El Niño El Niño é um fenômeno climático de escala global. Caracteriza-se pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, predominantemente na sua faixa equatorial. Ocorre em intervalos médios de 4 anos. Esse aquecimento é geralmente observado no mês de dezembro, próximo ao Natal, por isso recebeu o nome de “El Niño”, em referência ao “Niño Jesus” (Menino Jesus), que foi dado por pescadores peruanos. Em anos sem a presença do El Niño, os ventos alísios sopram de leste para oeste, acumulando água quente na camada superior do Oceano Pacifico perto da Austrália e Indonésia. Como as águas do oceano no Pacífico Oeste são mais quentes, há mais evaporação e formam-se nuvens numa grande área. Para haver formação de nuvens o ar teve que subir. Nos níveis superiores da atmosfera os ventos sopram de oeste para leste, assim o ar frio desce no Pacífico Leste (junto à costa oeste da América do Sul), completando a circulação atmosférica de grande escala chamada “Circulação de Walker.” Os ventos alísios, junto à costa da América do Sul, favorecem um fenômeno chamado de ressurgência: a água fria do fundo do oceano flui para a superfície carregando nutrientes e micro-organismos que servirão de alimento para os peixes, permitindo o surgimento de uma cadeia alimentar nessa região. Em anos de El Niño, ocorre enfraquecimento dos ventos alísios, fazendo com que a camada de águas superficiais quentes do Pacífico se desloque ao longo do Equador em direção à América do Sul. Há um deslocamento da região com maior formação de nuvens e a célula de circulação de Walker fica bipartida. Podem ser observadas águas quentes em praticamente toda a extensão do Oceano Pacífico Equatorial. Esse fenômeno interfere na circulação geral da atmosfera. De acordo com a intensidade, o El Niño pode ser fraco, moderado ou forte. As anomalias climáticas associadas a esse fenômeno são desastrosas e provocam sérios prejuízos econômicos e ambientais. No Brasil esse fenômeno causa um grande aumento de chuvas na região Sul, o que pode acarretar prejuízos aos agricultores. Na região Norte ocorre redução de chuvas nos setores norte e leste da Amazônia, levando ao aumento significativo de incêndios florestais. No Nordeste também ocorre diminuição das chuvas, sendo que no Sertão nordestino essa diminuição pode alcançar até 80% do total médio do período chuvoso. Ocorre também aumento nas temperaturas do Sudeste e Centro-Oeste. Grandes secas na Índia, Austrália, Indonésia e África são causadas por esse fenômeno. No Peru, Equador e no meio oeste dos Estados Unidos ocorrem enchentes. Na Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guina Francesa as chuvas são reduzidas, com exceção da costa da Colômbia que recebe intensas chuvas. La Niña La Niña (“a menina” em espanhol) é um fenômeno oceânico-atmosférico caracterizado pelo resfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, ou seja, suas características são opostas as do El Niño (aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico). O fenômeno La Niña caracteriza-se pela intensificação dos ventos alísios, que sopram na faixa equatorial de leste para oeste. Com a intensificação dos ventos, uma quantidade maior que o normal de águas quentes se acumula no Pacífico Equatorial Oeste, enquanto no Pacífico Leste, próximo ao Peru e Equador, verifica-se a presença de águas mais frias, causando um aumento no desnível entre o Pacífico Ocidental e Oriental. O aumento na intensidade dos ventos alísios provoca intensificação dos movimentos de ressurgência (subida das águas profundas e frias para as camadas superficiais do oceano) no lado leste do Pacífico Equatorial, junto à América do Sul. Essas águas profundas sobem carregadas de nutrientes e micro-organismos que vão servir de alimento para os peixes, atraindo cardumes para as águas superficiais e favorecendo a pesca. As águas quentes que ficam “represadas” mais a oeste do Pacífico geram evaporação e consequentemente ocorre formação de nuvens de chuva, que geram a célula de circulação de Walker (o ar quente sobe no Pacífico Equatorial Central e Oeste e desce no Pacífico Leste, junto à costa oeste da América do Sul), que fica mais alongada em anos de La Niña. Em geral, o fenômeno La Niña ocorre em intervalos de 2 a 7 anos, com duração de 9 a 12 meses, com alguns poucos episódios persistindo por mais que 2 anos. Em geral, episódios de La Niña ocorreram em menor frequência que o El Niño durante as últimas décadas. Assim como o El Niño, o La Niña também interfere na circulação geral da atmosfera, provocando mudanças nas condições climáticas de várias regiões. Na Colômbia e Austrália as chuvas se tornam abundantes, podendo causar enchentes. Ocorre diminuição das chuvas no oeste da Argentina e do Chile, no Peru, Paraguai e Equador. No Brasil, os efeitos são diferentes daqueles provocados pelo El Niño. Em anos de La Niña ocorrem chuvas mais abundantes no norte e leste da Amazônia, com consequente aumento na vazão dos rios da região, causando enchentes. No Nordeste também ocorre um aumento de chuvas, o que é benéfico para a região semiárida. Na região Sul observa-se a ocorrência de secas severas e aumento das temperaturas, prejudicando as atividades agrícolas da região. No Sudeste e Centro-Oeste os efeitos são imprevisíveis, podendo ocorrer secas, inundações e tempestades. Exercício 1: (PUC-RIO 2008) Fonte: www.geomundo.com.br O aumento da temperatura média do oceano Pacífico nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro entre a América do Sul e a Oceania, apresentado como uma mancha na gravura ao lado, é um velho fenômeno reconhecido por navegadores europeus e pelo povo inca, desde o século XVI, mas que só passou a ser estudado a partir do final do século XX. Sobre esse fenômeno, é CORRETO afirmar que se trata do (a): A) El Niño, que se forma nos meses de inverno no hemisfério sul do planeta, acarretando chuvas desenfreadas em algumas regiões do planeta e secas em outras; B) La Niña, que ocorre no verão e provoca veranicos na costa ocidental da América do Norte e ressacas violentas na América do Sul; C) El Niño, que provoca chuvas intensas no litoral ocidental da América do Sul, seca no Nordeste e enchentes no Sul brasileiro; D) La Niña, que é um evento frio que promove estiagem no Sul e chuvas no Nordeste do Brasil; E) Nenhuma das afirmações anteriores está correta.