CURSO DE ENFERMAGEM MICHELLE COSTA FERREIRA EDUCAÇÃO, PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE MAUÁ/SP 2018 MICHELLE COSTA FERREIRA EDUCAÇÃO, PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE Trabalho para a composição da nota da N1, disciplina Parasitologia ao curso de Enfermagem na Faculdade Fama de Mauá, sob a orientação da Professora: Roque. MAUÁ/SP 2018 LISTA DE SIGLAS ABBri – Associação Brasileira de Brinquedoteca. APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. ITLA – International Toy Libracries Association (Associação Internacional de Bibliotecas de Brinquedos). OMS – Organização mundial de Saúde. OSCIP – Organização de Sociedade Civil de Interesse Público. SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS..............................................................................................III 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 6 1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 6 2 OBJETIVO........................................................................................................ 7 2.1 GERAIS.....................................................................................7 OBJETIVOS 2.2 HIPÓTESE.....................................................................................................7 2.3 PROBLEMA...................................................................................................7 3 MÉTODOS........................................................................................................ 8 3.1 TIPOS DE PESQUISA................................................................................... 8 3.2 LOCAL PESQUISA...................................................................................8 DE 3.3 COLETAS DE DADOS...................................................................................8 3.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO...................................................8 INCLUSÃO E 3.5 PERÍODO PESQUISA..............................................................................8 DE 3.6 PÚBLICO ALVO.............................................................................................8 3.7 PROCEDIMENTO ÉTICO..............................................................................9 4 BRINQUEDOTECA HOSPITALAR................................................................10 4.1 CONCEPÇÕES E O SURGIMENTO ..........................................................10 4.2 A LEGISLAÇÃO .....................................................................13 4.3 UM FATOR PARA A HUMANIZAÇÃO BRASILEIRA DO PROCESSO DE INTERNAÇÃO...................................................................................................13 4.4 BENEFÍCIOS DE UMA BRINQUEDOTECA NO AMBIENTE HOSPITALAR....................................................................................................14 4.5 A LUDICIDADE NA BRINQUEDOTECA......................................................15 4.6 JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL...........................................................................................................16 4.7 BRINQUEDOS PARA CADA PERÍODO DA INFÂNCIA, SEGUNDO JEAN PIAGET..............................................................................................................18 4.8 O BRINQUEDISTA FUNÇÃO............................................................22 E SUA 4.8.1 A FORMAÇÃO DO BRINQUEDISTA..................................................22 4.9 O BRINCAR COMO SAÚDE...............................................24 PROMOÇÃO À 4.10 A CRIANÇA E HOSPITALIZAÇÃO..............................24 PROCESSO DA O 4.10.1 MOTIVOS DA HOSPITALIZAÇÃO....................................................25 4.10.2 OS DIFERENTES ESPAÇO DE BRINCAR.......................................26 4.10.3 BRINQUEDOTECA HOSPITALAR...................................................27 4.11 O QUE DIZ LEI?......................................................................................28 A 4.12 ABBri..........................................................................................................30 4.13 ORIGEM DAS BRASIL......................................30 BRINQUEDOTECAS NO 5 CONSDERAÇÕES.........................................................................................31 6 REFERÊNCIA.................................................................................................32 7 1 INTRODUÇÃO No transcorrer da história universal, desde a antiguidade até os dias atuais, comprovar-se teorias e práticas que abrangem o acesso às informações, dentre elas, as atividades lúdicas que sempre estiveram presentes como componente complementar do desenvolvimento do indivíduo e, especialmente, da criança. (PIRES,2014) Hoje em dia, o brincar é direito da criança protegido por lei. A Constituição da República de 1988, no artigo 227. No Brasil, o início da "brinquedoteca" se deu na década de 20, em Pernambuco, mediante ao diretor José Ribeiro Escobar. Esse diretor, buscou usar os brinquedos como uma ferramenta pedagógica na assistência do seguimento educacional das crianças. Desde então, abriu-se uma esperança histórica de designar um ambiente em que, o brinquedo, seria usado para desenvolver momentos de brincadeiras. Entretanto, foi por volta de 1960 que a Unesco inicia, a nível internacional, a ideia da invenção de ambientes prometidos à brincadeira, o qual no Brasil foi assinalado como brinquedoteca. (PIRES,2014) É importante lembrar que muitos hospitais ainda não adotam o efeito do brincar no processo da hospitalização. Com certeza, existem aqueles que estão dando o primeiro passo; outros já estão constituídos. Adotando a acuidade do brincar das crianças em ocasiões de risco, a Lei Federal nº 11.104 de 21 de março de 2005, ordena a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas, nas unidades de saúde que disponibilizem atendimento pediátrico em regime de internação. 1.1 Justificativa É significativo considerar que o brinquedo proporciona à criança a obtenção do seu mundo, praticar a inteligência, permite a fantasia e a criação. Nessa definição, o brincar faz-se fundamental para o desenvolvimento infantil, esse brincar forma-se em uma expressão sincera da criança. 