INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Curso de Pós-Graduação em Homeopatia Área de Concentração: Farmácia MONOGRAFIA A Atuação da Homeopatia no Tratamento da Tuberculose Heloá Lima Ferreira da Cruz Rio de Janeiro 2011 INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Curso de Pós-Graduação em Homeopatia Área de Concentração: Farmácia A Atuação da Homeopatia no Tratamento da Tuberculose Heloá Lima Ferreira da Cruz Sob a Orientação do Professor Ilídeo Afonso Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do certificado de conclusão do curso de formação de especialista em Homeopatia – área de Farmácia Rio de Janeiro, RJ Abril 2011 INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Curso de Pós-Graduação em Homeopatia Área de Concentração: Farmácia A Atuação da Homeopatia no Tratamento da Tuberculose Heloá Lima Ferreira da Cruz MONOGRAFIA APROVADA EM -----/-----/------ Ilidio Afonso Carmem Afonso DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de conclusão da graduação aos meus pais, irmãos, familiares, namorado e amigos que de muitas formas me incentivaram e ajudaram para que fosse possível a concretização deste trabalho. AGRADECIMENTOS A todas as pessoas que contribuiram para a reflexão e realização deste trabalho, especialmente: Rose Lima, Dalmo Ferreira, Allan Lima, Wesley Lima, Rodrigo Romcy, Francesco, Rodrigo Pereira, Antônio Martins, Ilídio Afonso pela paciência E aos amigos e amigas do curso. RESUMO Palavras chave: tuberculose, homeopatia, tratamento A tuberculose é uma doença que tempos atrás, pensava-se que estivesse sobre controle, porém sabe-se que nos países em desenvolvimento dentre eles o Brasil, a doença já está sendo classificada como “doença emergente''. As causas mais prováveis são a miséria, a pobreza crescente da população, a associação da doença com a AIDS e abandono do tratamento. O agente causador é o bacilo Mycobacterium tuberculosis,o órgão mais afetado é o pulmão. O tratamento alopático é realizado através dos esquemas que podem durar seis meses ou mais dependendo do paciente e histórico com a doença. Exatamente neste momento que a homeopatia atua agindo como coadjuvante, amenizando os efeitos colaterais do tratamento alopático,diminuindo os sintomas causados pela doença e em alguns casos auxiliando na cura juntamente com os antibióticos. ABSTRACT Tuberculosis is a disease that long ago, it was thought he was about control, but it is known that in developing countries including Brazil, the disease is already classified as "emerging disease”. The most likely causes are poverty, the association between the disease and AIDS and abandonment of the treatment. The causative agent is Mycobacterium Tuberculosis and the most affected organ is the lung. The allopathic treatment is achieved through schemes that can last six months or more depending on the patient and history with the disease. Exactly at this moment that homeopathy works by acting as an adjuvant, thereby relieving the side effects of allopathic treatment, reducing the symptoms caused by disease and in some cases aiding in the healing along with antibiotics. LISTA DE ABREVIATURAS AIDS síndrome da imunodeficiência adquirida BCG bacilo Calmette e Guérin BK bacilo de Koch CH centesimal Hahnemanniana DNA ácido desoxirribonucléico HIV vírus da imunodeficiência humana OMS Organização mundial de saúde RJ Rio de Janeiro RNA ácido ribonucléico SES secretaria de estado da saúde SUS sistema único de saúde TMBR tuberculose mulrirresistente SUMÁRIO I- INTRODUÇÃO …....................................................................................................01 II- OBJETIVO...............................................................................................................02 III-REVISÃO DE LITERATURA 3.1- Tuberculose no Brasil...........................................................................................03 3.2- Etiologia, Transmissão e Patogênese....................................................................04 3.2.1- Transmissão.......................................................................................................04 3.2.2- Patogênese..........................................................................................................05 3.3- Diagnóstico...........................................................................................................06 