II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 PERMEAÇÃO CUTÂNEA 1 1 STOCCO, Layane S ; SILVA, Sarah F ; FARIA, Luciane G 1 2 2 Discentes do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. Palavras-chave: PELE; PERMEAÇÃO; COSMÉTICO. INTRODUÇÃO A pele é composta por um arranjo dinâmico de células, macroelementos e fluídos (barreira hidrolipídica), sendo a proteção primária a agentes agressores externos. A pele possui diversas estruturas e anexos ao longo de todo o tecido que desempenham suas funções harmoniosamente, garantindo a homeostasia da pele e a proteção dos tecidos internos frente a agentes agressores externos, podendo ser eles físicos, químicos ou biológicos. Esta ação de proteção ocorre através do impedimento da entrada de substâncias nocivas, como sujidades e microrganismos (OGUIDO e SHIBATTA, 2011). Existem diversas formulações com o objetivo de reparar, embelezar, hidratar e adornar a pele, podendo conter substâncias ativas, que conforme suas metas terapêuticas deverão atingir camadas mais profundas da pele onde exercerão suas funções determinadas. Entretanto, a função de barreira da pele para agentes agressores externos funciona também para os ativos cosméticos utilizados terapeuticamente que tentam permeá-la, mas acabam sendo retidos em camadas mais externas, sem alcançar seu local alvo de ação. Para superar os problemas decorrentes da impermeabilidade da pele e da variabilidade biológica e aumentar o número de substâncias ativas candidatas ao desenvolvimento de produtos farmacêuticos, vários métodos para remover reversivelmente a resistência desta barreira da pele têm sido investigados. Estes adjuvantes podem promover permeação, penetração ou absorção transdérmica das formulações (MARTINS e VEIGA, 2012). Os termos penetração ou absorção cutânea são usados para produtos que possuem ação tópica, ou seja, formulações cosméticas e dermatológicas, enquanto os termos permeação cutânea ou absorção transcutânea tem sido mais empregados para produtos de ação sistêmica, ou seja, transdérmicos (SILVA et al, 2010). OBJETIVO Realizar estudo aprofundado sobre permeação, penetração e absorção transdérmica de ativos cosméticos. METODOLOGIA Foi realizada uma Revisão bibliográfica através de livros acadêmicos da biblioteca do Centro Universitário São Camilo – SP, de artigos científicos publicados em revistas e periódicos nas bases de dados Medline, Pubmed, Lilacs, Scielo e Biblioteca Virtual de Saúde Bireme, dentro do período de 2003 -2013. DESENVOLVIMENTO A pele é um órgão de revestimento composto de três grandes camadas de tecidos: epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é a camada mais superficial da pele, formada por epitélio pavimentoso estratificado e estrato córneo, considerado a principal barreira à permeação. Trata-se de uma região que contém muitos lipídios e rica em queratina, organizados em camadas lamelares, as Realização II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 quais acabam dificultando a difusão de ativos (SILVA et al, 2010; OGUIDO; SHIBATTA, 2011; LEONARDI, 2004). A derme tem a função de nutrir a epiderme e proteger o corpo contra lesões mecânicas, abrigar as raízes dos pêlos, as glândulas, terminações nervosas, alguns vasos sanguíneos, o colágeno e a elastina (LEONARDI, 2004; OGUIDO; SHIBATTA, 2011). A hipoderme é a camada mais profunda da pele e de estrutura variável. Além de depósito nutritivo de reserva, participa do isolamento térmico, da proteção mecânica e facilita a motilidade da pele (LEONARDI, 2004; OGUIDO; SHIBATTA, 2011).Somados a estes fatores, relacionados à composição estrutural da pele, a permeação de substâncias ativas na pele pode ser afetada por alterações fisiológicas ou patológicas do órgão, como: espessura, temperatura, grau de hidratação, limpeza da pele, fluxo sanguíneo, concentração de lipídios, número de folículos pilosos, função das glândulas sudoríparas, raça, pH na superfície da pele e integridade do estrato córneo (SILVA et al, 2010). A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 211, de 14 de julho de 2005 define que definir que os produtos Cosméticos são classificados como Grau 1, por atuarem de forma tópica, nas camadas mais externas, promovendo hidratação ou renovação. Os “Cosmecêuticos” entram na classificação de Grau 2, já que possuem uma substância ativa que permeia camadas mais profundas da pele realizando a sua ação dermatológica. Produtos de absorção transdérmica não entram nestas classificações, já que são considerados medicamentos, pois possuem ação sistêmica, ou seja, atingem camadas mais profundas, onde existem pequenos vasos sanguíneos que podem levar à absorção da substância ativa para a circulação sistêmica. A eficácia clínica de um