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Aprender Valor - Formação de Professores - Percurso IAV (1)

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FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
PARA O PROGRAMA
APRENDER VALOR
CURSO DE EXTENSÃO EM
PROJETOS ESCOLARES COM
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
PERCURSO IAV – INTRODUÇÃO AO APRENDER VALOR
Banco Central do Brasil (BCB) © 2022
Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora
(CAEd/UFJF)
https://aprendervalor.caeddigital.net/
Este é o conteúdo em PDF do Curso de Extensão em Projetos Escolares com Educação Financeira para
o programa Aprender Valor, promovido pelo BCB em parceria com o CAEd/UFJF.
Não é permitida a sua reprodução. Este material é de uso individual e restrito aos profissionais das
escolas participantes do programa.
cidadania
financeira
Apresentação
Olá!
Seja bem-vindo(a) à Formação de Professores do programa Aprender Valor.
Essa formação foi pensada, inicialmente, para o desenvolvimento em um ambiente virtual de aprendizagem.
Contudo, em razão das dificuldades de acesso à tecnologia/internet em muitos lugares do Brasil, disponibilizamos
esta versão adaptada, com o intuito de assegurar que o programa chegue a todas as escolas públicas de
Ensino Fundamental do país.
Dessa forma, você pode utilizar esse material para estudo off-line ou em formato impresso. Isso deve ser feito
de maneira individual, pois o programa está em fase de avaliação. Caso queira recomendar esse conteúdo a
outros profissionais, o ideal é indicar a adesão ao programa.
Assim, o Aprender Valor conta, desde já, com a sua parceria para fazer com que ele alcance o objetivo na
escola: estimular o desenvolvimento de competências e habilidades de Educação Financeira, como prevê a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A proposta do programa, idealizado pelo Banco Central do Brasil, é incluir o tema contemporâneo transversal
Educação Financeira nos conteúdos e nas habilidades de Matemática, Língua Portuguesa e Ciências Humanas,
alinhado à BNCC, por meio de um conjunto de projetos escolares.
Mas tudo isso levando em conta o plano de trabalho que você já realiza para garantir o desenvolvimento
integral do currículo na sala de aula.
Introduzir a Educação Financeira no contexto escolar é uma urgência social, diante da maneira como as pessoas
lidam com os recursos financeiros, as formas de consumo e os impactos desses comportamentos na vida individual
e coletiva. Para você ter uma ideia, cerca de 76,1% da população brasileira está em situação de endividamento, de
acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), de janeiro de 20221.
Essa realidade reforça a exigência de se consolidar o desenvolvimento da Educação Financeira na escola.
Assim, será possível estabelecer uma nova e saudável relação dos indivíduos com os recursos pessoais, na
busca do bem-estar financeiro, da qualidade de vida e da realização de sonhos.
No seu percurso formativo, vamos mostrar o que o Aprender Valor oferece à escola e como você contribui para
que todas as suas etapas aconteçam, e também discutir a metodologia de trabalho com projetos escolares. No
caso do programa, projetos que levam em conta habilidades previstas na BNCC, habilidades socioemocionais
e de Educação Financeira. Essas últimas descritas em uma matriz de competências definida especialmente
para o Aprender Valor.
Em linhas gerais, vamos esclarecer como você pode se preparar para incorporar os projetos em sua rotina de
trabalho. Ah, e além desse percurso formativo, que esclarece para você o Aprender Valor em sala de aula, tem
um outro, que é a formação em Educação Financeira pessoal. Nós entendemos que essa abordagem permite
que você se sinta mais confiante para aplicar os projetos escolares em sala de aula.
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Realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Por isso, é seguro afirmar que o Aprender Valor beneficia diretamente você, professor(a), os seus alunos e os
outros profissionais da escola, na melhoria do trabalho com os temas transversais e, claro, na melhoria da
gestão das finanças pessoais.
Todo o conteúdo textual da formação está disponível neste material off-line. Porém, para obter a sua
certificação, você vai precisar acessar a plataforma do programa (https://aprendervalor.caeddigital.net/)
para responder aos questionários avaliativos.
Nós sabemos que você tem muitos desafios diários, mas, mesmo assim, entende a importância do programa e
quer fazer o seu melhor para promover essa ação na escola. Afinal, ela garante o direito de Aprender Valor a
todos os alunos do Ensino Fundamental.
A sua motivação é que vai impulsionar este aprendizado. É com você, professor(a)!
Antes de iniciar o percurso formativo propriamente dito, apresentamos uma síntese do Guia de
Implementação do Aprender Valor, com as características desta formação.
t Guia de Implementação (versão resumida)
A seguir, você encontra, de maneira objetiva, as principais informações que caracterizam este curso de
extensão.
M
Objetivo
Preparar os professores dos componentes curriculares Matemática, Língua Portuguesa, História e
Geografia para a execução, em sala de aula, de projetos escolares com Educação Financeira no
âmbito do programa Aprender Valor.
M
Público-alvo
Professores das escolas públicas de Ensino Fundamental participantes do programa Aprender
Valor.
M
Carga horária e período de execução
A carga horária é compatível com 75 horas (esse é um tempo médio estimado, tudo bem?). O acesso
ao conteúdo do curso ficará disponível na plataforma entre abril e dezembro de 2022.
M
Metodologia
O curso off-line é estruturado em aulas e itinerários, com recursos que podem ser impressos ou
utilizados digitalmente, sem precisar de acesso à internet, a não ser para baixá-los.
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Cada uma das aulas está associada a diferentes mídias, ampliando os estímulos pedagógicos e
contribuindo para a sua aquisição do conhecimento. Contudo, para todos os recursos audiovisuais,
sempre estará disponível a transcrição dos vídeos e podcasts.
Ao longo da formação, são propostas diversas atividades reflexivas, com espaço para anotações.
Por isso, tenha sempre em mãos esse material para que possa utilizá-lo como instrumento de apoio
às atividades do programa.
M
Estrutura do curso
Os conteúdos da formação estão organizados em percursos formativos. A seguir, você tem uma
breve descrição do conteúdo programático. Este curso está organizado em três percursos formativos:
•
Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor
•
Educação Financeira pessoal: ação estratégica para desenvolver competências e promover
mudanças
•
Aprender Valor na sala de aula: proposta de execução de projetos escolares com Educação
Financeira
Os percursos são estruturados em aulas e itinerários específicos (no caso do Aprender Valor na
sala de aula).
Naturalmente, você vai encontrar as informações gerais sobre o programa no percurso denominado
Introdução ao Aprender Valor. Na formação em Educação Financeira pessoal, são apresentados
os pilares da Educação Financeira – planejamento dos recursos, poupança ativa e uso do crédito.
Esses pilares, além de serem úteis para a gestão de suas finanças pessoais, são fundamentais para
a compreensão dos projetos escolares.
M
Avaliação
A avaliação envolve a conclusão integral das atividades propostas no ambiente virtual de
aprendizagem (https://aprendervalor.caeddigital.net/). Para fim de certificação, cada percurso
contém um questionário avaliativo, conforme o quadro a seguir. As tentativas são ilimitadas e a
maior nota obtida, dentre todas as tentativas, será aproveitada para o cálculo de sua nota final.
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Atividades avaliativas para certificação
Percurso formativo
Questionário
Valor
Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do
professor
5 questões
10,0 (2,0 pontos cada questão)
Educação Financeira pessoal: ação estratégica para
desenvolver competências e promover mudanças
20 questões
10,0 (0,5 ponto cada questão)
Aprender Valor na sala de aula: proposta de execução de
projetos escolares com Educação Financeira
10 questões
10,0 (1,0 ponto cada questão)
Você pode consultar o seu relatório de notas, clicando na aba Notas, na barra lateral da home do
ambiente de Desenvolvimento Profissional.