3.4- Tratamento............................................................................................................06 3.5- Antibióticos utilizados no tratamento...................................................................07 IV- HOMEOPATIA 4.1- Surgimento da Homeopatia...................................................................................09 4.2- Homeopatia noBrasil.............................................................................................10 4.3- Tuberculose na Homeopatia..................................................................................11 V- CONCLUSÃO …..................................................................................................15 VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................16 I. INTRODUÇÃO A tuberculose é uma das mais antigas doenças que atinge o homem desde tempos remotos. Relatos encontrados na Grécia e Roma antiga já apontavam para a existência desta patogenia e, mas recentemente, lesões encontradas em múmias egípcias indicam a provável existência da tuberculose nesta civilização (SOUZA; 2005). Entre o século XIX e XX a doença era comum entre intelectuais e artistas sendo relacionada a um estilo de vida boêmio (HIJJAR et al., 2007). Atualmente a tuberculose no Brasil e no mundo continua sendo um grave problema de saúde pública. O Brasil ocupa o 13° lugar no ranking dos 22 países em desenvolvimento. Existe cerca de 80 milhões de pessoas infectadas pelo bacilo mais que não desenvolveram a doença. Anualmente surgem aproximadamente 80.000 casos novos, sendo o Rio de Janeiro o estado com maior incidência (SOUZA; 2005). Alguns fatores contribuem para aparecimento de novos casos, dentre eles: o aparecimento de cepas resistentes, falha no esclarecimento sobre a doença nas classes sociais mais desfavorecidas, crescimento desordenado populacional e aglomeração de indivíduos em ambientes ou nichos deficientes em condições sanitárias, gestão dos programas de saúde governamentais ineficientes, inadequados ou mal aplicados à população alvo (Netto Antônio, 2002). A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada por uma micobactéria álcool ácido resistente, que não colore por Gram (Gram negativa), de crescimento aeróbico, denominado Mycobacterium tuberculosis e também chamado de bacilo de Koch (BK). O contágio ocorre por inalação do bacilo através do ar. Como sua transmissão é essencialmente por via aérea, o aparelho respiratório se torna o alvo principal para o seu desenvolvimento, embora outros órgãos também possam ser atingidos. Recentemente a tuberculose foi classificada como doença emergente nos países desenvolvidos. No Brasil ela é um problema de saúde endêmico já que a ocorrência de casos se mantém constantemente elevada (PIGNATTI MARTA, 2003). 1 A AIDS (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) juntamente com o aparecimento de cepas do bacilo de Kock resistente a classes diferentes de fármacos (bacilos multirresistentes) contribuiu para elevação da gravidade da doença. A OMS (Organização Mundial de Saúde) condena o uso da homeopatia para o tratamento de algumas doenças infecciosas dentre elas a tuberculose, diarréia infantil, Aids, influenza e malária. Segundo o informe, ainda não há dados suficientes e comprovados se a terapêutica é realmente eficaz nessas patologias (http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/8211925.stm). II Objetivo O presente estudo tem por objetivo levantar os tratamentos atuais aplicáveis à tuberculose, incluindo uma revisão bibliográfica sobre os esquemas de tratamento aplicados pelo sistema de saúde no Brasil e a possível contribuição da terapia homeopática como suporte para melhor adesão do paciente ao esquema terapêutico. As variáveis abordadas no texto são: a evolução da tuberculose no Brasil e no mundo, etiologia, transmissão, patogênese, surgimento e evolução da homeopatia e tratamento da tuberculose com auxílio da homeopatia. 