A RADIOTERAPIA NA CURA DE CÂNCERES Elder Alves Moreira dos Santos – UNESC* Julho César Soares da Silva – UNESC** Karinn de Araújo Soares – UNESC*** Ronald Gerard Silva - UNESC **** INTRODUÇÃO A radioterapia vem sendo empregada no tratamento de tumores há mais de cem anos, registrando significativos avanços durante esse período. Suas limitações iniciais foram superadas, especialmente na primeira metade do século, com o desenvolvimento de novos equipamentos. Já seus mais recentes progressos podem ser atribuídos à informática, pela criação de softwares capazes de integrar imagens e realizar planejamentos inteiramente computadorizados, que aumentaram ainda mais sua eficácia e segurança. Hoje, radioterapia, cirurgia e quimioterapia correspondem às principais alternativas de tratamento do câncer, sendo cada vez mais utilizadas de forma combinada. Além delas hormônios e modificadores da resposta biológica têm lugar nesse arsenal terapêutico. A radioterapia é uma ferramenta bastante eficaz no tratamento do câncer, por ser o uso de radiações ionizantes com o objetivo de destruir ou inibir o crescimento de células com comportamento anormal no organismo, e é mais freqüêntimente empregada no tratamento do câncer, mas pode também ser utilizada no controle de processos inflamatórios e de tumores benignos. Quando bem indicada, os riscos envolvidos na sua utilização são amplamente superados pelos benefícios que os traz. Apesar disso, é comum pacientes demonstrarem certo receio, principalmente no período que antecede o inicio do tratamento. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa bibliográfica da literatura de diversos hospitais de câncer e de oncologia visando demonstrar às pessoas a importância do tratamento os seus benefícios e esclarecer as dúvidas daquelas que ainda não conhecem essa técnica de utilização de raios-X na “cura” dessas células anormais, porque se estima que cerca de 60% de todos os pacientes portadores de doenças malignas terão alguma indicação de radioterapia durante o curso de sua doença, seja com o objetivo curativo ou paliativo. FUNCIONAMENTO DA RADIOTERAPIA A radioterapia exerce seu efeito por alterações provocadas no interior das células que estão em divisão (mitoses sucessivas) e são especialmente sensíveis à ação dos raios ionizantes por apresentarem uma maior atividade metabólica. Um exemplo são os tumores malignos que são formados por células com capacidade de se multiplicar continuamente. Essas formas de ionização das células são teleterapia e a braquiterapia que podem ser utilizadas isoladamente ou de forma combinada. Teleterapia – radioterapia a longa distância A radioterapia é aplicada em parte bem localizada do corpo. São dadas principalmente usando feixes de raios-X de alta energia, de penetração profunda e megavoltagem, produzidos por grandes máquinas chamadas aceleradores lineares. Algumas vezes, feixes menos penetrantes, de baixa energia e ortovoltagem, produzidos por máquinas muito menores são usados para tratar crescimentos relativamente superficiais, principalmente cânceres de pele. Feixes de elétrons produzidos por aceleradores lineares também são usados para tratar tecidos superficiais. Todos esses métodos envolvem feixes de radiação iluminados de fora p/ dentro do corpo e são, algumas vezes, conhecidos como radioterapia externa. A radioterapia externa é dada na sala de tratamento, que tem paredes especialmente grossas (revertida de chumbo), para prevenir que a radiação saia dali. A máquina de tratamento é controlada por radioterapeutas. Eles ficam fora da sala enquanto administram o tratamento. Se permanecerem dentro com o paciente eles receberiam, ao longo de tempo doses que iram se acumulando da radiação difusa. Este tratamento é feito em ambulatório. É planejado de acordo com a necessidade de cada paciente e segue quatro etapas principais: • Consultório médico: Um médico radioterapêuta irá examiná-lo, fará uma série de perguntas para