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auto da compadecida

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Auto da Compadecida.
CHICÓ: – Mas padre, não vejo nada de mal em se benzer o bicho.
JOÃO GRILO: – No dia em que chegou o motor novo do major Antônio Morais o senhor não
benzeu?
PADRE: – Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca
ouvi falar.
CHICÓ: – Eu acho cachorro uma coisa muito melhor do que motor.
PADRE: – É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o cachorro. Benzer motor é
fácil, todo mundo faz isso, mas benzer cachorro?
JOÃO GRILO: – É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é
benzer motor do major Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio Morais.
REPORT THIS AD
PADRE: – (mão em concha no ouvido) Como?
JOÃO GRILO: – Eu disse que uma coisa era o motor e outra o cachorro do major Antônio
Morais.
PADRE: – E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Morais?
JOÃO GRILO: – É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor se zangasse, mas o major é
rico e poderoso e eu trabalho na mina dele. Com medo de perder meu emprego, fui forçado a
obedecer, mas disse o Chicó: o padre vai se zangar.
PADRE: – (desfazendo-se em sorrisos) Zangar nada, João! Quem é um ministro de Deus para
ter direitos de se zangar? Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o
cachorro!
JOÃO GRILO: – (cortante) Quer dizer que benze, não é?
PADRE: – (a Chicó) Você o que é que acha?
CHICÓ: – Eu não acho nada de mais.
PADRE: – Nem eu. Não vejo mal nenhum em se abençoar as criaturas de Deus.
(in Suassuna, Ariano – TEATRO MODERNO – AUTO DA COMPADECIDA. 8 ed., Rio:
Agir-Instituto Nacional do Livro, 1971, pp. 32-34.)
A espontaneidade dos diálogos, a força poética de seu texto e a capacidade de exprimir o
espírito popular de nossa gente fazem com que o escritor Ariano Suassuna (1927) seja
reconhecido como um dos principais autores brasileiros contemporâneos. Diz o crítico Sábato
Magaldi que a religiosidade de Ariano “pode espantar aos cultores de um catolicismo
acomodatício, mas responde às exigências daqueles que se conduzem por uma fé verdadeira”.
1. (UNESP) Com base nesta observação, responda:
REPORT THIS AD
a) por que, segundo aquele padre, é fácil benzer um motor?
b) em que sentido o fragmento apresentado encerra uma crítica ácida ao modo como o padre
comanda a sua paróquia?
RESPOSTA:
a) Porque, segundo o padre, todo mundo faz isso (e o motor é do major)
b) Os assuntos eclesiásticos ficam subordinados ao poder político e social do major.
2. (UFOP) PALHAÇO “Ao escrever esta peça, onde combate o mundanismo, praga de sua
igreja, o autor quis ser representado por um palhaço, para indicar que sabe, mais do que
ninguém, que sua alma é um velho catre, cheio de insensatez e de solércia. Ele não tinha o
direito de tocar nesse tema, mas ousou fazê-lo, baseado no espírito popular de sua gente, porque
acredita que esse povo sofre, é um povo salvo e tem direito a certas intimidades.” (SUASSUNA,
Ariano. Auto da Compadecida. 19ªed. Rio de Janeiro: Agir, 1983. p.23-24).
A partir da leitura do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, justifique essa fala da
personagem Palhaço, enfatizando o vínculo entre sofrimento e salvação. Não se esqueça de
mencionar pelo menos um exemplo extraído do texto para embasar seus argumentos
RESPOSTA: O sofrimento na Terra será recompensado pela felicidade no Céu. Povo que
sofre é povo salvo, conforme a crença popular.
3. (UEPB) O Auto, jogo linguístico de origem medieval, peça em que certas atitudes
consideradas “pecaminosas” eram “questionadas” através de uma carga de humor, foi
incorporado à produção literária brasileira (ou literatura feita no Brasil, como bem fez o padre
José de Anchieta com a sua escrita evangelizadora e moralística), de forma que, mesmo distante
no tempo e no espaço, este tipo de texto alcança um vasto público, como é o caso de O auto da
Compadecida, de Ariano Suassuna. Considerando os fragmentos abaixo, marque a alternativa
correta:
REPORT THIS AD
[…] PADRE
É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o cachorro. Benzer motor á fácil, todo mundo
faz isso, mas benzer cachorro?
JOÃO GRILO
É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é benzer o motor do
major Antônio de Morais e outra é benzer o cachorro do major Antônio de Morais.
[…]
BISPO
Então houve isso? Um cachorro enterrado em latim?
JOÃO GRILO
E então? É proibido?
BISPO
Se é proibido? Deve ser, porque é engraçado demais para não ser. É proibido! É mais do que
proibido! Código Canônico, Artigo 1627, parágrafo único, letra k. Padre, o senhor vai ser
suspenso
[…]
JOÃO GRILO
É mesmo, é uma vergonha. Um cachorro safado daquele se atreve a deixar três contos para o
sacristão, quatro para o padre e seis para o bispo, é demais.
