Eixo Temático 1: Estratégia empresarial e meio ambiente (Estratégia Sociambiental). Green Marketing e Planejame nto Estratégico: Uma Inte rligação Possível? Leonardo Zandoná, Gilnei Luiz de Moura Resumo do Trabalho É reconhecido nas organizações e na sociedade que o esgotamento dos recursos naturais constitui-se num dos mais sérios problemas atuais da humanidade, o que levou ao conceito de Green Marketing. Em relação à estratégia, passado quase meio século dessa constatação, o vocábulo evoluiu na teoria da administração da análise estática de campo de atuação da empresa, com diretrizes específicas de orientação e regras de decisão como limite as decisões da empresa às melhores oportunidades para conceitos dinâmicos, mais elaborados e requintados, que conduzem ao pensamento estratégico e à criação do futuro desejado. Assim, o presente estudo se propõe a responder a seguinte questão: “Como evoluíram o conceito e os estudos sobre Marketing Verde nos últimos 40 anos e qual sua relação com o planejamento estratégico?” O artigo está organizado nas seções: introdução, metodologia, Green Marketing, Planejamento Estratégico, possíveis integrações, considerações finais e referências bibliográficas. O trabalho se configura como um trabalho qualitativo de natureza descritiva e exploratória. Para tal, foi conduzida uma revisão da literatura sobre os temas de Green Marketing e de Planejamento Estratégico. Verificou-se que já existem tentativas para ligar o Green Marketing ao Planejamento Estratégico, mas que novos estudo s, tanto teóricos quanto empíricos, precisam ser conduzidos. Palavras-chave: Green marketing; planejamento estratégico; sustentabilidade. Abstract It is recognized in organizations and society that the depletion of natural resources constitutes one of the most serious current problems of mankind, which led to the concept of Green Marketing. Regarding strategy, almost half century of this fact, the word evolved into the management theory of the static analysis of field performance of the company, with specific guidelines for guidance and decision rules to limit the company's decisions to the best opportunities for dynamic concepts more elaborate and refined, leading to strategic thinking and create the future you want. Thus, this study proposes to answer the following question: "How the concept evolved and studies on Green Marketing in the last 40 years and what their relationship with strategic planning?" The paper is organized into sections: introduction, methodology, Green Marketing, Strategic Planning, possible integrations, concluding remarks and references. The work was designed as a qualitative study of descriptive and exploratory nature. For this, it conducted a review of the literature on the themes of Green Marketing and Strategic Planning. It was found that there are already attempts to connect to the Green Marketing Strategic Planning, but that further studies, both theoretical and empirical, must be conducted. Key-words: Green marketing; strategic planning; sustainability. 1 1. Introdução O momento atual é propício a várias contestações de conceitos tradicionais, seja na sociedade civil, seja nas organizações públicas e mesmo na esfera das empresas privadas. Muitas propostas alternativas de perceber o mundo tornam-se importantes e ganham destaque nessa nova concepção de mundo, e.g., globalização, mercados comuns, desenvolvimento sustentável, produção mais limpa (P+L), green marketing, entre outros. Nos últimos anos, uma considerável quantidade de estudos tem investigado conceitos correlatos de ecologia, sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, responsabilidade ambiental das empresas, capitalismo natural, ecossistema empresarial e marketing verde. Particularmente estudos quanto ao Marketing Verde (em inglês, “Green Marketing”) também têm utilizado as terminologias Marketing Ecológico, Marketing Ambiental, Marketing Sustentável ou Ecomarketing. O tema tem atraído a atenção de pesquisadores e empresas pelo mundo todo, em especial em países desenvolvidos como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Espanha, Holanda, Austrália e Países Nórdicos. Todavia o Marketing Verde tem ganhado espaço também em países como Brasil. Algumas dissertações e teses (MARQUES, 1998; MOTTA, 2000; PALHARES, 2003; GUIMARÃES, 2006; ROMEIRO, 2006, BAISCH, 2008) foram desenvolvidas no país. Na definição de Churchill e Peter (2000), “Marketing Verde consiste nas atividades de marketing que são elaboradas com o intuito de minimizar os danos causados ao meio ambiente ou, ainda, que visam melhorar sua qualidade”. Dessa forma, empresa s passam a oferecer produtos ecologicamente corretos. Um produto ecologicamente correto (ou verde) “deve ser concebido para satisfazer as necessidades de preservação ambiental de consumidores preocupados com a questão ambiental” (MOTTA, 2007 ). Por consumidor verde, entende-se “alguém que seja influenciado pela preocupação ambiental quando compra um serviço ou produto” (SHRU, MCCARTY e LOWREY, 1995). A literatura tem abordado a questão, envolvendo estudos quanto à identificação do consumidor verde, à caracterização do produto verde, ao levantamento de atitudes ecológicas ou ambientais, à mensuração do mercado, à comunicação verde e a estratégias adotadas por empresas. Mais recentemente tem sido estudado o papel da marca verde. É reconhecido nas organizações, nos governos e na sociedade que o esgotamento dos recursos naturais constitui-se num dos mais sérios problemas atuais da humanidade. Hoje, no entanto, o consumidor tem a seu alcance alternativas de produto que apresentam melhor ecodesempenho. A preocupação ambiental, no início