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Empreender

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Quando o hoje já não basta profissionalmente, muitas pessoas têm optado por
empreender. Mas será que empreender é a solução quando não se encontra mais
satisfação no trabalho?
Há um momento em
que a luz entra pela
janela do escritório e te
chama para a rua.
Você quer ver o sol.
Mas só dá na hora do
almoço. Na hora do
almoço
você
quer
também
rir
na
companhia
de
um
amigo ou passar em
casa, ou ficar um
pouco mais com sua
filha, ou.... mas o
tempo é curto e o
trânsito é caótico.
Quando você deixa seu escritório às 18, 19 ou 20 horas, mais um dia se foi. Já é quase
noite. Já é noite. As paredes de concreto nem deixaram você ver como escureceu
rapidamente. É tarde para a caminhada que te faz tão bem. Tarde para ir a aula de
idiomas. E além de ser tarde, você está cansado. Na sexta a sensação é de euforia.
Sexta é véspera de dois dias com tempo. Um tempo para repor as energias e recomeçar
tudo na segunda-feira novamente. Muitas pessoas vivenciam esse ciclo. Exatamente
assim. Tempo e trabalho em constante conflito. Tudo porque falta tempo para a vida que
existe fora do trabalho.
Trabalho também tem se tornado um problemão quando o que se faz perde sentido. O
vazio cresce no peito e a pergunta “Por que acordo todo dia para fazer isso?” não sai da
sua mente. Quando isso acontece, a mudança passa a ser a única certeza. Mas mudar
para onde? A família e os amigos admiram sua carreira, elogiam sua posição e agora
você vai largar tudo? A pressão surge de todos os lados em alto e bom tom: “Você está
louco!!!”. Nesse ciclo de muitas opiniões, a tendência é não se mover. Há medo,
insegurança, os pensamentos multiplicam-se e nenhuma decisão é tomada.
Claro, tem muita gente feliz nos trabalhos formais, de carteira assinada, trabalhando das 8
às 18 horas. Gente que gosta do trabalho do jeito que está. Gente que acorda animada.
Que não é feliz só nos intervalos e nos finais de semana. O problema não está dentro
da empresa. Está dentro de cada um!
Empreender é a solução?
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Empreender
O empreendedorismo não é algo
novo. Para Renan Carvalho, do
Movimento Orgânico, “empreender
não significa abrir um negócio e ter
um CNPJ. Empreender é fazer algo,
e isso é da natureza humana.
Sempre existiu”.
Oswaldo Oliveira, da Próspera
também dizia que “Viver é um
empreendimento”.
O site do Sebrae traz: “Ser
empreendedor significa, acima de
tudo, ser um realizador que produz
novas ideias através da congruência
entre criatividade e imaginação”.
Neste ebook, o empreender que
estará em foco é aquele relacionado
a uma alternativa de trabalho, a
abertura de um negócio, ao
desenho de uma nova atividade.
Mas também esse empreender está
totalmente conectado com a vida.
Faz parte dela.
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Empreender é a solução?
A minha experiência
Depois de trabalhar por quase 25 anos, aos 40, decidi
tirar um período sabático. Não via mais sentido no
trabalho como um todo e procurava por respostas.
Tinha comprado minha casa. Tinha um carro que
naquele momento nem importava mais. E agora queria
tempo de vida. O mundo fora das paredes de concreto
me chamava como nunca. Deixei meu trabalho numa
multinacional em São Paulo e rumei para um ano off.
Era eu comigo mesma.
Primeiramente estudei Alfabetização Ecológica no
Schumacher College (Inglaterra). Depois fiz uma
imersão para estudar inglês na Irlanda. Voltei ao Brasil.
Me mantive na pausa que tanto desejei. Havia uma
represa de filmes, livros, atividades que tinha
postergado e a hora de atualizar tudo era aquela. Visitei
amigos, parentes, voltei a caminhar às 9 da manhã.
Depois de alguns meses rumei para a Índia com um
grupo, onde vivenciei uma peregrinação de quilômetros
na região dos Himalaias.