[…]
REPORT THIS AD
BISPO É por isso que eu vivo dizendo que os animais também são criaturas de Deus. Que
animal interessante! Que sentimento nobre
a)O Auto da Compadecida mantém relação direta com os autos medievais a partir somente do
tipo formal de texto – auto – porque o conteúdo a ser desenvolvido neste tipo de literatura varia
no tempo e no espaço de forma que um escritor contemporâneo não poderia recuperar nem
atualizar esta forma textual.
b) “Os vícios dos homens e da sociedade” são apenas uma forma bem humorada de perceber
o mundo, de entreter a razão, de valer o texto por si mesmo, independente de alusão ou
denúncia a que faça referência porque o riso, e somente o riso, é o que está em primeiro plano
neste tipo de texto.
c) O Auto da Compadecida não faz nenhuma alusão ao teatro de Gil Vicente porque dista
deste no tempo e no espaço, logo os “vícios dos homens e da sociedade” não poderiam ser os
mesmos. O texto de Ariano Suassuna é apenas uma paródia dos autos medievais.
d) O Auto da Compadecida não tem caráter moralístico porque a literatura de ficção nunca se
propôs a discutir aspectos relacionados a contextos socioculturais, uma vez que se volta para o
plano estético, desconsiderando qualquer alusão a práticas culturais, a papéis sociais e outros.
e) “Os vícios dos homens e da sociedade estão em todas as peças de Gil Vicente,
representados por frades libertinos, magistrados corruptos, mulheres adúlteras […]
tipos que proliferam quando as sociedades esquecem os valores éticos e morais” (João
Domingues Maia), característica observada na peça de Ariano Suassuna O Auto da
Compadecida.
4. (UFRS) Assinale a alternativa INCORRETA sobre o “Auto da Compadecida”, de Ariano
Suassuna.
a) João Grilo é a personagem principal que, por ser mais instruída e por não acreditar
em religião, sobressai entre as demais.
REPORT THIS AD
b) A obra baseia-se em romances e histórias populares do Nordeste, dando expressão tanto à
tradição cristã quanto às crenças mais ingênuas do povo.
c) Após a morte das personagens, a figura de Nossa Senhora intervém junto ao seu Filho e
pede compaixão pelos pecados cometidos.
d) É um texto teatral de 1955, cuja temática central é a religiosidade brasileira, que serve de
inspiração a uma história plena de peripécias.
e) Além da Compadecida e de outras entidades sobrenaturais, o texto põe em cena
personagens da terra, como o padre, o bispo e Chicó.
5. (UFES) Cada opção abaixo traz um trecho do texto “Auto da Compadecida”, de Ariano
Suassuna, seguido de um comentário. Assinale a opção em que o comentário esteja em
DESACORDO com o trecho.
a) A COMPADECIDA – “É verdade que eles praticaram atos vergonhosos, mas é preciso
levar em conta a pobre e triste condição do homem. A carne implica todas essas coisas turvas
e mesquinhas.” o personagem demonstra a dimensão da complacência que tem para com os
homens.
b) CHICÓ – “Não sei, só sei que foi assim.”: fala recorrente do personagem que conta com
frequência histórias inverossímeis.
c) JOÃO GRILO – “Porque… não é lhe faltando com o respeito não, mas eu pensava
que o senhor era muito menos queimado.”: João Grilo, esperto, busca desestabilizar os
argumentos do Encourado, por meio de chistes e piadas.
d) MANUEL – “Eu, Jesus, nasci branco e quis nascer judeu, como podia ter nascido preto.
Para mim, tanto faz um branco como um preto. Você pensa que eu sou americano para ter
preconceito de raça?”, o personagem revela-se bastante crítico quanto à questão étnica.
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e) PALHAÇO, entrando – “Peço desculpas ao distinto público que teve de assistir a essa
pequena carnificina, mas ela era necessária ao desenrolar da história. Agora a cena vai mudar
um pouco. João, levante-se e ajude a mudar o cenário. Chicó! Chame os outros.”: o Palhaço
intervém na trama, podendo dirigir-se tanto à plateia quanto aos personagens.
6. (UFRN) No “Auto da Compadecida” (1956), de Ariano Suassuna, a personagem Chicó
reproduz sentenças baseadas na sabedoria popular, como se pode verificar nos exemplos
seguintes:
Não sei, só sei que foi assim.
[…] na hora do aperto, dá-se um jeito a tudo.
SUASSUNA, A. “Auto da compadecida”. 34 ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 2001.
Tais sentenças indicam que a personagem
a) apresenta comportamento calculista ao fingir que aceita as leis da religião católica.
b) demonstra seu caráter ingênuo ao resolver situações complicadas de um modo
absolutamente inacreditável.
c) apresenta comportamento resignado ao aceitar as dificuldades próprias de uma sociedade
desigual.
d) demonstra seu caráter astucioso ao resolver situações complicadas de um modo que
chega a parecer inverossímil.
7. (UFRN) Mesmo sob perspectivas diversas, muitas produções literárias brasileiras dialogam
com a tradição que particulariza os valores de culturas originadas fora dos grandes centros
urbanos. Encontram-se registros dessa tradição nas seguintes obras:
a) “Várias Histórias” (Machado de Assis), “Auto da Compadecida” (Ariano Suassuna) e
“Iracema” (José de Alencar).
REPORT THIS AD
b) “Auto da Compadecida” (Ariano Suassuna), “Morte e Vida Severina” (João Cabral
de Melo Neto) e “Lendas Brasileiras” (Câmara Cascudo).
c) “Morte e Vida Severina” (João Cabral de Melo Neto), “Iracema” (José de Alencar) e
“Memórias de um Sargento de Milícias” (Manuel Antônio de Almeida).
d) “Memórias de um Sargento de Milícias” (Manuel Antônio de Almeida), “Lendas
Brasileiras” (Câmara Cascudo) e “Várias Histórias” (Machado de Assis).
8.(UFRS) Assinale a alternativa INCORRETA sobre o “Auto da Compadecida”, de Ariano
Suassuna.
a) João Grilo é a personagem principal que, por ser mais instruída e por não acreditar
em religião, sobressai entre as demais.
b) A obra baseia-se em romances e histórias populares do Nordeste, dando expressão tanto à
tradição cristã quanto às crenças mais ingênuas do povo.
c) Após a morte das personagens, a figura de Nossa Senhora intervém junto ao seu Filho e
pede compaixão pelos pecados cometidos.
d) É um texto teatral de 1955, cuja temática central é a religiosidade brasileira, que serve de
inspiração a uma história plena de peripécias.
e) Além da Compadecida e de outras entidades sobrenaturais, o texto põe em cena
personagens da terra, como o padre, o bispo e Chicó.
