Material de Apoio Vícios de Linguagem Os vícios de linguagem podem ser classificados como: barbarismo, arcaísmo, neologismo, solecismo, ambiguidade, cacófato, eco e pleonasmo. Vícios de Linguagem são alterações defeituosas das normas da língua padrão, provocadas por ignorância, descuido ou descaso por parte do falante. Os vícios de linguagem se classificam em: - Barbarismo: desvio da norma quanto à: - grafia: proesa em vez de proeza; - pronúncia: incrustrar em vez de incrustar; - morfologia: cidadões em vez de cidadãos; - semântica: Ele comprimentou o tio (em vez de cumprimentou). - todas as formas de estrangeirismo são consideradas, por diversos autores, barbarismo. Ex: weekend em vez de fim de semana. - Arcaísmo: emprego de palavras ou estruturas antigas que deixaram de ser usadas. Ex: Vossa Mercê em vez de você. - Neologismo: emprego de novas palavras que não foram incorporadas pelo idioma. Ex: Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? - Solecismo: erros de sintaxe contra as normas de concordância, de regência ou de colocação. - concordância: Sobrou muitas vagas (em vez de sobraram). - regência: Hoje assistiremos o filme (em vez de ao filme). - colocação: Me empresta o carro? (em vez de empresta-me) - Ambiguidade: ocorre quando uma frase causa duplo sentido de interpretação. Ex: O policial matou o ladrão dentro de sua casa. (na casa do ladrão ou do policial?). - Cacofonia: refere-se ao mau som que resulta na união de duas ou mais palavras no interior da frase. Exs: "Uma mão lava outra" = (mamão) "Vi ela" = (viela) - Eco: ocorrência de terminações iguais. Ex: Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. - Pleonasmo: redundância desnecessária de informação. Ex: Está na hora de entrar pra dentro. - Preciosismo No preciosismo, termos rebuscados são usados de forma exagerada e fora de contexto. Ex: “Durante a corrida, o piloto intrépido desviou de acidentes como o roedor escapole do assédio de um felídeo, chegando ao topo do pódio ao final do itinerário, para seus condignos momentos de adulação.” - Plebeísmo São as gírias que indicam que a pessoas que as usa sabe pouco do português. Exs: • • • “Correr atrás.” Prefira usar a palavra persistir, perseguir, perseverar. São muito melhores para demonstrar domínio de vocabulário. “Mané.”Não Nem aconselho usar mané na redação, as sinônimos seriam: inapto ou néscio. “Bolado.” Prefira nervoso, enérgico, irritado, incomodado, etc. Empréstimos linguísticos Estrangeirismo Espécie de barbarismo que consiste em dar preferência ao uso de palavras ou expressões de língua estrangeira, mesmo quando há vocábulo equivalente em português. Exemplos: show (apresentação); menu (cardápio). Outros exemplos: - Francesismos: abajur, chefe, carnê, matinê etc. - Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc. - Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc. - Anglicismos: futebol, telex, bofe, ringue, sanduíche, breque. - Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc. - Eslavismos: gravata, estepe etc. - Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc. - Hebraísmos: amém, sábado, maná, aleluia etc. - Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo etc. - Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis etc. - Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc. - Americanismos: canoa, chocolate, mate, mandioca etc. - Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze etc. - Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba etc. Anglicismos Os anglicismos, tipo recorrente de empréstimo linguístico, são cada vez mais comuns em nosso idioma. Contudo, é preciso bom senso na hora de utilizá-los. “Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferryboat... Eu tenho savoir-faire Meu temperamento é light Minha casa é hi-tech Toda hora rola um insight Já fui fã do Jethro Tull Hoje me amarro no Slash Minha vida agora é cool Meu passado é que foi trash...(...)”. (Samba do Approach – Zeca Baleiro) A letra engraçada e quase incompreensível da canção de Zeca Baleiro esconde uma crítica bemhumorada ao comportamento linguístico de alguns falantes, que se rendem aos empréstimos linguísticos de maneira exagerada. Antigamente, lá na época do Brasil Império até meados do século XX, a moda era falar francês ou incorporar palavras do idioma na língua portuguesa. Atualmente, em face de diversos fatores, entre eles o forte apelo tecnológico, o inglês virou nossa influência linguística favorita. Se você não sabe inglês, mesmo que alguns poucos vocábulos, está completamente out! Mas e esta palavra, anglicismo? De onde vem? Anglicismo é uma derivação de anglo, elemento de composição de adjetivos que significam inglês. Esse elemento compõe outras palavras, como anglicano, anglicanismo, anglosaxão, entre outras que fazem referência ao idioma ou à cultura inglesa de um modo geral. Já o termo anglicismo é usado para nomear as palavras que são provenientes do inglês