fármaco aplicado por via tópica depende, não só das suas propriedades farmacológicas, mas também da sua disponibilidade no local de ação. O produto cosmético ou dermatológico deve ter alta eficácia na pele e baixa toxicidade sistêmica, por isso, os componentes da formulação devem ficar retidos na pele, não alcançando a corrente sanguínea (LEONARDI, 2004). Já no fluxo transdérmico (absorção) há grande influência no coeficiente de partição e solubilidade em água; com isso, há a necessidade de se conhecer as propriedades físicoquímicas para garantir que os ativos não fiquem retidos na pele (SILVA et al, 2010). Os princípios ativos que apresentam uma elevada hidrofilia, quando incorporados em formulações destinadas à permeação da via cutânea, terão dificuldade em penetrar o estrato córneo. Por outro lado, se apresentar elevada lipofilia, terá tendência a ficar retido. Por esse motivo, é importante que o fármaco não apresente um grau de lipofilia muito elevado, mas que o seu equilíbrio hidrófilo-lipófilo (EHL) permita a sua partição (OLIVEIRA, 2008). A escolha da composição da forma farmacêutica é fundamental para adequada permeação de substâncias ativas na pele, que pode ocorrer por difusão do ativo atravessando o meio intercelular ou através do meio transcelular. Além disso, pode haver permeação através dos apêndices da pele (folículo piloso e glândulas sudoríparas) (LEONARDI, 2004). O desenvolvimento de formulações que garantem uma penetração eficiente através da barreira do estrato córneo é fundamental, já que a forma farmacêutica tem importância na absorção do fármaco. Nesse sentido, alguns aspectos devem ser considerados, tais como natureza e concentração de ingredientes ativos, tipo de excipientes, veículo e tipo de sistema usado para transportar o fármaco (SILVA et al, 2010; LEONARDI, 2004). O veículo pode conter agentes específicos chamados promotores de absorção, que interagem com o estrato córneo, alterando sua resistência natural. Logo se entende que, os promotores de absorção são utilizados para modificar, reversivelmente, a resistência da pele. Estes não podem interagir tanto com os outros componentes da formulação quanto com a estabilidade da formulação e suas características sensoriais (OLIVEIRA, 2008). Alguns fármacos podem influenciar diretamente no processo de permeação cutânea, por exemplo, o diclofenaco de dietilamônio apresenta a capacidade de interagir com os fosfolipídeos da pele, resultando no aumento da sua fluidez no estrato córneo e sua permeabilidade cutânea. Isto ocorre, pois faz com que os lipídios passem de uma forma cristalina ordenada para uma forma líquida desordenada. Além das substâncias químicas, há também métodos físicos que podem ser usados Realização II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 para aumentar a permeabilidade de ativos na pele, como ultra-som e a corrente galvânica (Chorilliet al., 2007; Silva et al., 2009). CONCLUSÃO Conclui-se que não somente a escolha de um veículo como também de outros componentes da formulação incluindo suas concentrações adequadas é muito importante no desenvolvimento de uma formulação cosmética com eficiência e qualidade, pois estes além de influenciar na estabilidade e no sensorial podem ainda proporcionar, ou não, a penetração da substância ativa na pele. Os estudos de novas tecnologias que influenciam na penetração promovem melhores resultados dos produtos para a pele. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GRATIERI, Taís; GELFUSO, Guilherme Martins; LOPEZ, Renata Fonseca Vianna. Princípios Básicos e Aplicação da Iontoforese na Penetração Cutânea de Fármacos. Química Nova, vol. 31, n. 6. São Paulo: 2008 LEONARDI, Gislaine Ricci. Cosmetologia Aplicada. 1. ed. São Paulo: Medfarma, 2004 MARTINS, Maria Rita Fernandes Morais; VEIGA, Francisco. Promotores de Permeação para a Liberação Transdérmica de Fármacos: Uma Nova Aplicação para as Ciclodextrinas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Vol. 38, n.1, jan/mar 2002. Universidade de Coimbra, Portugal. OGUIDO, Cristina Miyuki Kimura; SHIBATTA, Lenice Souza. Permeabilidade dos Ativos na Cosmetologia. V Congresso Multiprofissional em Saúde - Atenção ao Idoso. 28 a 30 de junho de 2011. p. 1 – 4 OLIVEIRA, R.C.S. Desenvolvimento, Formulação e Avaliação de Sistemas de Libertação Transdérmica Incorporando Sistemas Ternários de Complexação (Fármaco/Ciclodextrina/Polímero). Portugal: Universidade do Porto; 2008. SILVA, J.A.; APOLINÁRIO, A.C.; SOUZA, M.S.R.; DAMASCENO, B.P.G.L.; MEDEIROS, A.C.D. Administração Cutânea de Fármacos: Desafios e Estratégias para o Desenvolvimento de Formulações Transdérmicas. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, Paraíba: 14/09/2010. p 125-131 Realização