2 III. Revisão Bibliográfica 3.1 Tuberculose no Brasil Diferente de países desenvolvidos do continente Europeu ou Norteamericano, onde a tuberculose é considerada uma doença recorrente devido ao aumento dos casos de AIDS, em países em desenvolvimento do terceiro mundo, inclusive o Brasil, a doença nunca deixou de ser um problema de saúde, apresentando áreas endêmicas espalhadas ao longo do território (PIGNATTI MARTA, 2003). No Brasil os primeiros grupos formados interessados na cura da tuberculose eram movidos unicamente por princípios de solidariedade, sem participação do setor público. Em 1899 foi criado a Liga Brasileira Contra a Tuberculose e a Liga Paulista Contra a Tuberculose cujo foco principal era a prevenção e o tratamento. Em 1907 ocorreu à primeira tentativa de envolvimento do poder público proposta por Oswaldo Cruz, Diretor Geral da Saúde Pública que propôs a implantação de medidas profiláticas no Regulamento Sanitário. Em 1927 dava-se início à vacinação anti-TB com a vacina BCG desenvolvida por Arlindo de Assis. Manoel de Abreu em 1936 finalizou suas pesquisas sobre um novo método de diagnóstico radiográfico miniaturizado de tórax que inicialmente foi denominado fotofluografia, radiotografia e posteriormente abreugrafia, com essa descoberta foi possível buscar doentes entre os aparentemente sadios. Na década de 40 surgiu o Serviço Nacional de Tuberculose e a Campanha Nacional Contra a Tuberculose, porém foi na década de 60 que medidas marcantes foram tomadas, como a obrigatoriedade da vacinação BCG, a inclusão da tuberculose como doença de notificação compulsória e o tratamento diagnóstico e prevenção totalmente gratuitos para a população (HIJJAR et al., 2007). Na década de 1970 o índice de casos da doença começa a declinar, ressurgindo novamente em 1985 devido a alguns fatores como a migração e a pandemia de AIDS. Os pacientes contaminados com o bacilo de Kock e que adquiriam o vírus da imunodeficiência humana (HIV) passaram a adoecer muito 3 mais rápido pela tuberculose. Ainda hoje a AIDS contribuí para o aumento de casos de tuberculose, inclusive nos países onde os índices de tuberculoses já não eram mais preocupantes. (OLIVEIRA et al.,2004). Segundo a OMS o Brasil continua entre os 22 países com maior número de casos de tuberculose, sendo o Rio de Janeiro o estado com maior incidência da doença (SOUZA; VASCONCELOS, 2005). 3.2. Etiologia, transmissão e Patogênese O agente etiológico da tuberculose pertence ao gênero Mycobacterium (do grego: fungos) que contém mais de 50 espécies sendo que 22 podem causar doença no homem. Destacam-se incluídas no complexo Mycobacterium tuberculosis (M. Tuberculosis, M.bovis, M. africanum) e o M. leprae capazes de causar danos ao homem. O termo tuberculose deve ser reservado para designar a doença causada pelo M.tuberculosis (tuberculose humana), M bovis (bovina) e M. aviarium (aviária), enquanto as outras micobáctérias causam doenças conhecidas como micobacterioses (ABRAHÂO; 1999). 3.2.1. Transmissão A transmissão do Mycobacterium tuberculosis é totalmente exógena, a probabilidade de ser infectado pelo bacilo depende do número de aerossóis infecciosos por volume de ar (densidade de partículas infecciosas) e do tempo de exposição de um indivíduo neste ambiente (MANUAL TÉCNICO PARA CONTROLE DE TUBERCULOSE; 2002). A tuberculose pode atingir todos os órgãos mas como o bacilo se desenvolve e se reproduz em regiões do corpo com muito oxigênio, o pulmão se torna o órgão principal. O espirro ou a tosse de um indivíduo infectado joga no ar cerca de dois milhões de bacilos que permanecem em suspensão (SOUZA; 2005). 4 3.2.2. Patogênese A tuberculose é dividida em primária (primo infecção) que ocorre em indivíduos que nunca tiveram contato com o bacilo sendo mais comum em crianças e secundária que se desenvolve a partir da reativação de bacilos latentes (reinfecção endógena) ou de uma reinfecção exógena (nova infecção). Quando uma pessoa inala os aerossóis contendo bacilos, muitos deles ficam no trato respiratório superior onde não ocorre a infecção, porém quando eles conseguem atingir os alvéolos a infecção pode ser iniciada (BRUNTON et al 2006). Quando o Mycobacterium chega aos alvéolos inicia-se um processo inflamatório mediado por neutrófilos poliformonucleares/macrófagos alveolares e a formação de um nódulo exsudativo. Se o mecanismo defesa não conseguir conter o bacilo a tuberculoproteína e a fração lipídica do bacilo irão se combinar com os receptores Fc dos macrófagos, tornando-os ativados e capazes de apresentar os antígenos do microorganismo aos linfócitos T no tecido linfóide associado aos brônquios. Nestes, os macrófagos secretam três citocinas: quimiotáxicas, interferon e fator de crescimento dos fibroblastos, constituindo uma reação de hipersensibilidade. Os macrófagos após serem ativados retornam aos alvéolos, aglomeramse ao