e que são utilizadas no português em virtude da necessidade de nomear objetos ou fenômenos novos para os quais ainda não exista nomenclatura apropriada em nossa língua, ou até mesmo por outros motivos, como a aculturação, desconhecimento do idioma e até mesmo por causa da vontade de parecer diferente ou “antenado”. Alguns anglicismos foram aportuguesados, isto é, tiveram sua pronúncia ou estrutura modificadas para ficarem mais parecidos com o som do português. Outros tiveram sua forma preservada e são utilizados corriqueiramente como se fizessem parte de nossa língua, já que foram legitimados em razão da aceitação na sociedade. Confira alguns exemplos de anglicismos: Shopping Center Mouse Motoboy Outdoor Smoking Shampoo (xampu) Futebol (vocábulo aportuguesado) Piquenique (vocábulo aportuguesado) Pôquer (vocábulo aportuguesado) Browser Home theater Link Play Performance Pub Site Ranking Delete Já sabemos que a língua é um elemento orgânico que está em constante movimento, por esse motivo, tentar coibir ou até mesmo proibir o uso dos anglicismos seria uma enorme perda de tempo! As variações linguísticas são bem-vindas, agora, é importante saber que os empréstimos linguísticos devem estar condicionados à necessidade de tomar emprestado alguma palavra que dificilmente teria um equivalente perfeito em nosso idioma. Quem decide o que permanece e o que deve ser descartado somos nós, falantes, portanto, bom senso e nada de exageros, certo? Os anglicismos são vocábulos da língua inglesa que estão incorporados em nosso idioma, aportuguesados ou não. ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO MORADA DO VALE I – CIEP Nome:_________________________________________ N.º:____ Professora: Gislaine Turma:______ Turno: _________ Data:___/___/___ ATIVIDADE de Língua Portuguesa - INSTRUMENTO: AULA EAD pela semana de 07 a 11/06/21 1. Diante dos enunciados que seguem, analise-os, apontando qual o vício de linguagem predominante nestes: (a) Peguei o ônibus correndo. (b) Por estar inconsciente, não entendi o que realmente quis dizer. Contudo, possivelmente conversaremos depois. (c) Aquele ambiente é bastante aconchegante, que tal fazermos um happy-hour, ou talvez um breakfast? (d) Na geladeira há sanduiches de mortandela, coloque-os na bandeija e sirva aos convidados. (e) Durante o evento, não vi ela nem um instante. (f) Suba lá em cima e pegue as encomendas para mim. ( ) pleonasmo vicioso ( ) ambiguidade ( ) estrangeirismo ( ) cacofonia ( ) eco ( ) barbarismo 2. (Enem 2003) No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete: CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação: a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase. b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha. c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência. d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase. e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase. Questão 3 Carnavália Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? […] ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento). (Enem 2010) No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um: a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica. e) termo técnico, dado que designa elemento de área e de atividade. Questão 4 (Enem 2012) “eu gostava muito de passeá… saí com as minhas colegas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a… a palhaça da turma… (risos)… eu acho que foi uma das fases mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos meus treze aos dezessete anos…” A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito). Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é: a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas. b) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português. c) realização do plural conforme as regras da tradição gramatical. d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados. e) presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante. Questão 5 Leia com atenção: 1. Na sala ao lado, alguns trabalhadores ficam à espera de clientes para serem contatados. 2. Afrânio querido, para que destino segues assim tão lesto, circunspecto e assaz atribulado? 3. Atualmente, Vicente está bem diferente, pois já não sente tantas dores de dente quanto antigamente. 4. A questão é que o gerente foi apanhado com a mão na botija, apropriando-se indevidamente de uma vultosa quantia de dinheiro. 5. Dei um rolê na área, ganhei a mina, mas acabei dançando: a mina estava a fim de outra parada. De cima para baixo, seguindo a ordem, as frases são exemplos dos seguintes vícios de linguagem: a) arcaísmo • redundância • preciosismo • cacofonia • ambiguidade b) cacofonia • barbarismo • ambiguidade • galicismo • solecismo c) plebeísmo • solecismo • galicismo • ambiguidade • cacofonia d) barbarismo • eco • plebeísmo • preciosismo • arcaísmo e) ambiguidade • preciosismo • eco • barbarismo • plebeísmo