8 2 OBJETIVO 2.1 Objetivos gerais É objetivo desse trabalho é a obtenção de nota parcial da disciplina e, mostrar programas em relação a saúde da população com ênfase na saúde da criança, o objetivo da Brinquedoteca Hospitalar é humanizar a saúde e promover o lúdico. 2.2 Hipótese Com a brinquedoteca podemos ajudar a minimizar os efeitos das doenças e seus tratamentos, assim como auxiliar no apoio familiar. A criança que é internada deve dar continuidade ao seu desenvolvimento físico, motor e de linguagem, atividades psicomotoras podem ser trabalhadas na brinquedoteca auxiliando no desenvolvimento das crianças. 2.3 Problemas Com a falta do entretenimento, as crianças não podem dar seguimento ao seu prosseguimento corporal, motor e de comunicação, assim dificultando o processo de reabilitação. 9 3 MÉTODO 3.1 Tipos de pesquisa Trata-se de uma pesquisa em revisões bibliográficas, com um caráter investigativo ao que diz respeito a saúde da criança. 3.2 Local da Pesquisa Foi realizado em revisões bibliográficas. 3.3 Coletas de Dados O trabalho baseou-se em pesquisas bibliográficas em relação ao método lúdico para as crianças. 3.4 Critérios de Inclusão e Exclusão A coleta dos dados foi realizada por revisões bibliográficas sobre a saúde da criança, por se tratar de uma ferramenta importante para o processo hospitalar ser bem mais eficaz. Foram excluídas as partes que não correspondem ao critério de inclusão e fora de corte temporal 2013 a 2018. 3.5 Período da Pesquisa O trabalho foi oferecido pelo professor, do período noturno, no dia 10 de setembro de 2018, com término para 17 de setembro de 2018. 3.6 Público Alvo O trabalho foi realizado com o intuito de conscientizar a família e os profissionais de saúde sobre a importância lúdica no processo de reabilitação da criança em hospitais. 10 3.7 Procedimentos Éticos Em cada parágrafo desse trabalho, foi tomado os devidos cuidados para que não ocorresse plágio dos conteúdos, em respeito aos autores dos mesmos. 11 4 A BRINQUEDOTECA HOSPITALAR 4.1 CONCEPÇÕES E O SURGIMENTO Segundo Santos (2000), as atividades lúdicas fazem parte da vida do ser humano, principalmente na fase da infância, desde os mais remotos tempos até os dias atuais, em suas mais variadas formas de expressões (bélicas, religiosas, filosóficas e educacionais). (PIRES,2014) Por muito tempo, o brincar foi visto sem grande importância. Somente a partir dos anos 50 do século XX, que se verifica uma atenção maior voltada para os brinquedos, os jogos e as brincadeiras. De modo geral, essas atividades passaram a ser valorizadas como meio de desenvolvimento infantil, graças aos avanços dos estudos psicológicos acerca da criança, cujo destaque considerou as atividades lúdicas, pois, brincando ou jogando, ela terá a oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis para sua vida futura. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), também destaca o brincar como prioridade, sendo dever tanto do estado como da família proporcionar atividades lúdicas à criança. É importante colocar que o brinquedo proporciona à criança a conquista do seu mundo, exercita a inteligência, permite a imaginação e a invenção. Nesse sentido, o brincar torna-se fundamental para o desenvolvimento infantil, haja vista que, esse brincar consiste em uma expressão espontânea da criança. (PIRES,2014) Mas, para que as crianças brinquem à vontade é preciso criar espaços que favoreçam a brincadeira, como é o caso da brinquedoteca. E o que é brinquedoteca? É uma nova instituição que surge para proporcionar à criança um espaço destinado as brincadeiras, ou seja, onde várias atividades agradáveis e divertidas podem acontecer, estimulando a criança a brincar e possibilitandoa o acesso a uma variedade de brinquedos dentro de um ambiente totalmente lúdico. Essas atividades estão ligadas aos jogos de correr, cantigas de roda, esconde-esconde, entre outros. Em síntese, trata-se de um espaço caracterizado por uma variedade de brinquedos, ou poucos brinquedos, ou até 12 mesmo sem brinquedos, mas, que o principal objetivo é oferecer a criança um ambiente agradável, cheio de magia. (PIRES,2014) A brinquedoteca sendo criado principalmente para criança, este ambiente tem como objetivo estimular à criatividade, a cognição, desenvolver a imaginação, a oralidade, a socialização, a expressão e incentivar a ludicidade das mais variadas formas, seja na busca de soluções de problemas ou pelo simples desejo de inventar. Partindo desse pressuposto, a principal atividade que a brinquedoteca oferece a criança é o brincar nas suas mais variadas formas - do brincar livre, ao brincar para fins pedagógicos, em que esse ato tem como objetivo primordial o desenvolvimento da criança que brinca. Nesse âmbito, entende-se a importância do brincar e o valor de se construir um ambiente destinado a oportunizar a expressão do potencial da criança. A brinquedoteca é fundamental para o aprendizado infantil, já que facilita novas descobertas, provocando transformações profundas, na medida em que acontece espontaneamente. (PIRES,2014) As formas de convivência democrática encorajam a autonomia e estimula o amadurecimento emocional. Nesse espaço tão especial que é a brinquedoteca, a criança pode conhecer novos tipos de relacionamento entre as pessoas de forma prazerosa e enriquecedora. Podem ser estabelecidas inúmeras razões para a criação de brinquedotecas; algumas de ordem prática; outras de caráter educacional e até terapêutico. Nesse caso, destaca importantes finalidades de uma brinquedoteca: • Favorecer o equilíbrio emocional; • Dar oportunidades a expansão de potencialidades; • Desenvolver a criatividade, inteligência e sociabilidade; • Proporcionar acesso ao brinquedo que lhe proporcionem experiências e descobertas; • Estabelecer o relacionamento entre as crianças e seus familiares; • Incentivar a valorização do brincar e das atividades lúdicas para o desenvolvimento psicoemocional, intelectual e social; 13 • Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem que alguém interrompa ou diga que está atrapalhando. (PIRES,2014) Existem, é claro, outros objetivos que são estipulados de acordo com as necessidades de cada público, dependendo do tipo de brinquedoteca. No Brasil, a primeira iniciativa de "brinquedoteca" se deu na década de 20, em Pernambuco, através do diretor José Ribeiro Escobar. Esse diretor, procurou usar os brinquedos como um suporte pedagógico no auxílio do