redor dos bacilos, tornando-se células epitelóides, onde os clones de células T formam um manguito periférico ao redor destas. Quando a função fagocítica termina as células epiteliais se juntam originando as células gigantes multinucleadas. Essa reação produtiva constituiu o granuloma, cuja função essencial é a de barreira à disseminação do bacilo para outros locais do tecido normal. Ao conjunto de granuloma formado é dado o nome de nódulo de Ghon. Ao conjunto linfangite, nódulo de Ghon e linfadenite dá-se o nome de complexo primário da tuberculose que dependendo do número de bacilos e da virulência e do grau de hipersensibilidade e resistência do hospedeiro pode evoluir ou para doença ou para a cura (BOMBARDA et al.,2001). 5 3.3 Diagnóstico Para que ocorra uma confirmação de um novo caso de tuberculose, o paciente deve passar por alguns exames. Assim como em qualquer outra doença, a suspeita se dá através de um quadro clínico característico como: tosse seca contínua apresentando posteriormente secreção com duração de mais de quatro semanas, febre baixa, sudorese noturna, cansaço excessivo, palidez, falta de apetite e palidez (CAMPOS; 2006). Os outros exames se subdividem em: • Bacteriológico - exame microscópico direto do escarro e cultura que permite identificar o bacilo como Mycobacterium tuberculosis. • Radiológico - auxiliar no diagnóstico da tuberculose. • Prova tuberculina- indica se o organismo foi infectado pelo bacilo • Exame histopatológico - permite identificar as lesões teciduais originadas pelo bacilo, porém como essas lesões podem ser observadas em outras doenças para ser classificada como tuberculose o bacilo deve estar no interior delas. • Hemocultura - indicada em pacientes com AIDS ou portadores do HIV em que ocorra suspeita de doença micobacteriana disseminada. • Sorológicos - Detecção de anticorpos produzidos pelo organismo, contra os componentes do Mycobacterium tuberculosis. 3.4. Tratamento O tratamento dos bacilíferos é a prioridade no controle da tuberculose porque elimina a fonte de infecção. O tratamento da doença é desenvolvido sob um regime ambulatorial, a associação adequada dos medicamentos, doses corretas, uso por tempo certo e supervisão da correta administração dos medicamentos são meios para evitar a persistência bacteriana e o desenvolvimento da resistência às drogas, obtendo a cura do indivíduo (PLANO NACIONAL DE CONTROLE DE TUBERCULOSE, 2000). 6 Desde 1979 o Ministério da Saúde padronizou esquema de tratamento. Esquema I – Indicado para indivíduos que nunca se submeteram à quimioterapia antituberculosa, ou a fizeram por 30 dias. A duração do tratamento é por 6 meses divididos em: dois meses (fase 1) onde são administrados a rifampicina, isoniazida e pirazinamida e quatro meses ( fase 2) onde é administrado a rifampicina e isoniazida. Esquema IR (reforço) – Indicado na recidiva após a cura com esquema I e retorno após abandono do esquema I, com 6 meses de duração, na fase 1 é administrada a rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol e na fase 2, rifampicina, izoniazida e etambutol. Esquema II – Utilizado na falência do esquema I e IR, neste esquema o tratamento é mais prolongado em relação aos outros esquemas a duração é de um ano, divididos em duas fases também. Na primeira os medicamentos administrados são estreptomicina, pirazinamida, etambutol, etionamida e na segunda fase etambutol e etionamida. Quando portadores de tuberculose que fizeram o esquema II obtiverem sucesso são chamados de portadores de não tuberculose multirresistente (TBMR), será indicado neste caso esquemas mais adequado de drogas alternativas, sendo indispensável o teste de sensibilidade (Guia de vigilância epidemiológica FUNASA, 2002). 3.5. Antibióticos utilizados no tratamento da tuberculose Isoniazida (H) – é considerado o fármaco primário para o tratamento da tuberculose, possuindo atividade bactericida para os microrganismos em rápida divisão e bacteriostática para bacilos em repouso. A isoniazida possuí um mecanismo de ação complexo, ela é rapidamente absorvida, a concentração plasmática máxima é atingida dentro de 1- 2 horas após a ingestão oral. A excreção ocorre em 24h em forma de metabólitos. Para a profilaxia da tuberculose ele é utilizado isoladamente, mas para o tratamento o fármaco deve ser administrado concomitantemente com outros fármacos. A dose diária 7 administrada é de 5 MG/kg, com máximo