente relacionados à modificação da composição do petróleo em subsuperfície: i. As diferenças genéticas, devido aos diferentes tipos de materiais orgânicos geradores e de estágios de maturidade termal; ii. A alteração microbiana e térmica dos óleos nos reservatórios. A biodegradação dentro dos reservatórios ocorre em temperaturas de até 70-80°C, e o craqueamento térmico em temperaturas mais elevadas; iii. Os efeitos de fracionamento relacionado à migração, como uma consequência da migração de uma mistura mais ou menos homogênea de componentes do petróleo. 22 Mesmo assim, a explicação para a ocorrência de variações composicionais do petróleo não foi definida completamente, porque na maioria dos casos os três fatores citados anteriormente não podem ser diferenciados inequivocamente (KROOSS et al.,1995). Dentre os vários processos que levam a modificação da composição química do petróleo, a Geocromatografia tornou-se objeto de estudo desta pesquisa. Em uma comparação com a técnica de cromatografia, que consiste da separação dos componentes de uma mistura entre duas fases imiscíveis, uma estacionária e outra móvel, pode-se caracterizar os sistemas geológicos multifásicos da seguinte forma: “Um sistema geocromatográfico, que possui duas ou mais fases imiscíveis sendo uma ou mais fase(s) estacionária(s) e ao menos uma, como a fase móvel” (KROOSS et al.,1995) Semelhante à cromatografia, a geocromatografia é um processo caracterizado pela partição e adsorção seletiva dos compostos do petróleo sobre as fases mineral (rocha) e/ou orgânica durante a migração secundária (KROOSS et al.,1995; LARTER et al., 2000). Na TABELA 2.2 estão apresentadas as fases móveis e estacionárias que podem estar envolvidas nos processos geocromatográficos durante a migração do petróleo. TABELA 2.2: Fases estacionárias e móveis da geocromatografia (KROOSS et al., (1995)). Tipo de fase Estacionária Sólidas Móvel Líquidos Gases Filmes de água Gases naturais (CH4, CO2, Minerais ou adsorvidos na nitrogênio, mistura de Querogênio rocha ou no hidrocarbonetos leves e vapor betume d’água). Filmes de água Gases naturais (CH4, CO2, Minerais ou adsorvidos na nitrogênio, mistura de Querogênio rocha ou no hidrocarbonetos leves e vapor betume d’água). Líquidos Água salgada e petróleo Água salgada e petróleo A definição acima não inclui os processos de fracionamento resultantes das diferenças de mobilidade de componentes de uma mesma fase, sob influência de 23 gradientes de concentração e de temperatura, e da segregação capilar. Estes processos podem explicar diferenças composicionais em funções de distâncias de migração de até um quilômetro (KROOSS & LEYTHAEUSER 1988; COSTESÈQUE 1987; ENGLAND et al., 1987; KROOSS 1987). Segundo REBOUÇAS et al., (2008) e KROOSS et al., (1995), na geocromatografia, os primeiros pulsos de óleo interagem com a fase mineral existente no leito carreador e com a água de formação existente nos poros da rocha, ficando adsorvidos os compostos mais polares sobre a parte mineral. À medida que mais cargas de óleo continuam a passar pelo leito carreador, elas vão encontrando cada vez menos sítios ativos da rocha, uma vez que estes já estão ocupados com o óleo residual proveniente da primeira carga, e assim formam uma camada menos polar que a primeira. Os processos que regem a geocromatografia podem ser definidos como: adsorção, partição, troca iônica e exclusão por tamanho molecular (CARLSON & CHAMBERLAIN,1986). A adsorção é um processo onde certos componentes de uma fase fluida são transferidos para uma superfície de um sólido adsorvente. Envolve o contato de uma fase líquida (adsorbato) com uma fase estacionária (adsorvente) que não sofre modificação em sua estrutura durante o processo, cuja propriedade é reter seletivamente uma ou mais espécies contidas na fase líquida (SPINELLI et al., 2005 e KROOSS et al.,1995). É um fenômeno exotérmico, espontâneo e que, portanto, leva a uma diminuição da energia livre do sistema (VIEIRA, 2004). A relação entre as concentrações das substâncias em equilíbrio, nas duas fases, isto é, a razão entre a concentração do adsorvato na fase sólida e a concentração de equilíbrio na fase aquosa, numa temperatura constante, é denominada de isoterma de adsorção ou de equilíbrio, a qual indica a capacidade ou afinidade do adsorvente pelo adsorvato (BARROS et al., 2000). A adsorção dos compostos do petróleo ocorre sobre a superfície mineral ao longo do caminho de migração de forma seletiva assim como na cromatografia. As camadas adsorvidas são formadas por diversos mecanismos, e estas apresentam grandes diferenças em sua composição, o que pode ser um reflexo da natureza dos componentes adsorvidos, das suas concentrações, da morfologia e da molhabilidade da superfície da rocha (HUNTER, 2001). Os asfaltenos e resinas, componentes mais polares do petróleo, apresentam elevada afinidade com a fase mineral, ou seja, são facilmente adsorvidos sobre a superfície dos poros, estudos revelaram que a adsorção 24 de asfaltenos é praticamente irreversível. As camadas superficiais formadas por resinas e asfaltenos alteram as propriedades petrofísicas favorecendo a obstrução parcial dos poros, com a diminuição de seu diâmetro efetivo, prejudicando a permeabilidade (BASNIEV et al., 1993 apud SYUNYAEV et al., 2009; e SYUNYAEV et al., 2007). Por outro lado, SYUNYAEV et al., (2009), utilizando valores obtidos dos cálculos da Energia de Gibbs envolvida no processo de adsorção, revelaram que alguns minerais podem ser ordenados de forma decrescente da sua capacidade de adsorção de asfaltenos: Mica > quartzo > dolomita. MARCZEWSKI & SZYMULA (2001) estudaram a adsorção de asfaltenos, e verificaram que estes podem ser adsorvidos sobre rocha reservatório contendo minerais como: quartzo, dolomita e calcita entre outros. GONZALEZ & MOREIRA (1994), avaliaram a adsorção de asfaltenos e resinas sobre diferentes superficies minerais, e verificaram que os minerais caulinita e esmectita mostraram ser ótimos adsorventes quando avaliados em função da massa de asfaltenos e resinas resinas adsorvidos por massa de mineral (TABELA 2.3). No entanto, quando os valores são expressos em massa de asfalteno e resinas adsorvido por área superficial de cada mineral, os valores de adsorção podem ser considerados similares àqueles obtidos para outros minerais, tais como quartzo, calcita, feldspato, exceção observada para esmectita. TABELA 2.3: Adsorção de asfaltenos/resinas sobre diferentes minerais (adaptado de GONZALEZ & MOREIRA (1994)). Mineral Área superficial (m2/ g) Caulinita Massa de asfaltenos/resinas adsorvido 16,0 (mg/ g de mineral) 25,0 (mg/ m2 de mineral) 1,56 Esmectita 42,0 12,0 0,29 Feldspato 3,20 3,00 0,94 Quartzo 1,00 1,00 1,00 Hematita 1,00 2,00 2,00 Calcita 1,20 2,40 2,00 Fluorita 1,00 2,00 2,00 O estudo realizado por GONZALEZ & MOREIRA (1994) verificou que o mineral calcita, principal componente das rochas carbonáticas, por ter uma pequena área 25 superficial, tem uma menor capacidade de adsorção de asfaltenos e resinas, entretanto, seu comportamento como superfície adsorvente se torna interessante de ser estudado na ausência de argilominerais. YUSUPOVA et al., (2002) verificaram que a compreensão dos processos físicoquímicos que ocorrem na interface matriz mineral e óleo na adsorção de asfaltenos pode ser importante para os métodos de recuperação de hidrocarbonetos. Além disso, o fracionamento composicional que ocorre em função do processo adsortivo na migração secundária pode ser importante nos estudos sobre a distância percorrida pelo petróleo e o preenchimento de um reservatório. Entre os outros mecanismos de interação que atuam no fracionamento do petróleo ao longo da sua migração, a partição baseia-se, essencialmente, na separação dos solutos a partir de uma interação diferenciada entre moléculas do soluto, água de formação e a fase estacionária. A eficiência do fracionamento depende principalmente da diferença entre os coeficientes de partição dos componentes (LARTER et al., 1997). O efeito de fracionamento dos componentes do petróleo por troca iônica ocorre, principalmente, durante a migração dos ácidos carboxílicos que interagem fortemente com a superfície mineral. O pH pode ser o grande diferencial neste tipo de interação pois ele pode ordenar o comportamento aniônico ou catiônico (BARTH et al., 1988). O fracionamento por exclusão de componentes por tamanho, como o próprio nome diz, exclui determinadas moléculas que não fluem em função do seu tamanho/estrutura e do tipo de leito carreador. Deste modo, propriedades estéricas de solutos e de fase estacionária estão diretamente envolvidas neste processo de separação. KROOSS et al., (1995) e CARLSON & CHAMBERLAIN (1986) discutiram a probabilidade de que estes diferentes processos de interação ocorram na migração do petróleo e concluíram que as interações adsorventes são as principais responsáveis pelos efeitos geocromatográficos envolvendo os componentes do petróleo. Segundo KROOSS et al., (1995), foi possível verificar um aumento da concentração de parafinas ao longo de leitos carreadores siliciclásticos, relacionado com um aumento da distância de migração secundária, ou seja, foi percebido que ao longo do caminho da migração houve um aumento da concentração de hidrocarbonetos apolares. Por outro lado, verificaram uma maior retenção de compostos polares como os asfaltenos e as resinas. Nos estágios iniciais de preenchimento de um reservatório, são os compostos mais solúveis em água e mais 26 polares no petróleo, como os fenóis, ácidos carboxílicos e carbazóis, que são preferencialmente adsorvidos (LARTER et al., (1997), KROOSS et al., (1995)). FAN & PHILP (1987) sugeriram que os terpanos tricíclicos migram mais rapidamente que os terpanos pentacíclicos. Além disso, mostraram que o gamacerano migra mais lentamente que todos os outros terpanos policíclicos, o que significa encontrar uma maior concentração de gamacerano nas geradoras do que no petróleo, em uma situação real. GONG et al., (2006), em um estudo da simulação da migração e acumulação através de leitos carreadores areníticos, verificaram interações óleo-água-rocha (sob elevadas pressões e temperaturas), quando demostraram que os biomarcadores sofreram o efeito geocromatográfico. A verificação do efeito foi realizada através do cálculo das razões de abundância dos hidrocarbonetos saturados: C(21+22)/ C(28+29), C(21−)/ C(22+), Pristano/ n-C17 e Fitano/ n-C18. Segundo SEIFERT & MOLDOWAN (1981), existe uma retenção preferencial de 5α(H), 14α(H), 17α(H) esteranos, em comparação com os isômeros 5α(H), 14β(H), 17β(H) resultando em um enriquecimento relativo dos compostos αββ no petróleo com o aumento da distância de migração. Este resultado foi confirmado pelo trabalho experimental de CARLSON & CHAMBERLAIN (1986), em leitos carreadores de montmorilonita livre de água. Porém, HOFFMANN et al., (1984) não observaram este comportamento. PAN et al., (2005) verificaram que a composição do óleo adsorvido (obtido após a remoção de óleo livre pela extração soxhlet) sobre superfícies argilosas parece ser representativo dos pulsos iniciais de óleo no reservatório. Ainda verificaram que as razões de esteranos regulares αββ/ (αββ + ααα) e diasteranos/esteranos regulares, já usados por SEIFERT & MOLDOWAN (1981) como indicadores para a medida de distância de migração utilizando dados de campo não mostraram uma tendência de variação similar entre o óleo livre e adsorvido como revelado nos estudos de campo de WILHELMS et al., (1996) e SCHWARK et al., (1997). Dentro deste contexto, entretanto, percebeu-se que pouco se estudou sobre a adsorção dos compostos do petróleo e sua interação com a superficie mineral carbonática que compõe os estromatólitos. Mesmo que hidrocarbonetos saturados e aromáticos possuam poucos sítios moleculares favoráveis à adsorção, criou-se