M
Certificação
Você terá direito a um certificado de extensão universitária de 75 horas, emitido pela Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF), desde que conclua as atividades avaliativas no ambiente virtual
e obtenha rendimento mínimo de 70% na média dos três percursos, ou seja, alcance 21 pontos. O
certificado será enviado por e-mail.
M
Orientações específicas
A versão adaptada da Formação de Professores foi elaborada para que o cursista possa acessar
todo o conteúdo de maneira off-line. Entretanto, caso seja possível, são indicados alguns materiais
disponíveis na internet (por meio de links e QR Codes) como recursos complementares.
A maioria desses recursos também está anexada aos arquivos desta formação e será devidamente
sinalizada, de acordo com a sua ocorrência, ao longo do desenvolvimento das aulas. Fique atento,
portanto, ao tópico de “Recurso(s) complementar(es)” que integra a seção inicial de cada aula.
Tais recursos podem ser arquivos de áudio, vídeo, texto e planilha que estão diretamente associados
ao conteúdo da formação, sendo que – como já dissemos – todos os materiais audiovisuais possuem
a respectiva transcrição neste mesmo documento.
Com o objetivo de organizá-los, esses materiais receberam um código, que leva em conta o
Percurso e a Aula aos quais pertencem, além da sua ordenação. Por exemplo, o “P1A3 – Anexo A”
é o primeiro anexo (A) da Aula 3 (A3) do Percurso 1 (P1).
M
Dúvidas
Para as eventuais dúvidas relacionadas a dificuldades de acesso, problemas com login ou senha, e
de navegação na plataforma, utilize o atendimento do Suporte Técnico do CAEd:
De segunda a sexta-feira, das 9h30 às 18h30.
Técnico – [email protected]
Chat – http://www.chat.caed.ufjf.br/chatUserIndex.php?projeto=57
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
PERCURSO 1 – INTRODUÇÃO AO APRENDER VALOR: O PROGRAMA NA
PERSPECTIVA DO PROFESSOR......................................................................................8
Aula 1 – O programa Aprender Valor e o protagonismo docente............................................. 9
Aula 2 – A Educação Financeira e os Temas Contemporâneos Transversais na BNCC... 18
Aula 3 – Itinerário formativo em Educação Financeira...............................................................28
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor:
o programa na perspectiva do professor
H CARGA HORÁRIA: 15 HORAS
Apresentação
Professor, você já parou para pensar sobre o quanto as suas escolhas financeiras têm influência direta em sua
vida, na de sua família e na sociedade como um todo?
Você certamente já deve ter recebido, em algum momento, propostas que afetam o seu bolso. Essas propostas
vêm em forma de panfletos, ligações telefônicas, mensagens virtuais, anúncios, entre outros.
Refletir sobre essas decisões financeiras e sobre o gerenciamento dos próprios recursos tem se tornado uma
questão cada vez mais urgente e necessária, no Brasil ou em qualquer parte do mundo.
Por isso, o foco do Aprender Valor está na Educação Financeira comportamental. Ela propõe uma mudança
de atitude em relação ao dinheiro, incentivando a adoção de hábitos e posturas responsáveis, autônomas e
conscientes.
O desafio de trazer esse debate para o espaço escolar aparece, inclusive, nos documentos orientadores, como
é o caso da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Mais do que saber calcular juros e porcentagens, o Aprender Valor quer ajudar a preparar os estudantes para
tomarem boas decisões financeiras no cotidiano, de modo a atingir os seus objetivos de vida.
É com essa perspectiva que apresentamos a você, nesta Introdução, o desenho previsto para o programa e o
seu papel na execução do Aprender Valor.
Além disso, são abordadas reflexões sobre os temas contemporâneos transversais na BNCC e, ainda, como a
gestão de finanças pessoais pode ser uma importante aliada no seu trabalho com o tema.
Assim, você será capaz de executar projetos escolares com Educação Financeira de maneira autônoma e
representativa. Afinal de contas, você é o protagonista das ações educativas em sala de aula!
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
Sumário
AULA 1 – O PROGRAMA APRENDER VALOR E O
PROTAGONISMO DOCENTE
Apresentação
I
Professor, o programa Aprender Valor oferece projetos escolares com Educação Financeira e busca apoiá-lo
na execução desses projetos em sala de aula.
Esta primeira aula sistematiza as principais informações sobre a inserção do programa na escola, a fim de
ajudá-lo a melhor organizar o trabalho necessário para garantir o sucesso dos projetos.
Além disso, apresenta o seu percurso formativo neste Desenvolvimento Profissional. Aqui, estão descritas as
etapas do seu itinerário: a formação necessária para executar as ações do Aprender Valor na sala de aula e a
formação em Educação Financeira pessoal.
t Objetivo
Sintetizar a proposta do programa Aprender Valor e o protagonismo docente nas ações do programa.
t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:
•
Identificar as principais características, os objetivos e a estrutura do programa Aprender Valor.
•
Reconhecer as ações esperadas do professor no âmbito do programa.
•
Compreender o percurso formativo do Desenvolvimento Profissional para professores.
t Recurso(s) complementar(es):
•
Matriz de competências de Educação Financeira (P1A1 – Anexo A);
•
Matriz de referência de Educação Financeira (P1A1 – Anexo B).
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
Informações gerais sobre o Aprender Valor
Com o intuito de apresentar a você a estrutura do Aprender Valor, trazemos um conjunto de informações úteis
para as atividades a serem desempenhadas no programa. Essas informações estão estruturadas em forma de
perguntas e respostas para facilitar o seu acesso a este conteúdo, sempre que necessário.
t Qual é o objetivo do Aprender Valor?
O objetivo central é levar o tema contemporâneo Educação Financeira, de forma transversal e integrada a
outros componentes curriculares, como prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aos estudantes
de Ensino Fundamental de escolas públicas brasileiras.
t O que o programa coloca à disposição dos professores?
O programa disponibiliza orientações, formações,
avaliações, materiais didáticos (projetos escolares) e uma
plataforma de monitoramento, para que você possa incluir
ações relacionadas à Educação Financeira no cotidiano
da sala de aula, de forma permanente.
Essas ações têm como horizonte o desenvolvimento
das habilidades e competências referentes à Educação
Financeira para cada ano do Ensino Fundamental, com
base numa matriz de competências específica para
o tema. A construção dessa matriz orientou-se pela
elaboração de competências e habilidades de Educação
Financeira para cada um dos componentes curriculares
contemplados pelo programa Aprender Valor (Língua
Portuguesa, Matemática e Ciências Humanas).
t O itinerário formativo do desenvolvimento profissional
do Aprender Valor para professores
Diante do seu desafio de acompanhar e aplicar os projetos escolares em sala de aula, é importante
conhecer os aspectos gerais que dizem respeito ao percurso formativo que será oferecido a você. Esse
percurso está dividido da seguinte forma:
Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor
Aqui, são apresentados, em formato de aulas, o desenho do programa,
a Educação Financeira como tema transversal na BNCC e a importância
da Educação Financeira pessoal, inclusive para o trabalho pedagógico
com o tema Educação Financeira.
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
Sumário
Educação Financeira pessoal: ação estratégica para desenvolver
competências e promover mudanças comportamentais em relação ao
uso do dinheiro
Aqui você tem acesso ao percurso formativo em Educação Financeira
pessoal. Nele, são abordados os fundamentos básicos do tema, o que
é (e o que não é) a Educação Financeira; a importância de falar sobre o
dinheiro; os custos de oportunidade na sociedade; o papel das nossas
emoções e dos nossos desejos nas decisões que envolvem o dinheiro;
a relação entre ganhos e gastos; a importância de planejar o uso de
recursos, poupar ativamente e gerenciar o uso do crédito. O percurso de
finanças pessoais também é extensivo aos gestores, de forma opcional.