de 300mg podendo ser oral ou parenteral. Os efeitos adversos encontrados são: exantema, febre, icterícia e neurite periférica. Rifampicina (R) – antibiótico macrocíclico complexo, inibe o crescimento da maioria das bactérias gram-positivas e alguns microrganismos gram- negativos. Ele possuí como mecanismo de ação a inibição do RNA polimerase dependente do DNA das micobactérias e de outros microrganismos através da formação de um complexo fármaco-enzima estável. A concentração máxima é atingida dentro de 2-4h. A excreção de 30% de uma dose ocorre pela urina e 60-65% nas fezes. A rifampicina é bem tolerada, os casos de efeitos adversos ocorrem em menos de 4% nos pacientes, as mais comuns são: exantema, febre, náuseas e vômitos. Pirazinamida (Z) - exerce atividade bactericida, o alvo parece ser o gene do ácido graxo sintetase I micobacteriano envolvido na biossíntese do ácido micólico. A pirazinamida é absorvida pelo trato gastrointestinal e é excretada por filtração glomerular renal. Sua apresentação é em comprimidos para administração oral, a quantidade máxima ingerida independente do peso corporal por dia é de no máximo 2g/dia. Os efeitos adversos são: lesão hepática, artralagias,anorexias, náuseas e vômitos. Etambutol (E) - Exerce atividade suprimindo o crescimento da maioria dos bacilos da tuberculose resistentes à isoniazida e à estreptomicina. As concentrações plasmáticas são atingidas dentro de 2-4h após administração, 75% da dose é excretado de forma inalterada pela urina e 15% em forma de dois metabólitos. O efeito colateral mais importante é neurite óptica devido este fato não se recomenda etambutol para crianças menores de 5 anos. Estreptomicina (S) - Foi o primeiro fármaco eficaz contra o bacilo da tuberculose, antigamente era administrado em grandes doses, porém os efeitos da toxicidade e o desenvolvimento da microrganismos resistentes limitaram seu uso, hoje ela é a menos utilizada na terapia da tuberculose. Sua ação é essencialmente supressora. Etionamida (ET) - é um agente secundário a ser utilizado junto com outros fármacos quando a terapia com agentes de primeira linha não surtir efeito desejado 8 IV.HOMEOPATIA 4.1. Surgimento da Homeopatia A homeopatia foi fundamentada em 1796, pelo médico alemão Christian Frederich Samuel Hahnemann (TEIXEIRA MARCUS; 2006) . Em 1790 durante a tradução da Matéria Médica de William Cullen, Hahnemann ficou intrigado com as explicações sobre o efeito da quina, realizou a experimentação em si mesmo, observando as manifestações semelhantes aos pacientes com malária. Concluiu que a quina era utilizada no tratamento da malária porque produzia os mesmos sintomas em pessoas saudáveis. Animado com o resultado, através de suas evidências experimentais e na filosofia Hipocrática (Similia Similibus Lei dos semelhantes, dizia que a doença poderia ser tratada pela aplicação de medidas semelhantes à doença) Hahnemann idealizou uma nova forma de tratamento, embasada na cura pelos semelhantes (CORREA A.D. 1997). O termo homeopatia vem do grego homois, semelhante + pathos, doença desenvolvida por Hahnemann em 1800. A terapêutica homeopática se diferencia de outros sistemas terapêuticos (alopatia) no tipo e na preparação terapêutica utilizada e no raciocínio clínico. O sistema médico homeopático segue os mesmos conhecimentos anatômicos e fisiológicos aplicados em biomedicina diferindo na abordagem de ver o indivíduo como todo, o sistema terapêutico homeopático preconiza a busca holística e integralizadora do paciente e do meio em que se vive (sua realidade). Sendo compreendida que a doença não é a lesão mais sim um desequilíbrio no todo que se manifesta de múltiplas formas (MONTEIRO et al 2007). Hanemann em 1796 publica o “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as virtudes curativas das substâncias medicamentosas”, e nele descreve os princípios da homeopatia que são: • Lei dos semelhantes, • Experimentação no homem são, • Medicamento único, • Doses mínimas. 9 Esses pilares são imprescindíveis, para que entendamos a homeopatia, como especialidade da saúde. 