9. (UFRS) Assinale a afirmação correta em relação a personagens de “O Auto da
Compadecida”, de Ariano Suassuna.
a) João Grilo envolve-se na malandragem por solidariedade ao amigo.
b) O padre João é o elo entre os seres terrestres e a Virgem.
c) A mulher do padeiro encarna o adultério.
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d) O Filho de Deus é representado pela personagem Encourado, um Cristo negro.
e) Severino Aracaju personifica a passividade e a bondade do sertanejo.
10.(UEPG) Em relação à problemática e à estrutura da peça “O Auto da Compadecida”,
assinale o que for correto.
(01) A preocupação maior do autor reside em distanciar-se da estrutura de um auto de
moralidade, ao estilo quinhentista português (modelo Gil Vicente).
(02) Os componentes estruturais do texto revelam personagens que simbolizam pecados
(maiores ou menores), que recebem o direito ao julgamento, que gozam do livre-arbítrio e que
são ou não condenados.
(04) A peça se embasa em determinadas tradições localistas e regionalistas do folclore.
(08) A realidade nordestina está presente, através de seus instrumentos culturais mais
significativos, as crenças e a literatura de cordel.
(16) A intenção clara e expressa do texto dramatúrgico em questão é de natureza moral,
desvinculada de credo religioso.
RESPOSTA:2 + 4 + 8 = 14
11.(UPE) A respeito da estrutura e do estilo da obra Auto da Compadecida, de Ariano
Suassuna, analise cada uma das afirmações abaixo.
I
II
0 0
Ariano Suassuna escreveu essa comédia, dentre outras fontes, a partir do romance
popular anônimo, escrito no Nordeste, sob o título: “História do Cavalo que defecava dinheiro”.
1 1
A personagem Palhaço não participa propriamente do enredo: sua função na peça
seria equivalente, numa comparação, à do narrador no romance.
REPORT THIS AD
2 2
O forte teor psicológico da personagem João Grilo não nos permite classificá-la como
um simples tipo humano. Por isso, a peça de Suassuna se insere no filão das obras psicológicas.
3 3
O que diferencia o texto de Ariano Suassuna da estrutura do romance popular é o fato
de tratar-se, no caso do Auto da Compadecida, de uma peça, caracterizada pela apresentação
direta das personagens, que realizam, elas mesmas, a ação.
4 4
Com o Auto da Compadecida, Ariano Suassuna faz uma crítica ao catolicismo,
usando, para isso, a figura do Bispo, do Frade, do Padre João e da própria Compadecida.
Resposta
23. I: 0., 1., 3., 4. / II: 2.
Leia o texto abaixo e responda às questões 12 a 14:
João Grilo: Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que ela
vem, querem ver? (Recitando.)
Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando
quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler.
Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.
Encourado: Vá vendo a falta de respeito, viu?
João Grilo: Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de Canário Pardo que minha mãe
cantava para eu dormir. Isso tem nada de falta de respeito!
Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.
Valha-me. Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré.
Cena igual à da aparição de Nosso Senhor, e Nossa Senhora, A compadecida, entra.
REPORT THIS AD
Encourado, com raiva surda: Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete!
João Grilo: Falta de respeito foi isso agora, viu? A senhora se zangou com o verso que eu
recitei?
A Compadecida: Não, João, porque eu iria me zangar? Aquele é o versinho que Canário Pardo
escreveu para mim e que eu agradeço. Não deixa de ser uma oração, uma invocação. Tem umas
graças, mas isso até a torna alegre e foi coisa de que eu sempre gostei. Quem gosta de tristeza
é o diabo.
João Grilo: É porque esse camarada aí, tudo o que se diz ele enrasca a gente, dizendo que é
falta de respeito.
A Compadecida: É máscara dele, João. Como todo fariseu, o diabo é muito apegado às formas
exteriores. É um fariseu consumado.
Encourado: Protesto.
Manuel: Eu já sei que você protesta, mas não tenho o que fazer, meu velho. Discordar de
minha mãe é que eu não vou.
(…)
(Fonte: Auto da Compadecida. 15 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979.)
12. (UEL) A obra O Auto da Compadecida foi escrita para o teatro:
a) Por João Cabral de Melo Neto e aborda temas recorrentes do Nordeste brasileiro.
b) E seu autor, Ariano Suassuna, aborda o tema da seca que sempre marcou o Nordeste.
c) Pelos autores do Movimento Armorial, abordando temas religiosos e costumes populares.
REPORT THIS AD
d) Por Ariano Suassuna, tendo como base romances e histórias populares do Nordeste
brasileiro.
e) Por João Cabral de Melo Neto e aborda temas religiosos divulgados pela literatura de
cordel.
13. Ao humanizar personagens como Manuel e a Compadecida, o autor pretende:
a) Denunciar o lado negativo do clero, na religião católica.
b) Exaltar o sentimento da justiça divina ao contemplar os simples de coração.
c) Mostrar um sentimento religioso simples e humanizado, mais próximo do povo.
d) Retratar o sentimento religioso do povo nordestino, numa visão iconoclasta.
e) Fazer caricatura com as figuras de Cristo e de Nossa Senhora.
14. Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre a obra, as personagens João Grilo e
Chicó identificam-se com:
a) Os bobos da corte da Idade Média.
b) Os palhaços dos circos populares.
c) As figuras de arlequim e pierrô da tradição romântica universal.
d) Tipos humanos autenticamente brasileiros.
e) Figuras lendárias da literatura popular nordestina, semelhantes a Lampião e Padre Cícero.
