Olá queridos alunos, espero que estejam gostando de conhecer sobre a ciência psicológica e suas aplicações. Nesta aula, o objetivo proposto é que vocês saibam diferenciar com clareza as áreas que envolvem em sua atuação os aspectos psicológicos, sendo elas: a psiquiatria, a psicanálise e a psicologia. O que muitas vezes acontece, é que a falta de conhecimento sobre os aspectos que diferenciam essas áreas, especificamente em relação aos profissionais que a utilizam, faz com que as pessoas nem sempre recebam o devido encaminhamento, e muitas vezes sejam simplesmente ignoradas ou recebam um tratamento limitado e ineficaz. Dessa forma, a escassa compreensão por parte dos profissionais e da população em geral, referente às funções especificas de cada uma dessas especializações contribui de algum modo para que isso aconteça, ou seja, a desinformação sobre as responsabilidades e os limites de cada uma das áreas, psicologia, psiquiatria e psicanálise, contribui para que muitos tratamentos nem sempre recebam o devido encaminhamento e os devidos cuidados. Portanto, a partir de agora vocês estão convidados a conhecer cientificamente as diferentes funções e as responsabilidades de cada uma dessas áreas. 1.3 ÁREAS AFINS: PSQUIATRIA, PSICANÁLISE E PSICOLOGIA 1.3.1 Psiquiatria A psiquiatria é uma especialização da medicina voltada ao tratamento do transtorno mental. O psiquiatra é um médico e sua ação privilegia o cérebro, o órgão que realiza as funções mentais. O cérebro possui funções orgânicas e psicológicas indissociáveis que são: Funções orgânicas relacionam-se com os comandos dos diversos órgãos do corpo. Funções psicológicas são relacionadas com as atividades mentais. Entre elas, encontram-se pensamento, memória, atenção, percepção, inteligência, aprendizagem. O psiquiatra possui conhecimento sistêmico, funcional e anatômico do cérebro e de suas funções. Sua atuação, muitas vezes, confunde-se com a de outros profissionais, como neurologista. Vocês provavelmente já ouviram relatos ou presenciaram situações como as Um indivíduo que tem a escuta comprometida pela presença de um tumor que pressiona a área cerebral responsável pela audição; Uma pessoa que enfrenta dificuldade para organizar ideias, como resultados de um acidente vascular cerebral; Um indivíduo idoso passa a apresentar comportamento estranho a seus costumes habituais, sendo diagnosticado com Mal de Alzheimer. Em todos esses casos, as modificações na estrutura física do cérebro contribuem para afetar seu funcionalismo. O tratamento desses tipos de transtornos em que ocorreu um funcionamento inadequadamente do cérebro, dependendo de sua natureza, pertence aos campos da neurologia, da neurocirurgia ou da psiquiatria. Por exemplo, uma inflamação em condutores nervosos pode ser tratada por um neurologista; a extirpação de um tumor alojado no cérebro requer o serviço de um neurocirurgião; a recomposição do equilíbrio de substâncias químicas que afetam o funcionamento cerebral poderá ser objeto de trabalho do psiquiatra. Atualmente, evidencia-se a crescente cooperação interfuncional entre neurologista, neurocirurgiões e psiquiatras. O avanço da medicina vem demonstrando, com exaustivas evidências a correlação entre diversos distúrbios de causas estritamente orgânicas. Muitas vezes, atribui-se a queda de produtividade do profissional a razões estereotipadas do tipo desmotivação, problemas com a família entre outros. Raramente se pensa na intervenção, de um neurologista, neurocirurgião ou psiquiatra. Psicanálise A psicanálise, fundada por Sigmund Freud. Freud, ao longo de toda a sua vida, garimpou e aperfeiçoou o conhecimento psicanalítico. Seus estudos e escritos continuam sendo referência fundamental para os principais conceitos em psicanálise. A psicanálise atua por meio de psicoterapia: um método em que o psicanalista escuta o paciente e, utilizando técnicas apropriadas, dá-lhe condições de reordenar suas ideias e, assim chegar ao conhecimento da causa de seu desconforto. A psicoterapia pode ser definida como o processo psicológico que ocorre entre dois ou mais indivíduos, no qual um deles o terapeuta procura aplicar sistematicamente conhecimentos e intervenções psicológicas com intenção de compreender, influenciar e finalmente, modificar a experiência psíquica, a função mental e o comportamento do outro, o paciente. Para a psicanálise, acontecimentos ocultos (inconscientes) encontram-se na gênese dos conflitos intrapsíquicos, que produzem desconforto e manifesta-se na forma de sintomas e sinais. Portanto, enquanto sinais podem ser observados, sintomas dependem de uma informação do individuo para que deles se possa