ACERVO BM&Fbovespa OLIMPÍADAS 78 Matéria_Olimpiadas.indd 78 17/6/2008 10:51:34 Pequim agora é que são elas A tocha olímpica, acesa em Olímpia, na Grécia, em 24 de março, passou por 20 países antes de chegar a Pequim, onde reinará soberana nos 19 dias de competições. Em 8 de agosto, na cerimônia de abertura e em meio a milhares de atletas de quase 200 nacionalidades, a delegação brasileira entrará no Estádio Olímpico de Pequim com uma marca inédita a ser batida: pela primeira vez na história, o atletismo feminino terá chances reais de conquistar medalha individual. Maurren Maggi, Fabiana Murer e Keila Costa, do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA, são fortes canditadas. Matéria_Olimpiadas.indd 79 79 17/6/2008 10:51:36 ACERVO BM&FBOVEspA OLIMPÍADAS Maurren Maggi, Fabiana Murer e Keila Costa, todas do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA, participarão da festa sabendo que, para algumas delas, subir ao pódio é algo possível de ser alcançado. O tabu parece estar cada vez mais perto de ser quebrado nas pistas chinesas: “Acho interessante o atletismo feminino estar em evidência. Estamos torcendo para chegar às finais e, quem sabe, conquistar uma medalha. Isso mostra a força das mulheres”, declarou Maurren Maggi, ouro no salto em distância dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro 2007 e prata no Mundial Indoor de Valência 2008, disputado na Espanha, competição que serviu como uma espécie de treino de luxo para atletas de ponta como ela. “Maurren foi a responsável pela virada do atletismo feminino. Temos grande chance de conquistar medalhas nas Olimpíadas de Pequim”, destacou o técnico Nélio Moura, também do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA. Para voar alto no sonho de receber uma medalha olímpica, a campeã de salto com vara, Fabiana Murer, debutante nos Jogos, lembra que o apoio dado às mulheres traz resultados positivos para o Brasil ao unir o aperfeiçoamento técnico com a garra feminina durante as provas: “O atletismo feminino vem crescendo ao longo dos anos principalmente devido ao apoio do Clube de Atletismo. As medalhas no mundial indoor são exemplos dessa evolução, que só tende a continuar”, explicou a atleta, bronze em Valência. Keila Costa, salto triplo, concorda: “O Brasil está mais preparado para essa disputa. Os atletas estão destacando-se nas provas individuais e temos, sim, condições de surpreender nas competições”, aposta. O verbo surpreender, aliás, significa, pelo menos para essas três atletas, não apenas desafiar as rivais nas pistas, mas também entrar para história do esporte pois o Brasil nunca conquistou medalha olímpica feminina em provas individuais. Mesmo quando o Brasil obteve dez medalhas, em Atenas, as mulheres conquistaram a prata no futebol e no vôlei de praia, modalidades coletivas. No atletismo, o tabu vai ainda mais longe: sem nenhuma medalha, o melhor resultado de uma brasileira foi em 1964, nas Olimpíadas de Tóquio, quando Aída dos Santos ficou em quarto lugar no salto em altura. No alto: “Acho interessante o atletismo feminino estar em evidência. Estamos torcendo para chegar às finais e, quem sabe, conquistar uma medalha. Isso mostra a força das mulheres”, diz Maurren Maggi. ACERVO BM&FBOVEspA À esquerda: “O atletismo feminino vem crescendo ao longo dos anos principalmente devido ao apoio do Clube de Atletismo. As medalhas no Mundial Indoor são exemplos dessa evolução, que só tende a continuar”, declara Fabiana Murer. 80 Matéria_Olimpiadas.indd 80 17/6/2008 10:52:01 ACERVO BM&FBOVEspA OLIMPÍADAS “O Brasil está mais preparado para essa disputa. Os atletas estão destacando-se nas provas individuais e temos, sim, condições de surpreender nas competições”, afirma Keila Costa. No curto espaço de tempo que separa Maurren Maggi de seu primeiro salto em Pequim, a atleta de São Carlos sabe que precisa sincronizar bem os movimentos de pernas e braços em busca de um bom resultado. Mas ela está confiante: “Estou me sentindo muito bem neste ano, graças ao treinamento que venho fazendo. Meu objetivo é saltar sete metros e, se possível, trazer uma medalha”. O técnico Nélio Moura, minucioso na arte de buscar os movimentos perfeitos da sua atleta – desde a aceleração