15.(CEDERJ)“A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto
médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto… Nunca vi um gênio
com gosto médio. (Ariano Suassuna)
REPORT THIS AD
Considerado um dos maiores dramaturgos do Brasil, Ariano Suassuna tem seu nome
identificado por sua obra mais conhecida, O Auto da Compadecida, de 1955, e reputada, já
em 1962, como um dos textos mais representativos da história do teatro brasileiro. Sobre o
papel desse autor e de sua obra, assinale a alternativa correta.
a) A atualização do teatro nacional reuniu valores europeus, num movimento conhecido como
“Os discípulos da Compadecida”.
b) A obra de Ariano Suassuna se confunde com a modernização do teatro brasileiro,
incorpora e dá especial destaque à chamada cultura popular nordestina.
c) Ariano Suassuna tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras, mas jamais
conseguiu projeção nacional, a despeito da divulgação de suas obras.
d) O Auto da Compadecida é, em síntese, uma exaltação dos poderosos e uma crítica aos
pobres, identificados como ignorantes e preguiçosos.
16. (UFOP) A respeito do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, é incorreto dizer que:
a) incorporando romances e histórias populares do Nordeste brasileiro, é um texto cuja
vinculação com os mistérios e moralidades medievais é bastante nítida.
b) tem fortes particularidades de um metateatro, principalmente na construção da personagem
Palhaço.
c) apresenta uma longa rubrica inicial, com precisas indicações para o diretor, para o
cenógrafo e para o sonoplasta.
d) desprezando a cultura religiosa das personagens que habitam seu cenário, tem um
desfecho inverossímil e incompatível com o contexto que representa.
e) é um texto estruturado com excepcional dinamismo, dado que os diálogos são curtos e as
ações muito rápidas.
REPORT THIS AD
17.Sobre a obra o Auto da Compadecida, é correto afirmar:
I. O texto propõe-se como um auto. Dentro da tradição da cultura de língua portuguesa, o auto
é uma modalidade do teatro medieval cujo assunto é basicamente religioso. Assim o entendeu
Paula Vicente, filha de Gil Vicente, quando publicou os textos de seu pai, no século XVI,
ordenando-os principalmente em termos de autos e farsas.
II. O texto propõe-se como resultado de uma pesquisa sobre a tradição oral dos romanceiros e
narrativas nordestinas, fixados ou não em termos de literatura de cordel. Propõe, portanto, um
enfoque regionalista ou, pelo menos, organiza um acervo regional com vistas a uma
comunicação estética mais trabalhada.
III. A primeira intenção do texto está em moldá-lo dentro de um enquadramento do teatro
medieval português ou, mais precisamente, dentro das perspectivas do teatro de Gil de Vicente,
que realizou o ideal do teatro medieval um século mais tarde, isso no século XVI, portanto, em
pleno Quinhentismo (estilo de época).
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) Todas estão corretas.
18. (UFOP) Sobre a construção das personagens do Auto da Compadecida, de Ariano
Suassuna, é incorreto afirmar que:
(A) João Grilo, como protagonista, é um herói no sentido mais clássico do termo, uma vez
que combina peculiaridades do herói trágico (a grandeza, p. ex.) e do herói épico (a
coragem, p. ex.).
(B) o Diabo é uma alegoria que detém uma grande funcionalidade, contrastando vivamente com
Manuel e com a Compadecida.
REPORT THIS AD
(C) o Padeiro e sua mulher demonstram claramente que o sistema moral da sociedade está
totalmente comprometido com o sistema econômico.
(D) a Compadecida, justificando a metonímia com a qual é designada, apresenta-se como a
maior e a melhor advogada de João Grilo.
(E) o Padre e o Bispo são verdadeiras caricaturas dos maus sacerdotes, o que justifica os traços
fortes com que são compostos.
Texto para as questões 19 e 20
JOÃO GRILO: Como vai a senhora? Já está mais consolada?
MULHER: Como, se além de perder meu cachorro, ainda tive de gastar treze contos para ele
se enterrar?
JOÃO GRILO: Está aí, o dinheiro?
MULHER: Está. Entregue ao padre e ao sacristão.
JOÃO GRILO: Um momento. O que é que tem escrito aqui?
MULHER: Sacristão.
JOÃO GRILO: E aqui?
MULHER: Padre.
JOÃO GRILO: Pois por favor, escreva aqui “bispo e padre”.
MULHER: Bispo e padre? Por quê?
JOÃO GRILO: Porque houve aqui um pequeno arranjo e o bispo também teve que entrar no
testamento.
REPORT THIS AD
MULHER: Que complicação! E se ao menos eu lucrasse alguma coisa… Mas perdi foi meu
cachorro.
JOÃO GRILO: Quem não tem cão caça com gato.
MULHER: Hem?
JOÃO GRILO: Quem não tem cão caça com gato e eu arranjei um gato que é uma beleza para
a senhora.
MULHER: Um gato?
JOÃO GRILO: Um gato.
MULHER: E é bonito?
JOÃO GRILO: Uma beleza.
MULHER: Ai, João, traga para eu ver! Chega a me dar uma agonia. Traga, João, já estou
gostando do bichinho. Gente, não, é povo que não tolero, mas bicho dá gosto.
JOÃO GRILO: Pois então vou buscá-lo.
MULHER: Espere. Sabe do que mais, João? Não vá buscar o gato que isso só me traz
aborrecimento e despesa. Não viu o que aconteceu com o cachorro? Terminei tendo que fazer
o testamento.
JOÃO GRILO: Ah, mas aquilo é porque foi o cachorro. Com meu gato é diferente…
MULHER: Diferente por quê?
JOÃO GRILO: Porque, em vez de dar despesa, esse gato dá lucro.
MULHER: Fora vaca, cavalo e criação, bicho que dá lucro não existe.
