REDAÇÃO 2011 “Um país se faz com homens, livros e tablets” Prof. Dr. Vicente Jr. I – Gênero Tipologia Textual TIPOS - Designam uma seqüência definida pela natureza lingüística de sua composição. São observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas. (MARCUSCHI) Ex. Narração, Descrição, Dissertação, Argumentação etc. GÊNEROS - São os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. (MARCUSCHI ) Ex. Conto, Crônica, Verbete, Artigo etc. Obs. No ENEM o Tipo textual é o Dissertativo-argumentativo. O Gênero específico é o artigo de opinião. Dissertação Dissertar é discorrer, falar sobre, mostrar ou expor conhecimento. Por isso, quando um texto é dissertativo, tudo que ele faz é apresentar o conhecimento que o autor tem daquele tema, daquele assunto. Por exemplo, quando a banca pede ao candidato para dissertar sobre o tema “aborto” ou sobre “pena de morte”, não está necessariamente pedindo ao mesmo que escreva a sua opinião sobre aquele assunto, apenas que exponha conhecimento válido sobre o assunto. Resumindo, dissertar não é argumentar. Argumentação O texto argumentativo, por sua vez, apresenta um ponto de vista e, também, a exposição de conhecimento sobre determinado assunto. No entanto, são agregados ao tema uma série de argumentos que reforçam um ponto de vista. Por conseguinte, a redação do ENEM é um misto desses dois tipos textuais, por isso é um texto expositivo-argumentativo. Para tanto, é essencial que o candidato domine o modelo desse texto e entenda o esquema que permeia a construção desse tipo de texto. II – Esquemas da redação do ENEM. A________________________________________ _____________________.B_____________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ___________. B________________________________________ _____________________.B_____________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ___________. C________________________________________ _____________________.B_____________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ___________. D________________________________________ ____________________________________________ _________________.B_________________________ ____________________________________________ ___________. E____________________________________ _________________________.B_____________ ________________________________________ ________________________________________ ___________________________. . Ao contrário do que muita gente pensa, a redação do ENEM não deve ter necessariamente 20 linhas. Para ser corrigido, o texto precisa ter apenas 8 linhas. No entanto, como o candidato pode lançar uma tese sobre a problemática, discuti-la e, depois, ainda propor soluções em um espaço tão diminuto? Na verdade, nem mesmo em 15 linhas é possível fazer isso, pois se todo desenvolvimento é maior que a introdução e a conclusão, então, considerando que toda discussão tem, no mínimo, “prós” e “contras”, é correto que o desenvolvimento possua dois parágrafos de 5 linhas, em média, que, somados, aos de introdução e conclusão resultem em 4 parágrafos para apresentação e o desenvolvimento de uma tese. Por causa disso, convencionou-se que a redação possui, classicamente, 20 linhas. No entanto, muitos candidatos têm deixado de estabelecer o que é pedido na competência II, uma relação entre o tema e outras áreas do conhecimento humano. Por causa disso, desse esquecimento, aconselhamos que se escreva mais um parágrafo sobre a relação do tema com outras áreas afins. Isso faz com que entendamos que a boa redação do ENEM não tenha 8, nem 15, nem 20, mas 25 linhas, nas quais se observam a apresentação do problema ou tese, a discussão ou desenvolvimento ( dentro da qual surgem os argumentos), a relação do tema com outras áreas e, por fim, uma intervenção na realidade ou solução, como pede o exame. Modelo 1 (Tese, argumentação e solução ao final) Parágrafo 1 – Lançamento