Terapia Nutricional e Imunomoduladora em Pacientes com Câncer e Caquexia DESNUTRIÇÃO NO CÂNCER MULTIFATORIAL INGESTÃO ALIMENTAR INADEQUADA ALTERAÇÕES NO GASTO ENERGÉTICO E NO METABOLISMO DE NUTRIENTES AUMENTO NAS PERDAS NUTRICIONAIS ANOREXIA, MUCOSITE ORAL, DISFAGIA, ALT. PALADAR, NÁUSEAS, XEROSTOMIA, ODINOFAGIA TUMOR, INFECÇÕES - CITOCINAS PRÓ-INFLAMATÓRIAS - FATOR INDUTOR DE PROTEÓLISE (PIF) VÔMITOS, DIARRÉIA, MÁ ABSORÇÃO DE NUTRIENTES, PERDAS POR TOXICIDADE RENAL Complicações e mortalidade associadas à perda de massa corporal magra (sem perda pré-existente) Massa corp magra Complicações Mortalidade (% perda do total) (%) 10 Imunidade reduzida, aumento de infecção 10 20 Cicatrização prejudicada, fraqueza, infecção 30 30 Fraqueza muscular, prej.cicatrização, úlceras de decúbito pneumonia 50 Morte, geralmente por pneumonia 100 40 Relação entre os linfócitos T-helper/T-supressor (n = 60) P < 0,05 CD4/CD8 Gogos, et al, 1998. Cancer;82:395. Atividade da cél. NK de pacientes com câncer expressa como % de lise sobre a cél K 562 (leucemia mielóide com potencial hematogênico) 100 90 29,3 ± 14,89 60,3 ± 7,38 65,2 ± 6,02 80 70 60 % Lise 50 40 30 20 10 0 P < 0,001 Desnutridos (n =39) Eutróficos (n = 20) 10 -20% perda Peso Controle (n = 37) Villa et al., 1991 Br J Cancer; 63: 1010 Sobrevida cumulativa de pacientes com câncer avançado: grupo bem nutrido versus grupo desnutrido (n = 60) P < 0,001 Gogos et al., Cancer 1998;82:395. Estratégias atuais na terapia nutricional de pacientes com câncer • Orientação dietética • Suplementos orais • Nutrição enteral • Nutrição parenteral • Estimulantes de apetite • Estratégias imunomoduladoras para estabilizar catabolismo/atenuar resposta inflamatória • Terapia antioxidante Colomer et al, 2007; Fazal & Saif, 2007; van der Meij et al, 2010; Murphy et al, 2011 Perda de peso induzida pelo tumor: mecanismo multifatorial e complexo Células tumorais malignas Produção de citocinas pró-inflamatórias: Fator indutor de proteólise (PIF) TNF-, IL-1, IL-6 Apetite Resposta de fase aguda ( Ingestão alimentar PCR) Taxa Metabólica Basal (TMB) Alteração no metabolismo dos macronutrientes Emagrecimento/caquexia induzida pelo tumor Massa magra Mecanismo de Ação do EPA Células tumorais malignas EPA Produção de citocinas pró-inflamatórias: Fator indutor de proteólise (PIF) TNF-, IL-1, IL-6 Apetite Resposta de fase aguda ( Ingestão alimentar PCR) Taxa Metabólica Basal (TMB) Alteração no metabolismo dos macronutrientes Atenuação do emagrecimento/caquexia induzida pelo tumor Massa magra PAPEL DO ÔMEGA 3 (w 3) NO METABOLISMO DOS EICOSANÓIDES Família w-6 óleo de milho Família w-3 óleo de canola e peixe Ácido Linoléico C18:2 (n-6) Ácido Linolênico C18:3 (n-3) 6 Dessaturação Ácido linolênico C18:3 (n-6) Ácido octadecatetraenóico C18:4 (n-3) Elongação Série 1 Prostanóides, Leucotrienos Ácido Dihomo--linolênico C20:3 (n-6) Ácido Eicosatetraenóico C20:4 (n-3) 5 Dessaturação Ácido araquidônico (AA) C20:4 (n-6) Ácido Eicosapentaenóico (EPA) C20:5 (n-3) Elongação Série 2 e 4 (ciclooxigenase e lipoxigenase) Mediadores pró-inflamatórios Prost e tromboxanos (TXA 2, PGI 2, PGE 2), Leucotrienos (LTB 4) Ácido Docosapentaenóico C22:5 (n-3) Série 3 e 5 (ciclo e lipo) Mediadores anti-inflamatórios Prostanóides,(PGE 3, TXA 3) Leucotrienos (LTB 5) 4 Dessaturação Ácido Docosahexaenóico (DHA) C22:6 (n-3) Recuperação nutricional de pacientes com câncer de pâncreas avançado que receberam suplemento nutricional enriquecido com óleo de peixe versus pacientes que receberam suplemento padrão Peso inicial Alteração do Peso Kg Kg em 4 semanas Pacientes com óleo de peixe 55 (46 - 60) +1,0 (-0,1 - +2,0) Pacientes com suplemento padrão 58,5 (48 - 71) -2,8* (-3,7 - -1,7) * p = 0,0001 comparação entre grupos de pacientes: Teste de Mann Whitney. Barber et al. J.Nutr.;1999, 129: 1120-25. Alterações na síntese total de proteínas de fase aguda positivas e negativas em pacientes com câncer de pâncreas avançado que