ter conhecimento. Sinais podem ser observados, por meio do comportamento dos indivíduos no ambiente de trabalho. Por outro lado, na cultura brasileira, é bastante comum que as pessoas relatem seus sintomas para supervisores e colegas (elas “desabafam”). O fundamento da psicanálise é que quando o sujeito fala e, por meio da fala chega á origem do que causava o desconforto, este diminuirá. Se o sujeito chega à origem de que lhe causava desconforto, pode-se concluir que ele melhora o conhecimento de si mesmo, por isso, diz-se que, na psicanálise o sujeito busca sua verdade. Não basta conduto, apenas “o conhecimento intelectual do problema”. O passado deve ser revivido; existe um conteúdo emocional que deve ser desencadeado nesse processo. Para falar, o sujeito necessita de alguém que o escute: o psicanalista, portanto, a matéria-prima do trabalho psicanalítico é a palavra e o instrumento essencial do terapeuta é a escuta. Psicologia A psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais com o objetivo de entender por que as pessoas pensam, sentem e agem da maneira que o fazem (Myrers, 1999:4). Em seus primórdios, na busca de reconhecimento como ciência, à psicologia concentrou-se no método experimental: isolava-se cada variável – usualmente, a um aspecto do comportamento – para estudo. Com o passar do tempo, o aprofundamento da compreensão da complexidade do comportamento humano ensejou o surgimento de diversas escolas ou perspectivas de psicologia como vimos nas aulas anteriores, muitas nos últimos 50 anos. Cada um delas enfoca o comportamento humano de maneira diferente quanto a sua origem e as possibilidades em atuar sobre ele. Todas possuem pontos em comum e, em lugar de se contradizerem se complementam. Assim, encontram-se psicólogos especializados em trabalhar com famílias, grupos de adolescentes, idosos, executivos, crianças e também, com organizações, que utilizam diferentes procedimentos e estratégias. A psicologia concentra-se nos fenômenos relacionados com o funcionamento de indivíduos e grupos. O psiquiatra e psicólogo Dr. Cesar Skaf distingui com precisão: da psicologia pode-se dizer que abraça a ética da fidelidade, enquanto a psicanálise esposa a ética da verdade. Na organização, a ação da psicologia estende-se varias áreas, atuando com indivíduos, ou grupos, com vários objetivos. Emprega extensamente a metodologia cientifica, partindo da observação em profundidade dos fenômenos e valendo-se de uma série de instrumentos e técnicas. Qualquer que seja a linha de pensamento teórica utilizada, o psicólogo considera fatores estruturais e socioculturais que afetam o indivíduo e a organização, na escolha da forma de abordagem e avaliação das possibilidades do trabalho. A psicologia, enquanto ciência do comportamento é um instrumento à disposição de varias áreas como apoio nessa busca de contínuo aumento da eficiência dos processos e da melhoria da qualidade de vida. Os consistentes avanços da psiquiatria, psicanálise e psicologia no tratamento dos transtornos mentais e no fortalecimento do conceito de interdisciplinaridade, também vem ensejando crescente cooperação entre psiquiatras, psicólogos e psicanalistas. Cada vez mais, conjuga-se a atuação da psiquiatria medicamentosa por eleição, à da psicologia e da psicanálise que são essencialmente relacionais. Compreender e diferenciar as áreas de atuação do Psicólogo, Psiquiatra e Psicanalista é fundamental para profissionais que vão atuar com pessoas. Entender como cada área contribui para o desenvolvimento do que chamamos de sofrimento psíquico. O objeto de estudo da psiquiatria é trabalhar com a recomposição do equilíbrio das substâncias químicas que afetam o funcionamento cerebral, importando-se com as funções orgânicas e com as funções psicológicas que se desviam da normalidade. A psicanálise que se caracteriza por um conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica dando ênfase aos aspectos inconscientes que influenciam o comportamento humano e a Psicologia que busca a compreensão do funcionamento da consciência, para compreender os processos e funcionamento psicológicos A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: DIMENSÃO COGNITIVA Nessa aula vamos discutir a dimensão cognitiva da Psicologia, compreender como surge o pensamento e como essa dimensão está relacionada à abordagem Interacionista, que enfoca os aspectos sócio-culturais do desenvolvimento humano. 