da tese (Responde por que aquele problema chegou a tal ponto, ou seja, tenta-se dizer o que causou a problemática). Na tese é comum atribuir a problemática a dois ou três elementos causadores. Parágrafo 2 – Argumento 1 – Histórico (Fatos que colaboram com o ponto de vista sobre o problema) Parágrafo 3- Argumento 2 – Estatístico (Dados que confirmam a problemática) Parágrafo 4 – Argumento 3 – Relação com outra área do Conhecimento Humano. (Encontrar os temas que se relacionam com a problemática). Ex. Uma boa redação sobre “Bullying” exige relações com Psicologia, Pedagogia e Direito. Parágrafo 5 – Intervenção (soluções). Desde o momento em que afirmamos na tese que três fatores motivaram a problemática, já encontramos a argumentação, só precisamos reforçá-la com fatos ou dados que o comprovem. Dessa forma, depois de assinalarmos os argumentos, que ilustram o problema, cada argumento constitui, na verdade,a ponta de uma solução. O ENEM chama isso de solução articulada com a tese e com a argumentação. Assim, cada fator apresentado como argumento, inicialmente, transforma-se, ao final, no início da solução, da intervenção naquela realidade. Modelo 2 (Abordagem da problemática, argumentação e soluções ao longo do texto com reafirmação do ponto de vista ao final). Parágrafo 1 – Constatação ou definição da problemática com tese indireta sobre o problema. Ex. O aborto, seja ele espontâneo ou induzido, é a interrupção da gravidez; é a remoção ou expulsão prematura de um embrião ou feto do útero, resultando na sua morte ou sendo por esta causada. Não se pode permitir, então, a autorização dessa prática tão nefasta. Parágrafo 2 – Histórico + solução (Fatos que colaboram com o ponto de vista sobre o problema apresentando, nesse mesmo parágrafo, um tipo de solução.) Parágrafo 3 – Argumento – Estatístico + solução (Dados que colaboram com o ponto de vista sobre o problema apresentando, nesse mesmo parágrafo, um tipo de solução.) P4 – Argumento – Outra área do Conhecimento Humano P5 – Intervenção (soluções efetivas, lógicas e plausíveis para a problemática, articuladas com a discussão) III - Pensando a forma A prova de redação tem respaldo no binômio Forma x Conteúdo. A Forma tem a ver com o gênero textual definido e, especificamente, com a gramática que rege a feitura do texto. O conteúdo, por sua vez, tem a ver com a ideia central, o tema, e as ideias secundárias suscitadas pelo assunto discutido. Portanto, as características do texto que melhor representam estas prerrogativas são: * Clareza Compreende os procedimentos que tornam o texto inteligível, de fácil entendimento, refletindo a boa organização das ideias nele escritas. Cultuar a clareza é evitar a obscuridade, a idéia vaga e a ambiguidade. * Concisão Entendida também como objetividade, a concisão tem a ver com a frase: “Devemos dizer o máximo com o mínimo de palavras”. Ser conciso, então, é ir diretamente ao ponto, evitando-se a redundância e a prolixidade, conhecidas vulgarmente como “enchimento de linguiça. * Correção Esta competência tem a ver necessariamente com a gramática do texto, ou seja, com a utilização da norma culta e com a fidelidade às regras da Gramática Tradicional. Devemos evitar, então, os erros de concordância, a cacofonia, os barbarismos, os neologismos, as expressões vulgares e até o purismo, o rebuscamento, pois falar “bonito demais” também é um erro. * Estilo Este quesito, além de identificar um modo particular de pensar, de agir, ser e de fazer algo, o estilo é a preocupação com o modo ou forma de escrever, de expor a ideia. Essa exposição pode ser, por exemplo, irônica ou satírica, afetada, vulgar, romântica ou metafórica, técnica, cientifica, subjetiva, objetiva ou realista, etc. contanto que haja critérios na construção das ideias e das figuras ou imagens utilizadas pelo autor. Machado de Assis, por exemplo, adotava um