4.2. Homeopatia no Brasil A Homeopatia chegou oficialmente no Brasil em 1840 através do médico francês Benoit Mure, que na cidade do Rio de Janeiro fundou a primeira escola para o ensino da homeopatia: o Instituto Homeopático Brasileiro. O primeiro discípulo no Brasil foi o médico português João Vicente Martins que propagou a homeopatia no norte e nordeste (MONTEIRO et al 2007). Teve seu declínio iniciado no final da década de 20, provavelmente com o advento da nova terapêutica química na medicina com o surgimento das sulfas e dos antibióticos. Nos anos 60 já quase não se falava mais em homeopatia, porém com a ocorrência de movimentos de constentação do “status quo” a homeopatia foi beneficiada retornando novamente a ter prestígio e notoriedade da população (MONTEIRO et al 2007). Em 1986 a Conferência Nacional de saúde (CNS) aprovou a Introdução de práticas alternativas de assistência de saúde no âmbito dos serviços de saúde. Foram criadas também as portarias SES/RJ 012/91. Para disciplinar a implantação e o funcionamento dos serviços de homeopatia nas unidades dos SUS/ RJ e 3045/06 para criar a comissão de assistência Farmacêutica em Homeopatia no âmbito da rede pública do Estado do RJ. Em 1980 a homeopatia foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como especialidade médica, no ano de 2006 em maio o Ministério da saúde, criou a Política nacional de práticas Integrativas e Complementares no sistema único de Saúde (SUS), possibilitando um acesso maior da população aos recursos da homeopatia (http://www.homeopathicum.com/novo/noticias_ler.asp?id ). 10 4.3.Tuberculose e Homeopatia Em 1990, Dr. Nilo Cairo descreveu a tuberculose como uma moléstia dos pulmões, caracterizada por um enfraquecimento progressivo acompanhado de tosse e escarros principalmente pela manhã. Em certas ocasiões há o aparecimento de sangue outras vezes hemoptises, dores no peito, dispnéia, falta de apetite, febres e suores noturnos, diarréia, emagrecimento e morte por esgotamento podendo ser aguda ou crônica. Em algumas terapêuticas ainda não há cura pela homeopatia que atua com um papel de coadjuvante, adaptado às perturbações individuais do paciente e aos sinais que apresentam, ou seja, a homeopatia é acrescentada como terapêutica sintomática (VOISON; 1982). Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado que a homeopatia é o segundo mais importante sistema médico usado internacionalmente, ela condenou o uso desta prática no tratamento de doenças como: AIDS, tuberculose, diarréia infantil e malária. Segundo a OMS já existem tratamentos cuja eficácia está amplamente demonstrada, já para homeopatia ainda não há provas objetivas que tenha impacto positivo sobre essas infecções. Mesmo não sendo indicado o tratamento com o uso dos medicamentos homeopáticos para cura da tuberculose, Goyal KK publicou em 2002 dois casos de tuberculose pulmonar tratada com homeopatia (GOYAL KK; 2002). O primeiro caso ocorreu com uma jovem de 21 anos. Em janeiro de 1996 este caso ficou conhecido como tuberculose multi- resistente, a cliente já havia passado por tratamento contra tuberculose e meses depois a tuberculose pulmonar foi novamente reativada sendo que neste momento foi gerada a resistência contra os antibióticos rifampicina e isoniazida, sendo necessário o tratamento com antibióticos de segunda geração. Após seis meses de tratamento a baciloscopia direta foi altamente positiva para Mycobacterium tuberculosis, foi neste momento que a paciente procurou a homeopatia. Além dos sintomas causados pela tuberculose (febre, tosse, dor torácica e perda de apetite), o prescritor, embasado pelas diretrizes do tratamento homeopático, indicou o uso de Sépia 30-CH como medicamento de terreno ou constitucional. Estes medicamentos seguem o princípio de similitude com o paciente e, 11 segundo os preceitos homeopáticos, são responsáveis pelo reequilíbrio da energia vital do paciente, não possuindo nenhuma correlação com os parâmetros tradicionalmente aceitos pela medicina alopática. Algumas consultas depois a paciente já apresentava sinais de melhora, o medicamento foi mantido na mesma potência. Quando ela apresentou uma recaída a Sépia foi ineficaz sendo prescrito Sépia 200CH e Enxofre 30CH para manter a paciente em conforto. Nove meses após o início do tratamento homeopático a paciente já havia ganhado 3 kg a menstruação retornado e três exames consecutivos de escarro foram negativos para M.tuberculosis. Como a paciente engravidou o tratamento com medicamentos alopáticos foi prescrito novamente para segurança do bebê, após o parto a paciente teve uma pequena recaída com alguns episódios de febre sendo prescrito a Sépia 200CH, melhorando o quadro. Trinta meses após a consulta inicial a radiografia