uma expectativa de entender seu fracionamento composicional e suas interações com 27 leitos carreadores carbonáticos, análogos recentes das rochas reservatórios da camada pré-sal. 28 3. METODOLOGIA Os experimentos desenvolvidos nesta pesquisa tiveram como objetivo verificar o fracionamento composicional de um óleo brasileiro, como resultado das interações entre óleo - água de formação sintética - rocha carbonática tipo estromatólito (leito carreador) durante a ascensão capilar. Avaliou-se também a influência do nível de salinidade da água de formação sobre o fracionamento composicional. Para verificar a influência da salinidade da água de formação nos processos de fracionamento composicional do petróleo, durante a ascensão capilar do óleo, optouse por usar duas amostras de água de formação sintéticas. Uma das amostras com salinidade similar àquelas encontradas nos reservatórios das camadas pós-sal e outra com salinidade mais elevada comparável às águas de formação de reservatórios da camada pré-sal das Bacias de Campos e Santos. A utilização de uma água formação sintética de salinidade similar ao do pós-sal foi devido ao fato de serem bem conhecidas quanto a sua composição iônica, e devido ao fato de se acreditar que elas têm menor conteúdo iônico do que àquelas dos reservatórios do pré-sal brasileiro. Com as amostras de estromatólitos saturadas com as águas de formação sintéticas foi desenvolvida a ascensão capilar do óleo através dos leitos carreadores carbonáticos. Após a ascensão capilar do óleo, as amostras de estromatólitos foram cortadas em três subunidades: Base, Meio e Topo. Cada subunidade, embebida com óleo, foi submetida às técnicas cromatográficas para avaliar a composição química da fração de óleo livre e de óleo adsorvido nos poros da rocha de cada subunidade. A sequência de técnicas utilizadas para avaliação da composição química do óleo livre foi a seguinte: Extração pelo método Soxhlet, separação em frações por Cromatografia Líquida e análise das frações de compostos saturados e aromáticos por Cromatografia em fase gasosa acoplada à Espectrometria de Massas. Os compostos do petróleo analisados foram os hidrocarbonetos saturados das famílias dos alcanos normais, isoprenóides e alcanos policíclicos (das famílias dos hopanos e esteranos), como também representantes dos compostos aromáticos, os isômeros metilados do fenantreno e do dibenzotiofeno. Posteriormente, foi avaliada a composição do óleo adsorvido. Cada subunidade de amostra de estromatólito, que tinha passado pelo processo de extração pelo método Soxhlet, foi submetida à técnica de extração térmica acoplada à cromatografia em fase gasosa acoplado à espectrometria de massas, com o objetivo de avaliar a 29 composição química do óleo adsorvido. Além disso, as amostras de estromatólitos tiveram suas constituições mineralógicas elucidadas através das técnicas de Fluorescência (FRX) e Difração de Raios X (DRX). A síntese da rota analítica utilizada para realização desta pesquisa pode ser vista no fluxograma da FIGURA 3.1. Amostras de estromatólitos Óleo usado ascensão gravitacional Saturação das amostras de estromatólitos usando águas de formação sintética: A1 e A2 Divisão das amostras de estromatólitos em subunidades Pulverização Ascensão capilar do óleo Divisão das amostras de estromatólitos em subunidades (Base, Meio e Topo) Caracterização mineralógica (FRX e DRX) Extração Soxhlet para obtenção do Óleo Livre Subunidades (amostras de rocha) contendo Óleo adsorvido Óleo Livre Precipitação de asfaltenos Trituração e pulverização Separação, por cromatografia líquida, dos maltenos dos Óleos Livres Extração Térmica dos componentes do óleo adsorvido Análise geoquímica de hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos do óleo livre por CG/ EM Análise geoquímica de hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos do óleo adsorvido por CG/ EM FIGURA 3.1: Fluxograma da metodologia utilizado nesta pesquisa. 30 3.1. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE ESTROMATÓLITOS. As amostras de estromatólitos foram coletadas da Lagoa Salgada localizada no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, entre os municípios de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, a 41º00’30’’ W e 21º54’10’’ S. Essas amostras foram coletadas e selecionadas por pesquisadores do setor de Geologia e Geoquímica do LENEP/ UENF. As dimensões dessas amostras variaram de 10 a 30 cm de comprimento e cerca de 10 a 20 cm de altura. A FIGURA 3.2 mostra a foto de uma dessas amostras de rocha do tipo estromatólito. FIGURA 3.2: Foto ilustrativa de um exemplar de amostra de estromatólito coletada na Lagoa Salgada. Utilizando uma serra circular de bancada, seis amostras de estromatólitos foram cortadas no formato de paralelepípedos com dimensões médias de 5cm x 5cm x 9cm (largura, comprimento e altura, respectivamente), medidas com um paquímetro Marathon. Para obter resultados mais confiáveis, as medidas de comprimento e largura foram realizadas em três pontos do ao longo de uma amostra de estromatólito (Base, Meio e Topo), devido às irregularidades típicas desta rocha. 31 3.1.1. CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DAS AMOSTRAS DE ESTROMATÓLITOS POR DIFRAÇÃO E FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X. A utilização das técnicas de Difração (DRX) e Fluorescência (FRX) de Raios X na caracterização mineralógica das amostras de estromatólitos teve como objetivo identificar os minerais formadores das amostras de rocha e sua composição química elementar, representada na forma de óxidos, de cada uma das três subunidades (Base, Meio e Topo) que compõe a unidade do estromatólito. Nestas análises foram utilizadas duas amostras de estromatólito isentas de óleo para o cálculo dos valores médios de sua composição. As análises foram realizadas no Laboratório de Petrofísica do LENEP/UENF utilizando o Difratômetro modelo D2 PHASER (BRUKER DALTONICS) e o Espectrômetro de Fluorescência de Raios X por energia dispersiva modelo S2 RANGER (BRUKER DALTONICS). As subunidades foram pulverizadas em um gral de ágata e peneiradas para que fosse alcançado o tamanho de partícula necessário exigido pelos método de DRX. E outras amostras foram preparadas na forma cilíndrica como exige o método de FRX. Na técnica DRX, os Raios X ao incidirem sobre uma estrutura cristalina podem ser difratados pelo cristal, porque os elétrons dos seus átomos absorvem a radiação e então servem como fontes radioativas secundárias que reemitem radiação em todas as direções (fótons difratados), como podem ser visto na FIGURA 3.3. FIGURA 3.3: Representação do fenômeno de difração de Raio X. As ondas eletromagnéticas ao serem reemitidas se reforçam mutuamente em algumas direções e se cancelam em outras. Quando as ondas em fase se reforçam 32 observa-se o fenômeno de difração em um ângulo (θ) no qual o feixe se direciona. Os ângulos dos feixes em fase, cujos comprimentos de onda são conhecidos são usados para calcular o espaçamento interatômico em um cristal e, assim, a estrutura cristalina do mesmo pode ser deduzida (SKOOG et al., 2001; CULLITY, 1956). A intensidade dos feixes difratados, registrada em um difratograma, é variável em função do ângulo θ, sendo, normalmente, expressa através de picos que se destacam do background (linha de base). As intensidades obtidas em função dos ângulos (2θ) representam a difração do feixe incidente por um determinado conjunto de planos do(s) cristal(s). A distância interplanar é característica para cada mineral. Com a integração das intensidades dos picos de difração é possível realizar a análise quantitativa da estrutura cristalina de um mineral (SKOOG et al., 2001). Cada padrão de difratograma é característico de um material cristalino, e pode ser entendido como um conjunto de picos individuais cujas características dos picos (altura, posição, largura, forma e área) são dependentes do tipo de átomos e de sua posição no agrupamento atômico. Os minerais que compõem os materiais cristalinos são definidos como um arranjo de átomos em um modelo periódico tridimensional único, assim, cada mineral tem sua estrutura característica, um tipo de “impressão digital”, permitindo sua identificação através da técnica de difração de Raios-X (JENKINS, 1996). As condições analíticas utilizadas no difratômetro foram: Os registros foram realizados no intervalo de exposição 2θ de 0° a 90º. Radiação; 30 kV; 10 mÅ; Recepção = 0,10 mm; Fendas de divergência = 1,0º; Modo varredura passo a passo: 0,020º; Tempo de amostragem: 6 s por passo. Após as análises por DRX, o difratograma de cada amostra e os respectivos picos (distâncias interplanares) foram confrontados com valores preexistentes de cada fase mineral através do software EVA, ou seja, a identificação foi alcançada neste passo. Para uma análise quantitativa dos minerais encontrados, recorreu-se à aplicação do Método Rietveld, com a utilização do software GSAS para realização do refinamento dos dados e sua quantificação. Para alimentação do software GSAS utilizou-se informações cristalográficas dos minerais que foram reconhecidos através 33 do software EVA e pelo ICDD (International Center for Diffraction Data). A técnica de FRX consiste da exposição das estruturas cristalinas aos Raios-X com objetivo de causar excitação dos átomos do material, que após algum tempo perdem a excitação e seus elétrons voltam para seus níveis de energia mais estáveis. Essa transição eletrônica gera um espectro de energia característico para cada tipo de elemento, possibilitando assim a sua identificação (LISBOA, 2013). Isto é possível porque cada elemento químico apresenta um valor de energia ou comprimento de onda ao ser expostos à esta radiação. Essa técnica foi utilizada com a finalidade de obter a composição elementar qualitativa e quantitativa das amostras de estromatólitos, expressas em percentagens de óxidos dos elementos identificados. A percentagem ou o teor de cada elemento nestas amostras é proporcional à intensidade dos Raios X reemitidos. As condições de operação do aparelho de FRX foram: Potência do tubo de Raios X foi de 3W. Tensão do tubo de 30 kV Corrente de 100µA 3.2. SATURAÇÃO DAS AMOSTRAS DE ESTROMATÓLITOS COM ÁGUA DE FORMAÇÃO SINTÉTICA. Com o objetivo de reproduzir as condições fluidas de reservatório e de estudar a influência da água de formação sobre as interações entre rocha carbonática- água de formação- óleo, as quatro amostras de estromatólito foram saturadas com água de formação sintética antes da ascensão capilar do óleo. O experimento utilizou amostras de água de formação sintética com dois níveis de salinidade: A1 com salinidade semelhante à da água de formação presente nos reservatórios da camada pós-sal das Bacias de Campos e Santos e outra A2 semelhante àquelas de reservatórios da camada pré-sal, de maior salinidade. Para a preparação dessas amostras foram utilizadas quantidades diferentes dos seguintes sais (de padrão analítico): NaCl, KCl, CaCl2, Na2SO4 e NaHCO3. Estes sais foram dissolvidos em água Mili-Q e a seguir foram filtrados a vácuo para remoção de qualquer impureza ou precipitado que pudesse ter sido formado, evitando assim, qualquer prejuízo de permeabilidade das amostras de rocha. 