estilo irônico. Euclides da Cunha, por sua vez, era científico. Qual o seu estilo? IV - O que deve ser observado 1 – Acentos (grave, agudo, til e circunflexo) Coloque os acentos com vontade. Não faça um risquinho fraco qualquer. Escrevaos com firmeza, no lugar adequado, e não pequenos traços displicentes. Cada acento deve ser valorizado, exato, claro, preciso, porque o número maior de erros é que faz a nota cair em cada competência. Comentário: O til está colocado em cima apenas do “O”. O circunflexo foi esquecido no verbo ter. 2 – A estética da redação Tem relação imediata com a letra, com a ausência de rasuras. Portanto, procure arredondar a letra, deixar mais legível o que escreve. Lembre-se: o professor não tem a obrigação de corrigir a redação se não estiver entendendo a letra. Você é que tem a obrigação de escrever de forma legível, o interessado em uma vaga de Direito, Medicina, Psicologia etc. é você. Comentário: Por desatenção ou relaxamento de seu autor o texto ficou todo borrado, cheio de falhas que tornam feia a redação. 3 – Argumentação Use argumentos convincentes na exposição do seu ponto de vista, pois são os argumentos mais fortes que vencem uma discussão. Os melhores argumentos são os históricos, os estatísticos e os de autoridade, com citação indireta. Não sai copiando frases inteiras de pensadores ou artistas no seu texto, pois a citação direta não é boa para a redação do ENEM. Evite também o uso do senso comum. Veja abaixo um argumento feito com a pobreza do senso comum. Há um prejuízo nas competências II, III e V. Comentário: Argumentar é uma arte. Não é à toa que existem os advogados, os padres, os pastores evangélicos, os políticos e os professores. São grandes mestres da retórica e da oratória que normalmente ganham qualquer discussão, pois utilizam bem os argumentos. Todos aprenderam que o argumento mais fraco é aquele proveniente do senso comum. 4 – Gênero Não confunda os gêneros textuais. O texto dissertativo-argumentativo do ENEM, não permite, por exemplo, que se converse com o leitor. Os gêneros que têm essa particularidade são a carta, a crônica e o texto publicitário. O ENEM não pede nenhum deles. Comentário: Observe no fragmento que há uma “conversa” com o leitor no uso do pronome “você”, o que configura um grave erro na competência II, pois em um texto dissertativo-argumentativo não é próprio conversar com o leitor. Infelizmente, no vestibular, isso acontece muito. 5 – Estrangeirismos Normalmente usamos aspas em palavras de língua estrangeira como “shopping”, “self-service”, “royalties” etc. Em alguns vocábulos já não é mais obrigatório como Internet ou internete que já foram assimilados pela língua corrente. Resumindo: evite usar palavras de língua estrangeira quando há vocábulos equivalentes em língua portuguesa. Comentário: A palavra Internet pode ser usada substantivada, com maiúscula, por ser uma sigla da Rede mundial de computadores. A outra forma correta é usar “internet”, com minúsculas mesmo, mas com aspas porque não passou por processo oficial de aportuguesamento como passaram vitrine (vitrina), beef (bife), record (recorde) etc. 6 – Coloquialismos (oralidades e gírias) Em redação, devemos usar predominantemente a linguagem formal. Quando usarmos a linguagem informal, a coloquialidade, devemos evitar as expressões ditas orais e, principalmente as gírias, pois empobrecem o discurso e consequentemente o texto. Comentário: De acordo com o excerto, expressões como “o capitalismo subiu à cabeça” e “ deixar a fonte secar” constituem erros de oralidade e gíria que diminuem seguramente a nota do candidato. 