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Voltei da Índia e fui direto para outra multinacional. Não saber o que fazer
profissionalmente e o medo de não conseguir mais emprego ainda estavam dentro de
mim. Três meses depois deixei este trabalho para trás. Entreguei carro, notebook e
smartphone cedidos pela empresa e saí. Minhas únicas certezas incluíam querer morar
perto da família e perto do mar. Então vivi um período turbulento. Não sabia como ter um
trabalho que reunisse tudo o que eu gostava e me desse algo que era muito
importante: tempo.
Tempo para fazer várias coisas, sem esperar pelas férias e pela aposentadoria. Tentei um
novo trabalho, dessa vez junto ao mar, mas longe da família. Mais três meses e uma nova
partida. Por fim, fiz uma última tentativa em outra empresa. Nem dei tempo para mais
alguém me chamar de louca. Em duas semanas percebi que não era para mim e saí.
Com isso, desde o início do sabático tinha acumulado uma carteira de trabalho bem
carimbada: três multinacionais, dois cargos gerenciais e uma felicidade no trabalho que
havia sumido nos últimos tempos.
No meio disso tudo fiz uma viagem para dentro de mim e tentei descobrir o que realmente
fazia sentido a mim quando se tratava de trabalho. Encontrei no compartilhar
conhecimentos e na escrita um bom começo. Me tornei professora e ministrantes de
cursos. E escrevi um livro que conta toda essa jornada: Quando o hoje já não basta.
Resolvi voltar a empreender formalmente. Já tinha tido uma empresa por 10 anos e as
burocracias brasileiras mais a falta de desafios me fizeram abandoná-la. Então queria
algo com menos impostos e papeis. Foi assim que optei em ser Micro Empreendedor
Individual (MEI).
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Empreender é a solução?
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No papel estava resolvido. Mas na prática eu também queria algo diferente. Não só as
atividades, como a forma de executá-las. Queria algo mais livre. Nada de ser uma coisa
só. Me peguei num desafio danado de tentar agrupar o que poderia fazer: lecionar,
escrever, facilitar diálogos, traçar estratégias em comunicação para empresas, gerenciar
crises, facilitar meditação, ufa! Desisti. Para que colocar tudo em caixinhas
desnecessárias?
Paralelamente me peguei correndo como nunca. O tempo que desejei ter lá na época da
carteira assinada também não estava disponível agora para mim. Apareceram tantas
coisas bacanas para fazer que eu queria abraçar tudo. E me percebi ansiosa novamente e
sem tempo para coisas que havia definido como importantes.
Reavaliei tudo novamente e me obriguei a fazer menos coisas. Como não tinha dívidas,
não precisaria ganhar muito. E isso significava que não precisaria trabalhar muito. Dessa
forma, trabalhava sim, mas também tinha tempo.
Enfim, empreender PODE trazer uma liberdade incrível ou não. Empreender pode ser
uma solução ou não. Tudo depende de como você vai encarar e vivenciar tudo isso!
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Empreender é a solução?
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Então você decide tomar coragem e deixar aquele trabalho tão desejado por muitos. Mas
não sabe por onde começar. Inúmeros posts nas redes sociais apontam: siga o seu
coração.
Tá! E o que fazer quando o
coração
aponta
para
muitas
coisas
e
as
escolhas torturam?
Comece olhando onde está
o ponto de conexão de
tudo que você quer fazer.
Em direção contrária, pode
ser que você não consiga
visualizar nada. Talvez vai
se sentir sem rumo. Sem
saber por onde começar e
nem o que fazer. Nem
lembra se algum dia gostou
de algo de verdade que sonharia em ter como trabalho. Isso acontece com muitos porque
o nosso modelo de vida enterra muitos sonhos. E a nossa forma de viver, faz com que
muitas vezes eles fiquem escondidos por muito tempo. Mas sim. Há algo aí dentro. E
primeiramente é importante permitir-se não saber. A vida vai te mostrar. Tente não cair
numa busca louca.