de tórax demonstrou resultado de tuberculose inativada. O segundo caso comprovado também foi com uma jovem de 24 anos que começou a apresentar sintomas sugestivos para tuberculose em junho de 1991 e obteve a confirmação com raios-X de tórax e baciloscopia altamente positiva para M. tuberculosis. O tratamento alopático foi iniciado sem sucesso deixando a paciente em grande desespero, com medo da morte e totalmente insegura com os tratamentos propostos levando-a procurar o tratamento homeopático. De início após uma longa anamnese e observação da paciente o médico prescreveu a Pulsatilla 30CH. No dia seguinte a paciente já apresenta melhora, a febre já havia cedido foi prescrito Puis 30CH três vezes ao dia. Aos 37 dias do início do tratamento o apetite já havia melhorado, não apresentava mais febre, dor no peito a tosse era leve com pouca expectoração, porém a radiografia de tórax e escarro ainda era positiva para M. tuberculosis. Sendo repetido Puis 30CH. Em setembro a menstruação já estava regular, três exames de escarro e raios-X foram negativos, a cliente parecia feliz como antes da doença, nenhum medicamento foi prescrito. Quatro anos após o término do tratamento um check-up rotineiro foi realizado a paciente estava completamente saudável, neste período ela não teve qualquer tipo de problema de saúde. O medicamento Sepia utilizado no primeiro caso, nada tem haver com a tuberculose porém foi utilizado no tratamento obtendo a melhora da paciente. 12 A Sepia pertence aos Cephalopoda é um dos maiores remédios da mulher, o doente deste remédio é a mulher de cabelos pretos, face amarelada, alta, magra, delicada, triste e lacrimosa, como a de Pulsatilla, mas irritável, colérica e má ou fria e indiferente.Fraqueza e desfalecimento, sensação de uma bola nas partes internas, durante a menstruação, gravidez, lactação, constipação, diarréia, hemorróidas, leucorréia e todas as afecções do útero. Desmaia facilmente depois de se molhar, a partir de extremos de calor ou frio (CAIRO N; 1990). Grande queda de cabelo, depois de dores de cabeça crônicas ou no climatério.Grande tristeza e choro, medo de ficar sozinho.Avesso à família, facilmente ofendido, chora ao contar sintomas, avarento, ansioso para tarde; indolente. Sensação de vazio no estômago que não é aliviada por comer.Náuseas ao ver ou ao sentir o cheiro dos alimentos. Catarro nasal crônico.Tosse seca, irritante, que cansa o paciente, que agrava antes da meia noite, não permitindo o sono.Opressão pela manhã e a noite que agrava quando anda ou sobe escadas. É utilizado também no tracoma e na catarata. Raquialgia sacro-lombar (BOERICKE W.M.D). Agravação: Pelo ar frio;vento;antes de um temporal;antes do meio dia;à noite. Melhora: fazendo exercícios, caminhando depressa, pela pressão e calor. O segundo caso foi tratado com Pulsatilla que pertence às Ranunculaceae. O doente clássico deste remédio é a mulher clara, loura, dócil, triste, chorosa, lamentando-se constantemente, piora em quarto quente, melhora ao ar livre ou por aplicações frias, embora friorenta; corrimentos brandos, espessos e amarelo-esverdeados; sintomas variáveis, dores erráticas e manhosas saltando rapidamente de um ponto a outro. Em pulsatilla é tudo mudável. Há uma marcada variabilidade de humor. Ri e chora alternadamente. Desanimam facilmente, tem temores em ficar a noite sozinha. Dada a extremos de prazer e dor, dores de cabeça por excessos de trabalho (CAIRO N; 1990).Avesso a alimentos gordurosos, alimentos quentes e bebidas,flatulência. Dor nas costas, sensação de cansaço, rouquidão, tosse seca à tarde e à noite, expectoração mucosa abundante. Grande dor epigástrica. Primeiro sono inquieto,vertigem com naúseas quando desperta, o 13 que a obriga a deitar-se de novo, sonolência irresitível no turno da tarde (BOERICKE W.M.D.). Agravação: pelo repouso, no início de um movimento, em um aposento quente, deitado sobre o lado esquerdo, quando um temporal se aproxima, pelos alimentos gordurosos. Melhora: pelo movimento, pelas aplicações livres e ao ar livre Os medicamentos utilizados nos casos citados anteriormente não são indicados em tratamento de tuberculose, porém resolveram o problema. Isso mostra que a Homeopatia, pode não ser indicativo para cura, mas pode auxiliar de sobremaneira no tratamento, mesmo com uso de outros medicamentos não homeopáticos, dando melhor qualidade e suporte ao paciente. 