Aprender Valor na sala de aula: proposta de execução de projetos
escolares com Educação Financeira
E, por fim, voltada para a abordagem da Educação Financeira em sala de
aula, está prevista uma formação mais prática, dividida em duas etapas:
uma geral, sobre Educação Financeira e projetos escolares transversais;
e outra específica, que traz exemplos de projetos, em percursos a serem
escolhidos de acordo com o seu componente curricular e etapa.
Na parte 1 do percurso, são abordados tanto a estrutura dos projetos escolares com Educação Financeira
quanto o referencial de base para estruturar esses projetos (transversalidade, habilidades socioemocionais
e o processo de construção e estrutura da matriz de competências de Educação Financeira).
Na etapa 2, são oferecidas informações práticas de como implementar os projetos escolares com
Educação Financeira nas turmas de Ensino Fundamental dos Anos Iniciais e dos Anos Finais, de acordo
com cada componente curricular e etapa. Nesse final do seu itinerário formativo, na parte que chamamos
de específica, você poderá escolher entre algumas opções: como aplicar projetos escolares com
Educação Financeira para as turmas dos Anos Iniciais, em que há maior integração entre os componentes
curriculares (principalmente Língua Portuguesa e Matemática); ou como aplicar projetos escolares para
turmas dos Anos Finais, em Língua Portuguesa ou Matemática ou Ciências Humanas. Atenção: para o
5º ano, por ser uma etapa de transição, os projetos escolares foram criados com a mesma lógica dos
Anos Finais, ou seja, para o 5º ano, o programa oferece projetos escolares de Língua Portuguesa, ou de
Matemática, ou de Ciências Humanas, todos com Educação Financeira.
Ao fim desse percurso formativo, você terá uma perspectiva do Aprender Valor e do seu papel na escola
em relação ao programa. Seja qual for seu contexto, a escola tem papel fundamental na formação de
cidadãos e o aprendizado da Educação Financeira é parte importante nesse processo.
O programa é seu aliado nesse desafio. Contamos com seu protagonismo e sua responsabilidade social
para levar Educação Financeira às salas de aula, consciente de que esse é um passo importante, capaz
de mudar trajetórias e multiplicar sonhos.
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
Quem participa do programa?
O programa Aprender Valor está sendo implementado desde 2020. Começou como uma experiência piloto,
com estados e escolas selecionados, mas, a partir de 2021, ele está aberto para a participação de todas as
redes de ensino estaduais e municipais e das escolas públicas de Ensino Fundamental do Brasil.
Dessa forma, professores, diretores e técnicos de secretarias das escolas que
aderirem ao programa serão os responsáveis por viabilizar a implementação
do programa Aprender Valor, junto aos estudantes de todo o país.
O êxito do desenvolvimento do programa na sua escola permitirá investir
na consolidação dele, em novos ciclos. Por isso, o seu retorno acerca do
programa pode contribuir para o aperfeiçoamento dos protocolos de gestão
(passo a passo das ações do programa na escola), dos itinerários formativos,
dos recursos educacionais e da plataforma.
Não se esqueça: o seu comprometimento e a sua responsabilidade são fundamentais para que os objetivos do
programa sejam alcançados e para que ele seja aprimorado com as suas ideias, fazendo com que cada vez
mais escolas, professores e estudantes possam se beneficiar dessa iniciativa.
t Por que a parceria entre a escola e o Aprender Valor é importante?
Porque aproxima o tema Educação Financeira dos estudantes, de você e dos gestores escolares, de
modo a ampliar a consciência das escolhas e do gerenciamento dos recursos financeiros em suas vidas,
considerando que esses conhecimentos são essenciais para uma vida financeira saudável e sustentável.
Como o Aprender Valor apoia o trabalho
pedagógico na escola?
Professor, o seu trabalho em sala de aula é fundamental para o sucesso dos projetos escolares. É você quem dá
vida à Educação Financeira na escola, produzindo e difundindo o conhecimento financeiro entre os estudantes.
O programa Aprender Valor tem duplo papel no sentido de apoiar o trabalho pedagógico das escolas. Primeiro,
porque é uma maneira de facilitar a implementação da própria BNCC, já que as competências e habilidades
previstas pelos projetos de Educação Financeira foram estabelecidas tendo a BNCC como referência.
Em segundo lugar, o Aprender Valor contribui para que as práticas pedagógicas em sala de aula sejam
repensadas e transformadas. As atividades de ensino propostas favorecem a interdisciplinaridade e a
transversalidade. Desse modo, colabora para o trabalho da equipe escolar a fim de garantir o direito de
aprender dos estudantes.
O programa oferece diversos recursos educacionais que podem apoiar a atividade docente, por meio de um
tema contemporâneo que é primordial para a sociedade como um todo.
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
Sumário
O que são as matrizes de Educação
Financeira do Aprender Valor?
Para a implementação do programa Aprender Valor em sala de aula, foi elaborada uma matriz de competências
de Educação Financeira (P1A1 – Anexo A). Essa matriz de competências traz um conjunto de habilidades
de Educação Financeira para cada etapa do Ensino Fundamental, agrupadas em três grandes tópicos: I)
Planejamento e uso dos recursos; II) Poupança ativa; e III) Uso do crédito. Além disso, apresenta uma seleção
de habilidades retiradas da BNCC para os componentes curriculares contemplados no Aprender Valor: Língua
Portuguesa, Matemática e Ciências Humanas.
MATRIZ DE REFERÊNCIA
O termo matriz de referência, adotado no contexto da avaliação
educacional, diz respeito ao documento em que são elencadas
as habilidades a serem avaliadas nos testes padronizados de
desempenho (denominadas descritores).
O documento norteia a elaboração dos itens e também as
devolutivas pedagógicas, ao descrever as habilidades essenciais
para desenvolvimento e passíveis de serem medidas em itens
unidimensionais de múltipla escolha.
A matriz de competências orienta os projetos escolares e também fundamenta a matriz de referência de
Educação Financeira (P1A1 – Anexo B). Essa matriz de referência, por sua vez, fundamenta a elaboração das
avaliações do programa, podendo ser revista a cada novo ciclo avaliativo.
Como os projetos escolares com Educação Financeira
do Aprender Valor estão organizados?
Apropriar-se da organização dos projetos escolares com Educação Financeira é uma ação indispensável para
que você possa aplicá-los em sala de aula e, com isso, realizar um movimento consistente de gestão do
currículo.
Os projetos estão disponíveis em forma de sequências didáticas, que mobilizam, de maneira integrada,
habilidades da BNCC e habilidades de Educação Financeira definidas na matriz de competências do Aprender
Valor, desenvolvendo ainda habilidades socioemocionais a elas relacionadas.
São duas as categorias de projetos escolares elaborados pelo Aprender Valor. A primeira abarca os ‘projetos
gerais’, que servem como introdução à Educação Financeira e perpassam os três grandes tópicos – planejamento
e uso dos recursos (PLA), poupança ativa (POU) e uso do crédito (CRE) – com carga horária de 8 horas em sala
de aula cada um. A outra categoria de projetos contempla o que chamamos de ‘específicos’. São aqueles
que podem trazer apenas um dos tópicos de Educação Financeira, de maneira mais aprofundada, com carga
horária entre 8 e 10 horas cada projeto.
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
O ideal é que, para que uma turma tenha acesso a um dos projetos específicos, ela já tenha passado
por um projeto geral, para que conheça, mesmo que de forma menos aprofundada, os três grandes
tópicos. É importante esclarecer que os projetos estão distribuídos também de acordo com a etapa do
Ensino Fundamental (1º ao 9º anos) e com o(s) componente(s) curricular(es) ao(s) qual(is) se referem (Língua
Portuguesa, Matemática, Ciências Humanas).
Ao definir o projeto a ser trabalhado, você tem em mãos um material estruturado com os dados que identificam
o projeto, os objetos e as habilidades a serem trabalhados, as informações gerais sobre ele e, por fim, o
detalhamento das sequências didáticas (as aulas previstas).