processo educativo das crianças. Desde então, abriu-se uma perspectiva histórica de criar um espaço em que, o brinquedo, seria utilizado para desenvolver momentos de brincadeiras. (PIRES,2014) Mas, foi por volta de 1960 que a Unesco lançou, a nível internacional, a ideia da criação de espaços destinados à brincadeira, o qual no Brasil foi caracterizado como brinquedoteca. Para Nylse Helena da Silva Cunha, presidente da Associação Brasileira de Brinquedoteca (ABBri), as brinquedotecas brasileiras tiveram seus surgimentos nos anos de 1980, diferenciando-se das chamadas “Toy Loan”, pois, não tinha como atividade principal o empréstimo de brinquedos, mas sim, o estímulo à brincadeira de forma livre e o favorecimento do desenvolvimento cognitivo, sensório-motor, sócio afetivo e histórico-cultural das crianças. (PIRES,2014) A brinquedoteca, acima de tudo, serve para fazer as crianças felizes e ainda, proporcionar a aprendizagem, a aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, de forma natural e agradável. Nela, a construção do conhecimento se desenvolve de maneira prazerosa, na aventura do brincar espontâneo da criança e na aquisição de saberes necessários à vida, pois, sem brincar a criança não vive à infância e, logo, não supera etapas que mais tarde poderão se manifestar como bases instáveis de sua personalidade. Portanto, a brinquedoteca é uma porta aberta para o brincar, num contexto em que, o brinquedo, é um suporte de exploração da criança. (PIRES,2014) 14 4.2 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA A legislação Brasileira, em diferentes dispositivos legais, garante o direito que a criança tem de brincar, do lazer, da educação etc. Esses direitos estão dispersos tanto na Constituição da República, como em legislação infraconstitucional. Dentre elas, O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu Capítulo II, Art. 16, Parágrafo IV afirma, entre outros direitos, o de brincar, praticar esportes e divertir-se. (JUCÁ E RIBEIRO,2017) A Constituição Federal de 1988 em seu capítulo II, Art. 6 assegura, de forma comum, como direito social, entre outros, o lazer. A Declaração dos Direitos da Criança de 1959 no título o direito à educação gratuita e ao lazer infantil que a criança deve aproveitar inteiramente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar encaminhados para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito. A lei n° 11.104, de 21 de março de 2005 estabelece a obrigatoriedade de uma brinquedoteca em hospitais que disponibilizam atendimento pediátrico em regime de internação. Além disso, define que uma brinquedoteca é um espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular as crianças e seus acompanhantes a brincar. (JUCÁ E RIBEIRO,2017) O Decreto No 99.710, DE 21 de Novembro de 1990 em seu Artigo 31 estabelece que os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística. Dessa forma, fica evidente a preocupação do legislador em assegurar e proteger os direitos relativos à criança e ao adolescente, entre eles, o de brincar. 4.3 UM FATOR PARA A HUMANIZAÇÃO DO PROCESSO DE INTERNAÇÃO A brinquedoteca tem como papel garantir que na fase de internação a criança tenha o direito de brincar assegurado. Ela dispõe de jogos e brinquedos dispostos em um ambiente alegre, agradável e colorido, garantido, assim, a ludicidade. (JUCÁ E RIBEIRO,2017) 15 A brinquedoteca de um hospital consiste em um meio terapêutico, o qual as crianças melhoram seu estado de ânimo, bem como aceitam melhor o tratamento disponibilizado nos hospitais e os cuidados oferecidos pelos profissionais da área de saúde. O brincar no hospital se tornou importante em decorrência do aumento da sobrevida de crianças portadoras de doenças crônicas, que ficam hospitalizadas por longos períodos. Na implantação de uma brinquedoteca no hospital, é necessário que o espaço estimule a imaginação, provoque a curiosidade, dever ser convidativo e ter atrativos para as diferentes idades dos usuários. Os brinquedos devem ter sua qualidade assegurada, bem como indicação da faixa etária de cada brinquedo. (JUCÁ E RIBEIRO,2017) Os brinquedos presentes numa brinquedoteca necessitam de alguns cuidados especiais para evitar que eles sejam fonte de proliferação de doenças. Os profissionais de saúde devem estar atentos para o processo de higienização desses brinquedos, com a finalidade de evitar que esses brinquedos ao invés de trazer benefícios para saúde da criança, agravem o seu estado de saúde apesar desses riscos a brinquedoteca hospitalar apresenta uma gama de benefícios para a criança internada. 4.4 BENEFÍCIOS DE UMA BRINQUEDOTECA NO AMBIENTE HOSPITALAR A integração entre os sujeitos envolvidos no processo de internação hospitalar é um dos benefícios que a brinquedoteca proporciona. Dessa forma, a criança cria laços afetivos enquanto brinca e torna o ambiente hospitalar, um ambiente mais seguro e confiável para a criança no contexto de cuidado. Outro ponto importante é que a brinquedoteca pode ajudar a criança a diminuir a tensão enquanto espera a realização de algum procedimento. (JUCÁ E RIBEIRO,2017) A atividade de brincar da criança desenvolve seu senso de companheirismo, nos jogos com amigos aprende a conviver, ganhando ou perdendo, procura entender regras. A brincadeira dentro do contexto hospitalar cria condições para que a criança possa desenvolver sua imaginação, 16 criatividade e percepção, permitindo sua manifestação quanto aos sentimentos desencadeados por estar hospitalizada. O brincar é uma atividade inerente ao comportamento infantil e essencial ao bem-estar da criança, colaborando efetivamente para o seu desenvolvimento físico, motor, emocional, mental e social. (JUCÁ E RIBEIRO,2017) A brinquedoteca descontraído, no ambiente hospitalar torna-o mais através de atividades pedagógicas, jogos e brincadeiras que possam auxiliar no desenvolvimento das habilidades das crianças internadas. Outro benefício proporcionado pela brinquedoteca é a estratégia de humanizar o cuidado à criança. Um percentual dos profissionais de saúde traz a brincadeira para dentro do contexto hospitalar, proporcionando condições para que a criança possa desenvolver sua imaginação, criatividade e percepção. (JUCÁ E RIBEIRO,2017) Dessa forma, o comportamento brincar é uma atividade inerente ao infantil e essencial ao bem-estar da criança, colaborando efetivamente para o seu desenvolvimento físico, motor, emocional, mental e social. 