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Síntese dos textos 06 e 07

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UNIVERSIADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DANÇA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS SÓCIO-CULTURAIS DO ESPORTE E LAZER
MESTRANDO: LEONARDO SILVA DE LIMA
SÍNTESE DO TEXTO
MONOPÓLIO ESTÉTICO E DIVERSIDADE CONFIGURACIONAL NO
FUTEBOL BRASILEIRO
Arlei Sander Damo
Damo inicia o texto com um trocadilho, costumamos dizer que o Brasil é o país do futebol,
contudo a proposta do autor é entender que futebol no Brasil não é o que presenciamos nas redes
de televisão. Este é apenas uma possibilidade: o futebol espetáculo. Assim, podemos perceber
que há objetivos diferentes do esporte e possibilidades de entendimentos diferentes deste. São
diferentes as configurações do futebol que é praticado nos estádios, na várzea, na rua e na escola.
Há regras diferentes, interesses distintos, espaços, tempo, materiais, participantes, eventos,
conquistas etc. Na essência, há uma disputa por uma superação tática para quem detém a bola,
elemento fundamental do futebol, de certa forma depreciado pelo autor, no momento que não há
citações desta. Ela é o elemento fundamental em qualquer configuração do futebol: seja uma bola
de couro sintético, com gomos aerodinâmicos, pesando menos de 300g, com costuras que
possibilitam gerar efeitos durante os chutes, seja de meia na bricolagem ou uma bola de papel,
tampinha de garrafa, balão, pedra etc.
Houve uma preocupação do autor em abordar a ocorrência destas configurações de
futebol e suas manifestações culturais no consumo e comportamento, explorando os espaços onde
isso ocorria. Nesse sentido, a teoria de Elias, utilizada por ele, possibilitou a discussão acerca do
conceito de interdependência, onde a sociedade forma-se nas interações em campos diversos e
não há interações sem indivíduos. Dessa forma, as configurações estabelecidas pelos indivíduos
vão além de espaços físicos e sim, delimitam-se por interesses e conexões sociais. Segundo o
texto (p.134).
“As peladas – mais adiante denominadas futebol de bricolagem – são
configurações, não apenas porque têm um dimensão empírica, mas
porque o peladeiro do Parque Ramiro Souto pode jogar nas peladas do
Parque Marinha do Brasil – ambos em Porto Alegre.”
De qualquer forma, o texto tem uma leitura fluída e uma contextualização fundamental
para o entendimento das configurações sociais, as quais na sociedade brasileira baseiam-se muitas
vezes pela prática de futebol. O texto está bem alicerçado com bases teóricas de Elias e utilizando
Magnani como sustentação teórico-metodológica no que diz respeito ao processo etnográfico. O
texto demonstra uma clareza conceitual e de objetiva, fazendo emanar outras questões para futuras
pesquisas. A crítica proposta no título do texto é apresentada na relação com os tipos de “futebóis”
divididos por Damo, fazendo, ao final, uma críticas as pesquisas desenvolvidas atualmente as
quais utilizam apenas do futebol espetáculo como forma de produzir conhecimento.
SÍNTESE DO TEXTO
MUHAMMAD ALI, UM OUTSIDER NA SOCIEDADE AMERICANA?
Flávio Mariante, Carlos Miranda, Mauro Myskiw, Marco Stigger
No presente artigo, fora realizado um estudo documental referente ao processo histórico
do boxeador Cassius Clay, compreendendo sua trajetória através das configurações as quais ele
participava. O caminho da pesquisa percorre três fatos sociais fundamentais para a história de
Cassius: a questão do preconceito racial na sociedade americana (e por consequência
transportamos para nossa realidade), a questão religiosa (fundamental para a construção da
imagem de Muhammad Ali, um agente que faz parte de outra configuração) e a questão da Guerra
do Vietnam (no momento em que Ali questiona as motivações para a guerra, mesmo sabendo que
não iria pegar em armas, é coerente com seus princípios, decidindo não ir para o Vietnam,
tornando-se um desertor).
O trabalho apresentou uma coerência lógica através de sua problemática envolvendo os
documentos (livros, artigos, matérias jornalísticas, documentários, filmes etc) analisados e a
discussão envolvendo o contexto da vida de Muhammad Ali. No que tange a questão
metodológica, muito alinhada com a teoria de Norbet Elias, o cuidado com a utilização dos termos
empregados pelo sociólogo chamou minha atenção. Os conceitos, quando empregados no texto,
trouxeram um suporte teórico fundamental, sustentando a discussão no campo filosófico. Não
houve um aprofundamento dos conceitos, explicando ou definindo-os, mas sim a utilização destes
como um suporte para as discussões envolvendo os fatos vivenciados pelo pugilista. Dessa forma,
pode-se compreender claramente que os objetivos permeavam as discussões acerca das
configurações existentes na sociedade americana e como Ali se posicionava diante delas, ora
como um estabelecido, ou seja, alguém que determina as regras de funcionamento daquela
configuração, ora como um outsider, ou seja, alguém que não está de acordo ou enquadrado
naquela configuração e mantêm-se em luta para contrapor a opressão e as imposições dos
estabelecidos.
Na configuração da religião muçulmana, onde converteu-se em 1964, Ali tornou-se um
estabelecido, um agente social dominante, alguém com reputação naquele contexto, opondo-se
ao papel de “bom negro” e contrariando as implicações católicas que conduziam a sociedade
norte-americana. Outra característica fundamental de Ali era a capacidade de autopromoção.
Especialista em frases de efeito, posicionava-se como um legítimo outsider desta configuração
social, questionando o papel do negro e da religião, citando constantemente Joe Louis para
reforçar sua posição contraria, visto que este era o legítimo “bom negro”.
A temática abordada mostrou-se relevante para a área de estudo, visto que levanta pontos
de discussão fundamentais às ciências sociais, apesar de não haver um aprofundamento destes.
Temas como a ascensão do negro no esporte e seu papel social, as limitações impostas pela
religiosidade, a questão dos conflitos bélicos entre nações, o posicionamento como um opositor
as condições vigentes etc, estão propostas no texto, abrindo espaço para novos estudos que
possibilitem um aprofundamento maior dessas questões. Sobretudo, concluo que o referido texto
analisado materializa as propostas de Elias e serve como base para novos estudos, visto que não
há um desfecho atual dessas configurações, transformações ou manutenções etc. E a pergunta
final, será que só Muhammad Ali foi um outsider? Será que depois dele não surgiram outros
esportistas outsiders dessas configurações? Ou só vieram “bons negros”, estabelecidos e
domesticados pela opressão social? Como o caso de Colin Kaepernick1 poderia relacionar-se com
o caso de Ali?
1
Fonte: https://esportes.estadao.com.br/noticias/geral,jogador-da-nfl-causa-polemica-ao-nao-cantarhino-americano-em-protesto,10000072378 . Acessado em 27/09/2019.
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