da década de 1990, refletia uma demanda crescente por produtos que danificassem menos o meio ambiente, fato que representou a mais profunda mudança de atitude e comportamento do consumidor desde a crise do petróleo dos anos 1970. A metade dos consumidores europeus era desejosa por produtos mais verdes, e estava disposta tanto a pagar mais por eles quanto a aceitar uma compensação entre qualidade funcional e performance ambiental (PEATTIE e CHARTER, 1997). Concomitantemente o desenvolvimento sustentável tornou-se uma preocupação das Nações Unidas a partir da Conferência sobre o Meio Ambiente, conhecida por Rio-92, ampliando e intensificando a discussão internacional a seu respeito, bem como aumentando o número de conferências sobre o meio ambiente (LOUETTE, 2007). Por mais paradoxal que possa parecer, os principais agentes que sustentavam o desenvolvimento econômico tradicional que levou ao caos ambiental, diante de tal panorama viram-se instigados a repensar seus conceitos, atitudes e ações. Deste modo, empresas foram convidadas a participar na geração de alternativas que minimizassem e/ou solucionassem não apenas os problemas ambientais atuais, mas principalmente os vindouros, no período que Peattie e Charter (1997) denominaram de fase do verde (anos 1990). 2 O conceito de planejamento estratégico, embora milenar (ZUN, Tsu 544 – 496 A.C) e com experiências relatadas na área de gestão pública, migrou para a teoria da administração e para a realidade organizacional no começo da década de 1950. No principio mais como uma nova ferramenta, e atualmente como uma condição sine qua non de sobrevivência empresarial, mesmo que muitas vezes de maneira implícita. O propósito central desse artigo é verificar a relação entre o surgimento e fortalec imento do conceito de Green Marketing com os entendimentos de algumas correntes de planejamento. Deste como, considerando o exposto supra-citado, o presente estudo se propõe a responder a seguinte questão de pesquisa: Como evoluíram o conceito e os estudos sobre Marketing Verde nos últimos 40 anos e qual sua relação com o planejamento estratégico? Especificamente busca-se rever a literatura de uma área de conhecimento mais estabelecida (Planejamento Estratégico) e uma área emergente (Green Marketing), evidenciando as interligações que daí poderão advir. Para isso, a metodologia adotada se configura como um estudo bibliográfico. Esse estudo justifica-se pela efervescência do tema a nível internacional. De acordo com Schaefer (2005), com base em WCED (1987), O ttman (1993), OECD (1998) e Diamond (2005), o desenvolvimento sustentável pode ser considerado, sem exagero, o mais significante e ainda mais difícil problema de marketing e da atividade econômica humana em face ao terceiro milênio. Na mesma linha, Kassaye (2001), McDaniel & Rylander (1993), Pujari & Writht, (1996) e Simms (1992) afirmam que o Green Marketing é considerado como uma das principais tendências nos negócios modernos. Uma justificativa adicional é a ausência de um maior número de estudos no Bras il (ZANDONÁ, GOMES, MADRUGA, 2009). Além disso, de acordo com Miller (2008), os negócios verdes continuarão a evoluir e novas empresas estão se juntando à esta tendência. Ela acrescenta que a economia verde é avaliada em mais de 209 b ilhões de dólares anualmente e é esperado alcançar 1 trilhão de dólares até 2020. (DE CRA ECKER e DE W ULF, 2009, p. 3) O artigo está organizado em sete seções: introdução, metodologia, Green Marketing, Planejamento Estratégico, possíveis integrações, considerações finais e referências bibliográficas. 2. Metodologia O presente trabalho é e se configura como um trabalho qualitativo de natureza descritiva e exploratória. Para tal, foi conduzida uma revisão da literatura sobre os temas de Green Marketing e de planejamento estratégico. Vários autores sustentam os estudos sobre Green Marketing: Charter (1992), Coddington (1993), De Craecker e De Wulf (2009), Fuller (1999), Ginsberg e Bloom (2004), Hartmann e Apaolaza-Ibañez (2006), Hopfenbeck (1993), Kalafatis et al (1999), Kinlaw (1998), Olson (2008), Orsato (2006), Ottman (1994), Peattie (1995), Peattie e Charter (1997), Polonsky e Mintu-Wimsatt (1995), Rex e Baumann (2007), Roozen e De Pelsmacker (1996), Stephen e Rylander (1993). Sendo área de conhecimento há mais tempo estudada, o Planejamento Estratégico presente neste artigo é fundamentado por autores bem conhecidos na Administração: Aaker (2001), Ackoff (1974), Ansoff (1977 e 1993), Bethelem (2001), Dickson, Farris e Verbeke (2001), Fischman e Almeida (1991), Ghemawat (2000), Gra nt (2005), Hamel e Prahalad (1995), Hax (1990), Kluyver e Pearce (2006), Miles e Snow (2003), Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), Mintzberg e Quinn (2001), Porter (1986 e 1992), Powell (1992), Zaccarelli e Fischmann (1994). Após a revisão da literatura, procura-se em seguida destacar contribuições que busquem a interligação entre as duas áreas de conhecimento. 