2.1 O AUTOR: JEAN PIAGET Jean Piaget nasceu em 1896, em Neuchâtel, na Suiça e faleceu em 1980 aos 84 anos. Desde criança interessou-se por questões científicas, estudando moluscos, pássaros e conchas marinhas. Aos 10 anos publicou as observações que fez sobre um pardal parcialmente albino e, aos 11 anos, começou a trabalhar como assistente do diretor do museu de história natural de sua cidade. Concluiu seus estudos em Ciências Naturais em 1915 e, em 1918, doutorou-se nessa mesma área. Procurando compreender como o homem elabora o conhecimento, Piaget desenvolveu o que chamou de Psicologia Genética. A formação em Ciências Naturais levou-o a buscar compreender o conhecimento com base na biologia. Em sua concepção, conhecer é organizar estruturas e explicar a realidade a partir daquilo que se vivencia nas experiências com os objetos do conhecimento. No entanto, experiência não é a mesma coisa que conhecimento. Este pressupõe a organização da experiência num sistema de relações. A infância é considerada como um período particular do processo de formação do pensamento, que só se completa com a idade adulta. É importante então não confundir as contribuições dadas por Piaget à compreensão do desenvolvimento cognitivo da criança com uma “psicologia da criança”. Ele não se dedicou a estudar o pensamento infantil motivado por um interesse na infância em si e também não elaborou sua psicologia genética movida por questões propriamente psicológicas. O centro de seu trabalho e de todos os seus estudos é o desenvolvimento do conhecimento. A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Esta área de conhecimento da psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo emocional e social – desde o nascimento até a idade adulta, isto é, a idade em que todos estes aspectos atingem o seu mais completo grau de maturidade e estabilidade. Procurando compreender como o homem elabora o conhecimento, Piaget desenvolveu o que chamou de psicologia genética. A palavra genética, que ele próprio aplicou à sua psicologia, refere-se à busca das origens e dos processos de formação do pensamento e do conhecimento. O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvida, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, vida afetiva e relações sociais. 2.2.1 A Importância do Estudo do Desenvolvimento Humano A criança não é um adulto em miniatura. Ao contrário, apresenta características próprias de sua idade. Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária, isto é, existe uma assimilação progressiva do meio ambiente, que implica uma acomodação das estruturas mentais a este novo dado do mundo exterior. Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de uma faixa etária, permitindo-nos reconhecer as individualidades e os comportamentos apresentados. E, finalmente, estudar o desenvolvimento humano significa descobrir que ele é determinado pela interação de vários fatores que se influenciam. Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o individuo consegue fazer nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos, nessa sequência, porém o inicio e o termino de cada uma delas dependem das características biológicas do indivíduo e de fatores educacionais e sociais. Portanto, a divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida. Aspectos do Desenvolvimento Humano O desenvolvimento humano deve ser entendido como uma globalidade, mas para efeito de estudo, tem sido abordado a partir de quatro aspectos básicos: 1- Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. Exemplo: a criança leva a chupeta à boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta dos sete meses, porque já coordena os movimentos das mãos. 2- Aspecto intelectual - é a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança de dois anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo de um móvel ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário. 3- Aspecto afetivo – emocional - é o modo particular de o individuo integrar as suas experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha que sentimos em algumas situações, o medo e a alegria de rever um amigo querido. 4- Aspecto social - é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, é possível observar algumas que espontaneamente buscam outras para brincar e algumas que permanecem sozinhas. Os Fatores que Influenciam Desenvolvimento Humano Vários fatores indissociados e em permanente interação afetam todos os aspectos do desenvolvimento. São eles: Hereditariedade- A carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolverse. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, dependendo das condições do meio que encontra. Crescimento orgânico - refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança, quando esta criança estava no berço com alguns dias de vida e com dois (2) anos , onde já explora o ambiente. Maturação neurofisiológica - é o que torna possível determinado padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e manejá-lo como nós, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança de 2, 3 anos não tem. Observe como ela segura o lápis. Meio - o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal é muito intensa, uma criança de três anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma escada, porque esta situação pode ter feito parte de sua experiência de vida. ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO JEAN PIAGET Este autor divide os estágios do desenvolvimento humano de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento, o que por sua vez, interfere no desenvolvimento global. Essas etapas do desenvolvimento humano podem ser denominadas como períodos, estágios ou fases. Classificação: 1º período: Sensório – motor (0 a 2 anos) 2º período: Pré – operatório (2 a 7 anos) 3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) 4º período: Operações formais (11 ou 12 em diante) O Estágio Sensório-Motor O desenvolvimento cognitivo se inicia a partir dos reflexos que gradualmente se transforma em esquemas de ação. Do nascimento até os dois anos de idade, aproximadamente, a criança passa do nível neonatal, marcado pelo funcionamento dos reflexos inatos, para outro em que ela já é capaz de uma organização perceptiva e motora dos fenômenos do meio. De início, reflexos inatos respondem aos estímulos do meio, como por exemplo, a luz e os sons. A cabeça volta-se para a direção de onde vêm os sons. Calor, frio, fome, cheiros, choros... O corpo reflete o mundo e ainda não se diferencia dele. A criança age sobre o mundo. Ela repetidamente chupa o dedo, suga a pontinha da manga da roupa: movimentos não intencionais, centralizados no seu próprio corpo, se repetem sempre. O reflexo inato de sugar assimila e incorpora novos elementos do meio (o dedo, a roupa) e ao mesmo tempo vai transformado por eles (acomodação), pois sugar o seio é diferente de captar o dedo, que também é diferente de sugar a própria roupa. “Para conhecer os objetos, o sujeito tem que agir sobre eles e, por conseguinte transformá-los, deslocá-los, agrupá-los, combiná-los, separálos e juntá-los”, afirma Piaget (1983). A consciência da criança sobre o meio externo se expande lentamente, conforme suas ações se deslocam de seu próprio corpo para os objetos. A mão que agarra e aconchega o objeto ao corpo, a boca, que experimenta e empurra-o para longe de si. As pernas agitam-se em esperneios. Puxar, empurrar, contrair, distender, apanhar, largar, juntar, espalhar, afrouxar são ações que também se repetem. Os olhos acompanham os movimentos. O centro não é mais o corpo da criança, já que por intermédio dessas ações a criança manipula os elementos do meio. As ações agora são repetidas devido aos efeitos interessantes que produzem, analisa Piaget. Aos poucos, meios e fins vão sendo diferenciados e as ações começam a ganhar intencionalidade. A descoberta casual de que a argola agarrada produz movimentos e sons num brinquedo suspenso acima do berço leva a criança a repetir o movimento. Ela age para atingir um propósito. Os movimentos ficam mais complexos, mais amplos, como engatinhar, pôr se de pé e andar. Nesse percurso o eu e o mundo tornam-se progressivamente distintos. O indivíduo e os objetos diferenciam-se e organizam-se no plano das ações exteriores, e a permanência dos objetos vai sendo construída. O brinquedo, que ao ser retirado da criança deixava de existir para ela, passa a ser procurado. A criança começa a perceber que os objetos, as pessoas, continuam existindo mesmo quando estão fora do seu campo de visão. Formam-se as primeiras imagens mentais dos objetos ausentes do meio imediato. São elas que possibilitam o desenvolvimento da função simbólica, mecanismo comum aos diferentes sistemas de representação (jogo, imitação, imagens interiores, simbolização). Com o desenvolvimento da função simbólica, a partir do segundo ano de vida, o eu e o mundo reorganizam-se num novo plano: o plano representativo. A criança reproduz ou imita utilizando gestos ou onomatopeias. O comportamento e os sons de um modelo ausente são representados de alguma forma simbólica no jogo do faz de conta. Por meio de uma imagem mental, um símbolo, ela começa a imaginar fatos, objetos, pessoas e acontecimentos que ocorrem em outras ocasiões. Desse modo, a criança torna-se capaz de imaginar ações ou fatos sem praticá-los efetivamente. O Estágio Pré-Operatório Representando mentalmente o mundo externo e suas próprias ações, a criança os interioriza. É nesse período que ela se torna capaz de tratar os