REPORT THIS AD
JOÃO GRILO: Não existe, sei não… Eu fico meio encabulado de dizer!
MULHER: Que é isso, João, você está em casa! Diga!
JOÃO GRILO: É que o gato que eu lhe trouxe, descome dinheiro.
MULHER: Descome dinheiro?
JOÃO GRILO: Descome, sim.
MULHER: Essa eu só acredito vendo.
JOÃO GRILO: Pois vai ver. Chicó!
MULHER: Ah, e é história de Chicó? Logo vi.
JOÃO GRILO: Nada de história de Chicó, mas foi ele quem guardou o bicho. Chicó!
CHICÓ, entrando com o gato. Tome seu gato. Eu não tenho nada com isso. João dá-lhe uma
cotovelada e apresenta o gato à mulher.
JOÃO GRILO: Está aí o gato.
MULHER: E daí?
JOÃO GRILO: É só tirar o dinheiro.
MULHER: Pois tire.
JOÃO GRILO virando o gato para Chicó, com o rabo levantado. Tire aí, Chicó.
CHICÓ: Eu não, tire você.
JOÃO GRILO: Deixe de luxo, Chicó, em ciência tudo é natural.
REPORT THIS AD
CHICÓ: Pois se é natural, tire.
JOÃO GRILO: Então tiro. (Passa a mão no traseiro do gato e tira uma prata de cinco tostões.)
Está aí, cinco tostões que o gato lhe dá de presente.
MULHER: Muito obrigada, mas se você não se zanga quero ver de novo.
JOÃO GRILO: De novo?
MULHER: Vi você passar a mão e sair com o dinheiro mas agora quero ver é o parto.
JOÃO GRILO: O parto?
MULHER: Sim, quero ver o dinheiro sair do gato.
JOÃO GRILO: Pois então veja
MULHER, depois da nova retirada.
Nossa Senhora, é mesmo. João, me arranje esse gato pelo amor de Deus.
JOÃO GRILO: Arranjar é fácil, agora, pelo amor de Deus é que não pode ser, porque sai muito
barato. Amor de Deus é coisa que eu tenho, dê ou não lhe dê o gato.
MULHER: Quer dizer que não tem jeito de eu arranjar esse gato?
JOÃO GRILO: De modo nenhum, há um jeito e é até fácil.
MULHER: Pois diga qual é, João.
JOÃO GRILO: Deixe eu entrar no testamento do cachorro.
MULHER: Pois você entra. Por quanto vende o gato?
JOÃO GRILO: Um conto, está bom?
REPORT THIS AD
MULHER: Esta não, está caro.
JOÃO GRILO: Mas por um gato que descome dinheiro!
MULHER: Já fiz a conta, vou levar dois mil dias só para tirar o preço.
JOÃO GRILO: Mas ele descome mais de uma vez por dia, a senhora não viu?
MULHER: Mas ele pode morrer. Só dou quinhentos e se você não aceitar será demitido da
padaria.
JOÃO GRILO: Está certo, fica pelos quinhentos.
MULHER: Tome lá. Passe o gato, Chicó. Meu Deus, que gatinho lindo! Agora a coisa é outra,
tenho um filho de novo e vou tirar o prejuízo.
Sai contentíssima.
CHICÓ: João, adeus. Eu vou-me embora.
JOÃO GRILO: Nada disso, tome lá a metade do dinheiro e deixe de ser mole.
CHICÓ: Homem, eu não tenho coragem de continuar sempre, é melhor fugir logo, enquanto
tudo está em paz.
JOÃO GRILO: Não adianta, Chicó, você já entrou na história e agora é tarde porque a mulher
descobre já.
Quantas pratas você conseguiu meter?
CHICÓ: Três!
JOÃO GRILO: Então o negócio estoura já. (Ariano Suassuna – Auto da Compadecida)
19. Coloque V para verdadeiro e F para falso nos parênteses abaixo:
REPORT THIS AD
( ) O livro Auto da Compadecida apresenta uma história muito engraçada que se passa no
nordeste brasileiro.
( ) O filme O auto da Compadecida apresenta cenas diferentes das que estão no livro “Auto da
Compadecida”.
( ) O autor Ariano Suassuna era formado em Engenharia civil.
( ) No livro, a história é apresentada por um palhaço.
( ) No julgamento final, João Grilo é o único que não vai para o inferno. Todos os outros
personagens são levados pelo diabo.
VVFVF
20.Releia o trecho abaixo e assinale a única alternativa CORRETA:
JOÃO GRILO: Então tiro. (Passa a mão no traseiro do gato e tira uma prata de cinco tostões.)
Está aí, cinco tostões que o gato lhe dá de presente.
a) O trecho destacado indica voz do narrador do texto.
b) O sinal de travessão foi usado para indicar um comentário feito por Chicó.
c) O texto destacado expressa o quanto João Grilo gostava do gato.
d) O trecho destacado indica a voz de Ariano Suassuna.
e) O texto entre parênteses indica um esclarecimento para o leitor, feito por João Grilo.
21. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Chicó – 3 Por que essa raiva dela? João Grilo –
Ó homem sem vergonha! Você inda pergunta? 5 Está esquecido de que ela o deixou? Está
esquecido da exploração que eles fazem conosco naquela padaria do inferno? Pensam que são
o cão só porque enriqueceram, mas 4 um dia hão de pagar. E a raiva que eu tenho é 3 porque
quando estava doente, me acabando em cima de uma cama, via passar o prato de comida 6 que
ela mandava para o cachorro. Até carne passada na manteiga tinha. Para mim nada, João Grilo
6 que se danasse. Um dia eu me vingo. Chicó – João, 1 deixe de ser vingativo que 2 você se
desgraça. Qualquer dia você inda se mete numa embrulhada séria. Ariano Suassuna, Auto da
Compadecida 3. (Mackenzie) Considere as seguintes afirmações.