3. Green Marketing 3 Na revisão da literatura sobre Green Marketing, foram consultados artigos e livros, procurando localizar os antecedentes a este conceito, as definições trazidas ao longo dos anos, os estudos empíricos e teóricos mais relevantes e os debates mais importantes. Os primeiros estudos e publicações significativos sobre marketing verde e comportamento do consumo verde datam da década de 1970 (HARTMANN e APAOLAZAIBÁÑEZ, 2006) e tem sido um importante tópico de investigação acadêmica desde então (CODDINGTON, 1993; FULLER, 1999; OTTMANN, 1994; HARTMANN e APAOLAZAIBÁÑEZ, 2006). É também da década de 1970 o primeiro workshop sobre Ecologica l Marketing, realizado em 1975 pela American Marketing Association, o qual resultou no ano seguinte no primeiro livro sobre o tema, com o nome de “Ecological Marketing” e a autoria de Henion e Kinnear. (BÄVESTAN e LARSSON, 2009). A definição de Marketing Verde mais remota encontrada na literatura foi a proposta pela American Marketing Association em 1975: “o estudo de aspectos positivos e negativos das atividades de marketing sobre a poluição, exaustão de fontes energéticas e não energéticas”. Este conceito, temporalmente contemporâneo aos efeitos da crise do petróleo de 1974, é bastante limitado, restringido suas preocupações à poluição e fontes energéticas. De fato, pode-se localizar o conceito de Marketing Verde dentro do escopo de Marketing Societal proposto em 1974 por El- Ansary. Para tal autor, Marketing Societal refere-se a considerar problemas sociais às estratégias de marketing desenvolvidas e implementadas com o objetivo de aumentar a aceitabilidade dos produtos; decorre da evolução do conceito e pode ser utilizado em qualquer organização. Para Kotler (2000, p. 47), Marketing Societal “determina as necessidades, os desejos e os interesses dos mercados-alvo e fornece as satisfações desejadas mais eficaz e eficientemente do que a concorrência, de uma maneira que preserva ou melhora o bem-estar do consumidor e de toda a sociedade”. Prothero (1990 apud SIMINTIRAS, SCHLEGELMILCH e DIAMANTOPOULOS 1997) argumentou que o marketing societal é a quarta fase no desenvolvimento evolucionário de marketing à medida que ele considera o conceito de consumo responsável. Da mesma forma, Henion (1979), conforme Simintiras, Schlegelmilch e Diamantopoulos (1997), considerou o marketing verde como um subconjunto do marketing social e afirmou que o marketing ecológico podia ser considerado uma estratégia de marketing para a crise ambiental. Um estudo pioneiro na área é o de Kassarjian publicado em 1971 no Journal of Marketing. A pesquisa analisou a atitude de consumidores quanto à oferta de um tipo de gasolina menos poluente em uma cidade norte-americana, comercializada a um preço premium. Outros estudos da época são os de Henion (1972) e Kinnear e Taylor (1973). Todavia, vários autores formularam um conceito para marketing verde, ambiental ou ecológico. A Figura 1 apresenta tais conceitos. ANO 1975 AUTOR American Marketing Association (AMA) 1976 Henion e Kinnear 1991 Pride e Ferrel CONCEITO O estudo de aspectos positivos e negativos das atividades de market ing sobre a poluição, exaustão de fontes energéticas e não energéticas. Marketing ecológico preocupa-se com todas as atividades de market ing: (1) que servem para ajudar a causar problemas amb ientais, e (2) que podem servir para fornecer u m reméd io para problemas ambientais. Assim, o marketing ecológico é o estudo de aspectos positivos e negativos das atividades de market ing sobre a poluição, o esgotamento dede energia e o esgotamento de recursos não energéticos. O desenvolvimento específico, precificação, pro moção e distribuição de produtos que não prejudicam o amb iente. 4 1993 Mint e Lozada 1993 Coddington 1994 Polonsky 1994 Ottman 1995 Peattie 1996 Santesmases 1997 Simintiras, Schlegelmilch e Diamantopoulos 1999 Fuller 2000 Churchill e Peter 2004 Rocha e Marques 2006 Rex e Bau mann Marketing Verde é a aplicação de ferramentas de marketing para facilitar trocas que satisfaçam objetivos organizacionais e individuais de tal modo que a preservação, proteção e conservação do ambiente físico sejam acolhidas. As atividades de market ing que reconhecem a responsabilidade amb iental co mo uma responsabilidade de desenvolvimento de negócios e oportunidade de crescimento do negócio é o que quero dizer co m marketing ambiental. (...) O “marketer” amb iental acrescenta o meio amb iente ao conjunto padrão de variáveis de decisão. Marketing Verde ou Amb iental consiste em todas as atividades planejadas para gerar e facilitar t rocas voltadas a satisfazer as necessidades e desejos humanos, de modo que a satis fação dessas necessidades e desejos ocorra com o mín imo de impacto sobre o meio amb iente. O Market ing Verde tem dois objetivos -chave: (1) desenvolver produtos que equilib rem necessidades dos consumidores, tenham preço viável e conveniência com co mpatibilidade amb iental (exerçam u m impacto mínimo sobre o amb iente) e (2) projetar uma imagem de alta qualidade, incluindo sensibilidade ambiental, quanto aos atributos de um produto e quanto ao registro de trajetórias de seu fabricante, no que se refere a respeito ambiental. O processo gerencial holístico responsável por identificar, antecipar e satisfazer as necessidades dos consumidores e da sociedade, de um modo lucrativo e sustentável. O Marketing Ecológico é u m modo de conceber e executar a relação de troca, co m a finalidade de que seja satisfatória para as partes que nela intervêm, a sociedade e o meio ambiente, med iante o desenvolvimento, valoração, distribuição e promoção por uma das partes de bens, serviços ou idéias que a outra parte necessita, de forma que, ajudando a conservação e melhora do meio ambiente, contribuem ao desenvolvimento sustentável da economia e da sociedade. Uma filosofia gerencial que começa co m u m cu idadoso exame de variáveis que estão relacionadas às preocupações ambientais da sociedade e dos consumidores e se estende em um esforço sem fim para melhorar a performance amb iental de uma empresa. O processo de planejar, imp lementar e controlar o desenvolvimento, a p recificação, a pro moção e a distribuição de produtos em u m modo que satisfaça os três seguintes critérios: (1) as necessidades do consumidor são atendidas, (2) as metas organizacionais são alcançadas, e (3) o processo é