objetos como símbolos de outras coisas. O desenvolvimento da representação cria as condições para a aquisição dos significados sociais (das palavras) existentes no contexto em que ela vive. Nesse momento, a criança deverá reconstruir no plano da representação aquilo que já havia conquistado no plano da ação prática. Assim, a diferenciação entre o eu e o mundo, que já tinha se completado no plano da ação, deverá ser elaborado no plano da representação. Centrada no seu próprio ponto de vista, a criança ainda não é capaz de se colocar no lugar do outro nem de avaliar seu próprio pensamento. Ela não considera mais de um aspecto de um problema ao mesmo tempo, fixando-se sempre em apenas um deles. Ao repartir o refrigerante com o irmão, a criança só considera a partilha justa se o líquido ficar em altura igual nos dois copos, mesmo que um deles seja visivelmente mais estreito. Ela considera apenas uma dimensão do problema (a altura do líquido no copo), a mais evidente em termos perceptivos. Não é ainda capaz de raciocinar levando em conta as relações entre as várias dimensões envolvidas (a largura e o formato do copo), e o tipo de percepção que tem dos objetos determina o tipo de raciocínio que faz sobre eles. Nas explicações que dá, o seu ponto de vista prevalece sobre as relações lógicas. Ela diz coisas como “ficou de noite porque o sol foi dormir”, “Quem fez aquele rio foram os homens que moravam ali”. Ações humanas explicam os fenômenos naturais, elementos da natureza praticam ações humanas, são dotados de intencionalidades e qualidades humanas. Como a noção de permanência dos objetos, que leva muito tempo para ser elaborada no nível sensório-motor, os processos de raciocínio lógico e os conceitos demoram também um longo tempo para se desenvolver, a partir desses primeiros raciocínios (pré-lógicos) de que criança se torna capaz com a representação. O Estágio das Operações Concretas É apenas ao final do período préoperatório, após equilibrações sucessivas, que o pensamento da criança assume a forma de operações intelectuais. As operações são ações mentais voltadas para a constatação e a explicação. A classificação e a seriação, por exemplo, são ações mentais. Essas ações são sempre reversíveis, ou seja, tem a propriedade de voltar ao ponto de partida. A criança tornase capaz de compreender o ponto de vista de outra pessoa e de conceitualizar algumas relações. Portanto, são nessa fase que são estabelecidas as bases para o pensamento lógico, próprio do período final do desenvolvimento cognitivo. A reversibilidade do pensamento possibilita a criança construir noções de conservação de massa, volume, etc. O pensamento reversível pode ser definido como a capacidade de levar em consideração uma série de operações que, revertidas, conduzem ao estado inicial. É o que ocorre, por exemplo, com a noção de conservação de líquidos: uma criança num nível operatório é capaz de compreender que a quantidade de refrigerante contida em um copo permanece a mesma quando despejada em outro mais alto e mais estreito, embora o nível do líquido se torne mais elevado. Essa capacidade esta relacionada à possibilidade de ela representar mentalmente a operação inversa - o líquido retornado ao copo original – e desse modo, compreender que quantidade se mantem invariável, a despeito das alterações perceptivas. Assim, se for repartir o refrigerante com o irmão, despejando-o em dois copos de formatos diferentes, essa criança terá condições (diferentemente de uma criança menor) de considerar as múltiplas dimensões envolvidas no problema, estabelecendo relações entre altura e largura do copo e quantidade de líquido. Assim, por meio das operações – inicialmente só aplicáveis a objetos concretos e presentes no ambiente – os conhecimentos construídos anteriormente pela criança vão se transformando em conceitos. Neste período, o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista de outros) que caracteriza a fase anterior, dá lugar à emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem) e de integrálos de modo lógico e coerente. Um outro aspecto importante neste estágio refere-se ao aparecimento da capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual é a vareta maior, entre várias, ela será capaz de responder acertadamente comparando-as mediante a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física). Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta. O Estágio das Operações Formais Se no período das operações concretas, a inteligência da criança manifesta progressos notáveis, apresenta, por outro lado, ainda algumas limitações. Talvez a principal delas, que está implícita no próprio nome, relaciona-se ao fato de que tanto os esquemas conceituais como as operações mentais realizadas se referem a objetos ou situações que existem concretamente na realidade. Apenas na adolescência é que o individuo se torna capaz de pensar abstratamente, refletindo sobre situações hipotéticas de maneira lógica. As operações mentais que aplicava só a objetos podem ser aplicadas, agora, também a hipóteses formuladas em palavras. O pensamento sobre possibilidades, sobre acontecimentos futuros, sobre conceitos abstratos apresenta – se cada vez mais articulado. O adolescente não tem mais necessidade de estar diante dos objetos concretos ou de operar sobre eles para relacioná-los. Ele transforma os dados da experiência em formulações organizadas e desenvolve conexões lógicas. O adolescente torna-se enfim, capaz de pensar sobre o seu próprio pensamento, ficando cada vez mais consciente das operações mentais que realiza ou que pode ou deve realizar diante dos mais variados problemas. Essa consciência a propósito do próprio pensamento pode ser presumida pelo seguinte tipo, muito citado, de perguntas de adolescentes: “Eu me surpreendo pensando acerca do meu futuro e então comecei a pensar por que eu estava pensando no futuro, e ai comecei a pensar por que eu estava pensando sobre por que eu estava pensando no meu futuro”. Na adolescência o sujeito será então capaz de formar esquemas conceituais abstratos, conceituar termos como amor, fantasia, justiça, esquema, democracia e etc., e realizar com eles operações mentais que seguem os princípios da lógica for-mal, o que lhe dará, sem dúvida, uma riqueza imensa em termos de conteúdo e de flexibilidade de pensamento. Com isso adquire capacidade para criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta; discute os valores morais de seus pais e constrói os seus próprios. Faz sucessão de hipóteses procura propriedades gerais que permitam dar definições exaustivas, declarar leis gerais. Conceitos espaciais podem ir além do tangível finito e conhecido. Torna-se consciente de seu próprio pensamento. Lida com relações entre relações. Entre outras aquisições típicas do pensamento lógico-formal, figura a possibilidade tanto de conceber como de entender doutrinas filosóficas ou teorias científicas. Nas últimas aulas trabalhamos com os conceitos da formação do pensamento e da inteligência na visão de Piaget. Apenas com o final do período pré-operatório após equilibrações sucessivas, que o pensamento da criança assume a forma de operações. Operações estas que são ações mentais voltadas para a constatação e a explicação de operações concretas como a capacidade de levar em consideração uma série de operações que, revertidas, conduzem ao estado inicial. Apenas ao final do pensamento formal, que o pensamento da criança assume a forma de operações intelectuais. As operações são ações mentais voltadas para a constatação e a explicação. Segue abaixo quadro que retrata todos os estágios citados: Para iniciar a segunda etapa vamos estudar dentre as várias teorias que explicam os diferentes aspectos do comportamento humano, sobre a tão conhecida psicanálise, fundada por Sigmund Freud. Vamos navegar por águas profundas, à qual já vimos alguns conceitos, contudo agora enfocando a formação da personalidade. Vamos mergulhar !!!! CAPITULO 3: TEORIAS PSICOSSEXUAIS DO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE – PSICANÁLISE – DIMENSÃO AFETIVA O AUTOR: SIGMUND FREUD O fundador da Psicanálise foi um médico austríaco, chamado Sigmund Freud, nascido em 1856, em Freiberg, Tchecoslováquia. Este grande nome da psicanálise foi o responsável pela revolução no estudo da mente humana. Estudou Medicina em Viena e terminando esse curso em 1882, Freud dirigiu-se a Paris, desejando especializar-se em Neurologia (parte da medicina que estuda as doenças do sistema nervoso). Tornou-se, então aluno do Dr. Charcot, que exerceu sobre ele influencia decisiva, principalmente em dois pontos: Charcot acreditava que as doenças mentais eram originadas de certos fatos passados na infância dos indivíduos doentes. Para fazer com que seus pacientes narrassem fatos do seu tempo de criança, Charcot usava a hipnose (estado semelhante a um sono profundo, no qual o paciente age por sugestão externa). O conhecimento de certos episódios emocionais da infância dos indivíduos ajudaria o médico a descobrir as causas de suas doenças. Voltando para Viena, Freud associou-se ao Dr. Breuer. Ambos usavam o método de Charcot, isto é, hipnotizavam seus doentes de modo que contassem fatos de sua infância. Esse método tinha dois efeitos: fornecia os dados que auxiliavam o médico no