Faça algo que goste, mesmo que não veja a atividade como trabalho. Música, teatro,
dança, pintura, marcenaria, idiomas...qualquer coisa. Faça. Se envolva com isso.
Paralelamente comece a fazer algo pelo outro. Por exemplo, adora desenhar, mas não
sabe como ganhar dinheiro com isso? Desenhe e sirva pessoas próximas. Presenteie
alguém.
Fale do seu talento e da sua vontade. Não tenha medo. Se aproxime de pessoas que
trabalham com a mesma atividade. Encontre sua turma.
Ah, e o principal. Se você já consegue visualizar o que realmente quer fazer, mas não tem
experiência e conhecimento, vá em busca de conhecimentos.
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A isCool
Rodrigo Pacheco partiu de um problema para a criação da IsCool: a educação do Brasil.
Em 2013 com o movimento de protesto nas ruas, pensou: “se tem um problema, por
que não resolvemos? Vou abrir uma escola”. E assim o fez. Estava focado numa escola
mais legal, livre, democrática e acessível (baixo custo). Não tinha como fazer um alto
investimento. Também não tinha espaço físico próprio. Não poderia contratar professores.
Quem pensa que isso o desmotivou, se engana. Tudo isso foi um alavancador para que
nascesse dali uma escola diferente. Reuniu seus conhecimentos da graduação em
Marketing mais os de Ciência Econômica, juntou a experiência do trabalho em empresas,
ONG´s, e movimentos estudantis, colocou a mão na massa e fez nascer um novo
conceito em educação. Começou usando uma mesa num Coworking da cidade, fazia os
eventos em espaços que não cobravam taxas e levava pessoas para compartilhar
conhecimentos a baixo ou sem nenhum custo. E assim conectava saberes entre quem
precisava e quem tinha algo a oferecer.
Rodrigo faria tudo de novo. E
afirma isso sem pestanejar.
Quando é questionado sobre o
que não é tão bom nesse
empreender, rapidamente diz
que faltam braços para tantas
coisas.
Sobre o futuro, pergunto o que quer dessa empreitada. E ele me volta com a pergunta:
“sabe as escolas da Dinamarca? São escolas sérias, mas ao mesmo tempo com um
movimento descolado”.
Em relação ao empreender, Rodrigo desabafa: “não é uma questão somente de gerar
emprego, mas de gerar mudança social e cultural”.
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Para que abrir um negócio? Ganhar dinheiro? Contribuir para um mundo melhor?
Realizar-se profissionalmente? Ter horários mais flexíveis? Ter mais tempo? Não ter mais
que ter um horário fixo? Não usar uniforme? Formatar algo que não existe?
Empreender é sim uma
alternativa para modelar
um trabalho com a
possibilidade de reunir o
que você gosta de fazer,
desenhado da forma que
quer realizar. Porque
talvez o mercado não
tenha algo sob medida
a lhe oferecer. Só isso
por si só é uma grande
vantagem. Você vira
dono do seu negócio
criado por você mesmo.
A
liberdade
e
a
flexibilidade podem ser
seus companheiros.
Mas, mas, mas, empreender não é um mundo azul de bolinha branca. Há muitos desafios
e riscos. (E onde não há?).
Nessa empreitada há uma tendência de seguir exatamente os passos das empresas
tradicionais, vivenciadas até então. Por que? Por não conhecer outros modelos, por não
saber fazer fora de modelos, e porque fazer diferente pode gerar medo. E aí fazendo mais
do mesmo, você cai no mesmo ciclo, que talvez gere as mesmas angústias.
Portanto, antes de empreender investigue, leia, procure o que tem de diferente no
mercado. Há muitas iniciativas mais orgânicas, com menos hierarquia, menos metas, mais
transparência, mais rotatividade de tarefa, flexibilidade de horários etc. Leia sobre as
iniciativas do Ricardo Semler. Entre no site do organicas.org. Busque o case da Mercur.