34 Na TABELA 3.1 está apresentada a composição de cada uma das amostras de água de formação sintética, com seus respectivos íons, além da salinidade. TABELA 3.1: Composição química das águas de formação sintéticas A1 e A2. Água de formação sintética (g/ L) [Na+] [K+] [Ca2+] [Cl-] [HCO3-] [SO42-] Salinidade A1 54,5 5,2 8,1 78,5 4,8 0,02 151 A2 109 10,4 16,2 157 9,6 0,01 302 A saturação das amostras de rocha foi realizada utilizando os dois tipos de água de formação sintética totalizando quatro unidades de simulação: E1A1, amostra de estromatólito 1 saturada com água de formação sintética A1 e sua duplicata E2A1; E3A2 amostra de estromatólito 3 saturada com água de formação sintética A2 e sua duplicata E4A2. Este procedimento de saturação foi realizado retirando o ar de dentro dos poros das amostras através do uso de um aparelho “desaereador” BÜCHI modelo Vac V-500. O aparelho utilizado na saturação das amostras de estromatólitos foi ajustado para uma pressão final de 2 x 102 Pa por cerca de 2 horas, quando foi removido o ar dos poros e entrada de água nos poros. Cada amostra de estromatólito foi pesada e colocada dentro de um béquer contendo água de formação sintética suficiente para sua submersão. Este béquer foi inserido em um recipiente devidamente vedado, e através do uso de uma bomba de vácuo provocou-se a redução da pressão dentro do recipiente, procedimento que facilitou a troca de fluidos dentro dos poros dos estromatólitos e, simultaneamente, fez com que os gases dissolvidos saíssem da solução diminuindo os efeitos dos gases na estimativa do volume poroso ocupado pela água de formação sintética. Ao final, as amostras de estromatólito foram pesadas em balança de precisão. A partir da diferença das duas massas medidas, massa final do processo de saturação e massa inicial da amostra, foi possível verificar a massa de água de formação que ocupou os poros das amostras de estromatólitos, e assim foi possível estimar a porosidade não vugular (Equação 3.1). Vale ressaltar que nesta análise semiquantitativa, não se pode quantificar o volume dos poros do tipo vugular, já que 35 são maiores e ficam expostos ao ambiente e, portanto, incapazes de reter o fluido. porosidade não vugular = m(𝐻 O+rocha) - 𝑚(rocha) 2 𝑑(𝐻 𝑂) 2 Vtotal da rocha (3.1) A análise da densidade absoluta das águas de formação sintética A1 e A2 foi realizada com objetivo de ser usada na determinação do volume poroso das amostras de rocha. Para esta medida foi utilizado um Densímetro Digital Portátil - Modelo DMA 35, a 24ºC. A determinação do volume poroso foi realizada para avaliar a quantidade de óleo necessária para simular o processo de ascensão capilar do óleo ao longo das amostras de rocha, e para verificar a homogeneidade (em relação ao volume poroso) das amostras de rochas utilizadas. 3.3. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DO ÓLEO UTILIZADO NA ASCENSÃO CAPILAR Uma alíquota do óleo utilizado na ascensão capilar do óleo foi caracterizada geoquimicamente. Inicialmente, foi realizada a remoção da fração asfaltênica, e a fração maltênica resultante deste óleo foi fracionada por cromatografia em fase líquida. Os componentes das frações, hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos, foram separados por cromatografia em fase gasosa de alta resolução e identificadas pelo detector de espectrometria de massa. 3.3.1. PRECIPITAÇÃO DOS ASFALTENOS Os asfaltenos, fração mais pesada do petróleo, foram removidos da amostra de óleo, com o objetivo de otimizar a separação das outras frações do óleo livre (hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos) através da técnica de cromatografia em fase líquida. Cerca de 13,0 mg do óleo, a ser usado na ascensão capilar do óleo, foram parcialmente solubilizados em 10 mL de n-hexano para induzir a precipitação dos 36 asfaltenos. Os asfaltenos precipitados foram separados dos maltenos (hidrocarbonetos saturados, hidrocarbonetos aromáticos e resinas) por filtração em um papel de filtro. Os asfaltenos foram lavados com mais 2 volumes de 10 mL de nhexano, para melhor recuperação do malteno (adaptado de AZEVEDO et al., 2009). 3.3.2. FRACIONAMENTO DO MALTENO O fracionamento do malteno em hidrocarbonetos saturados, hidrocarbonetos aromáticos e resinas foi realizado por cromatografia líquida. Este método de separação está baseado no princípio de que um analito pode ser dissolvido por um solvente (fase móvel) de polaridade similar e não ser retido pela fase estacionária. A cromatografia apresenta grande eficiência para efetuar separação, identificação e/ou quantificação de compostos orgânicos, principalmente aqueles presentes em misturas complexas como, por exemplo, o petróleo. É caracterizada como um método físico-químico de separação que se baseia na capacidade de adsorção de determinados compostos em uma dada fase estacionária em relação aos outros compostos de uma mistura que tem maior solubilidade no solvente usado como fase móvel. Esta diferença na capacidade de adsorção promove a distribuição dos componentes entre duas fases, em que uma permanece estacionada enquanto a outra flui através dela (líquido ou gás), resultando em deslocamentos diferenciais dos componentes da mistura (COLLINS et al., 2006; SKOOG et al., 2001). A cromatografia líquida utilizada nesta pesquisa foi realizada em colunas de vidro (pipetas Pasteur) recheadas com sílica gel a pressão ambiente. Os hidrocarbonetos saturados foram eluídos a partir da coluna de sílica gel por ação da gravidade com 5 mL de n-hexano, os hidrocarbonetos aromáticos com 5 mL de mistura n-hexano/ Diclorometano (9:1 v / v) e as resinas foram eluídas com 5 mL da mistura de Diclorometano /metanol (7:3 v/v). Como fase estacionária, utilizou-se a sílica gel (Merck, malha de 70-230), que foi ativada a 120ºC durante 8 horas antes de sua utilização. A coluna de sílica gel foi preparada tomando uma coluna de vidro de altura de 10 cm e diâmetro de 5 mm (BASTOW et al., 2003). Após o procedimento de separação das frações, os solventes foram evaporados e as frações de compostos foram armazenadas, para posterior análise por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa. 37 3.3.3. ANÁLISE GEOQUÍMICA DAS FRAÇÕES DE HIDROCARBONETOS SATURADOS E COMPOSTOS AROMÁTICOS DO ÓLEO. As frações de hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos do óleo a ser usado na ascensão capilar foram analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM). Segundo COLLINS et al., (2006), a técnica de cromatografia em fase gasosa é aplicada à separação e identificação de componentes voláteis de uma mistura ou que possam ser volatilizados sem modificação de suas estruturas pelo aquecimento. É utilizada com sucesso na separação e identificação dos componentes do petróleo, uma mistura complexa de milhares de componentes. Nesta técnica a fase móvel é um gás inerte e a fase estacionária, normalmente, é um líquido de elevado ponto de ebulição ou um sólido depositado sobre a parede interna de uma coluna capilar flexível de sílica fundida, extremamente fina e longa. A separação dos compostos em cada mistura ocorre no cromatógrafo a gás. Após a separação cromatográfica os componentes da mistura chegam ao espectrômetro de massas (modelo Agilent 5973 MSD) onde são ionizados após sofrerem impacto por um feixe de elétrons, gerados pelo aquecimento de um filamento de tungstênio. Os íons e os fragmentos formados são levados ao analisador de massa do tipo quadrupolo, avaliados em função de sua razão massa/carga (m/z) e a seguir são detectados por um multiplicador de elétrons que gera um perfil de fragmentação característica do composto, conhecido como o seu espectro de massa. Cada espectro consiste de uma série de fragmentos de íons que podem ser usados na elucidação da estrutura do composto (SKOOG et al., 2001; SILVERSTEIN et al., 1994). Devido à especificidade do espectrômetro de massa como detector, seu uso facilitou a identificação e quantificação de moléculas mais complexas, como policicloalcanos e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, presentes na fração de hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos, respectivamente. A técnica de CG/EM pode ser operada em 2 diferentes modalidades: Monitoramento Seletivo de Íons (“SIM” – Single Íon Monitoring), muito usada no estudo de classes de compostos do petróleo, através da definição da razão massa/carga (m/z) do fragmento base gerado por todos os componentes de uma família. A outra modalidade empregada nas análises é a full scan (varredura de íons 38 totais), onde todo o espectro de íons-massa gerados pela fonte de ionização é analisado, não havendo perdas de informação. O monitoramento seletivo dos íons (“SIM”) foi realizado para análise qualitativa e quantitativa das seguintes famílias de compostos saturados: m/z 85 (n-alcanos), m/z 191 (terpanos policíclicos), m/z 217 (esteranos), e para os compostos aromáticos, m/z 192 (isômeros metilados de fenantreno) e m/z 198 (isômeros metilados de dibenzotiofeno). A pré-identificação dos compostos ou biomarcadores referidos foi realizada com base em perfis cromatográficos publicados em artigos (PAN et al., 2003 e 2005), dissertações, teses e livro (PETERS et al., 2004). E a escolha pelo modo de operação “SIM” se deu pela baixa concentração de compostos do petróleo observada nas subunidades Meio e Topo dos estromatólitos após a ascensão capilar do óleo. Segundo PETERS et al. (2004), o modo “Full Scan” é menos sensível e seletivo em análises quantitativas de biomarcadores em relação ao modo “SIM”. Desta forma, optou-se pelo uso deste modo pois diminuiria a perda de informação sobre os compostos biomarcadores durante a ascensão capilar do óleo. As condições analíticas utilizadas foram: Cromatógrafo em fase gasosa da marca Agilent modelo 6890N. Injetor automático split- splitless operando no modo splitless. Coluna capilar de sílica fundida (HP-DB5MS), 30 m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 μm de filme de fase estacionária. Hélio como gás de arraste, vazão constante de 1 mL/min. Programação da temperatura usada para análises dos hidrocarbonetos saturados: 60º C por 2 minutos 60º C a 200º C (taxa de aquecimento de 22ºC/min) 200º C a 300º C (taxa de aquecimento de 3ºC/min) 300ºC por 25 minutos. Programação da temperatura usada para análises dos compostos aromáticos: 70º C por 2 minutos 70º C a 110º C (taxa de aquecimento de 22º C/min) 110º C a 200º C (taxa de aquecimento de 1,5º C/min) 200º C a 300º C (taxa de aquecimento de 3,0º C/min) 300º C por 10 mim. Detector seletivo de massas Agilent 5973 MSD 39 Energia do feixe de elétrons de 70 eV no MSD. 3.4. SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE ASCENSÃO CAPILAR DO ÓLEO Esta etapa do estudo buscou simular a ascensão capilar do óleo para posterior avaliação do fracionamento composicional do óleo ao longo do leito carreador (amostras de estromatólitos), observando as interações entre óleo - água de formação sintética (A1 ou A2) – rocha carbonática. A ascensão capilar do óleo, em escala laboratorial, foi realizada utilizando quatro recipientes de vidro de 500 mL com tampa, contendo cerca de 30 mL de óleo com as seguintes propriedades físicas: 26 API e 63 cP de viscosidade. O processo de ascensão capilar do óleo, através das 4 amostras de estromatólitos (E1A1, E2A1, E3A2 e E4A2) foi conduzido à temperatura de 26°C e à pressão atmosférica, por um intervalo de tempo de 60 dias. A FIGURA 3.4 mostra uma foto que ilustra como foi realizada a ascensão capilar do óleo. FIGURA 3.4: Unidades (amostras de estromatólitos) e o óleo em ascensão capilar. 