Qual é o papel das avaliações de
desempenho do Aprender Valor?
Durante cada ciclo avaliativo, os alunos participantes de algumas das etapas escolares do programa serão
submetidos a duas avaliações de aprendizagem (uma de entrada e outra somativa). Idealmente, são avaliadas
turmas de 3º, 5º, 7º e 9º anos.
As avaliações serão compostas de dois cadernos de testes: um de Língua Portuguesa e Matemática, e um
de Letramento Financeiro. Essas avaliações servem também como diagnóstico da aprendizagem dos alunos
na escola.
Então, lembre-se: sua escola deve se preparar para os dias de aplicação dos testes nas turmas de etapas
avaliadas que estiverem participando do Aprender Valor. A aplicação dos testes, em algumas turmas
selecionadas, poderá ser realizada por aplicadores externos. Quando houver aplicação externa, os detalhes de
logística e de aplicação de testes, bem como de lançamento de respostas, estarão detalhados nos protocolos
disponibilizados na plataforma do programa. O diretor da escola é o responsável por organizar o processo
avaliativo e, posteriormente, compartilhar os resultados das avaliações com a equipe pedagógica.
Avaliação de entrada
É uma avaliação realizada antes do processo de aprendizagem, com a função de
obter informações sobre os conhecimentos, as aptidões e as competências dos
estudantes na linha de base. No programa Aprender Valor, tem como objetivo
diagnosticar as competências dos estudantes em Língua Portuguesa, Matemática
e Letramento Financeiro antes da implementação dos projetos escolares.
Avaliação somativa
É um tipo de avaliação que ocorre, em geral, ao final do processo de aprendizagem,
com a finalidade de verificar o que o aluno efetivamente aprendeu. No caso do
Aprender Valor, terá como foco Língua Portuguesa, Matemática e Letramento
Financeiro.
As avaliações têm o objetivo de analisar o efeito do processo de aprendizagem nos níveis de conhecimento
dos estudantes, além de permitir identificar eventuais lacunas e oportunidades de aprimoramento no desenho
do programa.
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
Sumário
Qual é a sequência de execução do programa?
Na qualidade de um amplo programa que visa difundir a Educação Financeira nas escolas públicas brasileiras,
o Aprender Valor está organizado em várias frentes de trabalho para a sua plena implementação e execução.
Você, professor(a), deve identificar a sua participação e se organizar segundo o planejamento a seguir.
Adesão das redes e escolas
As secretarias de Educação e as escolas a elas vinculadas aderem ao programa Aprender Valor por
meio de um formulário na plataforma. Após a adesão e o cadastro de profissionais, estudantes e turmas,
os diretores e professores das escolas têm acesso, primeiramente, às formações e aos protocolos de
gestão e, posteriormente, a todos os projetos escolares necessários à execução do programa na escola.
Avaliação de entrada
Aplicação da avaliação de entrada. A depender do cronograma de cada ciclo avaliativo, pode ocorrer
antes ou depois da liberação das formações de gestores e professores.
Formação de gestores e professores
A Formação de Gestores para o programa Aprender Valor é uma iniciativa de desenvolvimento profissional
que reúne reflexões e informações que auxiliam na implementação, na execução e no monitoramento do
programa. Ela foi elaborada especialmente para gestores, tanto das escolas como das redes de ensino.
A Formação de Professores tem como foco a apresentação da estrutura do Aprender Valor, a relação
do programa com a BNCC e a formação em Educação Financeira pessoal. Esse itinerário formativo
focaliza também os fundamentos dos projetos escolares com Educação Financeira e o processo de
implementação desses projetos em sala de aula nos componentes Língua Portuguesa, Matemática e
Ciências Humanas, com orientações específicas para cada etapa do Ensino Fundamental. O enfoque é
na abordagem transversal da Educação Financeira em sala de aula, a partir dos recursos educacionais
do programa Aprender Valor.
Implementação de projetos escolares
Na plataforma do programa, será disponibilizado um conjunto de projetos escolares com Educação
Financeira integrados aos componentes curriculares e alinhados à BNCC. Esses projetos, com carga
horária variada (de 8 a 10 horas/aula), poderão ser implementados pelos professores em diferentes
turmas do Ensino Fundamental.
Os projetos foram elaborados e revisados por professores de escolas públicas, em conjunto com uma
equipe transdisciplinar de especialistas do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd/
UFJF) e do BCB. As equipes são formadas por especialistas em Educação Financeira, habilidades
socioemocionais, Matemática, Língua Portuguesa e Ciências Humanas.
Avaliação somativa
Aplicação da avaliação somativa.
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
Quais são, então, as suas atribuições no programa?
•
Realizar os itinerários formativos na plataforma de desenvolvimento profissional.
•
Aplicar em sala de aula os projetos com Educação Financeira.
•
Registrar e avaliar, na plataforma, a realização dos projetos escolares selecionados e aplicados.
•
Aplicar os testes das avaliações.
•
Registrar impressões sobre o Aprender Valor: elogios, críticas, dificuldades e sugestões em relação à
implementação do programa.
Apresentamos a seguir um quadro síntese de processos e ações destinadas ao seu trabalho no âmbito do
Aprender Valor.
Desenvolvimento profissional
Ações de inclusão da Educação
Financeira no currículo da escola
PROTOCOLO
Realização dos itinerários formativos
PROTOCOLO
PROCEDIMENTO
Execução dos projetos escolares com Educação
Financeira
Realizar os itinerários formativos
PROCEDIMENTO
Implementar os projetos escolares com
Educação Financeira em sala de aula
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Primeira avaliação
Avaliação somativa
PROTOCOLO
PROTOCOLO
Aplicação da primeira avaliação
Aplicação da avaliação somativa
PROCEDIMENTO
PROCEDIMENTO
Aplicar os testes
Aplicar os testes
PROTOCOLO
PROTOCOLO
Apropriação e divulgação dos resultados na
escola
Apropriação e divulgação dos resultados na
escola
PROCEDIMENTO
PROCEDIMENTO
Participar da reunião de análise e debate dos
resultados com a equipe de gestão
Participar da reunião de análise e debate dos
resultados com a equipe de gestão
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 1
Sumário
É importante que você esteja atento a essas ações do Aprender Valor, a fim de que a execução dos projetos
escolares com Educação Financeira possa resultar em aprendizagens significativas e em mudanças de
comportamento que visem à qualidade de vida dos estudantes, com impacto positivo também na vida de suas
famílias.
Você vai perceber, ao longo da formação, que assuntos financeiros podem ser bastante delicados. Busque
sempre respeitar as opiniões e os conhecimentos dos estudantes e de seus familiares sobre o tema. Após
finalizar a formação, avalie com a direção da sua escola a possibilidade de promover conversas com a
comunidade escolar sobre o programa, para tirar dúvidas e evitar que as pessoas se sintam invadidas em sua
intimidade ou criticadas por suas escolhas.
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA
Na Aula 2, vamos abordar a Educação Financeira como tema transversal e a sua presença na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC).
I
Referências
Não há.
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 2
AULA 2 – A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E OS TEMAS
CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS NA BNCC
Apresentação
Nesta aula, abordamos os aspectos gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), especialmente
aqueles relacionados aos chamados temas contemporâneos transversais. Entre esses temas, ganha destaque
a Educação Financeira.
A BNCC está sendo implementada em todas as escolas de educação básica no Brasil. Essa ação constitui
importante referência para se avaliar a qualidade da educação e garantir o direito de aprender a todos os
estudantes.