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Se for por essa linha inovadora, novamente você que já abandonou aquele “empregão”,
pode ser chamado de louco. Não dê atenção a isso. Vá em frente. Viva de acordo com as
suas escolhas. Afinal, um dos arrependimentos mais comuns antes de morrer, de acordo
com a médica Ana Cláudia Quintana Arantes, é ter feito escolhas para agradar os outros.
Além desse desafio inicial de como empreender, você vai se deparar com outros.
Geralmente você não vai fazer somente aquela atividade que realmente lhe atrai. Se não
tiver uma equipe, vai ter que se atualizar quanto a legislação do seu negócio; se
preocupar com o marketing; estar nas redes sociais; criar seu site; responder aos e-mails;
administrar as visitas inesperadas (principalmente se trabalha em casa); gerenciar os
inúmeros pedidos de cafezinhos (porque geralmente o empreendedor é visto como quem
está de folga); driblar a solidão, que por vezes pode ser a única companhia; resistir à TV e
à procrastinação.
Além disso, se preocupar com a falta de dinheiro, que talvez não venha exatamente no
quinto dia útil como você estava acostumado. Os custos fixos de uma empresa geram a
obrigação de vender*. Nesse momento, o dinheiro passa de consequência de fazer o que
você ama, a norteador de tudo. Se não tem custos fixos, mas acumula dívidas, vai acabar
sob pressão da mesma maneira. Então, um dos primeiros passos é: reduza seus
custos fixos.
* Vender já mudou de conotação. É mais relacionamento e
reconexão. Temos que dizer de forma clara o que estamos fazendo. Só
assim conseguiremos “ligar” a nossa oferta com a necessidade de
alguém. Não é criar o desejo para “empurrar” um produto. E sim, descobrir
necessidades e como você pode contribuir.
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Como unir o seu empreendimento com transformação social? Esta é uma pergunta
comum. Renan Carvalho, do Movimento Orgânico (organicas.org) explica que “todo tipo
de ação que vem da essência no fundo é social”.
Primeiro precisa ter sentido para você. Gerar transformação aí dentro do peito. Precisa vir
da sua essência e se você não se importa com reconhecimentos, é social. Quando você
não se preocupa com o externo, com os reconhecimentos, com dinheiro, é social. E se
você conseguir fazer algo que impacte você e o outro, então muito melhor.
O trabalho faz sentido quando conectado com a sua essência e quanto mais se aproximar
do natural. Nos afastamos da natureza das coisas e trouxemos as engrenagens das
máquinas para mover nossas vidas. Estamos num voo automático. Mas infelizmente
não percebemos.
Num TEDx, Ricardo Semler diz que desaprendemos a ir no cinema nas segundas à
tarde, mesmo tendo esta liberdade. Não vamos. Simplesmente porque estamos
condicionados que nas segundas não pode. Porque continuamos a acreditar nisso?
A vida não precisa ser mecanizada. Nem o trabalho. Não vamos abordar porque
chegamos nesse estágio. Vamos olhar para a frente. Quais paradigmas podemos
quebrar? O que podemos fazer diferente hoje?
O trabalho não precisa ser das 8 às 18, numa sala única e com uniforme. Pode ser mais
flexível, pode ser mais natural. Pode ser em vários locais. Pode ser de tênis. Aliás, você
mesmo não precisa MAIS ser uma coisa só. Conecte seus talentos.
E daí que no meio do escritório de engenharia tem uma bateria? Se der vontade, toque no
meio da manhã. Você não é um ser fatiado. Ser engenheiro e baterista pode dar um bom
som.
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Dicas práticas
- Ignore as pressões sociais do tipo: você vai abandonar esse trabalho?
- Escolha algo que realmente gosta de fazer (e não coloque o dinheiro em primeiro lugar).