40 3.4.1. EXTRAÇÃO DO ÓLEO LIVRE PRESENTE NOS POROS DAS SUBUNIDADES DOS ESTROMATÓLITOS. Ao final da ascensão capilar por 60 dias, as quatro amostras de estromatólitos (E1A1, E2A1, E3A2 e E4A2) foram retiradas dos recipientes de vidro e secas com papel toalha para remoção do excesso de óleo. Em seguida, cada uma das quatro amostras foi dividida em três subunidades: Base, Meio e Topo, utilizando uma serra modelo BLACK & DECKER. As espessuras de cada subunidade foram de aproximadamente 3 cm, tendo o cuidado de respeitar as diferenças de litologia que as diferenciam (FIGURA 2.5). Cada uma das subunidades de estromatólito foram acondicionadas em cartuchos de celulose e levadas a extratores para obtenção do óleo livre presente nos poros. A técnica de extração utilizou extratores Soxhlet e como solvente foi empregado o diclorometano (DCM). O processo contínuo de extração se completou após 30 horas, usando como referência os trabalhos de SCHWARK et al. (1997), YANGMING et al. (2003), PAN et al., (2003) e (2005). O extrato de óleo livre de cada subunidade de rocha foi levado para evaporar a temperatura ambiente em capela de exaustão. Após a evaporação completa do solvente, o óleo livre foi pesado para verificar o conteúdo de óleo presente em cada subunidade, e acondicionados em vidro âmbar para posteriores análises cromatográficas. Com o objetivo de avaliar a presença de compostos orgânicos, provenientes do ambiente natural das amostras de estromatólitos da Lagoa Salgada, foi realizada a extração com diclorometano das subunidades (Base, Meio e Topo) de um amostra de estromatólito isenta de óleo. Depois da evaporação do solvente, o material orgânico foi fracionado por cromatografia liquida, como realizado para óleo usado na ascensão capilar, para verificação de possíveis compostos interferentes. Esta amostra foi denominada de Branco. Na TABELA 3.2 encontram-se as denominações para os extratos de óleo livre obtidos das subunidades e do Branco. 41 Subunidades TABELA 3.2: Denominação dos extratos de óleo livre e do Branco. Água de formação Água de formação sintética A1 sintética A2 Amostras Branco E1A1 E2A1 E3A2 E4A2 Topo (BRT) Meio (BRM) Base (BRB) Topo (E1A1T) Meio (E1A1M) Base (E1A1B) Topo (E2A1T) Meio (E2A1M) Base (E2A1B) Topo (E3A2T) Meio (E3A2M) Base (E3A2B) Topo (E4A2T) Meio (E4A2M) Base (E4A2B) * E1A1: amostra de estromatólito 1 saturada com água de formação sintética A1 e sua duplicata E2A1 * E3A2 amostra de estromatólito 3 saturada com água de formação sintética A2 e sua duplicata E4A2 3.4.2. PRECIPITAÇÃO DOS ASFALTENOS DO ÓLEO LIVRE A precipitação dos asfaltenos do óleo livre foi realizada conforme o procedimento descrito no TÓPICO 3.3.1. 3.5. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DO ÓLEO LIVRE Após a remoção da fração asfaltênica, as 12 frações maltênicas resultantes do óleo livre foram fracionadas por cromatografia em fase líquida, e as frações de hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos foram identificadas e quantificadas por cromatografia em fase gasosa de alta resolução acoplada a um detector de espectrometria de massa. 3.5.1. FRACIONAMENTO DO ÓLEO LIVRE O fracionamento dos maltenos por cromatografia líquida foi realizado conforme descrito no TÓPICO 3.3.2. As frações foram armazenadas para posteriores análises por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa. As 45 frações obtidas por cromatografia líquida estão identificadas na TABELA 3.3. 42 Água de formação A2 E1A1 E3A2 Base (E1A1B) Meio (E1A1M) Topo (E1A1T) Base (E2A1B) Meio (E2A1M) Topo (E2A1T) Base (E3A2B) Meio (E3A2M) Topo (E3A2T) Base (E4A2B) Meio (E4A2M) Topo (E4A2T) E4A2 Topo (BRT) E2A1 Meio (BRM) Branco Água de formação A1 Base (BRB) Frações Subunidades Unidades TABELA 3.3: Identificação das 45 frações obtidas por cromatografia líquida. F1 F1 F1 SAT SAT SAT SAT SAT SAT SAT SAT SAT SAT SAT SAT F2 F2 F2 ARO ARO ARO ARO ARO ARO ARO ARO ARO ARO ARO ARO F3 F3 F3 RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES * SAT: hidrocarbonetos saturados, ARO: compostos aromáticos e RES: resinas. 3.5.2. ANÁLISE GEOQUÍMICA DAS FRAÇÕES DE HIDROCARBONETOS SATURADOS E COMPOSTOS AROMÁTICOS DO ÓLEO LIVRE As frações de hidrocarbonetos saturados e de compostos aromáticos dos óleos livres das subunidades de E1A1, E2A1, E3A2, E4A2, F1 e F2 do Branco (TABELA 3.3) foram analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM). Esta etapa foi realizada sob as mesmas condições que as análises de compostos saturados e aromáticos do subitem 3.3.3. A caracterização e quantificação dos n-alcanos foi realizada utilizando uma mistura de n-C14, n-C15 e n-C16 como padrão externo. O método de padronização externa compara a área de uma substância a ser quantificada na amostra com as áreas obtidas em soluções de concentrações conhecidas preparadas a partir de um padrão (SKOOG et al., 2001). 3.6. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DO ÓLEO ADSORVIDO Ao final da ascensão capilar, as subunidades das amostras de estromatólitos 43 passaram pela extração do óleo livre presente nos poros da rocha. Após a extração Soxhlet, as subunidades (Base, Meio e Topo) foram trituradas, pulverizadas até alcançarem a granulometria de 80 mesh e pesadas, aproximadamente 0,1 g de rocha, em cadinhos metálicos. Os cadinhos contendo as amostras pulverizadas foram submetidos à análise no Extrator Térmico acoplado a um Cromatógrafo à Gás/ Espectrômetro de massa (ET-CG/EM), sendo que o Extrator Térmico foi projetado pela Weatherford Laboratories Instruments. A análise no módulo ET-CG/EM proporcionou a dessorção dos compostos da matriz mineral dessa rocha, através de sua extração térmica, e posteriormente foram separados por cromatografia gasosa de alta resolução e identificados por espectrometria de massas. Os componentes do óleo adsorvido, volatilizados à temperatura de 320°C, foram introduzidos no cromatógrafo em fase gasosa através de uma linha de transferência. Para separação e identificação cromatográfica foi usado um cromatógrafo marca Agilent modelo 7890A acoplado a um espectômetro de massas (Detector seletivo de íons/massas Agilent 5973 MSD) (FIGURA 3.5). As condições analíticas usadas no Extrator térmico foram: Temperatura de 320°C por 180 minutos, condições escolhidas com base nos trabalhos de LIU et al.,(1998) e WANG et al., (2010). Optou-se por usar uma temperatura de volatilização de 320°C, pois o objetivo desta análise foi avaliar os componentes do óleo que ficaram adsorvidos durante a ascensão capilar, e não promover a pirólise do asfalteno, que apresenta um elevado potencial de adsorção sobre a matriz da rocha. FIGURA 3.5: Fotografia do módulo de Extração Térmica – cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (1- Amostrador Automático; 2-Extrator Térmico; 3- Espectrômetro de massas; 4- Linha de transferência e 5-Cromatógrafo a Gás). 44 Condições do cromatógrafo: Cromatógrafo Agillent modelo 7890 A coluna capilar de sílica fundida (HP-DB5MS) utilizada possui 30 m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 mm de filme de fase estacionária. O gás hélio foi utilizado como gás de arraste. A temperatura do injetor foi mantida a 300 ºC, sendo a mesma da interface cromatógrafo/espectrômetro de massas. A programação da temperatura do forno foi: 60º C por 1 minuto 60º C a 300º C numa taxa de aquecimento de 1ºC/min 300ºC por 10 minutos. Energia do feixe de elétrons de 70 eV no MSD. A identificação dos componentes dessorvidos e separados foi realizada em espectômetro de massa da marca Agilent, Modelo 5975 MSD utilizando o método de Monitoramento Seletivo de Íons (SIM em inglês). Os íons monitorados foram aqueles representativos das famílias de compostos saturados: n-alcanos (m/z 85) e de compostos aromáticos: m/z 192 (isômeros metilados de fenantreno). 45 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste capítulo estão apresentados os resultados analíticos obtidos da ascensão capilar do óleo em rochas carbonáticas do tipo estromatólito, análogos recentes àqueles existentes na camada pré-sal das Bacias do Espírito Santo, Campos e Santos, e as discussões sobre o fracionamento composicional deste óleo. Foi avaliada a influência do nível de salinidade da água de formação sobre a ascensão capilar, ao se fazer uso de dois tipos de água de formação na saturação inicial das amostras de estromatólitos: Água de formação sintética A1 (151 g/L) similar à água de formação encontrada em reservatórios do pós-sal da Bacia de Campos; e Água de formação sintética A2 (302 g/L) similar à água de formação de reservatórios do pré-sal da Bacia de Campos e Santos. As análises de compostos biomarcadores do óleo livre e daquele adsorvido nos poros das rochas, através de técnicas cromatográficas, foram importantes para avaliar o fracionamento composicional do óleo e estudar as interações óleo - água de formação – rocha carbonática em função do nível de salinidade da água de formação. 4.1. CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DOS ESTROMATÓLITOS As amostras de estromatólitos analisadas por subunidades (base, meio e topo), através da técnica de Difração de Raios-X (DRX), foram caracterizadas como contendo os seguintes minerais: aragonita, calcita magnesiana e quartzo. Na TABELA 4.1 encontram-se os valores médios em percentagem dos principais minerais que compõem as três subunidades das amostras de estromatólitos. TABELA 4.1: Composição mineralógica média dos estromatólitos da Lagoa Salgada obtida por Difração de Raio X. Topo % Calcita magnesiana (Mg-CaCO3) 95,9 ± 4,9 % Quartzo (SiO2) 3,0 ± 1,5 % Aragonita (CaCO3) 2,6 ± 1,9 Meio 86,0 ± 3,0 8,9 ± 1,0 5,1 ± 2,0 Base 70,3 ± 9,8 20,1± 5,1 9,6 ± 4,7 Subunidade do estromatólito A análise dos resultados, apresentados na TABELA 4.1, mostrou que à medida 46 que se passa da Base para o Topo há um acréscimo no conteúdo do mineral calcita magnesiana e, ao mesmo tempo, uma diminuição no teor de quartzo, coerente com o que foi observado por ARCHILHA (2012) e LEMOS (1995). Ainda, percebeu-se uma diminuição do teor de aragonita da Base para o Topo. Os resultados, qualitativos e quantitativos, obtidos através das análises de Fluorescência de Raio X (FRX), para as três subunidades das amostras de estromatólitos podem ser vistos na TABELA 4.2. Os resultados estão representados na forma de teores de óxidos (representação típica da técnica de FRX), apesar destes compostos não estarem presentes nas amostras. Os conteúdos de óxidos estão expressos em percentagem massa/massa (%m/m). TABELA 4.2: Composição elementar (%m/m) dos estromatólitos, obtida por FRX. (%) MgO Al2O3 SiO2 SO3 Cl K2O CaO MnO Fe2O3 SrO TOPO 8,41 ± 0,41 0,58 ± 0,02 9,62 ± 0,32 0,24 ± 0,06 0,23 ± 0,12 0,17 ± 0,03 78,92 ± 2,08 0,12 ± 0,02 1,15 ± 0,41 0,58 ± 0,01 MEIO 9,37 ± 0,37 0,90 ± 0,1 9,82 ± 0,36 0,46 ± 0,04 0,22 ± 0,08 0,79 ± 0,12 76,73 ± 2,27 0,12 ± 0,02 1,03 ± 0,54 0,57 ± 0,03 BASE 6,09 ± 0,91 0,78 ± 0,22 18,50 ± 0,5 0,57 ± 0,03 - 0,31 ± 0,04 71,27 ± 2,73 0,16 ± 0,04 1,91 ± 0,38 0,43 ± 0,03 De um modo geral, os valores observados na TABELA 4.2 não apresentaram diferenças significativas em composição (qualitativa) quando se compara as subunidades (Base, Meio e Topo) dos estromatólitos. Ou seja, os resultados de FRX mostraram a presença dos mesmos elementos químicos, Mg, Al, Si, S, Cl, K, Ca, Mn, Fe e Sr, em cada subunidade dos estromatólitos. Observou-se que para os elementos químicos silício e cálcio, ocorreu uma concentração de silício na Base e que o cálcio concentrou-se no Topo do estromatólito. Como os minerais, com um ou mais elementos químicos em sua estrutura cristalina, interagem com Raios-X foi possível fazer correlações entre os elementos detectados pela FRX com os minerais presentes e detectados pela DRX. Por exemplo, o cálcio (Ca) está presente tanto na estrutura cristalina da aragonita como na calcita magnesiana. Além disso, na estrutura de calcita magnesiana existe ainda o elemento químico magnésio (Mg), o que pode diferenciar estes dois minerais. Desta forma, os resultados da FRX reforçaram os resultados obtidos pela análise DRX. O mesmo 47 raciocínio pôde ser verificado quando foi identificado pela FRX o silício e pela DRX o mineral quartzo. Esses resultados indicaram maior teor de quartzo na Base do que no Topo. Por outro lado, eles também mostraram um maior teor de carbonatos no Topo, em função da presença de calcita magnesiana e aragonita identificadas pela DRX. Apesar da caracterização mineralógica dos estromatólitos ter mostrado ligeiras diferenças no conteúdo mineral da Base para o Topo, o elevado teor de calcita evidenciou que a matriz mineral dessas rochas pode ser considerada homogênea, deixando de ser uma variável a ser considerada no presente estudo das interações óleo - água de formação - rocha. 