4.5 A LUDICIDADE NA BRINQUEDOTECA O desenvolvimento da ludicidade, na brinquedoteca, ocorre de forma prazerosa e divertida por meio de brincadeiras. Estas são desenvolvidas por crianças juntamente com o brinquedista, o qual será melhor fundamentado mais adiante. Contudo, se a brinquedoteca é feita para brincar, as brincadeiras lúdicas servem para desenvolver o alto conhecimento da criança. (PIRES,2014) Nesse contexto, as atividades lúdicas que ocorrem na brinquedoteca são fundamentais para subsidiar o processo de construção de conhecimento da criança, pois, brincando ela adquire experiência, exercita sua criatividade e fantasia, organiza o mundo e se prepara para o futuro. As atividades desenvolvidas na brinquedoteca são bastante 17 variadas. As crianças podem brincar em grupo, adquirindo o processo de sociabilidade, ou individualmente, estimulando o autoconhecimento. O importante é que haja várias situações para que as crianças estejam sempre motivadas a desmistificar o mundo dos brinquedos com prazer e alegria. (PIRES,2014) Esse brincar se dar de várias formas, desde as atividades que requerem concentração como jogos de faz-de-conta, até as de brincar livremente. Outras atividades que também são desenvolvidas na brinquedoteca de forma lúdica são as atividades artísticas como: o desenho, a pintura, o teatro, a música, as quais auxiliam na representação do cotidiano pela criança. É interessante lembrar que a atividade lúdica é uma necessidade da criança, pois, a ação lúdica ajuda-lhe no processo contínuo do conhecimento e, consequentemente, no aprendizado, no desenvolvimento sociocultural e pessoal. Ou seja, ó lúdico é responsável em resgatar e moldar a infância, preparando a criança para a fase adulta. (PIRES,2014) Sendo assim, a ludicidade é ponto chave para que ocorra um melhor desenvolvimento da criança, cujo brincar é a atividade primordial da infância. É por meio da ação lúdica que a criança aprende a viver e caminhar para o futuro. Portanto, o brincar está na essência do processo de construção social da personalidade da criança. Com o brinquedo, as crianças lidam com a regularidade e a modificabilidade dos acontecimentos. O brinquedo é a estrada que a criança percorre para chegar ao coração das coisas e desvendar os enigmas da vida. (PIRES,2014) Nesse aspecto, a brinquedoteca é um espaço de valorização das ações lúdicas de cada criança através do resgate das brincadeiras, as quais retratam o cotidiano vivenciado pela própria criança que brinca. Dessa forma, brincando, as crianças possuem facilidade de construir seu próprio mundo, e os brinquedos, servem de ferramentas para a realização dessa construção. 4.6 JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL. 18 A infância é um período marcado por grandes descobertas sociais, físicas e cognitivas em que a criança através do lúdico interage, consideravelmente, com o mundo que lhe cerca. Desse modo, o jogo, o brinquedo e as brincadeiras sempre estiveram presentes na vida do indivíduo, mas diferenciam-se culturalmente e conforme cada contexto histórico. (PIRES,2014) Por meio do jogo, desde os primórdios, o homem buscou o autoconhecimento, a atividade lúdica é, essencialmente, um laboratório em que ocorrem experiências inteligentes e reflexivas. Para Miranda (2001), o lúdico é uma categoria geral de todas as atividades que possuem características de jogo, brinquedo e brincadeira. Em síntese, o jogo ocorre por meio de regras espontâneas ou intencionais; o brinquedo é o objeto manipulável; e a brincadeira é a ação do brinquedo. A criança que manipula um brinquedo com o ato de brincar está exercendo ações sobre este, as quais são denominadas de brincadeiras, além de possuir, de antemão, uma imagem a decodificar. (PIRES,2014) Para a criança tudo pode virar brinquedo, desde que seja favorecida a brincadeira. Objetos, sons, movimentos, figuras, pessoas, espaços, enfim, tudo aquilo que proporciona o lúdico é transformado em brinquedo. Por conseguinte, o valor de um brinquedo para uma criança pode ser medido pela intensidade do desafio que representa para ela. Na brinquedoteca, como em qualquer outro lugar, o brinquedo é um convite para brincar e jogar, o qual desenvolve o processo de socialização por meio da interação entre as crianças, contribuindo de forma eficaz na interiorização de valores e crenças, dentre os quais a criança busca sua identidade. (PIRES,2014) É através de jogos, brinquedos e brincadeiras que a criança aprende a reproduzir o seu cotidiano, a natureza e as relações sociais, pois ao substituir objetos reais e manipulá-los de acordo com sua imaginação, a 19 criança é levada a agir em um mundo imaginário, onde a situação é definida pelo significado estabelecido pelas brincadeiras e não pelos elementos reais. 4.7 BRINQUEDOS PARA CADA PERÍODO DA INFÂNCIA, SEGUNDO JEAN PIAGET. Sabe-se que o brinquedo é um convite ao brincar. Todavia, para que o mesmo represente um desafio para a criança, este deve estar adequado aos interesses, às necessidades e as capacidades implícitas em cada etapa de desenvolvimento, pela qual a criança perpassa. (PIRES,2014) É importante colocar que, a orientação para a seleção dos brinquedos não se baseia apenas no critério por faixa etária, mesmo porque se vive num país cheio de valores e de diferentes etnias, logo, é preciso que se atente para o fato de que cada criança tem seu ritmo próprio de desenvolvimento. Partindo desse princípio, um dos maiores teóricos que se preocupou com o desenvolvimento das crianças foi Jean Piaget. Esse, por sua vez, dividiu o entendimento sobre o desenvolvimento infantil por estágios estabelecendo-os por faixa etária -, através dos quais é possível perceber a evolução do brincar de acordo com os interesses de cada idade. (PIRES,2014) No decorrer do desenvolvimento infantil, a criança vai adquirindo habilidades capazes de levá-lo ao conhecimento das coisas que estão em sua volta. A brincadeira, nesse cenário, vem viabilizar uma relação íntima da criança com o meio em que está inserida. Observando o brincar da criança, Piaget (Apud KISHIMOTO, 2002), percebeu o jogo como um fator determinante para seu crescimento. Investigou em todo o desenvolvimento infantil a existência de três tipos de jogos conforme cada estágio em que a criança se