até a impulsão e queda na caixa de areia –, acredita na evolução da saltadora, que deverá atingir o ápice em Pequim, segundo ele: “Desde o Pan do Rio de Janeiro, estamos nos preparando bem, participando de campings de treinamento aqui no Brasil e na Europa. Até as Olimpíadas, acho que Maurren poderá melhorar ainda mais sua técnica e estar totalmente preparada para fazer um grande papel”, observou. a história já guarda seu nome Além de Maurren Maggi, Fabiana Murer e Keila Costa, a China terá sabor especial para outra brasileira, Elisângela Maria Adriano. Nas terras do Oriente, ela se despedirá oficialmente dos Jogos Olímpicos. Depois de 18 anos dedicados ao atletismo, promete fazer o possível e o impossível para ser finalista no lançamento de disco, classificando-se entre as oito melhores do mundo. E garra não falta a essa brasileira de 35 anos. “Não fui eu que descobri o atletismo, foi ele que me descobriu”, explicou, ao ser questionada sobre a importância do esporte em sua vida. Outra marca de Elisângela é de ser a única brasileira a ter a honra de competir no berço dos Jogos Olímpicos, no estádio de Olímpia, em Atenas, em 2004. “Não fui eu que descobri o atletismo, foi ele que me descobriu”, diz Elisângela. ACERVO BM&FBOVEspA Trabalho árduo das meninas 81 Matéria_Olimpiadas.indd 81 17/6/2008 10:52:36 OLIMPÍADAS Se o desafio é melhorar as marcas na pista, Fabiana foi buscar no mestre Vitaly Petrov, ex-treinador do campeoníssimo Sergey Bubka e técnico da atual recordista mundial Yelena Isinbaeva, os ensinamentos necessários para evoluir seu salto: “Acredito que posso saltar 4,80m e estar entre as três medalhistas. Mas para isso tenho de continuar treinando forte e estar bem concentrada na hora da competição.” O técnico da saltadora, Élson Miranda, acredita que as clínicas de treinamento fora do Brasil têm trazido ótimos resultados para Fabiana. “Estamos desenvolvendo um trabalho consciente há algum tempo. A clínica de treinamento na Ucrânia, com Vitaly Petrov, além do ótimo desempenho em torneios indoor, estão sendo importantes para o desenvolvimento da técnica da atleta. Precisamos continuar com esse trabalho de qualidade.” Já a pernambucana Keila Costa, em sua segunda olimpíada, está otimista quanto a sua performance em Pequim. “Minha expectativa é chegar saltando minha melhor marca no salto triplo [15 metros]. Não quero ser só mais uma atleta a participar. A primeira vez, em Atenas, serviu para ganhar experiência. Hoje vou enfrentar minhas adversárias de igual para igual, com condições de ficar entre as melhores”, enfatizou a medalha de prata no último PanAmericano. Vento também a favor para o masculino No masculino a história é outra, com muita expectativa e poucos tabus a serem quebrados – o atletismo brasileiro já conquistou 13 medalhas, a última delas o inédito bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona de Atenas, em 2004. Para este ano, os ventos sopram a favor de um bom desem- ACERVO BM&FBOVEspA “Minha expectativa é muito boa. A maratona é uma prova tradicional em que os brasileiros têm excelentes resultados. Acredito que será uma prova igual para todos e vencerá quem estiver mais concentrado no dia da competição.”, enfatiza Marilson Gomes dos Santos. 82 Matéria_Olimpiadas.indd 82 17/6/2008 10:52:57 OLIMPÍADAS o herói não irá O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, do Clube de Atletismo BM&F BOVESPA, não participará das Olimpíadas de Pequim. Em decorrência de contusão, o atleta não conseguiu alcançar uma das três primeiras colocações no ranking brasileiro que garantiriam o passaporte para os Jogos Olímpicos. Vanderlei participou das Olimpíadas de Atlanta (1996), Sidney (2000) e Atenas (2004), onde conquistou a inédita medalha de bronze na modalidade. Foi o momento mais marcante de sua carreira: decorridos ACERVO BM&FBOVEspA penho também para os homens: no topo da lista dos apontados como favoritos em suas modalidades figura o maratonista Marilson Gomes dos Santos, do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA. Não é à toa que o brasileiro franzino surpreendeu, na gelada manhã de 5 de novembro de 2006, ao chegar em primeiro lugar na Maratona de Nova Iorque, considerada a mais importante prova de