14 V. CONCLUSÃO Sabe-se que atualmente a tuberculose participa do grupo de doenças emergentes nos países em desenvolvimento. Os fatores existentes para a persistência da doença neste grupo são: problemas nutricionais oriundos da pobreza, abandono do tratamento por falta de orientação que gera cepas resistentes e conseqüentemente resistências aos antibióticos, crescimento da população, desigualdades sociais, desemprego e envelhecimento da população que aumenta as chances de ocorrência de doenças. Para que houvesse uma diminuição de mortes e morbidade por doenças infecciosas seriam necessário investimentos em toda saúde pública. Historicamente a tuberculose sempre foi uma doença de determinação social, que exigia e continua exigindo várias estratégias e medidas específicas de controle das autoridades políticas. O tratamento da doença pela alopatia é realizado por um conjunto de antibióticos, são esquemas padronizados por tempo determinado, o que difere da homeopatia que é um tratamento individualizado, pois, observa a força vital assim como os sintomas. Os medicamentos prescritos não são iguais para todos os pacientes, leva-se em conta seu estado e sua gravidade. Como é proibido o tratamento só com a homeopatia, ela é acrescentada como vantagem terapêutica sintomática, atua nas predisposições que agravam a doença e nos resultados negativos provenientes do uso dos medicamentos alopáticos. É uma medicina complementar ao tratamento da tuberculose. 15 Vi. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOERICKE W.M.D; Homeopathic Matéria Médica. Pulsatilla Pratensis. Disponível em <http://www.homeoint.org/books/boericmm/p/puls.htm> Acesso em 16 dez 2010, 16:40. BOERICKE W.M.D; Homeopathic Matéria Médica. Sepia Oficinalis. Disponível em <http://www.homeoint.org/books/boericmm/p/puls.htm> Acesso em 17 dez 2010, 14:32. BRUNTON L.L; LAZO J.S; PARKER K.L. Goodman & Gliman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. ED Mcgraw-Hill Ed11, 2006. CAIRO, N. Guia de Medicina Homeopático. 21° ed. São Paulo. Teixeira, 1990. 1058p. CAMPOS, H.S. Diagnóstico da Tuberculose. Pulmão. Rio de Janeiro. 2006 92 – 99p. CÔRREA, A.D; BATISTA, R. S; QUINTAS, L.E.M. Similia Similibus Curenter: Notação História da Medicina Homeopática. Rev. Ass. Med. Brasil, 1997.347 – 351p. Goyal KK. Two cases of pulmonary TB treated whith homeopathy. The Faculty PF Homeopathy,2002. 43-46p. HIJAR, M.A.;GERHARDT,G; TEIXEIRA, G.M; PROCÓPIO. M.J. Retrospecto do Controle de Tuberculose No Brasil. Rev. Saúde Pública. Rio de Janeiro. P 50 – 58. 2007. HIJAR, M.A.;GERHARDT,G; TEIXEIRA, G.M; PROCÓPIO. M.J.A Tuberculose No Brasil e No Mundo. Boletim de Pneumologia sanitária. Vol 9, N°2 jul – dez 2001. 16 Hoeopathy not cue, says WHO. Disponível em: < http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/8211925.stm> Acesso em 03 jan de 2011, 15:30. Manual Técnico para Controle da Tuberculose. Brasília. Cadernos de Atenção Básica n°6 16p 2002. MONTEIRO, D.A.; IRIAT, J.A.B. Homeopatia no Sistema Ùnico de Saúde: Representações dos Usuários Sobre Tratamento Homeopático. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, p 1903 -1912. 2007. NETTO, A.R. Tuberculose: a calamidade negligenciada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. São Paulo, p 51-58, 2002. NETTO, A.R. Programa de Controle da Tuberculose no Brasil: Situação Atual e Novas Perspectivas. Informe Epidemiológico do SUS. Vol 10 N°3 jul – set, p 129 – 138, 2001. TEIXEIRA, M.Z. Homeopatia: Ciência, Filosofia e Arte de Curar. Rev. Med. São Paulo, p 30 – 43, 2006. PIGNATTI, M.G. Saúde e Ambiente: As Doenças Emergentes no Brasil. UFMT, p 135 – 138, 2003. RIBEIRO, M.C. Homeopatia 25 Anos como Especialidade Médica no Brasil Disponível em : < http://www.homeopathicum.com/novo/noticias_ler.asp?id > Acesso em: 20 dez.2011, 16:43. VANNIER, L;POIRIER,J. Tratado de Matéria Médica Homeopática 9°ed. São Paulo. Andrei, 1987. 427p VENDRAMINI, S.H.F; VILLA T.C.S; SANTOS, M.L.S.G; GAZETA, C.E. Aspectos Epidemiológicos Atuais da Tuberculose e o Impacto da 17 Estratégia Dots no Controle das Doenças. Rev. Latino em Enfermagem. Jan – Fev, 2007. VOISIN, H.Terapêutica e Repertório Homeopático do Clínico.2° ed. São Paulo. Andrei, 1982 642 p. II Consenso Brasileiro de Tuberculose. Brasília. Diretrizes Brasileiras para tuberculose. 11P,2004. http://www.estadao.com.br/noticias/geral,oms-condena-uso-dahomeopatia-contra-doencas-perigosas,422451,0.htm 18