7 – Verborragia Constitui erro de verborragia o uso de palavras ou expressões ditas “bonitas”, mas que, às vezes, a pessoa nem sabe o que a palavra significa. É o grau mínimo do pedantismo. Tem gente que fala demais e quando fala quer mostrar conhecimento ou inteligência ao adotar um vocabulário difícil ou erudito. Ás vezes o texto fica até bonito, mas a idéia não faz muito sentido. Comentário: Por causa do requinte pouco usual, o candidato errou o uso da crase e ainda criou uma imagem inconcebível: uma pessoa “tomando banho e lendo” ao mesmo tempo. 8 – Eco, Aliteração e Assonância A inobservância da escrita de determinados vocábulos, sozinhos ou em conjunto, pode ocasionar choques fonéticos que constituem: Eco – João Leitão, secretário de Educação, propôs uma solução. Aliteração – Três das trinta favelas treinadas pela polícia militar podiam pedir permissão aos policiais. Assonância – A ala da aviação armada que avalia a ação dos armistícios abriu fogo. 9 – Generalizações Outro erro comum nas redações de vestibular é a generalização. Nunca devemos escrever frases generalistas como: a. Os políticos são desonestos, apenas roubam e não fazem nada pelo povo. b. As mulheres são sempre submissas aos maridos e não denunciam a violência cometida contra elas. c. Os jovens são imaturos, descompromissados e incapazes de discutir questões sérias como política e democracia. 10 – Grau de informatividade (GI) Todo texto dissertativo bom é marcado pela exposição de conhecimento de seu autor, ou seja, é um texto que traz um grau de informatividade elevado, informações que, às vezes, nem o corretor conhece. O texto argumentativo bom, por sua vez, apresenta riqueza de argumentos, ou seja, fatos, dados e opiniões de autoridades que validam uma tese ou pensamento. Percebe-se, então, que esse texto não foi feito com informações triviais, com o senso comum, que pouco acrescenta à discussão. 11 – Uso do Onde Acontece muito em provas de redação o uso do advérbio “onde” no lugar de uma conjunção (e, mas, então...) ou de um relativo ( o qual, a qual, na qual). Comentário: O candidato só deve usar o “onde” em uma redação de vestibular se for com o sentido de localização. Por exemplo, na frase “O Brasil é um país onde a corrupção alcança números alarmantes”. 12 – Repetição Um erro bastante procurado pelos corretores do ENEM é a repetição de palavras e ideias. Normalmente, quando se desenvolve uma redação em tópicos é comum que, ao final, surjam as ideias que já fora utilizadas no início. Nessa hora o candidato deve observar se estas ideias se apresentam também com as mesmas palavras. Se isso acontecer, é comum a perda de alguns pontos. 13 – Parágrafo Na redação do ENEM ou em qualquer outra redação de concurso, o bom parágrafo apresenta de três a cinco linhas, suficientes para lançarmos o tópico frasal (TF) e desenvolvê-lo. Comentário: Mesmo que um bom parágrafo tenha de 3 a 5 linhas, isso não impede que o candidato construa parágrafos de 2, de 6, de 7 e até de 10 linhas. O problema é que um parágrafo curto demais apresenta texto fragmentado. E um parágrafo muito longo (8,9, 10 linhas) apresenta problemas de pontuação e erro na construção do tópico frasal. 14 – Como errar Embora não devêssemos, aconselhamos, agora, como errar no vestibular. Em vez de rasurar, borrar, e fazer aquela “cagadeira” de tinta, é aconselhável passar um traço de um lado a outro da palavra anulando-a para, em seguida, reescrevê-la corretamente. 15 - Título A redação do ENEM pode ou não apresentar título, pois isso dependerá do candidato. O mais adequado é não colocar, pois normalmente o título já é o próprio tema. Ex. “O poder de transformação da leitura”. Se optar por título, o candidato deve centralizar o título, saltar uma linha e começar a escrever. Comentário: O título é facultativo mesmo. Mas, imaginemos que o candidato resolveu colocar título e, lesadamente, errou a escrita de um vocábulo. Em vez de melhorar, piorou a situação. Resumindo, título pode, mas não deve. 16 – Religiosidade Evite a parcialidade e a emotividade da religião. Normalmente ocorre com os candidatos mais fervorosos