Fernando Pessoa (Ortónimovivida e Heterónimos) no ➢ Fernando Pessoa (Ortónimo): ✓ ✓ ✓ ✓ Fingimento Artístico Sonho e Realidade Dor de Pensar A nostalgia da infância • Fingimento Artístico: -Nesta temática, Pessoa sofre uma forte tensão que conduz ao anti sentimentalismo e à intelectualização da emoção. -Nos poemas, as emoções nunca são puras ou simples, estas são submetidas ao exame da inteligência e da razão poética. -Os poemas, nunca são escritos no momento da emoção, mas sim num momento de reflexão e recordação da mesma. E estas emoções, podem trazer 3 níveis de dor para Fernando Pessoa. Dor Significado Sentida (Real) Dor vivida no imediato, dor não racionalizada Pensada (Fingida) Lida Dor refletida, após o acontecimento que a originou Dor sentida por parte do leitor • Sonho e Realidade: -Esta temática, retrata a multiplicidade do “eu” que se despersonaliza. -O poeta sente-se separado de si próprio, sem passado ou futuro, só o presente. -Nos poemas, fragmenta-se entre o real e o ideal acabando por se perder. -Pessoa, encara a realidade como um tédio existencial e o sonho como um refúgio. • Dor de Pensar: -Em pessoa, a dor de pensar, surge como uma dualidade consciência/inconsciência, (felicidade/infelicidade), e sentir/pensar. -Nos poemas, a consciência do poeta surge como um fardo e desencadeia raiva, uma vez que não se consegue libertar do peso da reflexão. -Contudo, não consegue ser inconsciente, pois não consegue abdicar do pensamento, criando assim um paradoxo Pensar Sentir Consciência Inconsciência Infelicidade Felicidade • A Nostalgia da Infância: -A temática da infância surge na poesia pessoana como um desejo de regressar aos tempos em que foi feliz e inconsciente. -A infância surge sempre como uma época em que não havia ainda dor de pensar, mas sim onde havia segurança, pureza e felicidade. -Em oposição, o presente funciona como marco de sublimação do passado (“Quando era criança”; “Pobre velha música”). • Linguagem, Estilo e Estrutura: -Uso de quadras ou quintilhas, com verso curto e em redondilha; -Existência de regularidade estrófica, métrica e rimática; -Vocabulário simples e pontuação emotiva (reticências, pontos de exclamação); -Uso de recursos expressivos (comparações, metáforas, repetições, paralelismos e aliterações). Vitor Bruno R. Santos ➢ Alberto Caeiro: ✓ O poeta Bucólico ✓ O Primado das Sensações ✓ Motivos Poéticos/Temas do poeta • O poeta Bucólico: -Pessoa, quando descreve Alberto Caeiro, descreve-o na frase “o poeta bucólico de espécie complicada”. Nisto, Pessoa pretende mostrar que Caeiro é alguém simples e campestre, mas também um pensador, criando assim o paradoxo. -Caeiro, apresenta uma comunhão com a Natureza. Uma vez que a integra nos seus poemas, identifica-se com os elementos naturais, chegando até a ser um deles. Aceita o paganismo e nos poemas utiliza a poesia deambulatória. -Pessoa e os outros heterónimos, afirmam que Caeiro é o seu mestre, uma fez que é feliz, pois abola o pensamento e a dor de pensar. • O Primado das Sensações: -Para Caeiro, a maneira de conhecer o mundo é através das sensações e, por isso, ele sobrevaloriza-as e dá lhes primazia. -Entre todas as sensações, a mais importante é a visão, ou como o poeta lhe chamada “a ciência de ver”. Para o campestre, existência de um objeto é completamente diferente da sua essência e só devemos dar importância à primeira. -O poeta recusa o pensamento reflexivo e, por isso, é feliz. Defende o objetivismo e nega atitudes de análise e reflexão, chegando a rejeitar a metafísica. -Como recusa o pensamento, a Natureza para Caeiro, é o conjunto dos seus elementos que vê, ouve e sente, nunca a tratando como um conceito, pois aí estaria a intelectualizar. Existência Essência Menos Mais Importante Importante • Motivos Poéticos/Temas do poeta: -Passeios pelo campo, onde é utlizada a poesia deambulatória; -A variedade e “eterna novidade do mundo”, relacionada com as sensações e tudo de novo que elas lhe trazem; -Panteísmo, ou seja, crença que as coisas naturais são divinas (misticismo naturalista). • Linguagem, Estilo e Estrutura: -Linguagem simples e objetiva, tendo um vocabulário ligado ao campo lexical da Natureza; -Utilização de versos longos, contribuindo para o prosaísmo da linguagem e para a irregularidade estrófica e métrica com ausência de