compatível co m os ecossistemas. Marketing Verde consiste nas atividades de marketing que são elaboradas com o intuito de min imizar os danos causados ao meio amb iente ou, ainda, que visam melhorar sua qualidade. O ecomarket ing veio incorporar os valores éticos ambientais nas organizações através da criação e difusão de novos bens e serviços, cuja demanda depende da consciência ecológica do público consumidor. O objetivo do Market ing Verde é inclu ir questões ambientais nos esforços de marketing. Figura 1 – Conceitos de Green Marketing A mais popular definição, de acordo com De Craecker e De Wulf (2009), é aquela proposta por Polonsky (1994): “Marketing Verde ou Ambiental consiste em todas as atividades planejadas para gerar e facilitar trocas voltadas a satisfazer as necessidades e desejos humanos, de modo que a satisfação dessas necessidades e desejos ocorra com o 5 mínimo de impacto sobre o meio ambiente”. Outro dos conceitos mais citados na literatura é o Peattie (1995): “O processo gerencial holístico responsável por identificar, antecipar e satisfazer as necessidades dos consumidores e da sociedade, de um modo lucrativo e sustentável.” Não há, entretanto, um consenso na literatura sobre a melhor de finição (DE CRAECKER e DE WULF, 2009). Nota-se que termos como poluição, esgotamento e dano, presentes nos primeiros conceitos passaram a ser substituídos por preservação, proteção e mínimo impacto. As definições mais recentes enfatizam a relação com os co nsumidores, a necessidade de atrair novos consumidores bem como de manter os atuais. É necessário resgatar que foi o ambientalismo dos anos 1970 que desencadeou uma grande reflexão sobre o uso excessivo dos recursos naturais. Esta fase do movimento ambiental colocava ênfase sobre os problemas “ambientais”; o foco geográfico estava em problemas locais como poluição; a atitude em relação aos negócios era de que os negócios significavam um problema (portanto uma atitude em geral adversa); e a atitude perante o crescimento era focada nos efeitos negativos das atividades econômicas sobre o meio ambiente. (PEATTIE e CHARTER, 1997). Assim, “as atividades de marketing aumentaram o consumo e o uso de matérias-primas” (MEFFERT e KIRCHGEROG, 1993 apud HOPFENBECK, 1993, p. 176). Os conceitos de marketing de crescimento intensivo tem frequentemente sido culpados por vários efeitos negativos ao ambiente (HOPFENBECK, 1993). As idéias básicas por trás do ambientalis mo ditam que as empresas têm responsabilidades para além da produção de bens e serviços. Essas responsabilidades envolvem ajudar a resolver problemas sociais, especialmente aqueles que elas ajudaram a criar. (BUCHHOLZ, 1991 apud LOZADA e M INTU-WIMSATT, 1995, p. 187) Dessa forma, o marketing foi chamado para ser a interface entre consumo e produção, pois suas atividades vão da produção ao consumo, já que influenciam o portfólio de produtos e os esforços de comunicação do produto (REX e BAUMANN, 2007). Em especial, o Green Marketing foi encarado como promessa de solução. Para Schaefer (2005): O Green Marketing tem sido proposto como uma solução, ao menos parcial, às questões amb ientais conectado com o marketing convencional. A premissa aqui segue o pensamento de modernização ecologica, isto é, que a transformação em d ireção a uma econo mia ambientalmente sustentável pode ser alcançada dentro do corrente sistema de mercado. (YOUNG, 2000, M OL e SPAARGA REN, 2000). Contemporaneamente reconhece-se que apesar de que nenhum produto de consumo tenha um efeito zero no ambiente, no mundo dos negócios os termos “produto verde” e “produto ambiental” são largamente usados para descrever aqueles que se esforçam ao máximo para proteger ou melhorar o ambiente natural pela conservação de energia e/ou recursos e redução ou eliminação do uso de agentes tóxicos, poluição e lixo. (OTTMAN, STAFFORD e HARTMAN, 2006). Assim, embora a preocupação ambiental e a demanda dos consumidores verdes tenham levado ao surgimento do Marketing Verde, levantaram-se recentemente muitas críticas ao baixo desenvolvimento empírico e teórico da área. As publicações e as práticas focaram excessivamente selos ambientais e a quantificação do consumidor verde, conforme Rex e Baumann (2007) que consideram (p. 574): “Pode ser que seja o momento de repensar o marketing verde: de visar consumidores verdes com produtos verdes para uma ampliação do grupo de consumidores alvo e incluir propriedades verdes como um dos apelos, entre outros, de um produto.” Os mesmos autores, não aceitando a visão de mercado limitado, advogam que oferta e demanda são o resultado de influencias mútuas entre produtores e consumidores, de modo que a maneira com que os consumidores são tomados como alvo pode ser modificada. Sua proposição é de que o Marketing Verde tem muito a aprender com o Marketing convencional. 