diagnóstico da doença e aliviavam o paciente, libertando-o de alguns sintomas, tais como angústia, agitação, ansiedade, etc. Freud e Breuer chamavam essa libertação que se processava nos pacientes de catarse. Notaram, porém que essa cura era transitória; logo apareciam outros sintomas de perturbação. Eles trabalharam juntos em alguns casos, sem empregar a hipnose. Após terem captado totalmente a confiança do paciente, levavam-no a relatar seu passado em estado normal. Notaram, porém, que ocorria, muitas vezes, o fenômeno chamado transferir ao médico suas emoções, ora afeiçoando-se a ele, ora aborrecendo-se com ele. Durante algum tempo, os dois colegas trabalharam juntos, mas logo suas ideias começaram a divergir muito e precisaram se separar. Atualmente, o exercício da Psicanálise ocorre de muitas outras formas. Ou seja, é usada como base para psicoterapias, aconselhamento, orientação; é aplicada no trabalho com grupos e instituições. A Psicanálise também é um instrumento importante para a análise e compreensão de fenômenos sociais relevantes: às novas formas de sofrimento psíquico, o excesso de individualismo no mundo contemporâneo, à exacerbação da violência, etc. Método Psicanalítico Freud começou, então, a trabalhar sozinho, criando um método próprio, ao qual chamou Psico-análise (ou análise da mente), hoje Psicanálise. Esse método é composto por três técnicas: associação livre, análise dos sonhos e análise dos atos falhos. Técnica da associação livre Nos primeiros contatos com o paciente, Freud procurava ganharlhe a confiança. Depois de algum tempo, este era submetido à associação livre, que consistia em fazer com que o paciente ficasse em uma posição de completo repouso. Geralmente, o paciente deitava-se em divã em uma sala silenciosa, na penumbra, tendo o médico atrás da cabeceira, portanto, sem encará-lo. Freud pedia ao paciente que fosse falando em voz alta todos os fatos de sua vida dos quais se lembrasse, sem precisar seguir uma ordem lógica ou cronológica. A essa técnica chama-se associação livre, porque Freud pedia ao paciente que mencionasse os fatos conforme lhe ocorressem, conforme fossem se associado uns aos outros em sua mente. Chama-se associação livre porque o psicanalista não sugere o assunto, deixa o paciente falar a vontade, livremente. Freud notou, ao submeter os pacientes a esta técnica, que estes faziam pausas no decorrer de seus relatos. A essas paradas, em que o doente parecia ter dificuldade em se lembrar dos fatos, Freud chamou resistência e explicou resultarem do desejo do paciente de ocultar alguma coisa ao psicanalista ou de si mesmo. O estudo das resistências é importante para a descoberta da causa dos sintomas que afligiam o paciente, ou seja, para fazer o diagnóstico de seu sofrimento mental. Após submeter-se a essa técnica, o doente se sentia aliviado em algumas ocasiões, em outras, ao contrário, passava por crises emocionais profundas por reviver certos fatos de sua vida. O emprego da associação livre, portanto, oferece dois resultados: faz a catarse de alguns sintomas e auxilia o psicanalista a descobrir as causas da perturbação mental. Técnica da análise dos sonhos Freud achou de grande importância, para conhecer a mente de uma pessoa, a análise de seus sonhos. Por isso pedia a seus pacientes que sempre lhe relatassem o que sonhavam. Certos aspectos da mente das pessoas ficavam mais bem conhecidos pela interpretação que Freud fazia de seus sonhos. (Em 1900, foi publicado o mais famoso dos livros de Freud: a interpretação dos sonhos). Técnica da análise dos atos falhos Freud e outros psicólogos chamam de atos falhos os esquecimentos, os lapsos de linguagem, enfim, certos atos que praticamos e que, aparentemente, não tínhamos a intenção de praticar. Analisando esses atos o psicanalista compreendia melhor certos sintomas apresentados pelos doentes. Nessa aula vamos buscar compreender como a teoria de Freud discute a energia vital e como existem níveis da vida mental que podem influenciar nossas ações, desejos e comportamentos. Então, mergulharemos na primeira teoria sobre a estrutura dos aparelhos psíquicos. LIBIDO E PULSÃO Segundo a psicanálise, o homem se constitui como um sistema de energia que opera em função dos instintos e pulsões na busca do prazer. A libido, energia psíquica, relaciona-se não somente ao desejo de prazer corporal ou orgânico, mas também aos impulsos afetuosos, ao amor à amizade entre pais e filhos e amigos, resultantes das pulsões. O termo libido, no sentido psicanalítico, refere-se, portanto a qualquer energia de natureza instintiva ou pulsional que, presumivelmente, tenha como fontes estimulações