que, inadvertidamente, começam a falar sobre as glórias e o poder de Deus. Deixe a religião fora disso. Evite tal procedimento. Comentário: Sabemos que Deus é tudo, que pode tudo e que sabe tudo, mas Ele não faz vestibular, quem faz é você. 17 – Outras coisas Existem ainda outras paranóias comuns às bancas de vestibular que são irritantes, mas que no ENEM ficam mais flexíveis e a cargo do corretor. Mesmo assim, tome cuidado ao: Escrever fora da caixa de texto; Espremer palavras na margem direita; Translinear palavras [não deixe uma letrinha como sílaba (a-) nem uma sílaba como palavra (na.)]. Sobrescrever palavras (criar um espaço entre palavras e escrever outra que foi esquecida); Alternar letra de forma e letra cursiva; Dar um espaçamento muito grande entre as palavras, pois, segundo as bancas, é uma estratégia para ganhar linhas e escrever pouco.; Rasurar o texto, borrar várias palavras; Fazer letras estilizadas (por exemplo, o i Pelé, aquele com uma bolinha em cima em vez de um pingo); Usar de sentimentalismo ou pieguismo; Ex. As pobres crianças são as vítimas... Apelar para a religiosidade. Ex. ...pois, sem a ajuda de Deus, este país não vai para frente. V – Pensando o conteúdo A importância do Tema Tema é diferente de gênero e, ao mesmo tempo, de proposta. Gênero tem relação com as modalidades Dissertação, Narração e Descrição dentre outras. Proposta é, na verdade o comando e a quantidade dele. Por exemplo: o ENEM apresenta uma proposta e um gênero específico, a dissertação argumentativa. A UECE, por sua vez, apresenta uma diversidade de gêneros, o que leva a um número maior de propostas ou mesmo seu desdobramento. O tema é o elemento motivador da redação, das idéias nela contidas. Portanto, uma INTERPRETAÇÃO correta do tema é crucial para o desenvolvimento de um bom texto. Por isso, espera-se que o tema esteja à altura da sua interpretação: clara, objetiva, precisa. Errar a interpretação do tema é perder o texto todo ou parte dele dentro do julgamento das competências. Relações temáticas transversais Durante a interpretação do tema é importante que seja acionado o repertório cultural (CM) do candidato quanto às áreas ligadas ao tema e à problemática proposta. Estabelecer relações com outras áreas do conhecimento humano (CII) é uma prática que melhora muito o GI de um texto. Melhora a argumentação(CIII) e prova ao corretor que você tem leitura e domínio não apenas sobre o tema, mas sobre outros que o tangenciam, sobre temas transversais oriundos da interdisciplinaridade. 2010 - O trabalho na construção da dignidade. O tema trabalho tem relações históricas, lingüísticas, sociológicas e jurídicas. O tema dignidade tem relações filosóficas, existenciais, éticas e semânticas , pois pode indicar apenas um sinônimo de “bem estar”. Há portanto uma relação de causa e efeito entre eles, ou seja, a dignidade, como bem estar, nasce do trabalho bem remunerado. VI - PROCEDIMENTOS NO DIA DA PROVA Leitura dos textos motivadores. Interpretação correta do tema e estabelecimento das relações do tema com outras áreas. O candidato deve refletir sobre o tema, interpretá-lo e, em seguida, anotar ao lado os assuntos ou áreas que estiverem relacionados com o tema. Ex. Obesidade tem relação temática com Biologia, Química, Psicologia e Sociologia. Uso correto da coletânea. Os textos da coletânea devem servir para gerar idéias, mas devemos lembrar que não se deve copiar nada do texto motivador. O candidato não deve escrever sobre os textos motivadores, mas a partir deles. O candidato deve ler e destacar as idéias mais importantes dos textos-base. Em seguida, deve fazer anotações que servirão para construir os parágrafos. VII - Interpretando temas e lançando tese O ENEM é fundamentado na essência da problemática. As provas, de forma geral, apresentam algum tipo de realidade problemática a qual você deve tentar resolver ou, ao