6 O principal foco da literatura sobre Green Marketing no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 foi quase que exclusivamente a cerca do tamanho do mercado verde e o perfil do consumidor verde (REX e BAUMANN, 2007). Assim, a incessante busca do perfil do consumidor verde pode ser encontrada em vários estudos: Calomarde, (2000), Kinnear, Taylor e Ahmed (1974), Laroche, Bergeron e Barbaro-Forleo (2001), Shrum, McCarty, e Lowrey (1995). O mercado verde identificado foi dividido em segmentos de mercado baseado na “greeness” do consumidor, sendo que uma tipologia os classificou em “ativistas, realistas, complacentes e alienados”, enquanto outra criou os tipos “true blue greens”, “greenback greens”, “sprouts”, “grousers” e “basic browns”. (REX e BAUMANN, 2007). Muitas pesquisas foram conduzidas no sentido de identificar conhecimentos, valores, atitudes, opiniões e comportamentos do consumidor: Bigné (1997), Fraj e Martinex (2002), Marques (1998), Motta (2000), Pickett-Baker e Ozaki (2008), Romeiro (2006), Schlegelmilch, Bohlen, e Diamantopoulos (1996), Rocha e Marques (2004). Algumas ainda foram estudos comparativos interculturais: Kuribayashi e Stone (1998); Montgomery e Stone (2009); Laroche, Tomiuk, Bergeron, e Barbaro-Forleo (2002); Kalafatis et al (1999). Em um estudo recente sobre comportamento do consumidor e Propaganda, PickettBaker e Ozaki (2008) encontraram uma correlação entre a confiança do consumidor no desempenho de produtos verdes e suas crenças pró-ambientais em geral. Os achados sugerem, todavia, que a maioria dos consumidores não pode facilmente identificar produtos verdes (com exceção de produtos de limpeza) apesar de que eles favoreceriam produtos industrializados por empresas mais verdes. Alinhado nestes achados, em uma pesquisa qualitativa voltada para conhecer a importância do fator ecológico nas decisões de compra de consumidoras brasileiras e averiguar a predisposição de compra a produtos ecologicamente corretos, Motta e Oliveira (2007) concluíram que a prática do Green Marketing pode constituir vantagem competitiva, apesar do fenômeno não ocorrer atualmente. Para os pesquisadores, tanto o conhecimento quanto as atitudes positiva já estão presentes nos consumidores. As pesquisadas consideram importante a preservação do meio ambiente por se submeterem às regras do grupo. Entretanto, elas não transportam essa consideração para as decisões de consumo. Mais recentemente, uma grande discussão foi estabelecida na literatura quanto aos atributos e benefícios de produtos verdes. Assim, uma das descobertas é de que “os consumidores estão comprando produtos verdes – mas não necessariamente por razões ambientais”. O crescimento dos mercados de alimentos orgânicos e aparelhos eficientes quanto à energia é devido aos consumidores desejarem, respectivamente, segurança percebida e economia (GINSBERG e BLOOM, 2004). Assim, Ottman, Stafford, Hartman (2006) criaram o conceito de miopia em marketing verde, em alusão ao conceito de Theodore Levitt de miopia em marketing. Para os autores, o Green marketing deve satisfazer os objetivos de qualidade ambiental melhorada e satisfação do consumidor. Subjugando um ou superenfatizando o primeiro objetivo em detrimento do segundo pode ser denominado miopia em marketing verde. Dessa forma, os autores Ottman, Stafford e Hartman (2006) afirmam que os resultados de pesquisa indicam que muitos produtos verdes trabalharam pela miopia de seus “marketers” ao focarem nos atributos verdes de seus produtos (“greeeness”) sobre as expectativas mais amplas dos consumidores, reguladores ou ativistas. Para os autores, a miopia também ocorre quando os produtos verdes falham em prover benefícios ambientais verossímeis e substantivos. Nesse sentido, uma pesquisa brasileira também aponta para a não ênfase aos atributos ecológicos: “Os dados indicam que os consumidores ainda se encontram presos aos benefícios intrínsecos dos produtos e que suas necessidades são satisfeitas se os produtos forem eficientes nesses quesitos, não importando se são capazes de degenerar o meio ambiente.” (MOTTA e OLIVEIRA, 2007, p. 56). Outro estudo, conduzido ao longo de seis anos como 7 estudantes de Administração, teve, segundo seus autores, resultados intrigantes: “Observa-se que na maior parte dos casos as atitudes favoráveis a decisões de caráter ambie ntal não se traduzem em comportamento de consumo condizente. Aparentemente o público mais sensível a este tipo de apelo são as pessoas de nível de instrução e renda superiores e, principalmente, do sexo feminino” (MARQUES e ROCHA, 2004, p.1). 4. Plane jamento Estratégico Em administração é premissa básica que toda organização objetiva um crescimento sustentado de seus negócios, a fim de poder optar por direcionamentos estratégicos e orientações competitivas coerentes a sua core competence. Muitos autores (ACKOFF, 1974; ANSOFF, 1977, 1993; PORTER, 1992; HAX e MAJLUF 1996; SLYWOTZKY e MORRISON, 1998; MILES e SNOW, 2003; RAY, 2004; GRANT, 2005; KLUYVER e PEARCE II, 2006; BARNEY e HESTERLY, 2007) consideram que os fatores que determinam o sucesso de uma organização estão relacionados a conceitos estratégicos, tais como: administração estratégica, direcionamento estratégico, orientação estratégica e posicionamento estratégico. Em 1965, na primeira publicação de seu livro Corporate Strategy, Igor Ansoff observa que àquela época há mais de dez anos a noção estratégia vinha sendo freqüentemente perceptível na literatura sobre Administração (ANSOFF, 1977). Passado quase meio século dessa constatação, o vocábulo estratégia na teoria da administração evolui da análise estática de campo de atuação da empresa, com diretrizes específicas de orientação e regras de decisão como limite as decisões da empresa às melhores oportunidades (ANSOFF, 1977), para conceitos dinâmicos, mais elaborados e requintados, que conduzem ao pensamento estratégico e à criação do futuro desejado (GHEMAWAT, 2000; KLUYVER e PEARCE II, 2006). As concepções de estratégia passam a envolver diferentes dimensões e níveis. Aaker (2001) tem seu conceito de estratégia focado em negócios, a designa como estratégia de negócios. Para tanto, sua percepção é de que uma estratégia deve definir o posicionamento da empresa, i.e., tornar-se competitiva. Nesse sentido, deve levar em consideração seis dimensões: (1) o produto- mercado no qual o negócio deve competir; (2) o nível de investimento; (3) as estratégias de área funcional necessárias para competir no produtomercado selecionado; (4) os