Se não tem conhecimentos suficientes, investigue, leia, aprenda;
- Faça cursos fora da sua área. Isto ampliará sua visão e capacidade de conectar
informações;
- Pense no trabalho de maneira fora do tradicional...ele só precisa estar conectado com a
sua vida;
- Dedique um tempo para descobrir: que necessidade existe no mundo que você poderia
suprir com o que realmente gosta de fazer;
- Sente-se inseguro para começar sozinho? A palavra é parceria. Você pode ter vários
parceiros profissionais;
-Não tem dinheiro para um projeto inicial que acredita muito? Há várias plataformas de
financiamento coletivo e pessoas querendo contribuir;
- Acredite no que você está oferecendo (senão ninguém vai acreditar);
- Diga (sem medo) o que você está oferecendo pessoalmente, pelas redes sociais ou não.
Conte histórias verdadeiras, reais;
- Fortaleça sua rede (linkedin, facebook, instagram, cafés presenciais, mailings etc).
Esteja presente no mundo virtual e real. Pense em novas conexões, pense em trabalhar
em rede;
- No começo o empreendedor tende a trabalhar bastante. Muitas pessoas dizem: "mas eu
amo o que faço". Mas de novo: não dá para resumir sua vida a trabalho.
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Há um momento do dia que me encanta. Algo entre as 17:15h e 18:23, uma luz dourada
que precede o pôr do sol; se tiver chovido, então, é uma delícia...fica tudo tão nítido e
brilhante. Baixa tipo um Louis Armstrong em mim e eu entro no modo “ what a wonderful
world”.
É
uma
Inteligência
perfeita, esta que criou
combinações de cores
harmoniosas entre as
árvores, o céu, o sol ...
eu não teço maiores
elocubrações poéticas
ou esotéricas sobre isto,
apenas celebro e confio
que eu e você somos
parte
desta
mesma
Inteligência.
Eu acredito que ela
cuida para que cactos
não virem samambaias,
que o sol não nasça
verde e que as margaridas não amanheçam quadradas. Tão certo quanto uma araucária
não derrubará maçãs no outono, esta mesma inteligência vai cuidar para que eu tenha
todas as condições de ser quem eu sou de forma única, através de minhas experiências e
escolhas, e não há perigo de que eu não esteja cumprindo meu propósito, mudando o
mundo, deixando um legado ou qualquer objetivo hedonista do tipo. A mim cabe, apenas,
viver. Esta é a minha definição de empreendimento.
E há muitas definições para empreendedorismo. Após o jantar de algum domingo de
1968, dois anos antes de eu nascer, Janet provavelmente disse a Neil que se ele
teimasse com aquele negócio de pisar na lua, o casamento deles estaria acabado.
Hoje assisti a um vídeo que mostrava a inciativa voluntária de uma senhora que,
pensando nas necessidades de autocuidado e dignidade das mulheres que vivem nas
ruas em situação de drogradição, oferece em praça pública oficinas para que elas possam
aprender a costurar suas próprias calcinhas (porque no dia a dia elas usam o que
encontram no lixo).
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A elas é oferecido um dia de cuidados com suas unhas, cabelos e higiene pessoal. E isto
muda a vida delas. Por um dia, mas muda. Assim como essas, há inúmeras definições de
empreendedorismo e de forma geral uma série de expectativas e angústias sobre o
resultado de um empreendimento, o famoso retorno sobre o investimento ou, em sua
versão mais humanizada, o impacto social que ele pode ou não gerar.
Idealmente, definir-se como empreendedor pode ser uma identidade, uma busca de
autonomia, ou simplesmente uma saída para um modelo de produção que dê mais
abertura à inovação e criatividade. Mas na prática (principalmente se a prática for no
Brasil), ficam evidentes os obstáculos, os contratempos, enfim, os desafios de toda
tomada de decisão.
Muita gente busca empreender como uma maneira de responder àquele sentimento de
falta, de inadequação, e acaba se vitimizando pelos desafios naturais do processo. Seja lá
qual for o seu processo decisório, meu convite é pra que você procure olhar com
carinho para a intenção que precede à sua ação: seu desejo de empreender está
orientado para a criação de algo necessário e útil ou apenas acrescenta mais drama à
situação? Que verdade você construiu para orientar sua Visão de Mundo? Que Essência
há em você, que pode se expressar de forma amorosa ou irada, mas que está em
ressonância com seu padrão energético?
