Água: o ouro do terceiro milênio Segundo alerta da ONU (Organização das Nações Unidas), dentro de 25 anos, aproximadamente, um terço da população mundial enfrentará graves desabastecimentos de água, aumentando o perigo de guerras pelos recursos hídricos. Ainda de acordo com o relatório da ONU, a escassez de água é agravada pela poluição, pelo uso ineficiente e pelo consumo insustentável dos lençóis subterrâneos através dos poços artesianos. As reservas hídricas também são prejudicadas por sua administração insuficiente e fragmentada, relutância em tratar a água como patrimônio econômico público e pela inadequada preocupação com a saúde e questões ambientais. E no Brasil... Atualmente muitos países já enfrentam problemas com a escassez de água. Mas o Brasil tem muita água, podem pensar alguns. É o Brasil realmente tem. A Amazônia, por exemplo, é portadora da maior bacia fluvial do mundo. Só que esses “muitos e maiores” são também aplicados às taxas de poluição e desperdício. Só para se ter uma idéia, apenas na região metropolitana de São Paulo, metade da disponibilidade de água está afetada pela existência de lixões sem qualquer tratamento sanitário*. A água contaminada é responsável pela transmissão várias doenças como desinteria e cólera, entre outras. Em outras regiões do Brasil a história não é muito diferente: metais tóxicos, como o mercúrio usado no garimpo, acumulam-se criminosamente em nossas águas. Para cada 450 gramas de ouro extraídos dos rios da Amazônia, o dobro de mercúrio é despejado na água resultando num cálculo assustador: cerca de 100 toneladas anuais desse metal envenenam a Bacia Amazônica. No setor rural, lamentavelmente, é onde ocorre a maior taxa de desperdício por conta de métodos de irrigação não racionalizados. A grande quantidade de água utilizada no setor agrícola pode ser sensivelmente reduzida com a implantação de processos de irrigação bem planejados. O setor também contribui para o aumento da poluição, despejando nas águas os restos de pesticidas agrícolas. E o que fazer? Temos de exigir que a administração do uso da água seja feita com responsabilidade. Além disso, cada um de nós, não importa nossa atividade profissional, somos seres humanos dependentes deste valioso recurso natural. Se em cada momento do nosso dia-a-dia, tivermos em mente que somos responsáveis pela nossa água do futuro, poderemos contribuir para garantir uma límpida e potável reserva. A Secretaria de Recursos Hídricos está montando o Projeto de Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos, tendo como alvo o setor rural. Ainda em fase experimental, o projeto prevê a expansão para uma visão de manejo integrado de solo e água. A intenção é desenvolver campanhas educativas e oferecer financiamento para atividades que recuperam e melhorem os mananciais, estimulando os produtores a, por exemplo, recuperar matas ciliares ou cuidar para que os dejetos de suas propriedades não contaminemos mananciais. No âmbito urbano, além das medidas concretas como verificação e eliminação de vazamentos e ligações clandestinas, alteração das normas de construção de prédios e residências, entre outras, existe também um grande desafio que é a mudança no comportamento da população que, atravessando gerações, vem enraizando cada vez mais a cultura do desperdício. * Segundo dados preliminares do estudo “Entre Serras e Águas” da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. A ÁGUA EM NÚMEROS Estoque total de água do planeta: 1,5 bilhão de Km3 Volume mundial disponível para consumo: 9 mil de Km3 Superfície da Terra coberta pela água: 372 milhões de Km3 População sem acesso à água potável: mais de 1,4 bilhão de pessoas