ativos estratégicos ou competências que estão por trás da estratégia que proporcionam vantagem competitiva sustentável; (5) a alocação de recursos nas unidades de negócio; e (6) o desenvolvimento de efeitos sinérgicos por todos os negócios. Grant (2005) de certa forma corrobora e amplia a percepção de Aaker (2001). Grant considera que a estratégia deve ser contemplada com base em do is grandes níveis: a Estratégia Corporativa - Corporate Strategy - que atente para a indústria e mercados nos quais a organização compete, e a Estratégia de Negócios - Business Strategy - que considera como a organização compete na indústria e mercado específicos. A Estratégia de Negócios é elaborada e implementada por meio das estratégias funcionais. De certo modo, as percepções de Aaker (2001) e de Grant (2005) pautam-se no conceito original de estratégia competitiva de Porter (1992), que considera a concorrência como determinante do sucesso ou do fracasso de uma organização, sendo a estratégia competitiva concebida para estabelecer uma posição lucrativa e sustentável na indústria em que opera. Para Porter (1992), a rentabilidade de uma indústria é determinada por cinco forças: (1) a entrada de novos concorrentes; (2) a ameaça de substitutos; (3) o poder de negociação dos compradores; (4) o poder de negociação dos fornecedores e (5) a rivalidade entre concorrentes existentes. Em sua abordagem, tem-se que a concorrência deve ser analisada com base nessas forças. Tanto na concepção de Ansoff (1977), como na de Porter (1986) há uma preocupação em classificar as estratégias em diferentes tipologias. Ansoff aponta por meio de seu conceito 8 de vetor de crescimento que a estratégia pode ser assumir quatro configurações: (1) Penetração no Mercado; (2) Desenvolvimento de Produtos; (3) Desenvolvimento de Mercados; e (4) Diversificação. Por outro lado, Porter (1986) considera que na verdade há apenas três opções de estratégias genéricas: (1) Liderança de Custos; (2) Diferenciação; e (3) Enfoque (no custo ou na diferenciação). Ao se comparar essas duas concepções clássicas tem-se que ambas têm suas singularidades, mas que de forma alguma são excludentes, muito pelo contrário complementam-se, ao atentarem-se para a sobrevivência, a manutenção, o crescimento e o desenvolvimento das organizações. Neste mesmo escopo, Zaccarelli e Fischmann (1994) identificam treze opções de estratégias genéricas: oportunidades; desinvestimento; intento; adaptação; diferenciação produto- mercado; diferenciação funcional; inovação; evolução; reação; despistamento; cooperação; agressão; e autoproteção. Ao se tratar de estratégia, é importante frisar, que ela segue o mesmo princípio do conceito de singularidade e individualidade de cada organização, i.e., são únicas se forem vistas da perspectiva do contexto em que são pensadas e executadas, tendo sua complexidade equivalente a do momento de sua escolha. Diante deste preceito, Mintzberg propõe que se analise a estratégia com base em cinco diferentes definições: plano, padrão, posição, perspectiva e truque (MINTZBERG, 2000). Nesta perspectiva, Mintzberg e Quinn (2001) consideram que as estratégias são atividades inteligentes, as quais podem ser deliberadas ou emergentes, sejam elas motivadas por problemas impostos à realidade organizacional, sejam pela busca de novas oportunidades. A dinamização da estratégia materializa-se por meio do processo estratégico, que de modo análogo adapta-se a realidade de cada organização. A definição de estratégia engloba todas as atividades da organização, fornece unidade, direção e propósito para as atividades da organização e age como facilitador para as modificações necessárias em função de alterações no ambiente da organização e anseios de seus stakeholders, definindo, portanto o seu domínio competitivo (HAX, 1990; FISCHMANN e ALMEIDA, 1991). Nesta ótica, os modernos conceitos de estratégia conduzem a pensar que, no momento da formulação estratégica, não é possível enumerar todas as possibilidades de projetos que serão identificadas. Diante desse emaranhado teórico-prático, Barney e Hesterly (2007) crêem ser possível minimizar a probabilidade de se cometer erros por meio da adoção do processo de administração estratégica. É lógico que trabalham o conceito de que esse processo objetiva a geração de vantagem competitiva, e que nesse escopo deve levar em conta que pode se ter vantagem competitiva, paridade competitiva e/ou desvantagem competitiva tanto em termos de temporalidade como de forma sustentável (BARNEY e HESTERLY, 2007). Similarmente, Blumentritt e Danis (2006) apontam que um fator para o sucesso de uma administração estratégica reside na habilidade de equalizar o ajuste e a coerência entre os fatores competitivos – internos e externos – de uma organização, de maneira a facilitar uma altao desempenho. Portanto a formulação de estratégias deve basear-se em informações bastante agregadas, incompletas e incertas a respeito de classes de alternativas. Neste contexto, desde as origens das pesquisas no campo da política de negócio business policy - na década de 50, vem se investigando os atributos e impactos do planejamento estratégico, conseqüentemente esta preocupação aumentou consideravelmente com a expansão dos estudos da administração estratégica (POWELL, 1992). Por esse prisma, de modo geral o planejamento estratégico enquadra-se como um investimento, um reemprego, e uma reestruturação dos recursos financeiros, humanos, organizacionais e capitais intelectuais que criam fluxos de caixa e renda além do horizonte de curto prazo (DICKSON, FARRIS e VERBEKE, 2001). 