saber tudo o que tem ocorrido com você e pedirá alguns exames. • Reunião para definição de tratamento: No INCA, quando os exames estão prontos, é marcada uma reunião para estudo da sua doença. Diversos profissionais irão definir a forma e o tempo do tratamento. • Consulta para programação do tratamento: No INCA, para programar o tratamento é utilizado um aparelho chamado simulador. Atravez de radiografias, seu medico delimita a área a ser irradiada, marcando a pele com uma tinta vermelha. Afim de que a radiação atinja somente a área a ser tratada, em alguns casos, um molde de gesso ou de plástico poderá ser feito, para ajudar a manter a pessoa na mesma posição durante a aplicação. • Aplicação: São feitas pelo tempo definido por um medico. No INCA, você recebe um cartão contendo o nome do seu medico, o dia e a hora da aplicação local e o nome do aparelho onde será tratado. O numero de aplicações necessariamente pode variar de acordo com a extensão e a localização do tumor, dos resultados dos seus exames e do seu estado de saúde. Durante a aplicação você ficara sozinho na sala onde estarão os aparelhos, um técnico estará na sala de controle ao lado observando-o através de um vidro especial ou por meio de uma televisão. Você ficara deitado sob o aparelho, que estará direcionado para o traçado sobre a pele, numa posição determinada pelo técnico. E possível que sejam usados protetores de chumbo entre o aparelho e certas partes de seu corpo, para proteger os tecidos e órgãos sadios. Recomendações: Como a pele da área a ser tratada ficará descoberta durante a radiação, procure usar uma roupa que facilite despir-se e vestir-se. Não se mexa, para que a radiação não ultrapasse os limites da área que está senda tratada. Braquiterapia – radioterapia a curta distância A braquiterapia trata tumores da cabeça, do pescoço, das mamas, do útero, da tireóide e da próstata, as aplicações podem ser feitas em ambulatórios, sendo que no caso de tumores ginecológicos, há necessidade de hospitalização de pelo menos três dias. Há casos em que é necessário receber primeiro a teleterapia e depois a braquiterapia. Cada pessoa reage de forma diferente à radioterapia, sendo que a intensidade desses efeitos depende da dose do tratamento, da parte do corpo tratada, da extensão da área irradiada, do tipo de irradiação e do aparelho utilizado. Os efeitos indesejáveis mais freqüentes são os cansaços, a perda de apetite e as reações da pele. Geralmente aparecem na terceira semana de aplicações e desaparecem poucas semanas depois de terminado. Há casos, porem, que podem durar mais tempo. Na sua tese de doutorado em 1904, Madame Curie descreveu um experimento biológico em que ela colocava uma cápsula contendo rádio no braço do seu esposo e deixava por várias horas. Ela disse que era produzida uma ferida que lavava um mês para sarar. Esta ferida não era uma “queimadura” superficial; a avaria era muito mais profunda. A possibilidade de usar rádio para destruir o câncer foi reconhecida quase que imediatamente. A vantagem da braquiterapia é que ela dá uma dose muito grande ao tumor com o mínimo de radiação para os tecidos visinhos normais. Vantagens A braquiterapia é uma modalidade de radioterapia na qual o elemento radioativo é colocado em proximidade ou dentro do órgão a ser tratado. Para isto são utilizados elementos radioativos específicos, de pequeno tamanho e formas variadas, que são colocados na posição de tratamento através de guias chamados cateteres ou sondas. • • Alta dose ao tumor (pequeno volume) x baixa dose aos tecidos circunjacentes. Curta duração do tratamento. Atualmente, com o desenvolvimento dos sistemas computadorizados, os elementos radioativos entram nos guias após sua colocação no paciente, controlados por um programa de computador no qual o físico calcula a dose de tratamento prescrita pelo medico. Desvantagens da braquiterapia Sua principal desvantagem é a não uniformidade da dose desde que a radiação