4.2. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DO ÓLEO USADO NA ASCENSÃO CAPILAR. Com objetivo de caracterizar geoquimicamente a amostra de óleo usada na ascensão capilar, foi utilizada a cromatografia líquida para separação das frações de hidrocarbonetos saturados, compostos aromáticos e resinas da fração de maltenos. Os maltenos foram obtidos após a precipitação dos asfaltenos. Os resultados podem ser visualizados na TABELA 4.3. TABELA 4.3: Resultado do fracionamento do óleo usado na ascensão capilar, em porcentagem de hidrocarbonetos saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos. Fração Porcentagem (%) Hidrocarbonetos Saturados 36,0 Hidrocarbonetos Aromáticos 30,0 Resinas 21,0 Asfaltenos 13,0 A fração de hidrocarbonetos saturados foi submetida à cromatografia em fase gasosa de alta resolução acoplada à espectrometria de massa (CG/ EM), os perfis obtidos destas análises podem ser vistos na FIGURA 4.1. No primeiro perfil (FIGURA 4.1.A) encontram-se as n-parafinas que correspondem a um óleo parafínico-naftênico. Na FIGURA 4.1.B encontram-se os terpanos tricíclicos, tetracíclicos e pentaciclícos, com a predominância destes últimos. Por fim, na FIGURA 4.1.C, o perfil dos esteranos. Estes perfis cromatográficos mostram que o óleo usado na ascensão 48 capilar era evoluído termicamente e com uma vasta quantidade de compostos biomarcadores saturados (terpanos tricíclicos, hopanos e esteranos), característica importante para esta pesquisa já que foram utilizadas várias razões de biomarcadores para a avaliação do fracionamento composicional do óleo durante a ascensão capilar. A B 5 14 3 2 1 6 13 7 8 4 1- Tricíclico C19 (C19-TTR) 2- Tricíclico C20 (C20-TTR) 3- Tricíclico C21 (C21-TTR) 4- Tricíclico C22 (C22-TTR) 5- Tricíclico C23 (C23-TTR) 6- Tricíclico C24 (C24-TTR) 7- Tricíclicos C25 α e β 8- Tetracíclico C24, Tricíclicos C26 α e β 9- Tricíclicos C28 α e β 9 1011 12 15 16 17 18 10- Tricíclicos C29 α e β 11- C27 18 α(H) 22, 29,30 Trisnorneohopano (Ts) 12- C27 17 α (H) 22, 29, 30 Trisnorhopano (Tm) 13- C29 17 α 21 β hopano (C29-H) 14- C30 17 α 21 β hopano (C30-H) 15- C31 17 α 21 β homohopanos 22 S e 22 R 16- C32 17 α 21 β Bishomohopanos 22 S e 22 R 17- C33 17 α 21 β Trishomohopanos 22 S e 22 R 18-C34 17 α 21 β Tetrahomohopanos 22 S e 22 R 49 C 2 3 7 10 8 1 4 9 15 5 6 1- C21 esteranos (C21-E) 2- C22 esteranos (C22-E) 3- C27 13 β,17α diacolestano 20 S (Diasterano) 4- C27 13 β,17α diacolestano 20 R (Diasterano) 5- C27 13 α,17β diacolestano 20S (Diasterano) 6- C27 13 α,17β diacolestano 20R (Diasterano) 7- C27 5 α, 14 α, 17 α, colestano 20 S 8- C27 5 α, 14 β, 17 β, colestano 20 R 9- C27 5 α, 14 β, 17 β, colestano 20 S 11 13 1617 12 14 18 10- C27 5 α, 14 α, 17 α, colestano 20 R 11- C28 5 α, 14 α, 17 α, ergostano 20 S 12- C28 5 α, 14 β, 17 β, ergostano 20 R 13- C28 5 α, 14 β, 17 β, ergostano 20 S 14- C28 5 α, 14 α, 17 α, ergostano 20 R 15- C29 5 α, 14 α, 17 α, estigmastano 20 S 16- C29 5 α, 14 β, 17 β, estigmastano 20 R 17- C29 5 α, 14 β, 17 β, estigmastano 20 S 18- C29 5 α, 14 α, 17 α, estigmastano 20 R FIGURA 4.1: Perfil cromatográfico e identificação dos principais compostos correspondente as n-parafinas (m/z 85) (A), terpanos cíclicos (m/z 191) (B) e esteranos (m/z 217) (C) do óleo usado na ascensão capilar. Após a análise por CG/EM das frações dos hidrocarbonetos saturados foi realizada a análise dos compostos aromáticos desse óleo. Desta forma, foram selecionadas duas famílias de isômeros, os 3, 2, 9 e 1-metil-fenantrenos e os 4, 2, 3 e 1-metil-dibenzotiofenos para serem avaliadas após a ascensão capilar do óleo nestes leitos carreadores carbonáticos, uma vez que estes compostos já foram estudados durante sua migração em leitos carradores siliciclásticos. Os resultados podem ser visto na FIGURA 4.2. 50 A B 2- MF 3-MF 4-MDBT 9-MF 1-MF 2/ 3- MDBT 3- metil-fenantreno (3-MF) 2- metil-fenantreno (2-MF) 9- metil-fenantreno (9-MF) 1- metil-fenantreno (1-MF) 1-MDBT 4-metil-dibenzotiofeno (4- MDBT) 2-metil-dibenzotiofeno (2- MDBT) 3-metil-dibenzotiofeno (3- MDBT) 1-metil-dibenzotiofeno (1- MDBT) FIGURA 4.2: Perfis cromatográficos e identificação dos isômeros de metil-fenantrenos (m/z 192) (A) e metil-dibenzotiofenos (B) do óleo usado na ascensão capilar. 4.3. ESTIMATIVA DO VOLUME POROSO DAS AMOSTRAS DE ESTROMATÓLITOS. Foi estimado o volume poroso das amostras de estromatólitos a partir do volume de poros ocupado pela água de formação sintética, ou seja, a porosidade do tipo não vugular. O valor da porosidade não incluiu a porosidade vugular, pois estes poros ou vugues não puderam reter a água de formação em sua estrutura após a saturação. Para tal estimativa, foram medidas as densidades absolutas das duas amostras de água de formação (A1 e A2), e com base na EQUAÇÃO 3.1, foi realizado o cálculo dessa porosidade. Os valores de porosidade não vugular obtido para essas amostras de estromatólitos, as quais foram saturadas com a água de formação s ntética A1 e A2, e outras informações sobre essa etapa de saturação podem ser vistas na TABELA 4.4. 51 TABELA 4.4: Resultados do procedimento de saturação das unidades de estromatólitos com os dois tipos de água de formação sintética. Unidades de estromatólitos Descrição E1A1 Tipo de água de formação sintética Massa de água de formação sintética (g) Massa específica da água de formação sintética (g.mL-1) Volume poroso ocupado pela água de formação (mL) Volume estimado da amostra de estromatólito (paralelepípedo, mL) Porosidade não-vugular (%) Média da porosidade não-vugular (%) E2A1 E3A2 E4A2 A1 A2 27,0 49,6 48,5 1,04 37,5 1,10 26,0 47,8 44,1 149,5 157,5 161,6 155,8 17,4 30,4 27,2 23,9 34,1 21,9 24,6 Temperatura de saturação (ºC) 21,5 Pressão (Pa) 2 x 102 * E1A1: amostra de estromatólito 1 saturada com água de formação sintética A1 e sua duplicata E2A1 * E3A2 amostra de estromatólito 3 saturada com água de formação sintética A2 e sua duplicata E4A2 A partir dos resultados obtidos da caracterização mineralógica (matriz mineral parece ser homogênea) e da média de porosidade não vugular (%) das 4 amostras de estromatólitos, verificou-se que elas mostraram ser similares entre si e apropriadas para o desenvolvimento da ascensão capilar e para os estudos das interações óleo água de formação sintética – leito carreador carbonático ao final de 60 dias de simulação. Com o objetivo de se verificar a presença de compostos orgânicos, interferentes e detectáveis por CG/EM nas amostras de estromatólitos, foi realizada a extração Soxhlet das subunidades Base, Meio e Topo de amostras de estromatólitos (Branco). Os extratos obtidos das subunidades do Branco após serem submetidos às análises de CG/EM revelaram que os estromatólitos apresentaram compostos orgânicos em concentração baixa, os quais não interferiram nos resultados obtidos neste estudo do óleo livre após a ascensão capilar. 52 Após a verificação do volume de óleo suficiente para a condução da ascensão capilar, a partir do volume poroso estimado das rochas, foi realizada a ascensão capilar de um óleo através das quatro unidades de estromatólitos, duas saturadas com água de formação sintética A1 (E1A1 e E2A1) e outras duas saturadas com a água de formação sintética A2 (E3A2 e E4A2), possibilitando o estudo do fracionamento composicional geocromatográfico e o estudo das interações entre a água de formação, a superfície mineral da rocha e os compostos biomarcadores do óleo. Após 60 dias de ascensão capilar foi realizada a divisão das amostras de estromatólitos em Base, Meio e Topo, e posterior extração do óleo livre. SCHWARK et al., (1997) e PAN et al., (2003, 2005) denominaram como “óleo livre” ou “óleo móvel” aquele que pode ser removido pela extração Soxhlet. O conteúdo de óleo livre extraído das subunidades pode ser visto na TABELA 4.5. TABELA 4.5: Massa de óleo livre obtido, por extração Soxhlet, para cada subunidade de amostra de estromatólito após a ascensão capilar. Massa de óleo livre por subunidade (g) ÁGUA DE FORMAÇÃO A1 A2 Unidade E1A1 E2A1 E3A2 E4A2 Topo 0,013 0,013 0,013 0,013 Meio 0,993 0,792 0,036 0,035 3,096 2,472 2,649 2,130 4,102 3,277 2,698 2,178 Subunidade Base Massa total de óleo Média da massa total de óleo 3,696 2,438 * E1A1: amostra de estromatólito 1 saturada com água de formação sintética A1 e sua duplicata E2A1 * E3A2 amostra de estromatólito 3 saturada com água de formação sintética A2 e sua duplicata E4A2 Os resultados mostraram uma pequena massa de óleo livre no Topo, cerca de 200 vezes menor do que na Base, para todas as unidades avaliadas. Entretanto, quando se comparou os resultados obtidos para os dois níveis de salinidade da água de formação, verificou-se que a quantidade média de óleo livre nas subunidades Topo e Base, não variou após 60 dias de ascensão capilar. Já para as subunidades Meio as amostras de estromatólitos que foram saturadas com a água de formação de menor 53 salinidade (A1), a massa de óleo livre foi aproximadamente 30 vezes maior que a de maior salinidade (A2). De uma forma geral, o conteúdo médio de óleo livre nos leitos carreadores saturados A1 foi maior que naqueles saturados com A2, e levando em consideração que foi usado o mesmo óleo na ascensão capilar e que a composição química das amostras de estromatólito é basicamente a mesma, esta diferença pode ser atribuída à heterogeneidade das amostras, ou seja, a possível diferença de permeabilidade vertical existente entre as amostras de estromatólitos, a qual pôde ter favorecido a ascensão do óleo nas unidades saturadas com água de formação A1 (TABELA 4.4). 4.4. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DO ÓLEO LIVRE PRESENTE NAS SUBUNIDADES DE ESTROMATÓLITOS. Após a extração do óleo livre de cada subunidade (Base, Meio e Topo) das amostras de estromatólitos, saturados com a água de formação sintética A1 (E1A1 e E2A1) e com a água de formação sintética A2 (E3A2 e E4A2), foram obtidas as frações de hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos, por cromatografia líquida, para posteriores análises por CG/EM. Estas análises foram realizadas com o objetivo de avaliar a composição química do óleo livre ao longo dos leitos carbonáticos, no final da ascensão capilar. A análise dos perfis cromatográficos de n-alcanos (apresentados no APÊNDICE) mostrou a diminuição da concentração desses compostos ao longo do leito de carreador, quando se compara o resultado médio das subunidades, Topo e Base, saturadas com o mesmo tipo de água de formação. Observou-se também que o deslocamento dos n-alcanos, ao longo do leito carreador carbonático, foi similar para as unidades saturadas com a água de formação de diferentes níveis de salinidade (FIGURA 4.3). Ao analisar os resultados obtidos para os n-alcanos, presentes nos óleos livres, observou-se que houve ascensão preferencial daqueles n-alcanos de maior peso molecular, independentemente da salinidade da água de formação usada na saturação. SCHWARK et al., (1997), KROOSS et al., (1995) e LEYTHAEUSER et al., (1983) verificaram a ocorrência da migração preferencial de parafinas de menor peso molar em estudos realizados com amostras de reservatório e leitos carreadores do tipo siliciclástico (arenito/ folhelho). 