9 Por fim, alguns autores percebem a estratégia como um conceito a ser apreendido e ensinado no ambiente organizacional, no sentido de saber utilizá- lo, sendo que a boa execução das estratégias elegidas, ao transformá- las em ações de fato estratégicas, dependerá de como é aceita e apreendida pelas pessoas que formam a organização, visto que as ações de planejar e de executar devem ser interdependentes, mas que na maioria das vezes têm suas idiossincrasias muito marcantes, tais como o número de pessoas envolvidas e o tempo despendido (HAMEL e PRAHALAD, 1995; BETHLEM, 2001; DAY, SCHOEMAKER e GUNTHER, 2003; HREBINIAK, 2006). O Modelo Delta de Hax e Wilde (2001) tem grandes diferenças em relação às teorias anteriores, tais como o fato de definir posicionamentos estratégicos que refletem fundamentalmente novas fontes de lucratividade, alinhar essas opções de estratégia às atividades (aos processos) de uma empresa e introduzir processos de adaptação capazes de responder continuamente a um ambiente de incertezas. O tema central do Modelo Delta é a estratégia, tanto para a velha quanto para a nova economia. Entretanto, ao invés de considerar o processo de formulação de estratégia baseado na competição, enfatiza a amarração (bonding) que pode ser obtida entre consumidores, fornecedores, concorrentes, substitutos e complementadores. O Modelo Delta considera três formas essenciais de posicionamento competitivo, que são representadas por um triângulo que em cada um de seus vértices contém uma das seguintes formas: “1 - melhor produto; 2 - soluções totais para o cliente e; 3 - lock- in do sistema” (HAX e WILDE II, 2001, 10). Estas três opções estratégicas definem como a empresa vai competir e servir seus consumidores no mercado. 5. Green Marketing e Planejame nto Estratégico: possíveis integrações O Green Marketing está moldando-se como uma das estratégias chave de negócio do futuro; daí a necessidade de incorporar preocupações ambientais em planejamento estratégico de uma organização (STEPHEN e RYLANDER, 1993). Autores como Kinlaw (1998) defendem que as empresas devem se tornar ambientalmente responsáveis, ou verdes, para sobreviver e que a probabilidade de sobreviver e lucrar será maior quanto antes elas percebam a questão ambiental com uma oportunidade competitiva. Benefícios financeiros e a possibilidade de ganhar vantagem competitiva são os incentivos que estão em primeiro lugar para implementar medidas verdes (BÄVESTAN e LARSSON, 2009). Segundo Olson (2008, p. 24), “enquanto os conceitos verdes são ainda novos e as empresas estão aprendendo como incorporá- los em seus negócios, esta está se tornando uma área que está eficientemente estabelecendo diferenciação estratégica que é sus tentável por pelo menos um período de tempo”. Não há, entretanto, uma única estratégia de Green Marketing que seja certa para todas as empresas. (GINSBERG e BLOOM, 2004) Por outro lado, Chamorro (2003), defende que a incorporação do meio ambiente à estratégia de negócio é explicada pela existência de uma série de fatores, alguns externos, outros internos, alguns de caráter econômico e outros de caráter não-econômico. Os doze fatores são: a crescente legislação ambiental, a crescente responsabilidade pelos danos causados, o incremento dos custos de contaminar, a crescente preocupação ambiental dos clientes, a pressão dos grandes distribuidores, a crescente preocupação ecológica dos investidores, a pressão das instituições financeiras, a pressão das empresas de seguro, a influência dos grupos de pressão, a pressão da concorrência, a consciência ecológica dos dirigentes, e a pressão dos trabalhadores. Dentro desse contexto, Carson e Moulden (1991, p. 41) sugerem que “à medida que você se move ao longo do processo de greening, novas oportunidades de negócio sem dúvida irão emergir na forma de mercados para produtos que você exige para sua depuração, para versões verdes de seus atuais bens ou para serviços que você oferece para ajudar outras empresas a se tornarem verdes”. Entre as possíveis integrações entre Green Marketing e 10 Planejamento Estratégico, destacam-se os trabalhos de McDaniel e Rylander (1983), Polonsky (1995), Ginsberg e Bloom (2004), e Orsato (2006). No início da década de 1980, McDaniel e Rylander (1983) identificaram duas estratégias quanto à adoção das preocupações ambientais no planejamento das empresas. A Estratégia Defensiva ou Reacionária diz respeito às empresas que fazem o mínimo a fim de evitar conseqüências negativas, tais como multas e pe nalidades governamentais, boicotes por parte dos consumidores, ou como reação às investidas ecológicas dos concorrentes. Por outro lado, a Estratégia Agressiva é seguida por empresas que realizam mudanças, tem iniciativas além das regulamentações legais ou das expectativas atuais dos consumidores. Por apresentarem a condição de pioneiras em seus mercados, obtém ganhos em termos de vantagem competitiva, deixando às demais a condição de imitadoras. Polonsky (1995) discute a utilização da análise SWOT e afirma que as opções estratégicas adotadas por empresas que respondem à demanda por produtos verdes serão influenciadas pelo modo que os negócios vêem as oportunidades e as ameaças no ambiente empresarial e como elas se relacionam às fortalezas e fraquezas organizacionais. Desse modo, o Green Marketing (ou a ausência dele) pode impactar a organização tanto à nível externo quanto à nível interno, ao mesmo temo que pode afetar cada firma diferentemente: mudanças que criam uma oportunidade para uma firma podem criar uma ameaça para outra. Entretanto, para Polonsky (1995), há tido pouca pesquisa sobre como o Green Marketing se encaixa na análise SWOT. Ginsberg e Bloom (2004) desenvolveram quatro estratégias classificadas