encontra, são estes: Jogos de Exercícios, Jogos Simbólicos e de Regras. Vale colocar que, embora os estágios de desenvolvimento, pelos quais as crianças passam sejam 20 semelhantes, a época e a forma como eles se processam varia bastante. (PIRES,2014) Para melhor entendimento serão abordadas as etapas do desenvolvimento infantil relacionando-as ao brincar, segundo Piaget: Estágio Sensório-motor: Compreendido entre a faixa etária de zero a dois anos. Este período é caracterizado pela aquisição de comportamentos involuntários da criança, pois a mesma no primeiro mês de vida apresenta apenas reflexo. No decorrer de seu desenvolvimento ela começa adquirir informações por meio dos sentidos. Já entre os seis e doze meses de vida da criança, são frequentes os jogos de exercício em que trabalha com longas repetições a sua própria ação, como esticar e encolher as pernas e os braços, levar objetos a boca, entre outros. (PIRES,2014) Essas atividades acima referidas são realizadas por mero prazer, chamadas de atividades motoras. Para atender as necessidades da criança neste período, é importante que sejam colocados, ao seu alcance, brinquedos que venham estimular seu desenvolvimento. O brincar nesta fase, está voltado para o encaixe, o esconder, manusear, explorar e o descobrir objetos. Ressaltase também que, os brinquedos podem ser todo o seu ambiente: objetos, sons, efeitos visuais, espaços, cores (móbiles coloridos), figuras e pessoas. Na brinquedoteca são comuns móbiles coloridos e sonoros, pois os mesmos prendem a atenção da criança no momento da brincadeira. Até mesmo um pedaço de pano vermelho serve de brinquedo para estimular a percepção visual da criança. Daí a necessidade de os brinquedos serem adequados conforme cada período infantil. (PIRES,2014) Dos doze aos dezoito meses: A criança começa a observar o efeito de sua conduta no ambiente a sua volta. Aprende a andar, explorar os espaços e exercitar-se correndo de um lado para outro, usa as duas mãos juntas para 21 pedir as coisas apontando para os objetos, aumenta seu vocabulário e a mesma palavra pode ter vários significados. Os brinquedos, nesta fase, devem ser os chamados brinquedos pedagógicos, ou seja, aqueles que estimulam a manipulação, como encaixar argolas, empilhar tampinhas, apertar botões, que fazem saltar peças ou abrir portinhas. (PIRES,2014) Dos dezoito aos vinte e quatro meses, a criança passa a internalizar as ações realizadas e lembra-se das pessoas e coisas. Sua memória já está ativa, começando o processo de representação e limitação mental, o que mais tarde é consumado no surgimento da brincadeira simbólica, chamado na próxima fase, de jogo do faz-de-conta. Para esta fase, são necessários brinquedos que satisfaçam suas necessidades de movimentação, como: • Brinquedos de empurrar; • Blocos de construção, • brinquedos de puxar; • Cavalinho de pau, • túneis para passar por dentro, • Jogos simbólicos e outros. (PIRES,2014) Estágio Pré-operacional: Compreendido entre dois a sete anos. É o segundo estágio de desenvolvimento cognitivo. Aproximadamente aos dois anos, quando a criança está saindo do estágio sensório-motor, ela já é capaz de planejar suas ações e de fazer representações com os objetos, por exemplo, uma tampinha vira um copo, uma caixa de sapato vira berço, ou seja, o chamado jogo simbólico. Este jogo é marcado pelas brincadeiras de faz-de-conta, mas, inicialmente, esta atividade é executada de maneira solitária, envolvendo modos próprios de ver, sentir e reagir de cada indivíduo. Por volta dos três anos de vida surgem às brincadeiras simbólicas coletivas. (PIRES,2014) 22 Vale salientar que, entre os dois e quatro anos, a criança ainda não é capaz de formar conceito corretos, mas a linguagem verbal se desenvolve bastante, interessando-se pelo nome de tudo e definindo as coisas a sua maneira; este é o chamado período pré-conceitual. Nesta faixa etária, os brinquedos mais adequados são: • Livro de pano, que desenvolve a linguagem verbal; • Telefone, que desenvolve o raciocínio lógico; • Panelinhas e (PIRES,2014) outros objetos que estimulam o faz-de-conta. Já a fase que corresponde, mais ou menos, dos quatro aos sete anos, a criança começa a argumentar e embora suas razões ainda não sejam uma lógica, é capaz de classificar e dá nome as classes, considerando mais de um atributo, faz ordenações por tamanho e estabelece sequências. Então, os brinquedos aconselháveis são: • Bloco de construção; • Material para pintar e desenhar; • Jogos: de dominó, da dama, da memória... • Carrinhos de boneca, Livro de história. Estágio das Operações Concretas: período dos sete aos doze anos Neste estágio, observa-se a presença dos jogos de regra, pois a criança brinca mais em grupos, o que caracteriza a existência de um conjunto de normas, sendo que seu descumprimento é normalmente penalizado, ocorrendo também uma forte competição entre os indivíduos. Esse jogo aparece quando a criança abandona a fase egocêntrica, possibilitando o desenvolvimento dos relacionamentos afetivo-sociais. (PIRES,2014) Para brincar nesta fase, sugere-se: • Bolas e raquete • Boliche, a peteca, quebra-cabeça mais complexo; • Futebol de salão • Jogos de matar que apresentam desafios: 23 • Sucata e ferramentas para a construção de brinquedos. Estágio das operações formais: a partir de doze anos em diante Neste estágio, faz-se necessário estabelecer novas propostas para se brincar, pois o indivíduo estará entrando na pré-adolescência e nesta etapa, os brinquedos. (PIRES,2014) Em linhas gerais, a brinquedoteca deve estar pronta para receber a criança, levando em consideração cada estágio do seu desenvolvimento, para que esta brinque de forma alegre, desfrutando de brinquedos e jogos, os quais influenciarão em seu aprendizado. Isto só será possível se a brinquedoteca contar com uma equipe de profissionais capacitados para este fim, em que a figura do brinquedista é indispensável. 