erógenas que surgem no corpo. O sistema energético humano obedece às mesmas leis de outros sistemas de energia. Esta pode ser alterada, transformada, canalizada e descarregada. A psicanálise tenta explicar a maneira pela qual esta energia psíquica desenvolvese, se expressa, é transformada. Ou ainda como é bloqueada. Segundo Freud, o funcionamento psíquico é concebido a partir de três pontos de vista: o econômico, o tópico e o dinâmico. Para compreender os processos e os fenômenos psíquicos é importante considerar os três pontos de vista simultaneamente: Econômico existe uma quantidade de energia que “alimenta” os processos psíquicos. Tópico – o aparelho psíquico é constituído de um número de sistemas que são diferenciados quanto à sua natureza e modo de funcionamento, o que permite considerá-lo como “lugar” psíquico. Dinâmico – no interior do psiquismo existem forças que entram em conflito e estão permanentemente ativas. A origem dessas forças é a pulsão. A pulsão refere-se a um estado de tensão que busca, através de um objeto, a supressão desse estado. Eros é a pulsão de vida e abrange as pulsões sexuais e de autoconservação. Tanatos é a pulsão de morte, pode ser autodestrutiva ou estar dirigida para fora e se manifestar como pulsão agressiva ou destrutiva. A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE A PRIMEIRA TEORIA DOS APARELHOS PSÍQUICOS Ao apresentar a sua história, Freud explicou o que ele entendia por inconsciente. Não foi ele, porém quem primeiro afirmou a existência de uma vida mental inconsciente. Antes dele, já se falava nisso. Freud explicou que a nossa vida mental se da em três níveis: Consciente, pré ou subconsciente e inconsciente. Nível consciente É o sistema de aparelhos psíquico que recebe ao mesmo tempo informações do mundo interior e do mundo exterior. São fenômenos mentais que estamos processando e deles tomando conhecimento imediato. No consciente, destaca-se o fenômeno da percepção, principalmente a percepção do mundo exterior, a atenção e o raciocínio. Por exemplo: Eu estou tomando conhecimento dos pensamentos, das percepções, das emoções que estão se processando agora em minha mente. Nível préconsciente. (ou subconsciente) Sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis a consciência, é aquilo que não está na consciência neste momento e no momento seguinte pode estar. São fenômenos que não estão se passando agora em minha mente, mas que são do meu conhecimento. Sei da existência dos mesmos, posso chamá-los a minha mente quando quiser ou necessitar. Posso evocá-los. Por exemplo: Posso reviver, em certos momentos, muitos fatos que se passaram comigo, nos quais não estou continuamente pensando: evoco lembranças, emoções, etc. Estes fatos, tanto os que estão agora se processando em minha mente como aqueles que eu poderia evocar neste momento (conscientes e pré-conscientes), são fatos do meu domínio, do meu conhecimento. Tenho consciência de sua realização. Nível inconsciente. Exprime o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência”. É constituído por conteúdos reprimidos, que não tem acesso ao sistema préconsciente e consciente, pela ação de censuras internas. Estes conteúdos podem ter sido conscientes em algum momento e terem sido reprimidos, isto é, foram para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes. O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento, é atemporal não existem noções de passado e presente. Para entender a teoria de Freud, é importante aceitar a existência dos fenômenos mentais inconscientes. São fenômenos que se realizam em nossas mentes sem que o saibamos. Eles nos passam despercebidos, nós os ignoramos. Já se afirmava, antes de Freud, a existência da vida mental inconsciente. Ele, porém teve o mérito de: a) Fornecer meios para conhecer a vida mental inconsciente: as técnicas psicanalistas (a associação livre, a análise dos sonhos e a análise dos atos falhos). b) Afirmar que os fatos inconscientes tem grande influência na direção de nosso comportamento, na orientação de nossas ações. Por exemplo, podemos ignorar a existência em nós de emoções, tendências e impulsos, os quais na realidade estão influenciando fortemente as nossas vidas. Energia Psíquica – energia de origem sexual, libido, que permite o funcionamento do aparelho psíquico. Este, o aparelho psíquico, divide-se em três partes: Consciente – parte do psiquismo que está em contato com o meio, analisando e procurando dar as respostas adequadas. Pré-consciente - memória que podemos evocar. Inconsciente – onde se reprimem pensamentos desagradáveis, possui conteúdos recalcados e não podemos acessar pela consciência.