rua do mundo. No calor de Pequim – possibilidade de 32 graus, clima quente e úmido –, Marilson estreará na maratona olímpica. “Existe uma evolução. Marilson estará correndo entre os melhores do mundo e, devido ao calor que faz em Pequim em agosto, a prova torna-se uma incógnita. Mas está bem preparado para fazer bonito”, esclarece Adauto Domingues, técnico, desde 1993, do bicampeão da São Silvestre. Mas será que o atleta está sentindo o peso da responsabilidade depositada nele para trazer uma medalha de Pequim? O moço de Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, desconversa: “Minha expectativa é muito boa. A maratona é uma prova tradicional em que os brasileiros têm excelentes resultados. Acredito que será uma prova igual para todos e vencerá quem estiver mais concentrado no dia da competição.” Já para Domingues, a maratona em Pequim será uma prova dura, sem favoritos, contando a favor do brasileiro, além da dedicação máxima nos treinos, a sua genética 36 quilômetros da maratona, o ex-padre Cornelius Horan invadiu a pista e agarrou o atleta, que liderava a prova. Mesmo assim, Vanderlei continuou, permaneceu lutando até o final e cruzou a linha de chegada em terceiro lugar. O brasileiro foi recebido com palmas pelo público do estádio ateniense, emocionando a todos. O atleta de 38 anos também obteve importantes conquistas durante sua vitoriosa carreira: ouro na Maratona de Tóquio (1998), no Pan-Americano de Winnipeg (1999) e Santo Domingo (2003), além do bicampeonato da Volta da Pampulha (1999–2000). atletas do Clube em Pequim masCuliNo FemiNiNo Anselmo Gomes da Silva (110m com barreiras) Fábio Gomes da Silva (salto com vara) Jefferson Dias Sabino (salto triplo) Kleberson Davide (800m) Marílson Gomes dos Santos (maratona) Mário José dos Santos Júnior (marcha atlética de 50km) Mauro Vinícius Silva (salto em distância) Alessandra Nobre Resende (lançamento de dardo) Fabiana Murer (salto com vara) Gisele Lima (salto triplo) Lucimar Moura (100m) Maurren Maggi (salto em distância) Zenaide Vieira (3000m com obstáculos) *atualizado até 23/5/2008 83 Matéria_Olimpiadas.indd 83 17/6/2008 10:53:38 OLIMPÍADAS privilegiada para esse tipo de prova. “Estamos treinando com calma, tanto que preferimos não correr nenhuma maratona no primeiro semestre para que nas Olimpíadas possamos fazer uma prova de qualidade”, reforça o atleta. Nessa etapa final de preparação para Pequim, Adauto Domingues consi- derou proveitosa a participação do maratonista em provas duras como o Cross Country de Edimburgo, na Escócia, disputado no final de março. “Foi uma ótima oportunidade de testar suas condições físicas, já que essa prova possui grandes variações climáticas e de terreno. Foi um bom teste.” olimpíadas 2008: Pequim recebe você A cerimônia de abertura dos XXIX Jogos Olímpicos de Pequim acontece às 8h08 de 8 de agosto de 2008. No horário de Brasília, a cerimônia de abertura será às 9h08 da manhã de 9 de agosto. Para os chineses, o número 8 significa prosperidade. O tema dessa olimpíada é “Nova Pequim, Grandes Olimpíadas”, referindo-se a esse gigante do Oriente, considerado hoje umas das maiores potências do mundo. As mascotes dessa edição dos Jogos serão os fuwa. Cada mascote faz alusão a um continente, de acordo com sua cor, que são as mesmas dos aros olímpicos, e os cinco elementos tradicionais chineses (metal, madeira, água, fogo e terra). Beibei representa a Europa; Jingjing, a África; Huanhuan, a América; Yingying, a Ásia; e Nini, a Oceania. As mascotes têm as características dos animais mais populares da China – peixe, panda, chiru (antílope tibetano) e andorinha – e da chama olímpica. Uma curiosidade dos fuwa é que, ao se juntar as primeiras sílabas de cada um dos cinco nomes, forma-se a frase “Pequim recebe você”. Um convite a atletas e torcedores de todas as partes do mundo que pretendem acompanhar o evento de perto. A mais tradicional competição esportiva do mundo conta com 31 instalações e na China estará dividida em sete cidades: Pequim, Hong Kong, Qingdao, Qinhuangdao, Shenyang, Tianjin e Xangai. Gustavo Lara Ralph Hiroshi Izumi Jornalistas da Assessoria de Imprensa da BM&FBOVESPA E-mail: [email protected] 84 Matéria_Olimpiadas.indd 84 17/6/2008 10:54:06