4.8 O BRINQUEDISTA E SUA FUNÇÃO O brinquedista deve ser uma pessoa comprometida primeiramente com a educação, ser alegre, afetiva e, principalmente, entender as fases pelas quais as crianças passam. Na brinquedoteca, faz-se necessário um profissional como este, capaz de mediar às brincadeiras na hora do brincar, pois o funcionamento de qualquer brinquedoteca requer tarefas e responsabilidades diferenciadas que vão além da organização dos brinquedos. (PIRES,2014) Nesse aspecto, o brinquedista, juntamente com outros profissionais - psicólogos e assistentes sociais -, são responsáveis pela triagem da criança, análise de jogos e arrumação de brinquedos, tendo sobretudo, a ajuda das crianças. Esses profissionais envolvidos com o brincar, devem respeitar as crianças, suas indicações, agindo com sensibilidade e alegria, porque sem entusiasmo, o lúdico não é favorecido, e o ambiente não é contagiado pelo prazer de brincar, tido como a função principal de uma brinquedoteca, pois a regra significativa que vigora no universo do brincar dar à criança o poder de participar do jogo social e histórico de produção e transformação do conhecimento. (PIRES,2014) 24 4.8.1 A Formação do Brinquedista A formação do brinquedista deve ser por meio de reflexões sobre o ato de brincar da criança, pois os educadores, na sua maioria pedagogos, despertam para importância das atividades lúdicas no processo de desenvolvimento humano e propõem a disseminação de espaços lúdicos, as brinquedotecas, à sociedade, deparando-se assim, com um novo profissional, o brinquedista. (PIRES,2014) Isso significa que o brinquedista deve ser capacitado para atuar nas brincadeiras, através da valorização das atividades lúdicas, compreendendo a brinquedoteca como um ambiente, no qual, as crianças vão para brincar e estimular suas habilidades com toda a importância do aprender-fazendo, entendendo que através do brinquedo, a criança entra em contato com um discurso cultural sobre a sociedade, realizado por ela, com, o feito, nos contos, nos livros, nos desenhos animados. Logo, é preciso proporcionar as crianças oportunidades para que elas possam exercer o direito de brincar. Dar à criança esse direito implicará, consequentemente, na preocupação com a formação dos adultos que dela se ocupam, quer sejam os professores, educadores ou brinquedistas. Vale enfatizar que, as experiências vividas na infância são diretamente refletidas no brincar, isto é, as brincadeiras refletem a maneira como as crianças lidam com os acontecimentos do seu dia-a-dia. (PIRES,2014) O que a criança aprende também se faz pela imitação do adulto. Assim sendo, o brinquedista deve se envolver nas brincadeiras, sem atrapalhar a criança, mas proporcionando estímulos para que brinque mais. Do mesmo modo, o brinquedista, ao proporcionar os brinquedos e as brincadeiras, deve provocar participação coletiva e desafiadora à criança na busca de encaminhamento e resolução de problemas. No mais, se faz necessário que o brinquedista tenha em mente que, na brincadeira, as crianças produzem e reproduzem diversas formas de conhecimento. (PIRES,2014) Para isso, cabe ao próprio brinquedista estabelecer relações 25 concretas entre o lúdico e o ensino dentro da brinquedoteca, em que nessas ligações com o lúdico, o processo de ensino-aprendizagem torna-se cada vez mais acessível às crianças. Dessa forma, a brinquedoteca é muito mais que um ambiente para brincadeiras, pois permite que se desenvolvam nas crianças a criatividade, a socialização, o companheirismo ao vivenciar as emoções, os relacionamentos consigo e com outras crianças -, habilidades manuais e intelectuais, a imaginação, a concentração, o poder de decisão, o respeito e o cumprimento de regras. (PIRES,2014) 4.9 O BRINCAR COMO PROMOÇÃO À SAÚDE. Por muito tempo pensava-se que o tratamento de doenças estava relacionado apenas com exames clínicos, remédios e outros procedimentos médicos, que muitas vezes interferem mais ainda na cura do paciente. Isto porque não havia uma preocupação com o emocional, ou seja, com o psicológico da pessoa enferma. (PIRES,2014) Com vários estudos desenvolvidos na área da saúde, foi observado que não só o fator remédio contribui para a cura, mas outras ações devem ser levadas em consideração. Nesse âmbito, o processo de cura de determinada doença não se deve restringir apenas em cuidar do corpo físico, mas do aspecto emotivo e psíquico do indivíduo. Nesse aspecto, várias iniciativas vêm sendo adotadas pelos hospitais, na busca da cura mais eficaz, pode-se citar: as terapias, as fisioterapias, atendimentos psicológicos, psicopedagógicos entre outros. Outras iniciativas mais recentes que ocorrem também no contexto hospitalar incluem o processo educacional, que trabalha principalmente com jovens e crianças internadas em hospitais e alas pediátricas de todo o país, com o objetivo de oferece-lhes uma atenção ao que exige o Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069, aprovado em 1990 -, o qual reconhece e regulariza o direito a educação - formal e não-formal - a todas as crianças e 26 jovens, inclusive as que se encontram em tratamento de saúde hospitalar. (PIRES,2014) Com isso, observa-se que o brincar pode ser visto como mais uma ferramenta capaz de contribuir no processo de reabilitação e cura da criança, uma vez que, a brincadeira é uma atividade essencial para que as crianças possam equilibrar suas tensões, trabalhar suas necessidades cognitivas, psicológicas, dando suporte para a criação de conhecimento e de desenvolvimento das estruturas mentais, na medida em que estabelece uma relação com o brinquedo e a atividade lúdica. 4.10 A CRIANÇA E O PROCESSO DA HOSPITALIZAÇÃO. Muitos profissionais incluíam no conceito de saúde somente o bemestar físico do doente, menosprezando os aspectos mentais, e sociais. Isso se justifica pelo fato de não saberem lidar, nem considerar todos os aspectos do indivíduo, apoiando-se apenas no conhecimento acerca da doença e da técnica. (PIRES,2014) Atualmente, observa-se que há uma atenção direcionada também para o doente, isto é, para o sujeito em suas dimensões biológico, psicológico e social. Nesses termos, consideram-se no processo da cura os fatores interpessoais, os quais ajudam na reabilitação do doente, levando em consideração que este é uma pessoa humana, com características e personalidades próprias, haja vista que, num contexto global, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que “a saúde deve ser vista como um bemestar físico, mental e social”. Ao mesmo tempo, muito se vem discutindo, principalmente na área da medicina e psicologia, sobre as consequências da privação sofrida pela criança hospitalizada durante o período de internação. Pois, a falta de contato social, distanciamento dos familiares, a ausência de brinquedos, brincadeiras e da própria escolarização no ambiente hospitalar, geram perturbações sociais, físicas e cognitivas que afetam a vida da criança internada. (PIRES,2014) 27 Portanto, para discutir a promoção do brincar na hospitalização da criança, é preciso entender as causas e as consequências que a mesma traz a este público, bem como, o significado de sua intervenção para os profissionais da saúde que atuam direta ou indiretamente nesse campo. Tal ênfase será dada no item seguinte. 