54 Topo µg / mg de óleo 2,00 n-C25 n-C26 n-C27 n-C28 n-C29 n-C25 n-C26 n-C27 n-C28 n-C29 n-C25 n-C26 n-C27 n-C28 n-C29 n-C24 n-C24 n-C24 n-C23 n-C23 n-C23 n-C22 n-C21 n-C20 n-C19 n-C18 0,00 n-C17 A1 (151 g/L) A2 (302 g/L) Meio n-C22 n-C21 n-C20 n-C19 n-C18 0,00 n-C17 µg/ mg de óleo 2,00 Base n-C22 n-C21 n-C20 n-C19 n-C18 0,00 n-C17 µg /mg de óleo 2,00 FIGURA 4.3: Gráfico do teor médio de n-alcanos no óleo livre presente nas subunidades (Topo, Meio e Base) de amostras de estromatólitos saturadas com água de formação sintética A1 e A2. Ainda com base nos resultados obtidos da análise do perfil 55 cromatográfico dos n-alcanos, foram calculados os valores da razão Fitano/n-C18 do óleo livre das subunidades, e os valores médios estão apresentados na TABELA 4.6. A análise dos resultados mostrou uma diminuição da razão da Base para o Meio, o que pode ser consequência de uma maior ascensão capilar do isoprenóide Fitano quando comparado com o n-C18, ou uma maior retenção do n-C18, independentemente do nível de salinidade da água de formação utilizada na saturação das unidades. Resultados similares também foram observados por FAN & PHILP (1987) e MOLDOWAN et al., (1983), quando estudaram a migração do petróleo. TABELA 4.6: Média dos resultados da razão de Fitano/n-C18 do óleo livre após a ascensão capilar em amostras de estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 e A2. FITANO/ n-C18 ÁGUA DE FORMAÇÃO TOPO MEIO BASE A1 1,0 ± 0,4 0,9 ± 0,2 0,5 ± 0,1 A2 0,9 ± 0,1 0,8 ± 0,2 0,5 ± 0,1 A avaliação da ascensão capilar dos compostos terpanos policíclicos presentes no óleo livre das unidades E2A1 e E3A2 foi realizada a partir da análise dos cromatogramas de massa m/z 191 (FIGURA 4.4) e dos cromatogramas de massa das outras unidades estão no APÊNDICE. Foi observado que a abundância relativa destes compostos em todas as unidades, independentemente do nível de salinidade da água de formação, foi diminuindo ao longo do leito carreador, quando se compararam as subunidades Base e Topo. Esta comparação só pôde ser realizada porque as frações de hidrocarbonetos saturados de cada subunidade foram analisadas sob uma mesma concentração a partir de 13 mg de óleo livre. 56 FIGURA 4.4: Sobreposição dos perfis cromatográficos de terpanos policíclicos do óleo livre das subunidades Base e Topo dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 (A) e A2 (B). A avaliação das interações dos terpanos policíclicos, ao longo do leito de ascensão capilar, foi realizada através do cálculo das razões desses biomarcadores, já relatadas em outras publicações, envolvendo estudos sobre as interações de compostos biomarcadores com a fase mineral e água de formação em reservatórios de petróleo (PAN et al., (2005); PAN et al., (2003); FAN & PHILP (1987); MOLDOWAN et al., (1983); SEIFERT e MOLDOWAN (1978 e 1981)). A partir dos resultados presentes na TABELA 4.7, foi possível verificar que não ocorreram variações nas seguintes razões: C23-TTR/ (C23-TTR + C30-H), Σ(TTR)/Σ(TPE), C29-H/ C30-H, Ts/ Tm, Ts/ C29-H, C21-TTR/ C22-TTR e ((C21+C22) / (C28+C29)) TTR. Além disso, verificou-se que o comportamento destas razões em função da variável salinidade da água de formação foi o mesmo. A razão C23-TTR/ (C23-TTR + C30-H) foi utilizada por PAN et al. (2005), na avaliação das interações de compostos do petróleo com argilominerais e no estudo 57 da migração preferencial de componentes do petróleo utilizando testemunhos, que foram obtidos de um mesmo campo petrolífero, mas em profundidades diferentes. PAN et al.(2005) identificaram valores maiores desta razão para o óleo livre quando comparado com o óleo adsorvido, em leito carreador que continha argilominerais. Na presente pesquisa, tal razão além de não apresentar variações ao longo do leito carreador carbonático, também não variou quando se avaliou os dois níveis de salinidade da água de formação sintética. Segundo FAN & PHILP (1987), pode ocorrer a migração preferencial de terpanos tricíclicos em relação aos terpanos pentacíclicos em leitos carreadores siliciclásticos, o que não foi percebido pela razão Σ(TTR)/Σ(TPE) nesta presente pesquisa, que envolve a ascensão capilar do óleo em leitos carreadores carbonáticos. A2 MEIO BASE C21TTR / C22TTR TOPO (C21+C22) / C(28+29) TTR BASE C29-H / C30-H MEIO Σ(TTR) / Σ(TPE) A1 Ts/ C29-H TOPO Ts/ Tm ÁGUA DE FORMAÇÃO SINTÉTICA C23-TTR / (C23TTR+ C30H) TABELA 4.7: Média dos resultados das razões de terpanos policíclicos do óleo livre após a ascensão capilar em amostras de estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 e A2 0,63 ± 0,02 0,55 ± 0,00 0,55 ± 0,00 0,57 ± 0,02 0,54 ± 0,02 0,55 ± 0,00 0,64 ± 0,06 0,46 ± 0,01 0,42 ± 0,01 0,51 ± 0,01 0,45 ± 0,00 0,47 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,17 ± 0,00 0,15 ± 0,00 0,18 ± 0,00 0,16 ± 0,00 0,16 ± 0,00 2,04 ± 0,12 1,99 ± 0,04 1,99 ± 0,07 2,02 ± 0,04 1,90 ± 0,02 1,99 ± 0,01 0,91 ± 0,03 0,83 ± 0,01 0,88 ± 0,04 0,88 ± 0,00 0,84 ± 0,01 0,83 ± 0,00 1,07 ± 0,13 1,59 ± 0,07 1,78 ± 0,04 1,25 ± 0,16 1,46 ± 0,04 1,60 ± 0,03 5,50 ± 0,06 5,71 ± 0,25 5,80 ± 0,03 5,91 ± 0,25 6,28 ± 0,16 5,80 ± 0,03 TTR: terpanos tricíclicos; TPE: terpanos pentacíclicos; H: Hopano; Ts: C27-18α(H)-22,29,30Trisnorneohopano e Tm: C27-17α(H)-22, 29, 30 Trisnorhopano. Com o objetivo de avaliar o comportamento de esteranos ao longo do leito carreador, foram analisados os perfis cromatográficos de íon massa m/z 217 de óleo 58 livre de subunidades das amostras de estromatólitos, saturadas com água de formação de baixa salinidade (E1A1 e E2A1) e a outra com elevada salinidade (E3A2 e E4A2) apresentados no APÊNDICE. A partir dos perfis cromatográficos, correspondentes à Base e ao Topo de E2A1 e E4A2, foram plotadas sobreposições para efeito de comparação (FIGURA 4.5). Esta comparação só pôde ser realizada porque as frações de hidrocarbonetos saturados de cada subunidade, Topo e Base, das unidade E2A1 e E3A2 foram analisadas sob a mesma concentração. A análise feita a partir da abundância relativa revelou uma diminuição dos esteranos da Base para o Topo. Este comportamento foi similar para os dois tipos de água de formação, ou seja, não foi verificado a influência da salinidade sobre as interações que ocorreram ao longo do leito carreador (FIGURA 4.5 A e B) FIGURA 4.5: Sobreposições de perfis cromatográficos de esteranos no óleo livre das subunidades (Base e Topo) dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 (A) e A2 (B) Vários pesquisadores (PAN et al., (2005); PAN et al., (2003); SCHWARK et al.,(1997); WILHELMS et al., (1996); SEIFERT & MOLDOWAN (1981); FAN & PHILP 59 (1987); CARLSON & CHAMBERLAIN (1986) verificaram a utilidade das razões entre esteranos na avaliação da distância de migração do petróleo e nas interações rochafluidos, tanto em campos de petróleo como em escala de laboratório. A análise dos perfis cromatográficos, apresentados na FIGURA 4.5, levou ao cálculo de razões entre os esteranos com o objetivo de avaliar suas interações ao longo do leito carreador durante a ascensão capilar. Os resultados podem ser vistos nas TABELAS 4.8 e 4.9. C27/ (C27+ C28 + C29) ααα-20R e 20S C28/ (C27+ C28 + C29) ααα-20R e 20S C29 / (C27+ C28 + C29) ααα-20R e 20S αββ / (αββ + ααα)E (20S / (S + R)) C29E Água de formação sintética C27-DIA/ C27- E C21 / (C21 + ΣC29) E TABELA 4.8: Resultados médios das razões entre esteranos do óleo livre das subunidades de estromatólitos saturadas com água de formação A1 e A2. 0,49 0,82 0,54 0,35 0,49 0,13 0,39 ± ± ± ± ± ± ± 0,11 0,16 0,00 0,00 0,00 0,02 0,02 0,24 0,62 0,56 0,35 0,49 0,11 0,39 ± ± ± ± ± ± ± A1 MEIO 0,02 0,02 0,01 0,02 0,00 0,00 0,00 0,25 0,59 0,58 0,34 0,51 0,11 0,38 ± ± ± ± ± ± ± BASE 0,00 0,01 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00 0,24 0,63 0,59 0,34 0,49 0,15 0,36 ± ± ± ± ± ± ± TOPO 0,06 0,02 0,02 0,00 0,00 0,00 0,01 0,48 0,63 0,50 0,42 0,51 0,10 0,39 ± ± ± ± ± ± ± A2 MEIO 0,11 0,02 0,06 0,08 0,01 0,00 0,00 0,21 0,66 0,49 0,42 0,48 0,11 0,41 ± ± ± ± ± ± ± BASE 0,01 0,06 0,05 0,05 0,01 0,00 0,01 * C (27, 28 ou 29) 5α,14α,17α, (colestano, ergostano ou estigmastano) 20(R ou S); E-Esteranos; DIADiaesteranos. TOPO Os valores das razões dos esteranos avaliadas por subunidades após a ascensão capilar: C21 /(C21 + ΣC29)E, αββ/ (αββ + ααα) ER, (20S / (S + R)) C29-E, C27-DIA/ C27- ER, C27/ (C27+ C28 + C29) ααα-20R, C28/(C27+ C28 + C29) ααα20R e C29/(C27+ C28 + C29) ααα 20R se mantiveram praticamente constantes ao longo do leito carreador, independentemente do nível de salinidade da água de formação utilizada na saturação. Segundo PAN et al., (2005), a adsorção seletiva de esteranos em argilominerais pode provocar variações na razão C21 /(C21 + ΣC29)E ao longo do leito de migração. Com relação ao uso da razão C27-DIA / C27-ER, SEIFERT & MOLDOWAN (1981) 60 sugeriram, após a realização de pesquisas em laboratório, a sua aplicação em estudos sobre adsorção durante a migração em leitos carreadores que contém argilominerais. Além disso, PAN et al., (2005) verificaram que a variação dessa razão durante a migração pode ser atribuída à adsorção seletiva sobre superfícies contendo argilominerais. Divergindo desses autores, SCHWARK et al.(1997) e WILHELMS et al., (1996) não encontraram uma tendência de comportamento dessa razão ao longo do leito de migração formado por quartzo, calcita, dolomita, feldspato e argilominerais (caolinita, ilita, entre outros). A razão 20S/(20S+20R)C29E foi estudada por CARLSON & CHAMBERLAIN (1986) e SEIFERT & MOLDOWAN (1981), os quais sugeriram que as variações observadas poderiam indicar a migração mais rápida do esterano C29E(20S) em relação ao seu estereoisômero C29E(20R) em um meio contendo argilominerais. Quanto à razão αββ/ (αββ + ααα), SCHWARK et al., (1997) e WILHELMS et al., (1996) não observaram nenhuma variação, ou seja, não foi verificada a adsorção seletiva dos isômeros no leito migração. Entretanto, alguns autores como CARLSON & CHAMBERLAIN (1986); SEIFERT & MOLDOWAN (1981) reconheceram um enriquecimento relativo dos compostos ββ no óleo com o aumento da distância de migração em reservatórios reais, por isso sugeriram seu uso como uma ferramenta nos estudos de interação rocha-fluidos e de distância de migração de petróleo. Na presente pesquisa foi testado o uso de razões entre esteranos com o objetivo de verificar a adsorção diferencial destes compostos ao longo do leito carreador carbonático, entretanto, não foram observadas alterações destas razões. Ainda estudando o comportamento dos esteranos, foram calculadas as razões envolvendo os isômeros S e R de C27-C29, que podem ser relacionadas ao trabalho de CARLSON & CHAMBERLAIN (1986), o qual analisou o comportamento do C29E(20S) em relação ao seu estereoisômero C29E(20R). Os valores médios destas razões estão apresentados na TABELA 4.9. 61 C29- αββ- 20S/ C29- αββ- 20R BASE C29- ααα- 20S/ C29- ααα- 20R MEIO C28- αββ- 20S/ C28- αββ- 20R A1 C28- ααα- 20S/ C28- ααα- 20R TOPO C27-αββ- 20S/ C27- αββ- 20R Àgua de formação sintética C27-ααα- 20S/ C27- ααα- 20R TABELA 4.9: Resultados médios da razão 20S/ 20R de esteranos (C27-C28-C29) do óleo livre das subunidades de estromatólitos, saturados com água de formação A1 e A2. 