receberam suplemento nutricional enriquecido com óleo de peixe versus pacientes que receberam suplemento padrão Alteração total das proteínas positivas** de fase aguda g/L Alteração total das proteínas negativas*** de fase aguda g/L Pacientes com óleo de peixe -0,02 (-0,19 - +0,53) +1,32 (-1,07 - +2,95) Pacientes com suplemento padrão +0,42 (-0,30 - +1,24) -2,44* (-5,72 - +0,28) * p = 0,0012 comparação entre grupos de pacientes: Teste de Mann Whitney. ** PCR; -1-antitripsina; -1-acido glicoproteína; haptoglobina; ceruloplasmina. *** albumuna; pré-albumina; transferrina. Barber et al. J.Nutr.;1999, 129: 1120-25. Correlação entre suplementação com EPA e alterações na massa magra (LBM) em pacientes com câncer pancreático consumindo a dieta experimental por 8 semanas n = 38; r = 0,51; p = 0,001 European Journal of Cancer 2001;37:27 Porcentagem de oxidação dos substratos energéticos após 3 semanas de suplementação com óleo de peixe em pacientes com câncer de pâncreas Pacientes basal: Antes da suplementação CHO * CHO * LIP * PTN CHO LIP * PTN Jejum ** Basal x Controle p < 0,05 ** p < 0,05 * CHO * Após a suplementação Controles LIP * PTN LIP * CHO * PTN * LIP PTN * LIP CHO PTN Alimentado ** LIP Lipídeo Óleo de peixe: EPA = 2,2g/dia e DHA = 0,96g/dia PTN Proteína CHO Carboidrato Barber et al. Clinical Science 2000;98:389-99. PGE2 (pg/ml) Efeito do óleo de peixe estruturado por via enteral durante 7 dias na síntese de prostaglandinas de céls mononucleadas do sangue periférico de pacientes pós cirúrgicos com câncer em resposta à endotoxina: RCT*(n = 18). 200 150 100 50 0 -50 -100 -150 -200 -250 Agressão p = 0,029 O-HN O peixe-HN 0 10 Dose LPS E.coli (ng/ml) 100 *RCT: randomized clinical trial Óleo de peixe: EPA = 2,74g/dia ; DHA = 1,24g/dia Swails et al, 1997 JPEN. 21:5, 266. Estudo controlado randomizado com suplementação oral de ômega 3* combinado com vitamina E** por 40 dias na resposta imune de pacientes gravemente doentes com câncer 2,5 p < 0,05 2 1,5 Antes Dia 40 n-3 T-Helper/T-Supressor 1 0,5 0 Eutrófico * 18 g (MAXEPA) 3 vezes/dia: 170 mg EPA ; 115 mg DHA ** Vitamina E: 200 mg/dia DEP Controle Gogos et al. Cancer 1998; 82:395. Sobrevida cumulativa (%) Estudo controlado randomizado com suplementação oral de ômega 3* combinado com vitamina E** por 40 dias na sobrevida de pacientes gravemente doentes com câncer (n = 60) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Bem nutrido n-3 DEP n-3 Bem nutrido C DEP C 0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600 660 720 780 840 900 Dias p < 0,05 Efeito da infusão IV de lipídeo (n-3)* sobre a composição de ácidos graxos dos fosfolípides das plaquetas (n = 19) de pacientes cirúrgicos com câncer Conteúdo de Fosfatidilcolina da plaqueta 2,5 p < 0,05 EPA (% peso) 2 1,5 Conteúdo de Fosfatidiletanolamina da plaqueta Cirurgia 2,5 1 2 0 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Dias n-3 EPA (% peso) 0,5 1,5 Cirurgia p < 0,05 1 Controle 0,5 0 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Dias * 28 mg/kg EPA ; 28 mg/kg DHA por 7 dias Função plaquetária melhorou ; não houve aumento no tempo de sangramento. n-3 Controle Roulet et al. JPEN; 21: 296, 1997 EPA para complicações do TMO alogênico • Receberam TMO alogênico não aparentado de junho de 1998 a dezembro de 1999. • Foram 16 patientes randomizados para receber (n = 7) ou não (n = 9) EPA. • EPA: 600 mg 3 vezes/dia (total de 1.8 g/dia) do dia 21 antes do TMO até 180 dias após. Características clínicas dos pacientes Níveis de TNF-a comparando os dois grupos Non-EPA group Níveis de LTB4 comparando os dois grupos Níveis de TXB2 comparando os dois grupos EPA e resposta inflamatória • EPA: supressão do aumento das citocinas inflamatórias e dos danos ao entotélio vascular. • EPA inibe a produção de TNF e reduz indiretamente os níveis de citocinas inflamatórias como a IL-6 and IL-2. • EPA similar ao ac. Araquidônico: tb metabolizado pela 5-lipoxigenase, mas sintetiza LTB5 no