O professor tem o desafio de adequar as suas propostas pedagógicas às orientações curriculares presentes
na BNCC. Diante desse desafio, a Educação Financeira é uma das principais referências sugeridas como parte
dos temas contemporâneos transversais, na tentativa de conciliar os aspectos científicos do currículo aos temas
que estão no cotidiano dos alunos, professores e gestores escolares.
t Objetivo
Discutir a abordagem da Educação Financeira como um dos temas contemporâneos transversais
destacados pela BNCC.
t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:
•
Compreender o papel da BNCC na garantia do direito à aprendizagem.
•
Identificar a relevância dos temas contemporâneos transversais para o trabalho em sala de aula.
•
Reconhecer a importância da implementação da Educação Financeira no currículo escolar de modo
transversal.
t Recurso(s) complementar(es):
18
•
Guia de Implementação da Base Nacional Comum Curricular (P1A2 – Anexo A);
•
Podcast (P1A2 – Anexo B);
•
Texto “A escola, o currículo e os temas transversais” (P1A2 – Anexo C).
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Sumário
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Sumário
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A BNCC propõe uma nova maneira de pensar a construção do currículo escolar. Ela incorpora a ideia da
escola como espaço de interações intencionais e responsabilidades definidas e estabelece o que todos os
estudantes, independentemente da classe social ou localidade geográfica, devem aprender.
t Vamos relembrar, em linhas gerais, o que caracteriza a BNCC?
A BNCC estabelece um conjunto de competências gerais, que devem ser desenvolvidas por todos
os estudantes durante a formação na educação básica. Dessas competências gerais, derivam as
competências específicas de cada área do conhecimento – Linguagens, Matemática, Ciências da
Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso – e dos componentes curriculares – Língua Portuguesa,
Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Matemática, Ciências, Geografia, História e Ensino Religioso. Cada
componente curricular, por sua vez, está dividido em unidades temáticas, que são organizadas em objetos
de conhecimento e, por fim, expressos em habilidades. O infográfico abaixo ilustra esta relação.
COMPETÊNCIAS GERAIS
ÁREAS DO CONHECIMENTO
COMPONENTES CURRICULARES
UNIDADES TEMÁTICAS
OBJETOS DE CONHECIMENTO
HABILIDADES
COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
O desenvolvimento de competências gerais, previstas na BNCC, é descrito por meio de critérios que
possuem uma clara indicação do que os estudantes devem “saber” – ou seja, ter conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores – e, sobretudo, do que devem “saber fazer” – considerando a
mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas da
vida cotidiana, realizar o pleno exercício da cidadania e garantir a inserção no mundo do trabalho.
ÁREAS DO CONHECIMENTO
O Ensino Fundamental está organizado em cinco áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática,
Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso. Elas favorecem a comunicação entre
os conhecimentos e saberes dos diferentes componentes curriculares.
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COMPONENTES CURRICULARES
Cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades, para garantir o desenvolvimento
das competências específicas. Essas habilidades estão relacionadas a diferentes objetos de
conhecimento.
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DAS UNIDADES TEMÁTICAS
As unidades temáticas definem um arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino
Fundamental adequado às especificidades dos diferentes componentes curriculares. Cada
unidade temática contempla uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento.
OBJETOS DE CONHECIMENTO
Objetos de conhecimento são entendidos como conteúdos, conceitos e processos. Cada objeto de
conhecimento se relaciona a um número variável de habilidades.
HABILIDADES
As habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais) expressam as aprendizagens essenciais
que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares.
Ao definir o conjunto de aprendizagens essenciais, a BNCC salienta a urgência em vincular o que é
realizado na escola: a elaboração do currículo escolar, a formação de professores, a revisão dos
instrumentos avaliativos, dos materiais didáticos e do projeto político-pedagógico.
Um dos principais desafios colocados a você, professor(a), visando à implementação da BNCC em sala de
aula, está na necessidade de combinar as dimensões estruturais do currículo – a partir das orientações
comuns a todas as escolas do Brasil –, com as propostas particulares à sua escola (projeto políticopedagógico), construídas colaborativamente e adequadas ao contexto da sala de aula. Esse movimento
não pode ignorar o peso conferido à noção de competências.
t Do que falamos exatamente quando nos referimos a competências?
O desenvolvimento da noção de competências comuns, previstas na BNCC, é descrito por meio de critérios
que possuem uma clara indicação do que os estudantes devem “saber” – ou seja, ter conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores – e, sobretudo, do que devem “saber fazer” – considerando a mobilização
desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas da vida cotidiana, realizar
o pleno exercício da cidadania e garantir a inserção no mundo do trabalho.
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Sumário
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Sumário
Sugestão de leitura...
Para auxiliá-los nesse importante desafio, recomendamos a leitura do Guia de Implementação da Base
Nacional Comum Curricular (P1A2 – Anexo A). Vale ressaltar que a BNCC define o que é essencial a
todos os alunos em termos de desenvolvimento e aprendizado, porém mantém a sua autonomia para o
planejamento das aulas. Consulte, sempre que necessário, o texto integral da BNCC.
Uma possível aproximação entre as dimensões mais universais do currículo (comuns a todas as escolas) com as
propostas particulares à sua instituição está na abordagem dos temas contemporâneos transversais propostos
na BNCC.
t Sobre os temas contemporâneos transversais
São pensados como um método pedagógico específico para o currículo da
educação básica.
Devem integrar os componentes curriculares tradicionais, relacionando-os
aos assuntos mais significativos da sociedade contemporânea.
Além das habilidades cognitivas, privilegiam outros aspectos do
desenvolvimento humano, como aqueles relacionados à cidadania, aos
valores, às emoções e ao comportamento.
EXEMPLO
A questão ambiental precisa ser compreendida a partir das contribuições da Geografia e também da
História, das Ciências Naturais, da Sociologia, da Demografia, da Economia, entre outros. Isso ocorre
do mesmo modo com a Educação Financeira, em que cabe tratamento por competências e habilidades
específicas da Matemática, da Língua Portuguesa, da Geografia e da História.
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Por que tratamos de transversalidade quando
discutimos os temas contemporâneos?
Quando usamos o termo transversal, é importante ter clareza do que isso significa. Outros conceitos aparecem
sempre nas questões que dizem respeito ao currículo e saber diferenciá-los faz diferença na preparação da aula.
TRANSDISCIPLINARIDADE
INTERDISCIPLINARIDADE
TRANSVERSALIDADE
É a coordenação do conhecimento
em um sistema lógico, que permite
o livre trânsito de um campo de
saber para outro, ultrapassando a
concepção de disciplina e enfatizando o
desenvolvimento de todas as nuances e
aspectos do comportamento humano.
Significa a interdependência,
interação e comunicação entre
campos do saber ou disciplinas,
o que possibilita a integração do
conhecimento em áreas significativas.
A transversalidade orienta para
que determinados aspectos da
realidade e da cultura, que não são
compreensíveis de forma isolada,
se façam presentes nas diferentes
áreas do conhecimento, devendo ser
tratados de modo transversal, dada a
sua relevância e complexidade.
Leia a transcrição a seguir ou, se possível, ouça o podcast (P1A2 – Anexo B), no qual a professora Hilda Micarello,
que integrou a equipe de elaboração da BNCC, fala sobre a presença dos temas contemporâneos transversais
(TCT) no documento orientador e na prática escolar.
Convidada: Profª. Hilda Aparecida Linhares Micarello
Professora associada da Faculdade de Educação da UFJF. Coordenou a equipe
de assessores da 1ª e 2ª versões da Base Nacional Comum Curricular
Tema: Os Temas Contemporâneos Transversais (TCT) na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC)
Foto: reprodução/Tribuna de Minas.
Olá, eu sou Hilda Micarello; sou professora da Universidade Federal de Juiz de Fora. E, hoje, estou aqui
para conversar com vocês sobre os temas contemporâneos transversais, em especial, o tema da Educação
Financeira; e o modo como esse tema é tratado na Base Nacional Comum Curricular.