0,81 ± 0,05 0,96 ± 0,02 0,87 ± 0,03 0,70 ± 0,03 0,34 ± 0,13 0,29 ± 0,01 0,66 ± 0,22 0,22 ± 0,00 1,69 ± 0,04 1,95 ± 0,02 0,64 ± 0,15 0,62 ± 0,02 0,92 ± 0,04 0,77 ± 0,04 0,31 ± 0,04 0,33 ± 0,03 2,16 ± 0,05 0,62 ± 0,00 0,86 0,82 0,22 0,51 1,76 0,75 ± ± ± ± ± ± 0,00 0,07 0,02 0,20 0,10 0,14 0,96 0,70 0,22 0,22 1,97 0,45 A2 MEIO ± ± ± ± ± ± 0,04 0,03 0,07 0,02 0,08 0,16 1,03 0,60 0,31 0,27 1,80 0,43 BASE ± ± ± ± ± ± 0,17 0,11 0,01 0,01 0,01 0,13 * C (27, 28 ou 29) 5α, 14(α ou β), 17(α ou β), (colestano, ergostano ou estigmastano) 20(R ou S) TOPO A análise dos resultados mostrou que as razões envolvendo os isômeros S e R de C27-C29 não sofreram variações significativas ao longo de leito do leito carreador após a ascensão capilar e que também não se comportaram de maneira diferenciada em relação aos dois níveis de salinidade da água de formação, mostrando que esses isômeros se comportaram de forma semelhante ao atravessar o leito carreador carbonático. Estes resultados, de não variação das razões de hidocarbonetos saturados (nalcanos, terpanos policiclícos e esteranos) ao longo do leito carreador, provavelmente podem ser explicados: Pela pequena extensão do leito carreador (cerca de 10 cm). Pelo pequeno intervalo de tempo de ascensão capilar (60 dias), e pela ausência de argilominerais, os quais não foram detectados pela análise por difração de Raio X nas amostras de rocha carbonática tipo estromatólito. Através das informações apresentadas na TABELA 2.3, os argilominerais tem maior capacidade de adsorção de resinas/asfaltenos quando comparados à calcita e ao quartzo (detectados nos estromatólitos). Segundo WILHELMS et al., (1996) e SCHWARK et al., (1997) a 62 adsorção de compostos polares (como as resinas e os asfaltenos) ao longo da migração, pode aprisionar outros componentes do petróleo sobre os leitos carreadores. Os hidrocarbonetos aromáticos e compostos aromáticos portadores de enxofre foram avaliados para verificar suas interações com os dois tipos de água de formação sintética e/ou rocha. Por serem possuídores de características moleculares diferentes dos hidrocarbonetos saturados, esperava-se que fossem percebidas diferenças no seu comportamento ao longo do leito carreador. Foram estudados os isômeros de posição do metil-fenantreno, através do íonmassa 192, e os isômeros de posição de metil-dibenzotiofeno, através do íon-massa 198, presente no óleo livre das unidades E2A1 e E2A1 (água de formação A1), e E3A2 e E4A2 (água de formação A2) (APÊNDICE). A partir dos perfis cromatográficos dos isômeros de metil-fenantreno foram feitas sobreposições para efeito de comparação, apresentadas na FIGURA 4.6 e FIGURA 4.7. FIGURA 4.6: Sobreposições de perfis cromatográficos dos isômeros de metilfenantreno presentes no óleo livre das subunidades (Base e Topo) dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1(A) e A2(B). A análise desses compostos mostrou algumas diferenças entre as subunidades Base e Topo, evidenciando um maior conteúdo de metil-fenantrenos na Base, independentemente do nível de salinidade da água de formação sintética (FIGURA 4.6). Da mesma forma, quando se analisou os isômeros de metil-dibenzotiofeno, através da sobreposição dos perfis cromatográficos, apresentados na FIGURA 4.7, verificou-se também a diminuição da concentração desses compostos da Base para o Topo. 63 FIGURA 4.7: Sobreposições de perfis cromatográficos de isômeros de metildibenzotiofenos presentes no óleo livre das subunidades (Base e Topo) dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 (A) e A2 (B). Os isômeros de metil-fenantreno apresentaram um comportamento muito similar ao longo do leito carreador, e independentemente do tipo de água de formação usado na saturação. Também foi verificado que os isômeros de metil-dibenzotiofeno apresentaram um comportamento similar quando comparado unidades saturadas com os diferentes tipos de água de formação. A avaliação do fracionamento composicional dos isômeros de metil-fenantreno e de metil-dibenzotiofeno, foi realizada através do uso de razões entre os isômeros previamente definidas por GEORGE et al.,(2004), HWANG et al., (2002) e RADKE & WELTE, (1983), que usaram em suas pesquisas a razão RMDBT (razão de metildibenzotiofenos) e outras razões envolvendo os isômeros de metil-fenantreno. BROTHERS & ENGEL, (1991) estudaram o fracionamento composicional ao longo da do leito carreador em um campo de petróleo, utilizando o n-alcano n-C16 em relação ao dibenzotiofeno e ao 2-metil-fenantreno. Os resultados mostraram um enriquecimento do n-C16 sobre os compostos que continham anéis aromáticos, sugerindo que as razões n-C16/DBT e n-C16/2-metil-fenantreno pudessem ser usadas como indicadores de distância de migração ou em estudos geocromatográficos. Nesta presente pesquisa optou-se por utilizar as razões estudadas por BROTHERS et al., (1991), alterando o representante dos n-alcanos de n-C16 para nC17, e ao invés de se utilizar o dibenzotiofeno (DBT), trabalhou-se com somátório dos isômeros metilados (4, 2/3 e 1) de metil dibenzotiofeno. Portanto, as razões modificadas passaram a ser n-C17/ 2-metil-fenantreno e n-C17/ Σ(metildibenzotiofenos). A escolha da razão RMF (razão de 9-metil-fenantreno/ 164 metil-fenantreno) foi uma alternativa para avaliar o fracionamento composicional através do leito de migração carbonático, já que foi utilizado na caracterização de óleos de inclusões fluidas em arenitos durante a migração secundária (GEORGE et al., 2004). Foram usadas também as razões de 4-metil-dibenzotiofeno/1-metildibenzotiofeno (RMDBT) e uma razão envolvendo os 4 isômeros de metilados do fenantreno (1,5* (2-MF + 3- MF)/ (1-MF + 9-MF)), esta última como uma adaptação do trabalho de GEORGE et al., (2004). Optou-se pelo uso destas razões para verificar o comportanto dos isômeros nas subunidades dos estromatólitos saturados com os dois tipos de água de formação sintética. Os resultados obtidos para as razões entre compostos aromáticos, sulfurados e n-alcanos descritas anteriormente foram resumidos na TABELA 4.10. As razões IMF, RMF e RMDBT permaneceram praticamente constantes ao longo do leito de carreador, assim como para as razões que envolviam compostos de uma mesma classe de hidrocarbonetos saturados, como os terpanos policíclicos e esteranos (TABELA 4.8). Desta forma, os resultados mostraram que não houve interação seletiva entre os isômeros de posição do metil-fenantreno e do metil-dibenzotiofeno, mesmo levando em consideração os diferentes níveis de salinidade das águas de formação usadas na saturação das unidades de estromatólitos. 65 TABELA 4.10: Resultado dos valores das razões de isômeros de metil-fenantreno, metil-dibenzotiofeno e de n-C17 do óleo livre nas subunidades saturadas com água de formação sintética A1 e A2. Àgua de formação sintética Razão TOPO A1 MEIO BASE TOPO A2 MEIO BASE IMF RMF n-C17 / 2-MF RMDBT n-C17 / ΣMDBT 1,55 ± 0,03 1,48 ± 0,09 1,41 ± 0,01 1,98 ± 0,25 1,62 ± 0,36 1,44 ± 0,06 1,22 ± 0,03 1,24 ± 0,08 1,20 ± 0,01 1,33 ± 0,01 1,21 ± 0,00 1,21 ± 0,02 12,39 ± 7,40 24,48 ± 0,39 36,10 ± 4,52 27,08 ± 0,78 26,40 ± 3,48 31,81 ± 1,45 1,88 ± 0,02 2,29 ± 0,06 2,05 ± 0,03 2,66 ± 0,23 1,99 ± 0,16 2,10 ± 0,11 20,08 ± 12,01 29,54 ± 5,00 50,16 ± 4,00 35,59 ± 8,90 56,53 ± 24,85 46,60 ± 2,92 n-C17 / Σ MBDT = n-C17 / Σ metil-dibenzotiofenos, RMF= 9-metil-fenantreno/ 1-metilfenantreno, IMF=1,5* (2MF+3MF)/ (1MF+9MF), RMDBT= 4-MBDT/ 1-MBDT e n-C17 / 2-MF = n-C17 / 2-metil-fenantreno. Entretanto, quando foi estudado o comportamento dos n-alcanos em relação aos compostos aromáticos, foi verificada a diminuição de 78% e 40% para as razões de n-C17 / 2-MF e n-C17 / Σ MDBT, respectivamente, ao longo do leito do leito carreador saturado com água de formação sintética A1. O mesmo comportamento foi percebido, com menor intensidade (15% e 24%, respectivamente), para as unidades saturadas com água de formação sintética A2, mais salina. Estes resultados podem estar relacionados com a menor solubilidade dos isômeros metilados de fenantreno e de dibenzotiofeno na água de formação A2. Portanto, foram verificadas interações diferenciadas entre os hidrocarbonetos saturados e compostos aromáticos com as diferentes águas de formação. Segundo PRICE, (1976), a solubilidade de hidrocarbonetos aromáticos diminui drasticamente com o aumento do nível de salinidade de águas de formação em campos de petróleo. E ainda, BENNETT & LARTER (1997) e PRICE (1976) verificaram que a presença de átomo(s) de enxofre 66 em uma molécula orgânica aumentou sua solubilidade em água. Assim, entre os três tipos de compostos do petróleo usados como parâmetros de controle do fracionamento composicional durante a ascensão capilar em leitos carreadores carbonáticos, tem-se a seguinte ordem crescente de solubilidade: n-C17 < metilfenantreno < metil-dibenzotiofeno. Os resultados das razões entre espécies de hidrocarbonetos saturados (C21+C22)/ C(28+29)TTR, C21/(C21+ΣC29)E, C29-ααα-20S/ C29-ααα-20R (TABELA 4.7, 4.8 e 4.9), e de compostos aromáticos n-C17 /2-MF e n-C17 /ΣMDBT (TABELA 4.10) das subunidades Base, Meio e Topo, foram plotadas em um diagrama estrela, em função da variável salinidade da água de formação (FIGURA 4.8). Diante dos resultados das razões calculadas para os compostos biomarcadores saturados e aromáticos foi possível verificar graficamente que, independentemente, da salinidade da água de formação sintética, na Base das amostras de estromatólitos as interações com o filme de água salina e a rocha foram similares. As razões envolvendo compostos policíclicos saturados também não evidenciaram o fracionamento composicional durante os 60 dias de ascensão capilar. Por outro lado, somente as razões envolvendo n-C17, metil-fenantrenos e metil-dibenzotiofenos indicaram um fracionamento composicional do petróleo da Base para o Topo do leito carreador carbonático, sendo possível verificar também, diferenças de interação entre os metil-fenantrenos e metil-dibenzotiofenos com os dois tipos de águas de formação nas subunidades e/ou rocha carbonática. Sendo assim, estes resultados mostram um indício de que os componentes do petróleo, entre si, estão envolvidos em distintas interações com esta rocha carbonática do tipo estromatólito, a qual ainda é pouco estudada quanto suas interações com os diferentes fluidos do reservatório de petróleo e quanto a sua molhabilidade. 67 1 Topo A1 6 5 4 3 2 1 0 5 A2 2 4 1- n-C17 /ΣMDBT(x10) 2- n-C17 /2-MF (x10) 3- (C21+C22) / C(28+29) TTR 4- C29- ααα- 20S/ C29- ααα- 20R 5- C21 / (C21 + ΣC29)E 3 1 Meio 6 5 4 3 2 1 0 5 2 4 Base 3 6 5 4 3 2 1 0 5 4 1- n-C17 /ΣMDBT(x10) 2- n-C17 /2-MF (x10) 3- (C21+C22) / C(28+29) TTR 4- C29- ααα- 20S/ C29- ααα- 20R 5- C21 / (C21 + ΣC29)E 1 2 1- n-C17 /ΣMDBT(x10) 2- n-C17 /2-MF (x10) 3- (C21+C22) / C(28+29) TTR 4- C29- ααα- 20S/ C29- ααα- 20R 5- C21 / (C21 + ΣC29)E 3 FIGURA 4.8: Diagramas tipo estrela das razões de n-C17 e compostos aromáticos (isômeros de metil-fenantreno e metil-dibenzotiofeno) e razões entre hidrocarbonetos saturados (terpanos policíclicos e esteranos) do óleo livre das subunidades (Base, Meio e Topo) em função da salinidade da água de formação A1 e A2. 68 4.5. CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO ADSORVIDO. Nesta etapa da pesquisa foi realizado o estudo das interações entre óleo adsorvido - água de formação sintética- rocha carbonática, isto é, aquele óleo que não foi removido das subunidades de estromatólitos pela extração Soxhlet. Assim, o óleo adsorvido nos poros saturados com água de formação pode ser considerado como aquele que os métodos de recuperação de petróleo em reservatório dificilmente conseguiriam remover. A composição química do óleo adsorvido nas subunidades (Base, Meio e Topo), das amostras de estromatólito saturadas com a água de formação sintética A1 e A2, foi estudada após as subunidades serem submetidas à extração térmica (ET-CG/EM). Na extração térmica, as subunidades foram aquecidas a 320°C para que fosse estimulado o processo de dessorção dos componentes do petróleo, que poderiam estar interagindo com a fase mineral, com o filme de água existente e/ou com os asfaltenos adsorvidos na fase mineral. Foi escolhida a temperatura máxima de 320ºC para extração térmica, com objetivo de não alterar a estrutura dos asfaltenos por degradação térmica. Após este processo, o óleo foi separado e caracterizado utilizando a cromatografia em fase gasosa e espectrometria de massas. A avaliação da composição química do óleo adsorvido foi realizada utilizando-se os mesmos compostos biomarcadores analisados para o óleo livre já apresentados no Item 4.4, entretanto, não puderam ser detectados os terpanos policíclicos e esteranos em função de sua baixa concentração no óleo adsorvido. Como resultado da análise por extração térmica e da avaliação dos cromatogramas dos íons massa, m/z 85 e m/z 192, foi possível verificar que somente as subunidades Base das amostras de estromatólitos apresentaram quantidades detectáveis de hidrocarbonetos saturados, representados pelos n-alcanos, e compostos aromáticos adsorvidos nos poros da rocha, após 60 dias de ascensão capilar. Este resultado pode ter sido consequência do pouco tempo de ascensão capilar, insuficiente para promover um maior fluxo de ascensão capilar e interações rocha- água de formação- óleo mais efetivas, como normalmente se observa em reservatórios reais de petróleo. Para a avaliação dos n-alcanos presentes no óleo adsorvido na Base das amostras de estromatólitos saturados com os dois tipos de água de formação, foi plotado o gráfico apresentado na FIGURA 4.9. 