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TEMPO DE COLETA DE LAGARTAS E PERCEVEJOS COM DIFERENTES
MÉTODOS DE AMOSTRAGEM EM SOJA1
STÜRMER, Glauber R.2; GUEDES, Jerson V. C.2; ARRUÉ, Adriano3; SARI, Bruno
G.4; BIGOLIN, Mauricio2; STACKE, Régis F.4; FIORENTINI, Alessandro4
1
Trabalho de Pesquisa _UFSM
Programa de Pós-graduação em Agronomia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
3
Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
4
Acadêmico do Curso de Agronomia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
[email protected]; [email protected]
2
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi determinar o tempo de coleta de pragas da soja com
diferentes métodos de amostragem, conhecidos como pano-de-batida vertical e pano-de-batida largo.
A semeadura da soja foi realizada no dia 29 de outubro, a cultivar utilizada foi BMX Potência RR, em
-
linhas espaçadas a 0,5 m, com população de 30 plantas m ². As amostragens foram feitas em 46
pontos aleatórios, em duas áreas distintas, por um mesmo avaliador. As pragas incidentes na área
foram lagartas das espécies Anticarsia gemmatallis e Pseudoplusia includens, e os percevejos
Nezara viridula e Piezodorus guildinii. O número de insetos amostrados não diferiu estatisticamente,
mostrando que o número de insetos coletados não interferiu no tempo de amostragem. O tempo
necessário para a realização da amostragem com o pano-de-batida vertical foi inferior ao pano-debatida largo
Palavras-chave: Glycine max; Insetos-praga; Pano-de-batida vertical; Pano-de-batida largo.
1. INTRODUÇÃO
A soja é uma das principais culturas no Brasil, semeada em 25,04 milhões de
hectares na safra 2011/12, produzindo 66,36 milhões de toneladas do grão, apresentando
produtividade média de 2.651 kg ha-1(CONAB, 2012). Entre os fatores que afetam a
produtividade da cultura destacam-se as pragas, sendo lagartas desfolhadoras e percevejos
sugadores consideradas as principais.
As lagartas desfolhadoras caracterizam-se por alimentar-se do limbo foliar, podendo
consumir totalmente a área foliar da cultura (HOFFMANN-CAMPO et al., 2000). Entre as
espécies de lagartas, Anticarsia gemmatalis é encontrada na maioria dos locais de cultivo,
entretanto é a que apresenta menor consumo de área foliar. A espécie Pseudoplusia
includens vem ganhando destaque devido a sua maior capacidade de consumo de área
foliar e seu difícil controle (GALLO et al., 2002). Já os percevejos, causam prejuízos
quantitativos e qualitativos ao se alimentar dos grãos da soja no período reprodutivo da
1
cultura (PANIZZI; SLANSKY, 1985; CORRÊA-FERREIRA; AZEVEDO, 2002). Entre eles,
Euschistus heros, Nezara viridula e Piezodorus guildinii são considerados os de maior
importância (KUSS-ROGGIA, 2009).
Entre os métodos de controle destas pragas, destaca-se o controle químico.
Entretanto, a decisão de aplicar ou não o inseticida depende da população das pragas na
lavoura e, sendo assim, a amostragem é uma importante ferramenta na tomada de decisão
por parte do produtor. Entre os métodos de amostragem de lagartas e percevejos em soja, o
pano-de-batida é o mais utilizado (GUEDES et al. 2006).O trabalho realizado por Stürmer
(2011), mostrou que o pano-de-batida vertical apresenta maior capacidade de coleta de
lagartas e percevejos em comparação ao pano-de-batida largo, representando de maneira
mais precisa a densidade de insetos presentes na área.
Apesar do conhecimento a respeito da importância da amostragem no manejo de
pragas da soja, a disponibilidade de tempo, mão-de-obra e recursos financeiros, muitas
vezes, são limitantes para a amostragem dos insetos nas lavouras (STÜRMER, 2011).
Desse modo, além de métodos que estimem a população de insetos-praga de maneira
precisa, estes também precisam fazê-lo de maneira mais rápida e eficaz.
Portanto, o presente trabalho teve por objetivo comparar o tempo de coleta de
pragas da soja com os métodos pano-de-batida vertical e o pano-de-batida largo.
2. METODOLOGIA
O ensaio foi realizado na área experimental do Departamento de Defesa
Fitossanitária da Universidade Federal de Santa Maria. A lavoura de soja foi semeada com a
cultivar BMX Potência RR, em linhas espaçadas 0,5 m. No momento da execução do
ensaio, a soja se encontrava no estádio R5. As pragas incidentes na área foram lagartas
das espécies A. gemmatalis e P. includens, e percevejos das espécies e N. viridula e P.
guildinii.
Para a amostragem das pragas, utilizaram-se dois métodos de amostragem, o panode-batida vertical e o pano-de-batida largo. O pano-de-batida vertical era constituído de um
bastão de madeira, na extremidade superior, e um tubo de policloreto de polivinila (100 mm),
cortado ao meio longitudinalmente, na extremidade inferior, ligados entre si por um tecido
branco, com comprimento de 1 m e com altura ajustável a estatura das plantas de soja. O
tubo de policloreto de polivinila serviu de calha coletora dos insetos. Já o pano-de-batida
largo era constituído de dois bastões de madeira ligados entre si por um tecido branco, com
comprimento de 1 m e largura de 1,4 m.
A metodologia para a amostragem com ambos os métodos eram semelhantes, e
consistiam da colocação dos panos na entrelinha da cultura, ajustando-o à base das
2
plantas. Posteriormente a linha adjacente era sacudida vigorosamente, por igual período de
tempo. Essa metodologia se repetia em dois metros de linha, com o objetivo de amostrar 1
m² de área (Figura 1). O tempo era cronometrado, sendo que a operação era finalizada após
identificação e contagem das espécies descritas acima. A amostragem foi realizada em 46
pontos aleatórios, em duas áreas distintas, por um mesmo avaliador, sendo que cada ponto
amostrado foi considerado uma repetição.