Bom, uma primeira questão a considerar, nessa nossa conversa, é a natureza desse documento, que é a
BNCC. A BNCC é um documento que tem por finalidade subsidiar os sistemas de ensino na definição dos
seus currículos e das suas propostas pedagógicas. E essa definição deve se fazer considerando aqueles
elementos que, a despeito da diversidade regional e das especificidades de cada contexto, devam fazer
parte da formação de todos os estudantes da educação básica.
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Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 2
Sumário
Esse é um objetivo bastante ambicioso, porque se pretende que, por meio desse documento, que é a
BNCC, tenha-se um projeto de formação dos estudantes brasileiros, ao longo da educação básica, que seja
convergente com as necessidades e com um projeto de país como um todo. Então, a gente está falando
aqui de uma formação que precisa contemplar não apenas habilidades e objetos de conhecimento, mas,
principalmente, uma forma de se portar em sociedade, um modo de se perceber como cidadão numa
sociedade que demanda algumas habilidades importantes e de saber se portar nessa sociedade de
modo a prover não apenas o seu próprio bem-estar, mas o bem comum.
É aí que se insere o tema da Educação Financeira e os temas contemporâneos transversais de um
modo geral. A BNCC destaca que a definição e a abordagem desses temas devam ser competência dos
sistemas de ensino. Então, é importante que em cada contexto se tenha clareza de quais temas privilegiar
e do modo como tratá-los. Entretanto, apesar dessa indicação da BNCC de que os sistemas definam esse
tratamento, há elementos na Base que orientam sobre como esses temas devam ser tratados. Quais
seriam, então, esses elementos?
O primeiro deles a se considerar são as competências gerais da educação básica, que estão descritas
no documento introdutório à Base Nacional Comum Curricular. Vamos tomar como exemplo a primeira
dessas competências gerais; nela, lê-se o seguinte: “Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente
construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”.
Nessa primeira competência, já está implícita a necessidade de a formação dos estudantes contemplar os
conhecimentos e as habilidades que fazem parte dessa formação e o modo como esses conhecimentos
e habilidades vão ser utilizados pelos estudantes para a construção dessa sociedade mais justa, mais
democrática, mais inclusiva.
Isso diz respeito, de forma muito direta, à Educação Financeira, porque o foco da Educação Financeira
deve ser um certo tratamento dos temas a ela relacionados de modo que o sujeito possa ter uma postura
crítica e, principalmente, proativa, em relação às decisões que vai tomar, não apenas com relação à sua
vida financeira, mas da sua comunidade.
Para além das competências gerais da educação básica, cada área define as suas competências específicas
enquanto área de conhecimento. Então, é muito importante buscar também, nessas competências
específicas de cada área de conhecimento, os elementos que poderão balizar o tratamento a ser dado
aos temas relacionados à Educação Financeira.
Então, o que eu gostaria de deixar marcado nessa nossa conversa de hoje é que, quando formos olhar
a BNCC e tomá-la como elemento balizador na definição de currículos, tenhamos a preocupação e
o cuidado de atentarmos para essas competências gerais, da própria Base, e para as específicas de
cada área de conhecimento. Essas competências trazem elementos para se pensar num projeto mais
amplo de formação dos estudantes e, portanto, elementos para se pensar na abordagem dos temas
contemporâneos transversais.
Eu espero ter contribuído um pouco para essa reflexão. Um forte abraço!
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Os temas contemporâneos transversais na BNCC
Desde a sua inserção nas referências curriculares brasileiras, os temas contemporâneos transversais se
caracterizam por envolver diversos aspectos e fenômenos da vida humana – manifestados em escala local,
regional e global – e extrapolar os conteúdos dos componentes curriculares tradicionais.
A inclusão de questões sociais para aprendizagem e reflexão dos estudantes, não sendo preocupação inédita,
propõe que o currículo escolar seja capaz de contemplar a complexidade do mundo contemporâneo.
Confira o trecho original da BNCC:
[...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas
respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às
propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam
a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma
transversal e integradora. Entre esses temas, destacam-se: direitos da criança e
do adolescente (Lei nº 8.069/1990), educação para o trânsito (Lei nº 9.503/1997),
educação ambiental (Lei nº 9.795/1999, Parecer CNE/CP nº 14/2012 e Resolução
CNE/CP nº 2/2012), educação alimentar e nutricional (Lei nº 11.947/2009),
processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso (Lei nº 10.741/2003),
educação em direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº
8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/2012), educação das relações étnico-raciais
e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena (Leis nº
10.639/2003 e 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP
nº 1/2004), bem como saúde, vida familiar e social, educação para o consumo,
educação financeira e fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e diversidade
cultural (Parecer CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/2010). Na
BNCC, essas temáticas são contempladas em habilidades dos componentes
curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e escolas, de acordo com suas
especificidades, tratá-las de forma contextualizada (BNCC, p. 19-20, grifo nosso).
Como é possível perceber, os temas contemporâneos transversais oferecem uma possibilidade para que as
escolas possam diminuir a distância existente entre o caráter científico do currículo e os diversos assuntos que
fazem parte do cotidiano e das características da sociedade brasileira, favorecendo, assim, uma aprendizagem
mais significativa e envolvente com os estudantes.
Essa não é uma tarefa simples para você, professor(a). Por isso, é importante que você reflita inicialmente sobre
quais são os principais assuntos que permeiam o dia a dia de seus estudantes e suas famílias. Você já parou
para pensar nisso? Quais são as demandas de seus estudantes? Para sistematizar um pouco essa reflexão,
convidamos você a realizar uma atividade.
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Sumário
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M
Sumário
PARTE 1 – Minha escola trabalha com tema transversal?
Assinale os temas contemporâneos transversais mais relevantes para o contexto de sala de aula e, em
seguida, descreva o motivo.
TEMA
MOTIVO
Educação Financeira
Educação para o consumo
Trabalho, ciência, tecnologia e diversidade cultural
Direitos da criança e do adolescente
Educação ambiental
Educação em direitos humanos
Educação alimentar e nutricional
Saúde, vida familiar e social
Educação das relações étnico-raciais e ensino de
história e cultura afro-brasileira, africana e indígena
COMENTÁRIO
Em geral, quando a liderança da escola se propõe a realizar o exercício de pensar sobre a vida
extraescolar, assuntos diversos e, muitas vezes, complexos vão aparecer. É natural e compreensível que
a escola não esteja preparada para discutir as demandas da sociedade. Contudo, é exatamente nesse
ponto que a proposta de trabalho com os temas contemporâneos transversais pode ser incorporada, pois
eles atravessam os diferentes componentes curriculares da educação básica e podem ser abordados
por meio de diferentes metodologias pedagógicas/epistemológicas.
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M
PARTE 2 – Minhas aulas e a perspectiva integradora dos TCT
Depois de ter realizado a primeira parte da atividade, reflita agora sobre como esses temas, em uma
perspectiva integradora, estão associados, em alguma medida, à relação das pessoas com o dinheiro.
TEMA
RELAÇÃO COM O DINHEIRO
Educação Financeira
Educação para o consumo
Trabalho, ciência, tecnologia e diversidade cultural
Direitos da criança e do adolescente
Educação ambiental
Educação em direitos humanos
Educação alimentar e nutricional
Saúde, vida familiar e social
Educação das relações étnico-raciais e ensino de
história e cultura afro-brasileira, africana e indígena
COMENTÁRIO
Provavelmente, entre os assuntos indicados por você, há aqueles que dizem respeito direta ou indiretamente
à relação das pessoas com o dinheiro. Isso porque, em maior ou menor grau, os temas exemplificados na
atividade têm correlação com Educação Financeira. Discussões sobre educação ambiental, por exemplo,
envolvem debates sobre a reciclagem para a redução de despesas, a preservação e a economia de
recursos naturais, o reaproveitamento de materiais a fim de evitar desperdícios, entre outros.
t Qual a expectativa de professores e gestores sobre
os temas contemporâneos transversais?