4.10.1 Motivos da Hospitalização A internação é feita para possibilitar o diagnóstico e tratamento de doenças mais complexas, por meio de recursos técnicos e acompanhamento integral. (PIRES,2014) A hospitalização na infância pode se configurar como uma experiência potencialmente traumática. Ela afasta a criança do seu cotidiano, do ambiente familiar e promove um confronto com a dor, com a limitação física e com a passividade. Essa confrontação leva, na maioria das vezes, aos sentimentos de culpa, punição e medo da morte. Para dar conta de internalizar essa experiência - que é a internação -, é necessário que a criança disponha de instrumentos de seu domínio e conhecimento. Nessa perspectiva, nada melhor do que jogos, brinquedos e brincadeiras para amenizar o sofrimento da internação, inserindoa num contexto, visto como “natural” dela, que é o brincar. (PIRES,2014) Dessa forma, o brincar surge como uma possibilidade de modificar o cotidiano da internação, pois através de um movimento pendular entre o mundo real e o mundo imaginário a criança transpõe as barreiras do adoecimento e os limites de tempo e espaço. 4.10.2 Os Diferentes Espaços de Brincar Ainda caracterizando a brinquedoteca, esta é um espaço criado para favorecer o brincar como um local de descobertas, estimulação e criatividade. Independentemente do tipo, o objetivo desta é sempre resgatar o lúdico e a ludicidade infantil. Entretanto, os variados tipos de brinquedoteca sugerem formas diferenciadas de funcionamento. Mas em todas elas, as crianças devem se tornar sócias. Neste caso, o fato de associar-se, além de 28 possibilitar melhor controle sobre os brinquedos, proporciona também a formação de um vínculo com a brinquedoteca. (PIRES,2014) As atividades desenvolvidas na brinquedoteca podem ser variadas e a escolha e delimitação dependerão do tipo e objetivo da brinquedoteca. O público infantil atendido pode brincar sozinho ou pode participar de jogos com outros companheiros, o importante é que o espaço seja bem criativo e que os frequentadores sejam estimulados por constantes novidades. Nenhuma criança é obrigada a nada. Se, porventura, durante uma atividade ela quiser ficar parada, o brinquedista deve apenas motivá-la, nunca a forças a brincar. A escolha do brinquedo deve partir da livre opção da criança; nesse caso, o brinquedista pode apenas fazer uma pré-seleção, distribuindo o brinquedo de acordo com a faixa etária da criança, para que possam brincar à vontade e descobrir toda a magia do lúdico. (PIRES,2014) Nesse cenário, a brincadeira é considerada uma atividade indispensável para a vida das crianças e um estímulo fundamental para seu bom desenvolvimento emocional, social, psíquico e cognitivo, assim como, contribui de forma eficaz no processo da cura. Em outros termos, a brinquedoteca se constitui num espaço certo da brincadeira, assumindo funções pedagógicas, sociais e terapêuticas da mais alta importância em vários ambientes, como, por exemplo, em hospitais. 4.10.3 Brinquedoteca Hospitalar. A brinquedoteca deixou de ser um espaço pensado para as escolas ou para as crianças se divertirem simplesmente. Na atualidade, como já fora citado, as atividades lúdicas envolvem diferentes setores da sociedade como: grandes empresas, universidades, escolas, hospital, Clinicas Fisioterapeutas, Psicopedagógicas, organizações não-governamentais e tantos outros espaços que reconhecem o valor da ludicidade para a melhoria de vida das pessoas. (PIRES,2014) Os hospitais, normalmente não estão preparados para o 29 atendimento de crianças, pois quando ela é hospitalizada sua vida muda completamente. Ela deixa sua casa, seus amigos, seus brinquedos e encontram um ambiente desconhecido, com parede sem cor, aparelhos estranhos, pessoas desconhecidas e uniformizadas que lhe oferece remédios amargos, injeções, máscaras de oxigênio, sondas, exames complicados, além do choro de outras crianças, etc. Tudo isso provoca medo, sofrimento, ansiedade e desconforto. Para amenizar esse impacto sentido pela criança, surge a brinquedoteca hospitalar. Historicamente falando, as primeiras ideias de brinquedoteca hospitalar surgem na Finlândia mais ou menos no ano de 1909, quando se pensava em organizar um espaço de recreação para as crianças hospitalizadas. Mas isso só foi possível em 1950, quando o brincar no hospital se organizou. Desde então, a literatura sobre o assunto tem ajudado a sensibilizar os profissionais da área da saúde, psicologia e educação acerca do lúdico nos hospitais e clinicas. (PIRES,2014) No Brasil, a primeira brinquedoteca surgiu em 1981, porém a obrigatoriedade das brinquedotecas hospitalares só ocorreu com a promulgação da lei n°11.104, de 21 de março de 2005, dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas, nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. É importante ressaltar que muitos hospitais ainda não reconhecem o efeito do brincar no processo da hospitalização. (PIRES,2014) 4.11 O QUE DIZ A LEI? Art. 1º Os hospitais que oferecerem atendimento pediátrico contarão, obrigatoriamente, com brinquedotecas nas suas dependências. Parágrafo único – o disposto no caput deste artigo aplica-se a qualquer unidade de saúde que ofereça atendimento pediátrico em regime de internação. (PIRES,2014) Art. 2º Considera-se brinquedoteca, para os efeitos desta lei, o espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinados a estimular as crianças e seus acompanhantes a brincar. 