lugar de LTB4. • LTB5 é muito menos prejudicial do que o LTB4. • Conclusão: EPA reduziu significativamente níveis de citocinas inflamatórias, envolvidas na causa de várias complicações do TMO. Sobrevida comparando o grupo com EPA (N=7) vs o grupo controle (n=9) IMUNONUTRIÇÃO EM PACIENTES COM CÂNCER DE PÂNCREAS ALTERAÇÕES DE PESO EM PACIENTES COM CÂNCER DE PANCREAS Efeitos da suplementação com Omega-3 no EPA plasmático e a correlação com a massa corporal magra de pacientes com câncer de pâncreas Efeitos da suplementação com Omega-3 no peso e na massa corporal magra de pacientes com câncer de pâncreas Efeitos da suplementação com Omega-3 no nível de atividade física após 8 semanas (grupo controle vs omega-3) em pacientes com câncer de pâncreas Omega 3 pode aumentar colesterol total e inibir coagulação sangue Omega 3 pode aumentar o risco de sangramento em indivíduos recebendo anticoagulante ou aspirina JOP. J Pancreas (Online) 2007; 8(2):240-253. JOP. J Pancreas (Online) 2007; 8(2):240-253. Conclusões • W3: aumento da peroxidação lipídica pela oferta reduzida de antioxidantes em particular de vitamina E: prevenção pela suplementação • Aumento no número de ácidos graxos com várias duplas ligações: membrana celular mais suscetível à peroxidação lipídica – Necessário aumento concomitante de antioxidantes • Aumento no consumo dietético de ácidos graxos poliinsaturados causa mudanças na composição dos ácidos graxos dos fosfolípides das membranas celulares. As alterações nos fosfolop. responsáveis pelo aumento na fluidez da membrana, interferindo nas interações intracelulares, expressão de receptores de membrana, transporte de nutrientes e sinais de transdução, influenciando o crescimento celular Recomendações e Conclusões • EPA para efeito anti-inflamatório/caquexia dose mínima de 1,5 g/dia. • Recomenda-se suplementação máxima de 6 g/dia. • Recomenda-se um aumento na ingestão de α-tocoferol para compensar o aumento no consumo de ácido graxo polinsaturado, a fim de estabilizar as duplas ligações. • Variações: dependem do grau de insaturação do lipídio, das diferentes quantidades depositadas nos tecidos e dos processos de elongação e dessaturação. • Ácidos graxos da família ômega-3 apresentam maior número de duplas ligações do que os das famílias ômega-6 e 9, o que os torna mais suscetíveis à peroxidação lipídica JOP. J Pancreas (Online) 2007; 8(2):240-253; Giacosa, Genes Nutr. 2008 Colomer et al, 2007; Fazal & Saif, 2007; van der Meij et al, 2010; Murphy et al, 2011 Recomendações e Conclusões • Alimentos com alto teor de ácidos graxos poliinsaturados: – Oferta de 0,4 a 0,6 mg de vitamina E por grama de ácido graxo polinsaturado. Institute of Medicine, 2000 Conclusões sobre os EPAs Estudos clínicos mostraram: • Promoção do peso • Aumento da massa magra; prevenção do catabolismo • Modulação da resposta inflamatória aguda • Melhora a utilização e incorporação dos substratos energéticos • Altera composição dos AG das plaquetas, melhorando sua função • Melhora a resposta imune celular • Impacto favorável na sobrevida Giacosa & Rondanelli, 2008 Colomer et al, 2007; Fazal & Saif, 2007; van der Meij et al, 2010; Murphy et al, 2011 Conclusões sobre suplementos • Ác Graxo ω-3 pode ajudar a estabilizar o peso em pacientes com câncer, principalmente aqueles que recebem dieta via oral e apresentam perda de peso progressiva e não intencional (Grau B de evidência). • Fórmulas enterais com mix de arginina, ácido nucléico e ácidos graxos essenciais podem ser benéficos em pacientes desnutridos, principalmente após grandes procedimentos cirúrgicos (Grau A). – Nutrientes objeto dos estudos: glutamina, arginina, ácido nucléico e ácidos graxos essenciais. – Cirurgias gastrintestinais e procedimentos cirúrgicos maiores de cabeça e pescoço, quando a desnutrição já está presente. Para haver benefício a suplementação deve ocorrer de 5-7 dias pré-operatória. ASPEN - August & Huhmann, 2009 www.nutricancer.com.br