rima; -A poesia é de tom coloquial com naturalidade sintática, ou seja, predomínio da coordenação e utilização habitual do presente do indicativo; -Em termos estilísticos, existe a simplicidade (comparações, metáforas, anáforas e paralelismos) como também o uso de pontuação expressiva. ➢ Ricardo Reis: ✓ O poeta Clássico ✓ Correntes do Poeta e Filosofia de Vida ✓ Motivos Poéticos/Temas do poeta • • O poeta Clássico: -Ricardo Reis, é considerado, na familia pessoana, como o poeta clássico. Este guia-se pela razão e autodisciplina, sempre com moderação. -Além disso, Reis tenta sempre viver em ataraxia, ou seja, sem nenhuma perturbação na vida querendo chegar à apatia. -Este poeta aceita que, acima de tudo, está o destino e nada o consegue mudar ou superar, este é a entidade máxima. • Correntes do Poeta e Filosofia de Vida: -O Epicurismo, ou seja, a busca da felicidade relativa e da ataraxia com moderação nos prazeres, com indiferença face à morte e com a fuga ás sensações extremas/dor e o Estoicismo, indiferença perante as emoções e aceitação do destino, são as duas grandes filosofias regentes em Ricardo Reis. Vitor Bruno R. Santos -Além disso, o poeta vive o seu dia a dia segundo o carpe diem horaciano, ou seja, ganha satisfação através de aproveitar o dia e os prazeres do momento presente. -Ricardo Reis olha para a vida sabendo que ela é inevitavelmente efémera, mesmo assim, aceita as leis do Tempo e do Destino. Este acredita que o presente é o único tempo que nos é concedido e, por isso, devemos vivê-lo com moderação. • Motivos Poéticos/Temas do poeta: -A miséria da condição humana, do destino, da velhice e da efemeridade da vida e do tempo; -A aceitação clama e serena da ordem das coisas; -O sentido de autodisciplina; -A procura de um equilíbrio interior através de um prazer relativo. • Linguagem, Estilo e Estrutura: -Os poemas são trabalhados e rigorosos, com regularidade estrófica e métrica, uso da forma de Ode, onde existe o predomínio dos versos hexassilábicos e decassilábicos; -Existência de uma linguagem culta e alatinada com arcaísmos e uma complexidade sintática; -Uso do tom moralista (vocativos, imperativo, conjuntivo e frases declarativas) e do tom coloquial (presença de um interlocutor); -Uso frequente da primeira pessoa do plural e da subordinação. ➢ Álvaro de Campos: ✓ O poeta da Modernidade ✓ As 3 fases/faces do Poeta ✓ Motivos Poéticos/Temas do poeta • • O poeta da Modernidade: -Álvaro de Campos, é conhecido como poeta da Modernidade, uma vez que, vai contra toda a poesia clássica e explora as correntes futuristas e sensacionistas. -Além disso, Campos, tal como Pessoa realiza uma fragmentação sua em 3 tendo estas ideias e correntes de inspiração diferentes. • As 3 fases/faces do Poeta: -Campos, apresenta na sua poesia 3 fases. A primeira pode ser descrita como decadentista, onde existe a desilusão e o tédio de viver, procura de novas sensações e a revolta com as normas instituídas. -Depois disso, o poeta evolui para a 2ª fase, a futurista e sensacionista. Aqui, este realiza uma apologia à civilização tecnológica, da forma e da modernidade, exaltando o presente. Além disso, o poeta tenta “sentir tudo de todas as maneiras”, através da experiência e expressão das sensações, do sadismos e masoquismos e da euforia emocional, tudo presente na “Ode Triunfal” com o desejo de “ser máquina”. -Por fim, a 3ª fase é descrita como abúlica e intimista. Todos os sentimentos da 1ª fase são rebuscados, mas hiperbolizados. Com a junção da infância, como Pessoa a trata, a dor de pensar com um sentido introspetivo e pessimista e a extrema solidão. Nesta fase, o poeta sente-se desajustado ao presente e aos outros 2ª Fase 1ª Fase 3ª Fase • Motivos Poéticos/Temas do poeta: -Durante a 1ª e a 3ª fase, Campos escreve sobre o tédio existencial, a desilusão, a dor de pensar, a sua angústia e o tempo que era feliz (infância); -Na 2ª Fase, os temas são o otimismo pela exaltação da modernidade e do triunfo da máquina com todas as sensações que é capaz de descrever • Linguagem, Estilo e Estrutura: -Apresentação de irregularidade estrófica e métrica, com versos longos e soltos; -Estilo intenso e repetitivo com ritmo rápido e linguagem exuberante; -Riqueza estilística, adequada à intensidade e apresentação de pontuação emotiva. Vitor Bruno R. Santos