desde aquela relativamente passiva e silenciosa (Lean Green ou Verde Escasso) até uma abordagem mais visível e agressiva (Extreme Green ou Verde Extremo). Entre elas, estão, em posições intermediárias, as estratégias de Defensive Green (Verde Defensivo) e Shaded Green (Verde Matizado). A matriz é gerada a partir das dimensões existência real de segmentos de Green Marketing e diferenciabilidade de greeness. As estratégias de Ginsberg e Bloom (2004) funcionam melhor sob diferentes mercados e condições competitivas. Empresas que usam a estratégia Verde Escasso têm interesse em reduzir custos e melhorar eficiências por meio de atividades pro-ambientais, criando, assim, vantagem competitiva de baixo custo. Quantidades substanciais de dinheiro não são feitas a partir dos segmentos verdes de mercado. Ao contrário, a principal motivador é cumprir com as regulamentações e encontrar soluções preventivas a longo prazo. A Estratégia Verde Defensivo usa o Green Marketing em resposta a crises, como uma medida de precaução ou em resposta a ações feitas por concorrentes. Verdes Defensivos identificaram segmentos verdes como importantes consumidores com os quais eles não podem dar-se o luxo de se indispor. Nesta estratégia, as empresas não gastam recursos para uma comunicação agressiva de greeness, pois isso criaria expectativas que eles não poderiam atender. Empresas que adotam a estratégia Verde Matizado fazem comprometimentos substancais, tanto financeiros como não financeiros para investir em processos environmental friendly de longo prazo e de abrangência ampla. Tais e mpresas são capazes de diferenciaremse significativamente e ganhar vantagens competitivas por meio do enfoque verde, mas decidem não fazê-lo uma vez que elas ganham mais dinheiro destacando outros atributos. As características ambientais são promovidas co mo benefícios secundários. Estratégia Verde Extremo é seguida por empresas baseadas em filosofias e valores holísticas, integrando completamente questões ambientais em seu negócio e ciclo de vida do produto. Greeness freqüentemente é a principal força cond utora por trás dessas empresas desde seu início. Elas aderem a abordagens dede life-cycle pricing, gerenciamento da qualidade ambiental total e produção para o meio ambiente. Geralmente servem a nichos de mercado. Orsato (2006). apresentou um modelo para caracterizar tipos genéricos de estratégias ambientais competitivas, uma esquema de classificação com o intuito de auxiliar os gerentes a 11 otimizarem o retorno econômico sobre investimentos ambientais e transformá- los em fontes de vantagem competitiva. O modelo de Orsato apresenta quatro quadrantes originados das dimensões foco competitivo e vantagem competitiva. O foco competitivo pode ser em processos organizacionais ou em produtos e serviços. A vantagem competitiva pode estar em custos mais baixos ou em diferenciação. Dessa forma, as quatro estratégias são: ecoeficiência, liderança “beyond compliance”, eco-branding e liderança em custos ambientais. A Estratégia 1, Eco-eficiência, está de acordo com trabalhos de Porter (1993), o qual prega a ênfase na produtividade como elemento chave para o ganho de competitividade, de Porter e Van der Linde (1995), no qual os autores sugerem a necessidade de promover produtividade de recursos na forma de economia de materiais, aumento no rendimento de processos e melhor utilização de recursos, e de Hawken, Lovins e Lovins (1999), o qual apresentou em uma perspectiva mais técnica a produtividade de recursos, por meio do ecodesign e da eco-eficiência. Assim sendo, a estratégia 1 é perseguida por empresas que almejam simultaneamente a redução de custos e a diminuição do impacto ambiental do processo organizacional. As empresas que optam pela Estratégia 2 são aquelas que não apenas querem aumentar a eficiência dos processos organizacionais, mas também almejam que os consumidores e o público em geral esteja consciente de seus esforços. Por isso, investem em certificações, investem em melhorias ambientais não lucrativas e pagam anúncios divulgando seus esforços. (ORSATO, 2006) Diferenciação baseada em atributos ambientais de produtos constitui, segundo Orsato (2006), a mais franca/simples das quatro estratégias. Eco-branding (Estratégia 3) refere-se a produtos e serviços com orientação ecológica e representam um nicho de mercado definido explorado por empresas no mundo todo. A Estratégia 4, denominada liderança em custo ambiental, contrapõe-se ao mercado de nichos. Seu foco está baseado na inovação radical de produtos, como é o caso de substituição de material e desmaterialização, e não em inovações incrementais. 6. Considerações finais A Sustentabilidade está destinada a dominar o comércio do século XXI, dado os preços ascendentes de energia, o crescimento populacional e consumo de recursos na Ásia, e pressões políticas que chamam a atenção quanto às mudanças climáticas, razões as quais conduzem à inovação rumo a produtos mais saudáveis, mais eficientes e de alto desempenho (OTTMAN, STAFFORD e HARTMAN, 2006). Analisando o exposto no trabalho, verificou-se que já existem tentativas para ligar o Green Marketing ao Planejamento Estratégico, mas que novos estudos, tanto teóricos quanto empíricos, precisam ser conduzidos. Como sugestões para futuras pesquisas, deixa-se a possibilidade de estudar a evolução do conceito e a aplicabilidade de Marketing Verde no Brasil e de compará-lo a outros países. 7. Referências bibliográficas AAKER, D. A. Administração estratégica de me rcado. 5a. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. ACKOFF, R. L. Planejame nto e mpresarial. 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