menos, sugerir uma solução. Portanto, outro elemento essencial à redação do ENEM é o lançamento de uma tese que responda à pergunta: Por quê? Resumindo, identifique a problemática, situe o problema e tente dizer, a partir de seu ponto de vista, por que aquilo está acontecendo. Isso é lançar uma tese. Lembremos que, logo em seguida, a tese que foi lançada será explicitada e defendida com os argumentos escolhidos. Lançar tese é dizer, de forma direta e objetiva, por qual motivo aquela problemática existe, por que a situação chegou àquele ponto. Pode acontecer, também, de a tese ser lançada de forma indireta. Quando não lançamos logo a tese, corremos o risco de fazermos apenas meras e repetitivas constatações. As expressões afirmativas ou informativas são úteis, mas dificultam o surgimento da tese para a abertura da discussão. Sem a tese não há discussão, não há causa para a problemática, logo os argumentos e a solução estarão comprometidos. Os temas anteriores e suas teses 1998 –Viver e Aprender. (Música “O que é o que é?” de Gonzaguinha) Tese: Tudo que acontece na vida deve servir como aprendizado. 1999 - Cidadania e participação social. Tese: Só se é cidadão quando se participa socialmente. 2000 - Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional? Tese: Crianças e adolescentes têm seus direitos desrespeitados no Brasil. 2001 - Desenvolvimento e preservação ambiental: Como conciliar os interesses em conflito? Tese: O desenvolvimento é inevitável, mas deve acontecer baseado na sustentabilidade. 2002 - O direito de votar – Como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais? Tese: Votar foi um direito muito difícil de ser conquistado. Por isso, o voto deve servir como ferramenta de transformação social. 2003 - A violência na sociedade brasileira – como mudar as regras do Jogo? Tese: No Brasil, a violência tem sido banalizada pelos órgãos de segurança pública e, principalmente, pela sociedade. 2004 - Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação? Tese: A liberdade de informação é um direito do ser humano, mas que vem sendo desrespeitado de tempos em tempos, o que tem permitido abusos como o preconceito lingüístico e o preconceito racial. 2005 - O trabalho infantil na sociedade brasileira. Tese: O trabalho feito por crianças, no Brasil, ainda acontece por causa da grande desigualdade social, da ineficácia do ECA e da impunidade dos infratores. 2006 - O poder de transformação da leitura. Tese: A leitura é uma competência que, se bem executada, pode dar ao ser humano: mais conhecimento, mais perspectiva de realização e, consequentemente, um lugar melhor no mundo. 2007 - O desafio de se conviver com as diferenças. Tese: Considerar o mundo sob o prisma da igualdade é entender que as pessoas são diferentes tanto na compleição física quanto nas aptidões intelectuais. 2008 - Amazônia - a máquina de chuva. Tese: Dizer que a Amazônia é o “pulmão do mundo” é aceitá-la como parte de um corpo. E já que cuidamos do nosso corpo, devamos cuidar da Amazônia preservando-a e envidando esforços para o desenvolvimento sustentável da região amazônica. 2009 - O indivíduo frente à ética nacional. Tese: No Brasil, desde os tempos mais remotos, o estabelecimento da Ética tem sido um dilema individual. É hora de tornar a postura ética um anseio coletivo para mudar os quadros sociais, culturais e políticos do nosso país. 2010 – O trabalho na construção da dignidade humana. Tese: O trabalho, que ao longo dos tempos foi considerado atividade indigna, tem hoje a função de promover a dignidade, o bem estar, mas isso só acontecerá quando todas as funções forem reconhecidas pela sua importância e, consequentemente, bem remuneradas. VIII - Os temas da hora! Atenção - Nos espaços deixados em branco, escreva o argumento que falta, seja ele histórico ou estatístico. Temas Educação (Desvalorização do magistério; A