Uma pesquisa1 feita pelo Aprender Valor traz um importante diagnóstico sobre a abordagem de temas
transversais na escola. Os resultados dessa pesquisa mostram que 92% dos professores entrevistados
consideram importante o ensino de temas transversais como parte dos componentes curriculares
tradicionais e acreditam que tais temas causam impacto positivo nos alunos. Mais do que isso, a maioria
(81%) dos que responderam à pesquisa se sente motivada a trabalhar os temas contemporâneos
transversais em sala de aula.
Entre os diretores, o entusiasmo é ainda maior: 97% dos entrevistados consideram importante o ensino
de temas transversais como parte das disciplinas tradicionais da escola e 98% deles acreditam que tais
temas causam impacto positivo nos alunos. A pesquisa revela, ainda, que na visão de 70% dos diretores,
os professores estão engajados para trabalhar os temas contemporâneos transversais na escola.
1
A pesquisa foi realizada em novembro e dezembro de 2019. Com métodos qualitativos e quantitativos, ela teve como público-alvo diretores e professores de
escolas públicas de Ensino Fundamental, de sete unidades federativas: Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná e São Paulo.
Os dados referem-se às respostas de, aproximadamente, 4.500 participantes.
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 2
Sumário
Essas evidências apontam que a implementação do Aprender Valor na escola tem todas as condições
para dar certo.
Sugestão de leitura...
O texto “A escola, o currículo e os temas transversais”, das pesquisadoras Maria Corcetti e Maria Trevisol,
trata da origem histórica e da fundamentação pedagógica dos temas transversais no currículo escolar.
Para facilitar, disponibilizamos o texto integral (P1A2 – Anexo C).
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, abordamos o seu itinerário formativo em Educação Financeira, enfatizando a importância
dessa formação para o seu trabalho com o tema transversal.
I
Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/. Acesso em: 25 jan. de 2020.
BRASIL. Guia de Implementação da Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2019.
CORCETTI, Maria Lucinda; TREVISOL, Maria Teresa Ceron. A escola, o currículo e os temas transversais.
Revista Espaço Pedagógico, v. 11, n. 2, Passo Fundo, p. 28-46, jul./dez. 2004.
GALLO, Sílvio. Transversalidade e Meio Ambiente. Ciclo de Palestras sobre Meio Ambiente – Programa
Conheça a Educação do Cibec/Inep – MEC/SEF/COEA, 2001. Disponível em: http://download.inep.gov.br/
download/cibec/pce/2001/15-26.pdf. Acesso em: 12 fev. 2020.
NICOLESCU, Basarab. O Manifesto da transdisciplinaridade. São Paulo: Triom, 1999.
PERRENOUD, Philippe. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre: Artmed Editora, 1999.
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 3
AULA 3 – ITINERÁRIO FORMATIVO EM EDUCAÇÃO
FINANCEIRA
Apresentação
Professor(a), você é fundamental para a promoção da Educação Financeira e, consequentemente, para o
incentivo às mudanças comportamentais em relação às finanças. Assim, você e seus alunos podem exercer
direitos e deveres que lhes permitam gerenciar bem seus recursos financeiros.
Mas, afinal, como é possível ter uma melhor relação com as finanças pessoais? De que forma a incontornável
dependência que temos do dinheiro pode definir aquilo que realmente tem “valor” em nossas vidas? Como a
Educação Financeira pessoal pode contribuir para o sucesso do programa Aprender Valor? Qual abordagem
de Educação Financeira queremos que seja levada à sala de aula?
Para responder a essas perguntas, o Aprender Valor estruturou uma formação em Educação Financeira pessoal,
voltada aos profissionais envolvidos diretamente com os projetos escolares com Educação Financeira.
Nesta aula, apresentamos a você as pesquisas que embasam o argumento de que a formação em finanças
pessoais do professor traz segurança para abordar o tema em sala de aula e melhora o desempenho dos
estudantes nas competências de Educação Financeira. Por fim, descrevemos, em linhas gerais, o percurso
formativo em Educação Financeira pessoal.
t Objetivo
Reconhecer a importância da formação em finanças pessoais do professor para o trabalho com o tema
transversal Educação Financeira.
t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:
•
Identificar as evidências que apontam a necessidade da formação do professor em Educação
Financeira pessoal para o trabalho com o tema transversal Educação Financeira e para o sucesso do
Aprender Valor.
•
Conhecer o percurso formativo referente à gestão de finanças pessoais.
t Recurso(s) complementar(es):
•
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Recomendações da OCDE (P1A3 – Anexo A).
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 3
Sumário
A importância da formação em Educação
Financeira pessoal para o trabalho docente
As definições de Educação Financeira, em geral, enfatizam a ideia de aumentar o Letramento Financeiro por
meio de competências necessárias para a vida das pessoas, relacionadas à compreensão e ao poder de
escolha e de decisão sobre os riscos e as oportunidades financeiras.
Letramento ou literacia
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) define literacia
como a capacidade para identificar, compreender, interpretar, criar, comunicar e usar novas tecnologias,
de acordo com os diversos contextos; envolve um processo contínuo de aprendizagem que permite que
os indivíduos alcancem os seus objetivos, desenvolvam o seu conhecimento, as suas potencialidades e
participem de forma plena na comunidade e de forma mais ampla na sociedade (UNESCO, 2005).
A adoção de estratégias que visam à Educação Financeira em instituições de ensino é uma das recomendações
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (P1A3 – Anexo A), que leva em conta,
entre outros motivos, os baixos índices de letramento financeiro dos países que compõem a própria OCDE.
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) – que é um estudo comparativo realizado pela
OCDE – de 2018 mostra que os estudantes brasileiros, em geral, apresentam indicadores ainda menores
de proficiência em letramento financeiro, quando comparados com a média dos 10 países da OCDE que
participaram da avaliação.
A edição mais recente do PISA mostrou que o desempenho apurado pelo Brasil em 2018 foi 6,4% maior em
relação ao de 2015 (de 393 para 420 pontos), alcançando uma média de crescimento superior à dos paísesmembros da OCDE, que foi de 3,1%. O país ocupa a 17ª posição no ranking dos 20 países que participaram da
avaliação. Apesar da melhoria no desempenho, a média do Brasil ainda é muito baixa e indica que, com esse
nível de Letramento Financeiro, possivelmente nossos jovens enfrentarão dificuldades para lidar com questões
financeiras.
Dentre os cinco diferentes níveis de proficiência em Letramento Financeiro, que vão desde as habilidades e
competências mais simples (Nível 1) às mais complexas (Nível 5), a maior parte dos estudantes do Brasil (44%)
apresenta desempenho no Nível 1 ou abaixo dele; e 28% está no Nível 2.
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Gráfico 1 – Percentual de estudantes em cada nível de proficiência em Letramento Financeiro do PISA 2018
(Brasil e alguns países selecionados)
Fonte: OECD, PISA 2018 Database, Table IV.B1.2.4. Apenas uma seleção de países foi exibida no gráfico acima. Na fonte, estão os dados completos. O
gráfico será publicado no próximo Relatório de Cidadania Financeira, previsto para outubro de 2021, que estará disponível na página http://www.bcb.gov.br/
cidadaniafinanceira.
Além disso, a partir dos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2017, constatou-se
que cerca de 50% dos alunos do 5º ano das escolas brasileiras provavelmente não são capazes de “converter
uma quantia dada em moedas de 5, 25 e 50 centavos e 1 real em cédulas de real”.
Diante do desempenho dos estudantes brasileiros no PISA e da recomendação da OCDE sobre a necessidade
de conscientização financeira, a escola se constitui como um espaço estratégico de abordagem da Educação
Financeira, com o intuito de promover o bem-estar das pessoas em relação ao dinheiro.