REPORT THIS AD
I. O texto de Ariano Suassuna recupera aspectos da tradição dramática medieval, afastandose, portanto, da estética clássica de origem greco-romana.
II. palavra Auto, no título do texto, por si só sugere que se trata de peça teatral de tradição
popular, aspecto confirmado pela caracterização das personagens.
III. O teor crítico da fala da personagem, entre outros aspectos, remete ao teatro humanista de
Gil Vicente, autor de vários autos, como, por exemplo, o Auto da barca do inferno.
Assinale:
a) se todas estiverem corretas.
b) se apenas I e II estiverem corretas.
c) se apenas II estiver correta.
d) se apenas II e III estiverem corretas.
e) se todas estiverem incorretas.
22. (UFPB) Sobre a obra Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, identifique a(s)
proposição(ões) verdadeira(s):
01. O autor, embora faça críticas à Igreja Católica, apresenta alguns valores cristãos como a
misericórdia, o perdão e a salvação.
02. A peça é dividida em três atos, marcados pela mudança total de cenário e de personagens.
04. Os personagens divinos Manoel (Jesus) e a Compadecida (Nossa Senhora) expressam, em
suas falas, sentimentos do ser humano: alegria, medo, dúvida.
08. Todos os representantes da Igreja Católica (Padre, Sacristão, Bispo e Frade) são mortos
pelo cangaceiro Severino e condenados ao purgatório.
16.A Compadecida, no momento do julgamento, justifica os atos vergonhosos praticados
pelos personagens, em função da triste condição do homem, “feito de carne e de sangue”.
A soma dos valores atribuídos à(s) proposição(ões) verdadeira(s) é igual a: 21
23. (UEPG) Sobre o final das obras Auto da Compadecida e O mestre e o herói é correto
afirmar:
01) O palhaço, aquele que inicia a peça, é quem encerra o último ato, pedindo aplausos à plateia.
02) O pai do herói viaja ao encontro do filho e do antigo amigo, apresentando na ocasião sua
atual mulher.
04) Chicó promete dar todo o dinheiro que tem, se João Grilo não morresse, mas eles encontram
um jeito de quebrar a promessa.
08) O herói volta da viagem de autoconhecimento e amadurecimento que faz com o mestre e
ganha de seu novo amigo o canivete, objeto já confessado como peça de estimação.
SOMA: 01+08= 09
24.(UEPG) A classificação dos gêneros literários foi proposta, na antiguidade clássica, pelo
filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.). É correto afirmar que as obras O mestre e o herói,
Auto da Compadecida, Bagagem, Dom Casmurro e As meninas são classificadas como: 01) O
livro O mestre e o herói é classificado como pertencente ao gênero épico por ser um romance,
que, neste caso, apresenta 22 capítulos curtos e nomeados.
02) A obra Auto da Compadecida é classificada como pertencente ao gênero dramático por ser
um teatro e está composta em 3 atos.
04) O livro Bagagem é classificado como pertencente ao gênero lírico, e está dividido em 5
partes com um total de 113 poesias.
08) A obra Dom Casmurro é classificada como pertencente ao gênero épico por ser um
romance, que, neste caso, apresenta 148 capítulos nomeados e curtos. Mesma classificação cabe
ao romance As meninas que apresenta 12 capítulos longos e sem nomes.
SOMA: 01+02+04+08= 15
25. (UEPG) Assinale o que é correto afirmar sobre as obras As meninas, Auto da Compadecida,
Dom Casmurro e O mestre e o herói:
01)Em As meninas, irmã Bula é vista como suspeita de escrever cartas anônimas para Madre
Alix, fazendo denúncias acerca de eventos ocorridos no quarto de Lorena e com as suas amigas.
02) Em Auto da Compadecida, o frade não é assassinado e o motivo dado para isso é que
Severino diz não gostar de matar frade porque dá azar.
04) Em Dom Casmurro, Bento Santiago, abandona a vida de padre, após descobrir que Capitu,
seu amor desde a infância, casara-se com um de seus amigos de seminário, Escobar.
08) Em O mestre e o herói, o mestre é na verdade um empresário que abandonou o budismo
para viver, longe dos mosteiros, uma vida simples em sua fazenda, local reservado para fazer
um trabalho terapêutico com os que por ali passam ou são recomendados a conhecer.
SOMA: 01+02= 03
PALHAÇO: “Ao escrever esta peça, onde combate o mundanismo, praga de sua igreja, o autor
quis ser representado por um palhaço, para indicar que sabe, mais do que ninguém, que sua
alma é um velho catre, cheio de insensatez e de solércia. Ele não tinha o direito de tocar nesse
tema, mas ousou fazê-lo, baseado no espírito popular de sua gente, porque acredita que esse
povo sofre e tem direito a certas intimidades.”. Fonte: Auto da Compadecida. 15 ed. Rio de
Janeiro: Agir, 1979. 16.
26. Em o Auto da Compadecida, há a presença da personagem Palhaço, que, de certa forma,
narra a história que será dramatizada, indicando a ação das demais personagens, bem como o
cenário. Segundo Ariano Suassuna, ele quis ser representado na peça pelo palhaço. A partir
disso, e do fragmento apresentado acima, assinale a alternativa que contenha a justificativa mais
coerente acerca da presença desta personagem no interior da história.
a) Por se tratar de uma personagem cômica, que não é levada, em geral, a sério, o autor,
assim, ganharia mais possibilidades de falar de temas polêmicos.
b) Ao escolher a personagem Palhaço, Ariano Suassuna desejava dizer a todos o quanto ele é
engraçado.
c) O palhaço é símbolo da alegria, embora seja uma tragédia, o Auto da Compadecida faz
com que todos riam.
d) A personagem Palhaço foi escolhida para rememorar os grandes palhaços dos circos que
Ariano Suassuna frequentava quando criança.
e) Ariano Suassuna, ao escolher o palhaço como narrador de sua peça, traz um elemento da
cultura popular para evidenciar seu amor à cultura brasileira.