incidência do bullying nas escolas e O sucateamento da escola pública em oposição ao excesso de tecnologia das escolas Argumento histórico O discurso da professora potiguar Amanda Gurgel, em maio de 2011, deixa bem nítidos os graves excessos cometidos contra os profissionais do magistério, principalmente por Argumento estatístico particulares); parte do governo. A condição feminina na sociedade atual; Desde as primeiras escritoras do século XIX às corajosas militantes do movimento sufragista, já no século XX, as mulheres têm galgado postos cada vez mais altos em sua trajetória de empoderamento. A violência no Brasil; Aproximadamente 50 mil homicídios ocorrem a cada ano no Brasil, segundo a ONG Human Rights Watch. Além do problema da violência urbana, a pesquisa consideram as péssimas condições dos presídios, os casos de tortura, o trabalho escravo, a violência contra os indígenas e contra os camponeses do MST. No Brasil, o valor arrecadado pelos “royalties” do petróleo é dividido entre a União, estados e municípios produtores ou com instalações de refino e de auxílio à produção. As empresas petrolíferas pagam 10% do valor de cada barril extraído pelo direito de explorar o produto. Hoje em dia, esses 10% dos royalties do petróleo são divididos da seguinte forma: 22,5% para os estados produtores; 30% para os municípios produtores e 47,5% para a União. Segundo reportagem de hoje da Agência Brasil, o alumínio segue como a matéria-prima mais reciclada no Brasil. A pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem, constatou que 91,5% das latinhas de alumínios são recolhidas para reciclagem. Bem atrás, estão as embalagens PET (54,8%), o vidro (47%), as latas de aço (46,5%) e o papel (43,7%). A reciclagem das embalagens de leite longa vida e de sucos estão em último lugar (26,6%) – esse tipo de material começou a ser reciclado nos últimos dez anos e está em processo de crescimento. O Pré-sal e os “royalties” do petróleo brasileiro; Poluição ambiental: a importância da reciclagem. A Dengue e seu avanço no O termo dengue é derivado, Brasil; Mídias sociais como fator de mobilização; provavelmente, da frase indiana "ki dengu pepo", que descreve os ataques causados por maus espíritos e, inicialmente, usado para descrever a enfermidade que acometeu os ingleses durante a epidemia que afetou as Índias Ocidentais Espanholas em 19271928. Foi trazida para o continente americano a partir do Velho Mundo, com a colonização no final do século XVIII. Desde o início do século XXI, mais propriamente nesta última década, redes sociais como Orkut, Twitter, Flickr, Facebook e Youtube deixaram de ser apenas sites de relacionamentos e passaram a ser grandes ferramentas para a formação de opinião e para a mobilização de grupos em torno dos graves problemas mundiais, como foi observado durante a Primavera Árabe . Diversidade sexual e o desafio da homofobia Trânsito: nossa grande problemática; Drogas: crack, o mal do século; Segundo levantamento da própria PM do Rio de Janeiro, a partir dos boletins de ocorrência, dos 92 municípios do estado, 42% tiveram casos de violência contra homossexuais. A capital registrou 62,5% das ocorrências, seguida pela Baixada Fluminense, região no entorno da capital onde se concentraram 15,1% dos casos. O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, elogia a quantificação dos registros, pois permite que se possa reivindicar políticas publicadas voltadas à população LGBT. O primeiro acidente de trânsito registrado no Brasil, segundo jornais da época, ocorreu no Rio de Janeiro, no ano 1897, depois que o abolicionista José do Patrocínio importou um carro e emprestou-o ao poeta Olavo Bilac, que sem ser habilitado, quase atropelou uma senhora e bateu de frente com uma árvore na Estrada Velha da Tijuca. Em cinco anos, o número de usuários de crack quase dobrou no Brasil: de 380 mil para 600 