69 µg de n- alcano/ g de rocha 8,00 A1 7,00 A2 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 n-C30 n-C29 n-C28 n-C27 n-C26 n-C25 n-C24 n-C23 n-C22 n-C21 n-C20 n-C19 n-C18 n-C17 FIGURA 4.9: Gráfico do teor médio de n-alcanos (n-C17 a n-C30) adsorvidos na Base dos estromatólitos saturados com água de formação sintética A1 e A2. A avaliação dos resultados mostrou um conteúdo de n-alcanos de n-C20 a nC26 no óleo adsorvido nas amostras de estromatólitos saturadas com a água de formação A1 e A2, provavelmente, em função de seu maior peso molecular quando comparado aos compostos da faixa de n-C17 a n-C20, que estavam também presentes no óleo livre. Com relação à concentração de n-alcanos no óleo adsorvido, verificou-se que estes estavam um pouco mais concentrados nas subunidades Base saturadas com água de formação A1 do que aqueles saturados com A2. Isto pode ser respondido em função da maior solubilidade dos compostos polares (resinas) na água de formação A1, o que favoreceria sua adsorção sobre a rocha carbonática e o aprisionamento de n-alcanos na superfície de resinas e asfaltenos (WILHELMS et al., (1996) e SCHWARK et al., (1997)). Além dos fenômenos de partição e adsorção sofridos pelo óleo ao longo do leito carreador, ZHANG & AUSTAD (2006) e STRAND et al., (2006) verificaram que os íons de carga dupla, quando em contato com a rocha carbonática, podem interferir nas interações fluidos/rocha e/ou na molhabilidade de rocha carbonática ao óleo. Desta forma, a maior concentração de íons de carga dupla, na água de formação A2, pode ter favorecido interações mais efetivas destes com a fase mineral, em detrimento dos componentes mais polares do petróleo. Estas possíveis interações podem ter contribuído para a menor concentração de n-alcanos aprisionado nas subunidades Base saturadas com água de formação mais salina. Com o objetivo de comparar a concentração dos n-alcanos presentes no óleo livre com o óleo adsorvido na subunidade Base das amostras de estromatólitos, após 70 os 60 dias de ascensão capilar, para os dois níveis de salinidade, foram plotados os BASE- Saturação com a Água de Formação A1 80 A 70 60 Óleo Adsorvido 50 Óleo Livre 40 30 20 10 n-C29 n-C28 n-C27 n-C26 n-C25 n-C24 n-C23 n-C22 n-C21 n-C20 n-C19 n-C18 0 n-C17 µg de n-alcano / g de rocha gráficos apresentados na FIGURA 4.10. µg de n-alcano / g de rocha BASE- Saturação com a Água de Formação A2 80 B 70 60 Óleo Adsorvido 50 Óleo Livre 40 30 20 10 n-C29 n-C28 n-C27 n-C26 n-C25 n-C24 n-C23 n-C22 n-C21 n-C20 n-C19 n-C18 n-C17 0 FIGURA 4.10: Gráfico comparativo da concentração dos n-alcanos presentes no óleo livre e no óleo adsorvido nas subunidades Base saturadas com os dois tipos de água de formação A1(A) e A2(B). Foi verificado que o óleo livre apresentou maior teor de n-alcanos (µg de nalcano / g de rocha) leves, chegando a estar ligeiramente mais concentrado no óleo livre da Base saturada com água de formação A1 (menos salina) (FIGURA 4.10 A e 71 B). Já o óleo adsorvido (FIGURA 4.10 A e B) apresentou-se mais concentrado em nalcanos mais pesados, principalmente nas Bases saturadas com água de formação A1. Portanto, parece ter ocorrido a adsorção seletiva de n-alcanos de cadeias mais longas, estando, possivelmente, adsorvidos sobre a superfície dos poros da rocha carbonática, ou aprisionados nas estruturas moleculares dos asfaltenos adsorvidos. Interessado na verificação das possíveis interações existentes entre o n-alcano n-C17 e os isômeros de metil-fenantreno do óleo adsorvido com a superfície mineral da subunidade Base saturada com as águas de formação (A1 e A2), após os 60 dias de ascensão capilar, foram plotados os gráficos apresentados na FIGURA 4.11. Base Saturada com água de formação A1 50,0 A Óleo adsorvido Óleo livre 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 n-C17/3-MF n-C17/2-MF n-C17/9-MF n-C17/1-MF Base Saturada com água de formação A2 50,0 B Óleo adsorvido Óleo livre 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 n-C17/3-MF n-C17/2-MF n-C17/9-MF n-C17/1-MF FIGURA 4.11: Gráfico comparativo dos valores médios das razões de n-C17 em relação aos isômeros de metil-fenantreno presentes no óleo livre e no óleo adsorvido oriundos das subunidades Base saturadas com água de formação A1(A) e A2 (B). Nestes gráficos, foram comparados os valores médios obtidos para as razões n-C17/3-MF, n-C17/9-MF, n-C17/2-MF e n-C17/1-MF do óleo livre e do óleo adsorvido, 72 como objetivo de contrastar as interações destes compostos ao longo do leitor carreador carbonático. Observou-se que, independentemente do nível de salinidade da água de formação, os valores das razões foram maiores para o óleo livre, confirmando o baixo potencial de adsorção do n-C17 pela rocha carbonática. Além disso, não se verificou diferenças significativas de interação entre os quatro isômeros de posição de metil-fenantreno com a matriz mineral da rocha carbonática. 73 5. CONCLUSÕES A caracterização mineralógica das subunidades Base, Meio e Topo das amostras de estromatólitos, análogos recentes das rochas reservatórios da camada pré-sal brasileira, mostrou a presença dos minerais Calcita Magnesiana (70,3 %, 86,0% e 95,9 %); Quartzo (20,1%, 8,9% e 3,0%) e Aragonita (9,6 %, 5,1% e 2,6 %), respectivamente. Em função do elevado conteúdo de calcita magnesiana presente nas subunidades, as amostras de estromatólitos puderam ser consideradas leitos carreadores de composição mineral homogênea, facilitando as avaliações das interações óleo-água de formação-rocha, realizadas nesta pesquisa. O uso de razões indicadoras do fracionamento composicional do óleo, envolvendo somente hidrocarbonetos saturados (n-alcanos, terpanos policíclicos e esteranos) ou compostos aromáticos (isômeros de metil fenantreno e de metil dibenzotiofeno), ao longo do leito carreador, não se mostrou eficiente nas condições experimentais conduzidas pela presente pesquisa. Entretanto, foi verificado que os valores obtidos para as razões n-C17 /2-MF e n-C17 /ΣMDBT diminuiram da Base para Topo, indicando que essas razões poderiam ser usadas na avaliação das interações de componentes de um óleo através de leitos carreadores carbonáticos. A avaliação do efeito do nível de salinidade da água de formação sobre o fracionamento composicional do óleo livre foi realizada através do uso das razões nC17/2-MF e n-C17/ΣMDBT. Nas unidades de ascensão capilar saturadas com a água de formação sintética A1, menos salina, houve uma diminuição de 60% nos valores destas razões, enquanto que naquelas saturadas com a água de formação sintética A2, mais salina, a diminuição foi de 20%, da Base para o Topo. Este efeito pode ser atribuído a menor solubilidade dos componentes aromáticos na água de formação menos salina A2, provocando menores variações desta razão ao longo do leito carreador. Portanto, sugere-se que o nível de salinidade da água de formação pode interferir nas interações existentes entre óleo – água de formação – rocha, alterando sua molhabilidade ao óleo. A caracterização geoquímica do óleo adsorvido nas subunidades Base, saturadas com águas de formação A1 e A2, indicou que os n-alcanos de maior massa molecular (n-C20 a n-C26) ficaram mais retidos. Conclui-se que as rochas carbonáticas tem baixo potencial de adsorção de n-alcanos, independentemente do nível de salinidade da água. 74 5.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Utilizar um Core Holder para proporcionar um fluxo similar ao existente em um reservatório de petróleo, favorecendo as condições de pressão e de temperatura do reservatório. Utilizar várias composições da água de formação sintética (variando o teor de íons de carga dupla positiva e negativa) na saturação inicial, com o objetivo de verificar as interações óleo - água de formação - rocha e a tendência da molhabilidade dos estromatólitos. Já foi relatado por vários autores que estes íons presentes na água de injeção podem alterar a molhabilidade da rocha carbonática e incrementam positivamente a recuperação avançada de petróleo. Estudar a molhabilidade dos carbonatos do tipo estromatólito. Analisar a capacidade de adsorção das rochas carbonáticas do tipo estromatólito e outro tipo de rocha carbonática, utilizando modelos de isotermas (por exemplo, Langmuir). A capacidade de adsorção deverá ser testada para hidrocarbonetos saturados, aromáticos e compostos polares. Entre os compostos polares merecem destaque, compostos nitrogenados (carbazóis) e oxigenados (fenóis e ácidos carboxílicos). 75 5.2. PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS PACHECO R. C. and SOUZA E. S. (2013) Comparative study of oil composition changes during migration processes in stromatolite and sandstone carriers beds. 26TH INTERNATIONAL MEETING ON ORGANIC GEOCHEMISTRY (IMOG, 2013) Tenerife (Spain). PACHECO R. C. & SOUZA E. S. (2013) Estudo comparativo das mudanças composicionais do óleo durante o processo de migração em leitos carreadores carbonáticos (análogos recentes do pré-sal) e areníticos. ENGEP 2013, Macaé-RJ. PACHECO R. C. & SOUZA E. S. (2013). Estudo das mudanças composicionais do óleo durante o processo de migração em leitos carreadores carbonáticos (análogos recentes do pré-sal). XII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO. Campos dos GoytacazesRJ. 76 5.3. PREMIAÇÕES PACHECO R. C. & SOUZA E. S. (2013). Estudo das mudanças composicionais do óleo durante o processo de migração em leitos carreadores carbonáticos (análogos recentes do pré-sal). XII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO. Campos dos GoytacazesRJ. (Trabalho premiado em 1º Lugar da categoria Mestrado) 77 REFERÊNCIAS AHR, W. M. (2008) Geology of Carbonate Reservoirs: the identification, description, and characterization of hydrocarbon Reservoirs in Carbonate Rocks. New Jersey: John Wiley & Sons, 277p. ALOTAIBI, M. B.; NASRALLA R. A.; NASR-EL-DIN H. A. (2010) Wettability Challenges in Carbonate Reservoirs, Society of Petroleum Engineers SPE-129972-MS. ANDERSON, W. G. (1986). Wettability Literature Survey- part 2: Wettability Measurement. Journal of petroleum Science and Engineering: 1246-1262. ARCHILHA, N. L. (2012) Caracterização Mineralógica e Petrofísica de Estromatólitos da Lagoa Salgada. IX semana de ciência e Tecnologia e IV mostra de Extensão IFFUENF-UFF, Campos dos Goytacazes- RJ. AZEVEDO, D. A, SILVA, T. 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Cromatogramas do íon-massa 191 para análise de terpanos policíclicos dos óleos livres das subunidades de E1A1, E2A1, E3A2 e E4A2. 91 E3A2 Base Meio Topo E1A1 E4A2 Base Meio Topo E2A1 Figura 3. Cromatogramas do íon-massa 217 para análise dos esteranos dos óleos livres das subunidades de E1A1, E2A1, E3A2 e E4A2. 92 E3A2 Base Meio Topo E1A1 E4A2 Base Meio Topo E2A1 Figura 4. Cromatogramas do íon-massa 192 para análise de isômeros de metilfenantreno (hidrocarbonetos aromáticos) das subunidades de E1A1, E2A1, E3A2 e 93 E4A2. E4A2 Base Meio Topo E1A1 E3A2 Base Meio Topo E2A1 Figura 5. Cromatogramas do íon-massa 198 para análise de isômeros de metildibenzotiofeno dos óleos livres das subunidades de E1A1, E2A1, E3A2 e E4A2. 94 95 Base E3A2 Base E2A1 Base E4A2 n-C17 n-C17 Base E1A1 Figura 6. Cromatogramas do íon massa 85 para análise n-alcanos dos óleos adsorvidos da subunidade Base de E1A1, E2A1, E3A2 e E4A2. Base E1A1 Base E2A1 Base E3A2 Base E4A2 Figura 7. Cromatogramas do íon massa 192 para análise metil-fenatrenos dos óleos adsorvidos das subunidades Base de E1A1, E2A1, E3A2 e E4A2. 96