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Falando em dramas, não se apegue aos seus. Deixe sob quarentena severa a tendência
de comparar-se, de alimentar o medo de ser o que você não é, de não ter dinheiro.
Procure conectar-se com o seu Louis Armstrong. O que faz Louis Armstrong cantar em
você? Quando você identifica e sente em si mesmo estes momentos, está conectado com
sua essência. Observe e respire. Quando é que, ao expressar uma ideia, você sente seu
peito se abrir, seus olhos brilharem, aquela energia de sair fazendo, independente do que
vão pensar, e se vai dar dinheiro, e se “vai dar pra viver disso?”.
A Essência não tem necessidade de
responder a nada e a ninguém. Ela
não se detém argumentando com
quem quer que seja, de indicadores
econômicos a articulistas da CBN.
Como diferenciar a Essência, da
arrogância e da imprudência? A
Essência, sobretudo, é elegante. Ela
passa por cima dessas dúvidas com
a graça e leveza de uma garça
sobrevoando um lago. Agindo na
Essência, o seu riso corre solto à
menor provocação, então há bom
humor e leveza em suas palavras e
ações.
Quando você percebe que está “dando murro em ponta de faca”, pode saber que está
desconectado. A Essência entende todos os obstáculos como oportunidade de fluir com
ainda mais força e energia, como as pedras de uma cachoeira fazem a água parecer
muito mais viva do que uma poça estagnada.
Quando agimos alinhados com nossa Essência, a criatividade não surge após uma
certificação, um diploma, uma palestra no TED. O impulso criativo é interno. E ele pode
ser disparado por certos estímulos. Mas seu potencial não busca nada fora de si. Alinhado
com sua Essência, você alimentará a fonte de criatividade ligada à Inteligência universal,
que está disponível a todo momento. E ela é inevitável. Chega a ser um troço que não te
deixa dormir.
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Você vai reconhecê-la porque a todo instante surgirão oportunidades, vão lhe aparecer as
pessoas certas na hora certa, recursos vão tornar-se visíveis, são as famosas
sincronicidades. Nestas ocasiões, aja. Coloque-se em movimento. Dê aquele telefonema,
envie aquele email. Experimente! E não espere por chavões de reconhecimento ou
retorno sobre o investimento. Eles virão como consequência natural do alinhamento entre
suas intenções e ações.
Aprecie o movimento. Substitua o julgamento por curiosidade a respeito de si, a respeito
dos outros. Escute com atenção, pois o empreendedorismo é apenas um dos muitos
caminhos à sua frente. Desde que você não se considere um problema, ele deixará de ser
uma solução a ser perseguida obsessivamente, e passará a ser apenas uma das
inúmeras possibilidades que você é capaz de criar.
Quando tudo estiver em andamento, celebre! Você sentirá o que chamamos de Fluxo,
uma corrente de abundância e generosidade que não apenas te nutre como inspira a
todos ao seu redor. Esta equação entre sua essência, suas experiências e entrega ao
fluxo é a própria arte da vida.
Mas, Darlene, tudo isso está muito filosófico é confuso. Não tem aí uma fórmula para
empreender com sucesso”? Tem também:
Conecte-se com sua Essência;
Dê nome, compartilhe às ideias e inspirações que surgirem;
Fique atento aos recursos e celebre as sincronicidades;
Aja.
A sua vida tem um valor intrínseco. Celebre e honre esta vida que foi concebida para ser
uma somatória de experiências ricas, dignas de que você se entregue a elas de corpo e
alma.
Caminha na paz e na integridade que está bom demais! Não haverá, no final dos teus
tempos, um programa de avaliação de desempenho. Haverá você, rodeado de pessoas
que te amam, gratas por tua passagem pelo planeta. It´s a wonderful world, enjoy the ride!
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Autora: Regina Hostin.
Entrevistados: Renan Carvalho e Rodrigo Oneda Pacheco.
Com a participação de: Darlene Rabello Coelho.
Imagens gratuitas: Freepix e Pixabay.
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