30 Art. 3º A inobservância do disposto no artigo 1º desta Lei configura infração a legislação sanitária federal e sujeita seus infratores às penalidades previstas no II, do art. 1º da Lei nº. 6.437, de 20 de agosto de 1977. (PIRES,2014) Art. 4º Esta lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data de sua publicação: Brasília, 21 de março de 2005. Para tanto, apresentamos nosso pleito de revisão e ampliação da Lei 11.104/2005 nos seguintes aspectos: 1– Extensão da obrigatoriedade de Brinquedotecas a qualquer unidade de saúde que ofereça atendimento pediátrico, seja em regime de internação, Pronto Socorro Infantil ou atendimento ambulatorial. (PIRES,2014) 2 – Considera-se Brinquedoteca, o espaço provido de brinquedos e jogos destinado a favorecer as crianças e seus acompanhantes a brincar de forma livre e espontânea, mediados por recursos lúdicos diversificados. 3 – As atividades lúdicas, seus recursos e materiais devem ser organizados de acordo com as especificidades do ambiente hospitalar e das unidades de Saúde em geral, considerando o desenvolvimento e as condições físicas e sócio- afetivas das crianças atendidas nessas unidades de Saúde. (PIRES,2014) 4 – A gestão da Brinquedoteca Hospitalar ou em ambiente de Saúde é realizada por profissional denominado de Brinquedista, vinculado à equipe hospitalar. 5 – O profissional responsável pela gestão da Brinquedoteca Hospitalar ou em ambiente de Saúde em geral terá comprovada formação teórico-prática específica na área do desenvolvimento infantil, das atividades lúdicas e dos recursos organizacionais próprios das Brinquedotecas, além de conhecimento acerca das normas da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do local. (PIRES,2014) 6 – O profissional encarregado da Brinquedoteca Hospitalar ou em ambiente de Saúde, denominado de Brinquedista, terá colaboradores com formação específica na área do brincar e da infância e caberá a aquele promover a atualização de conhecimentos desses participantes. 31 7 – Sendo a Vigilância Sanitária a única instancia de fiscalização das Brinquedotecas em ambiente de saúde prevista pela Lei 11.104/2005, faz-se necessário a capacitação dos fiscais que ali atuam a fim de adquirirem condições para avaliar as brinquedotecas hospitalares de acordo com critérios de qualidade de organização e funcionamento, tendo em vista sua função e seus objetivos. (PIRES,2014) 8 – Pleiteia-se, para efetivação do cadastro de hospitais pediátricos no Sistema de Saúde, a inclusão da existência de Brinquedotecas e de Brinquedistas nesses hospitais, nos moldes descritos nas proposições anteriores desse pleito, sendo esse cadastro acessível à consulta de usuários, de pesquisadores, da Associação Brasileira de Brinquedotecas e entidades assemelhadas que se ocupam com as questões relativas à infância. A Associação Brasileira de Brinquedotecas se propõe a colaborar na aplicação das proposições e medidas sugeridas, através da elaboração de conteúdo informativo adequado aos diferentes atores e níveis envolvidos nas mesmas, a ser divulgado por meio de manuais e vídeos explicativos, ou por outros meios a se definir. (PIRES,2014) 4.12 ABBri A ABBri (Associação Brasileira de Brinquedotecas) é uma entidade sem fins lucrativos– referência nacional em consultoria sobre organização de brinquedotecas e capacitação de brinquedistas – que desenvolve atividades de caráter sociocultural para defesa do Direito de Brincar de caráter cultural e educacional, qualificada como OSCIP (Organização de Sociedade Civil de Interesse Público). (ABBri,2017) Desde 1984, a ABBri trabalha em benefício da divulgação do brincar, na formação de brinquedistas e auxilia na montagem de brinquedotecas por todo país. A associação é referência nacional em consultoria sobre organização de brinquedotecas e capacitação de brinquedistas e segue os padrões internacionais da ITLA (International Toy Libraries Association), da qual é afiliada. Como se vê a construção de brinquedotecas em ambientes 32 hospitalares é de suma importância, pois a mesma transforma o aspecto triste da internação em momentos alegres, fazendo com que as crianças reajam ao tratamento. (ABBri,2017) 4.13 ORIGEM DAS BRINQUEDOTECAS NO BRASIL 1971 – Criação da APAE de São Paulo com o setor de recursos pedagógicos; 1974 – Congresso internacional de pediatria, na cidade de São Paulo, destacou a importância do brinquedo; 1979 – Elaboração do livro Material Pedagógico manual a qual apresentava brinquedos como instrumento enriquecedor do processo de aprendizagem; 1981 – Criação da primeira brinquedoteca em São Paulo, com características relacionadas às necessidades especificas das crianças; 1982 – Criação da primeira brinquedoteca no Nordeste em Natal; 1985– Inauguração da brinquedoteca da faculdade de educação da universidade de São Paulo; 1998 – Inauguração da brinquedoteca terapêutica Senninha em parceria com o Instituto Ayrton Senna, em São Paulo. (JUCÁ E RIBEIRO,2017) 5 CONSIDERAÇÕES Como o espaço hospitalar possui normas especificas, a criança e sua família precisam se adaptar a estas condições, como menu distinto, ausência de privacidade com a divisão do mesmo ambiente com pessoas diferentes, roupas anormais, entre outros. Além disso, a criança ainda tem que se conter a exames, às vezes agressivos, e a tratamento muitas vezes, dolorosos, com injeções, tratamento endovenoso, entre outros. A Brinquedoteca Hospitalar tem como educar, prevenir e promover a saúde da criança, pois os conceitos atribuídos as instituições que promovem esse instrumento, tem desenvolvimento da criança. uma porcentagem alta de recuperação e 33 As leis que regem essa ferramenta “o brincar”, tem como intuito dar melhores condições de tratamento, lazer e habituar essa criança há um ambiente mais confortável e confiante. A atividade de brincar pode ocasionar um efeito terapêutico auxiliando na superação de dificuldades e conflitos emocionais, intelectuais e sociais da criança, atribuindo assim as atividades lúdicas. 6 REFERÊNCIA PIRES, J.S MONOGRAFICAS BRASIL ESCOLA - A BRINQUEDOTECA HOSPITALAR E SUA CONTRIBUIÇÃO ÀS CRIANÇAS HOSPITALIZADAS: UM ESTUDO NA PEDIATRIA DISPONIVEL:https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/brinquedote ca-hospitalar-contribuicao-criancas-hospitalizadas.htm ACESSO: 11/09/2018 as 17:24 JUCÁ, A.C.V e RIBEIRO, M.S.S PSICOLOGADO - A CONTRIBUIÇÃO DA BRINQUEDOTECA HOSPITALAR NA RECUPERAÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA HOSPITALIZADA 34 DISPONIVEL:https://psicologado.com.br/atuacao/psicologiahospitalar/acontribuicao-da-brinquedoteca-hospitalar-na-recuperacao-da-saude-dacriancahospitalizada ACESSO: 12/09/2018 as 9:44 ABBri - POR DENTRO DA LEI DISPONÍVEL:http://www.brinquedoteca.org.br/por-dentro-da-lei/ ACESSO: 12/09/2018 as 22:50