Por isso, a participação dos professores no programa Aprender Valor é fundamental para o sucesso dele; o que
implica aproximar os docentes do tema, especialmente para que se sintam mais confortáveis para abordá-lo
com os seus alunos.
Além do mais, precisamos levar em conta que, em nossos dias, as demandas por decisões financeiras
importantes são exigidas de nós a todo o momento, acarretando, em alguns casos, consequências negativas
de longa duração. Esse processo é intensificado pelo fato de que os produtos e serviços financeiros estão
se tornando cada vez mais complexos e ainda mais acessíveis em função das tecnologias digitais (LUSARDI;
HASLER, 2019).
Essa proximidade ocasionada pela disseminação de informações financeiras está muito presente em nosso
cotidiano, seja nos anúncios que precedem os vídeos do YouTube, nos e-mails com ofertas “salvacionistas”
ou nas propostas que recebemos pelos aplicativos de mensagens instantâneas. Logo, essas novas práticas
não podem passar ao largo das preocupações da instituição escolar, principalmente, em razão do objetivo de
formar indivíduos autônomos e conscientes.
t Evidências que justificam a formação docente em finanças pessoais
A proposta de um itinerário voltado à Educação Financeira pessoal objetiva promover a conscientização
e a mudança de atitudes e comportamentos em relação ao dinheiro. Tem, ainda, a intenção de tornar a
abordagem do tema em sala de aula mais significativa para os estudantes. O debate em torno do direito
de aprender, você sabe bem, orienta esse investimento nos profissionais que respondem pela gestão da
aprendizagem na escola: professores e gestores.
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 3
Sumário
Necessidade de ampliar a conscientização sobre Educação Financeira
Um estudo recente do Centro Global de Excelência em Letramento Financeiro (GFLEC, 2019), com
professores e não professores estadunidenses, reforça a necessidade de ampliar a conscientização
sobre Educação Financeira na sociedade, sendo que a quase totalidade dos entrevistados dessa
pesquisa entende que o tema deve ser uma prioridade na escola. Outros resultados importantes desse
mesmo estudo indicam que, de acordo com os professores participantes:
•
o desenvolvimento profissional é um caminho para melhorar a confiança do professor em tópicos
determinados, com vistas a auxiliá-los na elaboração de estratégias de ensino específicas;
•
os formuladores de políticas públicas devem se concentrar em alavancar o desenvolvimento
profissional dos professores no campo de finanças pessoais, com foco em aumentar a motivação
desses profissionais.
Programas de Educação Financeira são eficazes
O artigo da pesquisadora peruana Verónica Frisancho (2019) investiga se a empolgação com os programas
de Educação Financeira é justificada. Ela destaca que os programas destinados a melhorar os níveis de
alfabetização financeira de crianças e jovens são muito eficazes, especialmente quando o conteúdo é
ministrado dentro das aulas regulares na escola e integrado aos componentes curriculares oficiais.
Alfabetização financeira melhora o conhecimento financeiro de alunos
Da mesma forma, há evidências crescentes de que a alfabetização financeira, quando fornecida por
professores bem treinados, usando bons materiais curriculares e testes válidos, pode melhorar o
conhecimento financeiro de alunos de diferentes idades (WAGNER; WALSTAD, 2018).
Participação de professores em programas de Educação Financeira aumenta a própria proficiência
Outras evidências também têm demonstrado que a participação dos professores nos programas de
Educação Financeira implica o aumento da própria proficiência desses educadores, a partir das formações
intensivas. Essa participação traria, ainda, efeitos positivos em relação aos traços da personalidade, pois,
segundo a pesquisa, os docentes passam a ter maiores chances de serem avessos ao risco e relatam
níveis mais baixos de impulsividade, por exemplo (FRISANCHO, 2018).
Formação em finanças pessoais no âmbito do Aprender Valor
A justificativa para essa formação é tornar você capaz de refletir sobre sua relação com o dinheiro, o que
lhe permite ter condições mais efetivas para o desenvolvimento de propostas pedagógicas que tratem da
abordagem da Educação Financeira como tema transversal.
Por meio desse itinerário, pretendemos apresentar ferramentas simples e práticas, que podem viabilizar melhor
gestão de suas finanças pessoais. Com essa ação, você pode não apenas melhorar a relação pessoal que
mantém com o dinheiro e ter condições concretas para obter mais qualidade de vida, mas também dispor de
recursos pedagógicos mais apropriados para desenvolver os projetos escolares com Educação Financeira em
sala de aula.
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 3
t Estrutura da formação em Educação Financeira pessoal
É importante que você saiba, desde o início, que a formação em finanças pessoais não é uma fórmula
mágica para fazer com que as pessoas fiquem ricas, nem uma proposta para induzi-las a deixar de fazer
ou de adquirir aquilo que lhes dá prazer.
O percurso formativo oferecido no programa Aprender Valor se apoia em um conjunto de reflexões e
exercícios práticos, que têm por objetivo fazer com que as pessoas possam tomar decisões financeiras
mais assertivas, de maneira consciente, estabelecendo objetivos, metas e ações em torno daquilo que,
de fato, tenha valor para elas.
Partindo da premissa de que cada indivíduo tem desejos e necessidades diferentes, a formação procura
se pautar naquilo que é comum a todos. Muito embora esteja voltada para a aplicação na vida pessoal, é
importante que você tenha sempre no horizonte a noção de que esse conhecimento contribui para tornálo mais bem preparado para acompanhar e executar os projetos escolares com seus alunos.
A formação em Educação Financeira pessoal está organizada em duas etapas:
Etapa 1 – Nossa relação com o dinheiro
Etapa 2 – Planejar os recursos, poupar ativamente e usar o crédito
Esse percurso formativo inclui atividades interativas e propostas de reflexão sobre o seu comportamento
financeiro, a fim de que você possa se inspirar, reavaliar sua relação com o dinheiro e, ainda, implementar,
com maior confiança, os projetos escolares com Educação Financeira.
INFORMAÇÕES SOBRE O PRÓXIMO PERCURSO
A trilha de finanças pessoais propõe uma abordagem real, humana e, acima de tudo, possível e necessária
a todos, independentemente da condição econômica de cada um. É um convite para uma reflexão de
como melhorar a relação com o dinheiro e de como Aprender Valor!
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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário
Formação de Professores – Percurso 1 – Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor – Aula 3
I
Sumário
Referências
FRISANCHO, Verónica. The impact of school-based financial education on high school students and their
teachers: experimental evidence from Peru. IDB Working Paper Series, n. 871, mar. 2018.
FRISANCHO, Verónica. The Impact of Financial Education for Youth. IDB Working Paper Series, n. 1038, jul.
2019.
GLOBAL FINANCIAL LITERACY EXCELLENCE CENTER. Raising awareness of the importance of personal
finance in school: new insights. Washington: GFLEC, 2019.
LUSARDI, Annamaria; HASLER, Andrea. Millennials’ engagement with online financial education resources
and tools: new survey insights and recommendations. Washington: GFLEC, 2019.
ORGANISATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT. PISA 2018 Results (Volume IV): are
students smart about money? Paris: OECD Publishing, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1787/48ebd1baen. Acesso em: 02 jul. 2021.
ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Recomendação sobre os
princípios e as boas práticas de educação e conscientização financeira. [S. l.]: OCDE/CVM, 2015.
UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Aspects of Literacy
Assessment: topics and issues from the UNESCO Expert Meeting. Paris: Unesco, 2005. Disponível em: http://
unesdoc.unesco.org/images/0014/001401/140125eo.pdf. Acesso em: 25 maio 2020.
WAGNER, Jamie; WALSTAD, William B. The effects of financial education on short‐term and long‐term financial
behaviors. The Journal of Consumer Affairs, v. 53, n. 1, 2019.
Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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