27. (UEPG) Sobre o enredo de Auto da Compadecida e de O mestre e o herói, é correto afirmar:
01) Ideias como um animal que defecava dinheiro e um julgamento celeste, cujo desfecho era
alterado pela intervenção da mãe de Jesus, chamada de Compadecida, foram aproveitadas de
folhetos de cordel e histórias populares e orais que Ariano Suassuna já conhecia. 02) Após uma
passeio e mergulho, cujo ar fora cortado propositalmente pelo mestre, ao girar o pino do
cilindro, o herói, antes assustado e emburrado, encontra-se na praia com a menina que escreve
“boba” na areia e a ele declara o que sente. 04) “João Grilo: […]… lembrem-se de dizer, em
vez ‘agora e na hora de nossa morte’, ‘agora na hora de nossa morte’, porque do jeito que nós
estamos, está tudo misturado. Todos: Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora
na hora de nossa morte. Amém.”. No trecho em questão, o personagem João Grilo sugere a
modificação na oração, pois todos com quem falava já estavam mortos. 08) Após, lavarem suas
roupas, o herói tem a oportunidade de descobrir qual o tesouro que o mestre guarda em sua
sacola, no entanto, para sua surpresa, só havia livros.
SOMA: 01+02+04+08= 15
28.(UFPE) Sobre o teatro brasileiro contemporâneo, examinemos três autores, em relação a
algumas de suas obras e características.
( ) João Cabral de Melo Neto tem como obra mais conhecida o auto de Natal, “Morte e Vida
Severina”, narrando a trajetória de um sertanejo que abandona o agreste, rumo ao litoral. Ele
encontra, nesta migração, somente morte.
( ) O auto de João Cabral, cujo título denuncia a influência do teatro medieval, foi levado à
cena com música de Chico Buarque. Está dividido em duas partes: a viagem para o litoral e a
chegada ao Recife, onde o protagonista, Severino, encontra o mestre carpina José.
( ) João Cabral também escreveu “Auto do Frade”, uma peça sobre frei Caneca, considerado
herói de revoluções libertárias.
( ) Ariano Suassuna foi buscar nas fontes populares o motivo de sua dramaturgia. A sua peça
mais famosa é também um auto, “Auto da Compadecida”, que tem a dimensão de uma farsa,
apresenta personagens burlescos e ambiente circense.
( ) Dias Gomes, autor de “O Pagador de Promessas”, “O Bem Amado” e “O Santo Inquérito”,
utiliza em suas obras um tom dramático e nacionalista; não concede espaço a tipos
caricaturais nem a temas de denúncia social.
RESPOSTA:V V V V F
29.Sobre o filme “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, Marque (V) para verdadeiro
e (F) para falso:
a – ( ) o filme aborda aspectos culturais e religiosos do nordeste Brasileiro
b – ( ) O enredo se desenvolve com ambientação no sertão nordestino:
c – ( ) O nome dos dois personagens principais é João Grilo e Chicó
d – ( ) Os personagens principais são muito pobres e sobrevivem de pequenos negócios e
saques enquanto vagam pelo sertão.
e – ( ) Em um desses golpes, eles se envolvem com Severino de Aracaju, um
temido cangaceiro, que os persegue pela região.
Agora marque a alternativa correta
a) V,V,F,F,V
b) F,F,V,F,F
c) V,V,V,V,V
d) F,F,F,F,V
e) F,F,F,F,F
30.As questões a seguir são referentes ao livro Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna:
Ariano Suassuna, autor de O auto da Compadecida, em diversas conferências que realizou,
falou acerca da existência de dois “Brasis”. Segundo ele, Machado de Assis dizia que no Brasil
existem dois países, o oficial e o real. Para Machado, “o país real é bom, revela os melhores
instintos. Mas o país oficial é caricato e burlesco”. Em outras palavras, o país oficial é o país
dos privilegiados, que têm acesso à cultura e ao dinheiro, já o país real é daqueles que mais
sofrem e trabalham. A partir da definição de Brasil oficial e Brasil real, de Ariano Suassuna,
assinale a alternativa que contenha, respectivamente, a personagem que no Auto da
Compadecida é representante do primeiro Brasil e qual é representante do segundo:
a) Coronel Antônio de Moraes e o Bispo.
b) João Grilo e Chicó.
c) Coronel Antônio de Moraes e João Grilo.
d) Mulher do Padeiro e Encourado.
e) Severino e Palhaço.
31. É o fragmento do Auto da Compadecida que melhor descreve a personagem João Grilo:
a) “Enganava o marido com todo o mundo”.
b) “Ele está de um jeito que não respeita mais ninguém e com mania de benzer tudo”.
c) “Antes de morrer, olhava para a torre da igreja toda vez que o sino batia”.
d) “Negociou com o cargo, aprovando o enterro de um cachorro em latim, porque o dono lhe
deu seis contos”.
e) “Um canalhinha amarelo que mora aqui e trabalha na padaria”.
“BISPO. Quanto ao senhor, senhor João Grilo, vai ver agora o que é administrar. O senhor vai
se arrepender de suas brincadeiras, jogando a Igreja contra Antônio Morais.
JOÃO GRILO. É mesmo, é uma vergonha. Um cachorro. Quatro para o padre e seis para o
bispo, é demais.
BISPO, mão em concha no ouvido. Como?