é muito mais intensa perto da fonte, embora usando muitas fontes ajude fazer a dose mais uniforme. Uma outra desvantagem se relaciona com a segurança das radiações. O terapeuta deve estar próximo à fonte enquanto elas estão sendo colocadas no lugar. O paciente é uma “fonte radioativa” durante os dias em as fontes estão no lugar, e as enfermeiras e outros estão expostos assim à radiação. A radiação para o terapeuta tem sido muito reduzida pela técnica “carregamento a posteriori”. O terapeuta cuidadosamente coloca tubos ocos no paciente e mais tarde rapidamente coloca as fontes radioativas nos tubos. Principais efeitos colaterais da radioterapia Os efeitos colaterais da radioterapia variam de pessoa para pessoa e dependem fundamentalmente da área irradiada. Se a área irradiada for a cabeça, pode ocorrer queda de cabelo localizada. Quando a boca ou o esôfago estiverem próximos às áreas tratadas, certo grau de inflamação da mucosa que as reveste está previsto, podendo haver dificuldades na alimentação (disfagia). Nos casos em que o abdome é irradiado, o intestino costuma ser alcançado pela radiação, o que pode determinar diarréia. A irritação do quadril e de grande área da coluna compromete a produção das células do sangue, podendo exigir do paciente alguns cuidados adicionais. Náuseas e, mais raramente, vômito pedem ocorrer, principalmente nas irradiações do abdome. É comum que a pele que recobre a área irradiada apresente os seguintes problemas: vermelhidão, ardor, prurido e escurecimento da pele Os efeitos colaterais podem ser exacerbados nos casos em que quimioterapia e radioterapia são aplicadas simultaneamente. Por isso, a integração das equipes medica é de muita importância. Princípios Um dos princípios da radioterapia e tratar o volume tumoral, ou o local onde este e encontrado, preservando ao máximo as estruturas normais vizinhas. Pois bem, com a braquiterapia é possível irradiar volumes alvos muito pequenos com uma alta dose, pois conforme nos distanciamos do elemento radioativo a dose decai rapidamente, poupando-se, portanto as estruturas normais vizinhas de receberem a dose total prescrita. A braquiterapia pode ser utilizada como um acréscimo de dose local após um curso de radioterapia externa, ou como um tratamento exclusivo; depende da doença. Considerações finais O objetivo da radioterapia é curar o máximo de pacientes com o mínimo de efeitos colaterais e seqüelas, eliminando completamente a doença ou impedir sua progressão, sendo utilizada de forma isolada ou associada a outro recurso terapêutico. Além disso, a radioterapia pode ser indicada para controlar sangramentos e reduzir tumores que estejam causando dor ou comprimento outros órgãos. Palavras-chave: teleterapia, braquiterapia, câncer. REFERÊNCIAS http://www.hcanc.org.br/dmeds/radio/radio.html http://www.cnen.gov.br http://www.cns.org.br/apac_onco_radio.htm http://www.einstein.br/web_oncologia/pdf/braquiterapia.pdf http://www.iq.unesp.br/pet/semiradio.pps http://www.einstein.br/web_oncologia/tecnicas_aplicacao.htm http://www.andre.sasse.com/guiart.htm http://www.fsc.ufsc.br/~canzian/fismed/programa.html http://www.fsc.ufsc.br/~canzian/intrort/radioterapia.html http://www.cns.org.br/apac_onco_radio.htm http://www.hcanc.org.br/dmeds/radio/radio.html http://www.unidaderadioterapia.com.br/ TAUHATA, L.; SALATI, I. P. A; PRINZIO; R.D.; PRINZIO, A. R. D. Fund. Radioproteção e dosimetria, 4º Ed. Rio de Janeiro. CNEN, 2002. CHILTON, H. M. Nuclear pharmacy: na introdution to the Clinical application of radiopharmacenticals. Pliladelphia. Lea Febiger. 1986 * Aluno do 2º período do Curso de Tecnólogo em Radiologia Médica - UNESC ** Aluno do 2º período do Curso de Tecnólogo em Radiologia Médica – UNESC *** Professora Mestranda (Ciências e Saúde – UFPI) da Disciplina de Biofísica – UNESC **** Professor Ronald Gerard Silva (Especialista em Administração Hospitalar – Santo Agustinho) da disciplina de introdução à radiologia.