A
B
Figura 1: Representação do pano-de-batida vertical (A) e do pano-de-batida largo (B) utilizada como
métodos de amostragem de lagartas e de percevejos na cultura de soja.
O número de insetos-praga foi somado, não diferindo as espécies, e os dados
obtidos foram submetidos à analise de variância. Posteriormente as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey (5%) com auxílio do pacote estatístico Assistat (SILVA;
AZEVEDO, 2006).
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O tempo de amostragem dos insetos foi variável conforme a quantidade de insetos
coletadas. Os dados mostram que o tempo de coleta para o pano-de-batida vertical variou
de 72 a 106 segundos, enquanto que para o pano-de-batida largo variou de 100 a 156
segundos (Figuras 2 e 3). Analisando as figuras 2 e 3, nota-se que o número de insetos
amostrados e o tempo de amostragem não são diretamente proporcionais, mostrando que
não é apenas a quantidade de insetos que interfere no tempo de amostragem.
3
120
30
100
25
80
20
60
15
40
10
20
5
0
N o de insetos coletados
Tempo de amostragem (s)
Pano-de-batida Vertical
0
1
3
5
7
9
11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45
Tempo (s)
Nº de insetos coletados
Figura 2: Número de insetos coletados e tempo de amostragem do pano-de-batida vertical. Santa
Maria, 2012.
Pano-de-batida Largo
180
30
160
25
120
20
100
15
80
60
10
N o de insetos coletados
Tempo de amostragem (s)
140
40
5
20
0
0
1
3
5
7
9
11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45
Tempo (s)
Nº de insetos coletados
Figura 3: Número de insetos coletados e tempo de amostragem do pano-de-batida largo. Santa
Maria, 2012.
Os resultados do teste de comparação de médias mostraram não haver diferença no
número de insetos coletados pelos diferentes panos-de-batida, sendo que o número médio
4
de insetos coletados foi de 12,98 e 14,60 para os pano-de-batida vertical e pano-de-batida
largo, respectivamente (Tabela 3). Não houve diferença estatística, sendo assim o numero
de insetos coletados não interferiu de maneira significativa no tempo de coleta.
Tabela 3: Número de insetos e tempo de coleta de diferentes métodos de amostragem em soja.
Santa Maria, 2012.
Tratamentos
Pano-de-batida Vertical
Pano-de-batida Largo
CV (%)
Insetos coletados
em 1 m²
12,98 ns*
14,67
33,26
Tempo de coleta
(segundos)
86,04 b**
127,04 a
11,60
Tempo inseto -1
6,63
8,70
-
* Diferença não significativa (5%). ** Tratamentos seguidos pelas mesmas letras não diferem entre
si pelo teste de Tukey (5%).
Em relação ao tempo de amostragem, observa-se que este foi menor quando
realizado com o pano-de-batida vertical em comparação ao pano-de-batida largo. O tempo
médio de coleta com o primeiro método foi 41 segundos mais rápido que o pano-de-batida
largo. Essa observação também é corroborada pelo tempo necessário para se amostrar um
inseto (tempo inseto -1), que foi de 6,63 segundos para o primeiro método e 8,70 segundos
para o segundo (Tabela 3). Pode-se, assim, inferir que os menores tempos obtidos na
amostragem com o pano-de-batida vertical pode estar relacionado a maior facilidade de
manuseá-lo, sendo mais fácil sua colocação na entrelinha da cultura.
4. CONCLUSÃO
O tempo necessário para a amostragem de pragas da soja em 1 m² é menor quando
utiliza-se o pano-de-batida vertical.
O tempo médio de amostragem foi de 86 e 127 segundos para os pano-de-batida
vertical e largo, respectivamente.
REFERÊNCIAS
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira: grãos,
nono levantamento, junho de 2012. Brasília: CONAB, 34 p. 2012.
CORRÊA-FERREIRA, B. S.; AZEVEDO, J. Soybean seed damage by different species of stink bugs.
Agricultural and Forest Entomology, London, v. 4, p. 145-150. 2002.
GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p.
5
GUEDES, J. V. C. et al. Capacidade de coleta de dois métodos de amostragem de insetos-praga da
soja em diferentes espaçamentos entre linhas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 36, n. 4, p. 1299-1302,
2006.
HOFFMANN-CAMPO, C. B. et al. Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado. Londrina:
EMBRAPA-CNPSo, 2000. 70 p. (Circular Técnico, 30).
KUSS-ROGGIA, R. C. R. Distribuição espacial e temporal de percevejos da soja e
comportamento de Piezodorus guildinii (Westwood, 1837) (Hemiptera: Pentatomidae) na soja
(Glycine max (L.) Merrill) ao longo do dia. 2009. 130 f. Tese (Doutorado em Agronomia)Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2009.
PANIZZI, A. R.; SLANSKY, F. Review of phytophagous pentatomids (Hemiptera: Pentatomidae)
associated with soybean in the Americas. Florida Entomologist, Florida, v. 68, n. 1, p. 184-214.
1985.
SILVA, F. de A. S.; AZEVEDO, C. A. V. de. A new version of the Assistat-Statistical Assistance
Software. In: World congress on computers in agriculture, 4, Orlando-FL-USA: Anais... Orlando:
American Society of Agricultural and Biological Engineers, p.393-396. 2006.
STÜRMER, G. R. Capacidade de coleta de três métodos de amostragem e tamanho de amostra
para lagartas e percevejos em soja. 2011. 116 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2011.
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