JOÃO GRILO. Ah! E o senhor não sabe da história do testamento ainda não?
BISPO. Do testamento? Que testamento?
CHICÓ. O testamento do cachorro.
BISPO. Testamento do cachorro?
PADRE, animando-se. Sim. O cachorro tinha um testamento. Maluquice de sua dona. Deixou
três contos de réis para o sacristão, quatro para a paróquia e seis para a diocese.
BISPO. É por isso que eu vivo dizendo que os animais também são criaturas de Deus. Que
animal interessante! Que sentimento nobre!
PADRE, arriscando. Para atender à vontade da dona, deixei que o sacristão acompanhasse o
…“
32.O excerto acima pertence a O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Considere as
afirmações abaixo a respeito dessa obra:
I-Estão presentes nessa obra diversos artifícios propiciadores do riso. Entre esses avulta a
quebra de hierarquia social e religiosa; a subversão de valores e a presença do absurdo e do
ridículo. .
II – O Diabo, uma das personagens do texto, por nunca ter sido homem, entende bem o que é o
medo da fome, do sofrimento, da solidão e da morte.
III – Há dois julgamentos: o primeiro é feito pelo Encourado (Diabo) e o segundo, por Manuel
( Jesus Cristo).
IV-Um dos pontos importantes é o fato de, ao lado dos dois bons padres, ser colocado um mau,
e a peça inicia e termina com a fala da mesma personagem, ou seja, com a fala de A
Compadecida ( Nossa Senhora).
V- O Palhaço, encerrando a história da Compadecida, diz estas palavras: “E se não há quem
queira pagar, peço pelo menos uma recompensa que custa nada e é sempre eficiente: seu
aplauso.”
São verdadeiras:
a.( ) I, II e III
b.( ) I, III e IV
c) I, III e V
d.( ) III e IV.
e.( ) II, IV e V
33. A respeito d obra Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, são feitas três afirmativas:
I – Alaíde, Madame Clessi, Pedro e Lúcia são as principais personagens da obra em questão.
II -O autor utiliza, no texto, expressões por vezes rudes e outras pitorescas, caracterizando
urna linguagem de certa forma, grosseira, representativa das personagens e do ambiente
retratados.
III – Pode-se dizer que a obra apresenta um sentido moralizante expresso através de uma
visão cristã da vida, denotadora da simplicidade do espírito popular.
Está(ão) correta(s):
a) Apenas a I.
d) Apenas a I e a II.
c) Apenas a II e a III.
d) Todas as alternativas.
e) Apenas a I e a III.
João Grilo
Mas Chicó, e o rio São Francisco?
Chicó
Só podia estar seco nesse tempo, porque não me lembro quando passei… E nesse tempo todo
o cavalo ali comigo, sem reclamar nada!
[…]
Palhaço
[…] nas cenas seguintes, dois demônios vestidos de vaqueiro, pois isso decorre de uma crença
comum no sertão do Nordeste SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 3. ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2014, p. 23 e 117
34. (UFSC) Sobre o Nordeste brasileiro, é correto afirmar que:
01. no sertão, principal cenário da obra de Suassuna, o tipo climático predominante é o
tropical alternadamente seco e úmido.
02. considerando as informações contidas no texto acima, há trechos em que o rio São
Francisco é considerado intermitente.
04. no final de 2015, o rompimento de barragens contendo resíduos de mineração resultou na
contaminação do rio São Francisco em vários trechos, comprometendo inclusive a pesca
artesanal e o abastecimento de água potável.
08. a Caatinga, principal bioma do sertão nordestino, ainda carece de marcos regulatórios e de
ações e investimentos em sua conservação e uso sustentável.
16. afloramentos rochosos são uma característica comum das áreas mais altas da Caatinga;
esses afloramentos e os solos pouco profundos formam as condições ideais para as cactáceas.
32. as formações de planícies que dominam o sertão nordestino são compostas de argilito
metamorfoseado de rochas quartzíticas consolidadas na era Cenozoica.
SOM A: 02+ 08+16 = 26
35.(UFMA) Auto da Compadecida, de autoria de Ariano Suassuna, apresenta, em sua estrutura,
uma divisão da peça em dois cenários, haja vista o desenrolar da história. Pode-se afirmar que
essa forma de composição se deve à:
a) presença de romances e histórias populares do Nordeste, nas quais o autor se baseou para a
construção da peça.
b) intervenção do palhaço, que funciona como porta-voz dos personagens João Grilo e Chicó.
c) característica do teatro moderno, construído sob o alicerce da composição das cenas em
cenários diferentes.
d) intromissão do narrador que prepara o leitor para as cenas seguintes, sobretudo para o
julgamento final.
e) necessidade, inicialmente, de compor o perfil imoral dos personagens e, num segundo
momento, o seu julgamento perante o juízo final.
36.(UNEMAT) Sobre o Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, assinale o único elemento
que se encontra na famosa cena do julgamento.
1. Sentido moralizante, a partir da perspectiva cristã de cunho popular.
2. Densa discussão teológica.
3. Dessacralização de dogmas da religião católica.
4. Ausência do elemento caricatural nas ações das personagens.
5. Preconceito racial.
37.(UNEMAT) Sabato Magaldi (2004) afirma que Ariano Suassuna aproxima-se de uma visão
do mundo contemporâneo, que introduz o Auto da Compadecida como o texto mais popular
do Modernismo brasileiro.
Neste sentido, assinale a alternativa incorreta.
a) A matéria textual é o folclore.
b) A figura do malandro apresenta esperteza, certo amoralismo e desejo de vingança.
c) O primitivismo e a ingenuidade são deliberados, juntamente com um tom primário.
d) A função de João Grilo limita-se a intriga teatral, pois não domina o seu destino.
e) A história constrói-se com vários interlocutores.
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