mil. O problema agora mobiliza o governo federal, que planeja dobrar o número de vagas para internação de usuários neste ano - de 2,5 mil para 5 mil - e lançou ontem um programa de R$ 410 milhões. Mas se observarmos as ações governamentais anteriores, veremos que, mesmo com tanto investimento, o desafio está longe de ser vencido. Protagonismo juvenil: um outro Brasil Quando os Caras-pintadas, em agosto e setembro de 1992, vestiram-se de negro e pintaram os rostos de verde e amarelo, exigindo o “impeachment” do então presidente Fernando Collor de Mello, delineava-se naquele momento o perfil do jovem brasileiro do século XXI: consciente e participativo na defesa de seu país. O desafio da sustentabilidade; A criação do Clube de Roma, em 1968, representou o inicio da luta do ser humano por um desenvolvimento sustentável. Este grupo reuniu pessoas em cargos de relativa importância em seus respectivos países e visa promover um crescimento econômico estável e sustentável da humanidade. O Clube de Roma tem, entre seus membros principais cientistas, economistas, políticos, chefes de estado e respeitadas associações internacionais. A saúde pública e seus problemas; A OMS, tendo como base a qualidade da saúde pública oferecida aos seus cidadãos, classificou o Brasil em 125º lugar no ranking mundial entre 191 países. Nessa lista, o nosso país perde até para a Bósnia e para o Líbano, igualando-se ao Egito. Esta realidade é diariamente comprovada pelas filas dos ambulatórios e hospitais públicos nas quais se acotovelam os que precisam de cuidados médicos. Ética: a teoria e a prática. O surgimento da Ética na Grécia antiga não teve início abrupto e absoluto. Os preceitos de conduta, ingênuos e fragmentários – que em todos os lugares são as mais antigas manifestações da nascente reflexão moral – remontam os séculos VII e VI a.C. Sua evolução e sua importância são assinaladas principalmente com as idéias de Platão e Aristóteles. IX – As competências 1 – Gramática São buscados os erros: Pontuais: concordância (3), colocação pronominal(3), regência(3), crase(3), vírgulas(3) ou o conjunto deles. Eventuais: concordância (1), colocação pronominal (1), regência(1), crase(1), vírgulas(1) . Obs. O ENEM, categorizado pela máxima de que cobra mais a idéia que a gramática, possui uma certa flexibilidade quanto aos quesitos da forma. Há, portanto, uma tolerância quanto aos erros de gramática. Estamos falando, aristotelicamente, de 3. 2 – Gênero Domínio do gênero dissertativo-argumentativo utilizando repertório cultural que demonstre conhecimento de outras áreas que possam colaborar com o ponto de vista defendido. Resumindo, não se deve narrar nem descrever, nem instruir... e, principalmente, reforçar a discussão com áreas afins ao tema discutido. 3 – Argumentação Utilizar de forma coerente fatos, informações, opiniões, exemplos pertinentes ao tema, e que possam reforçar o ponto de vista defendido. Vale como boa observação, para o ENEM atual, que não se deve mais usar fragmentos extraídos do texto motivador. No passado, isso era permitido. 4 – Coesão Articulação adequada das partes do texto (IMF) por meio de elos coesivos: GRAMATICAIS ( preposições, conjunções, expressões conjuntivas de nível frásico, interfrásico) e LEXICAIS ( sinônimos, hiperônimos, reiteração, retomada ) entre parágrafos visando à unidade temática e à progressão textual. 5 – Intervenção Elaborar proposta de intervenção na realidade ou problemática apresentada desde o tema, e devidamente articulada com a discussão desenvolvida. Resumindo, o que surge como problema ou causa dele no início do texto volta, ao final, como solução. X - Escrevendo (Textos plausíveis) Texto 1 Obesidade: como mudar esse quadro no Brasil? Objetivamente, a obesidade e suas variações têm relação com as práticas equivocadas de cada indivíduo quanto aos hábitos alimentares, quanto à inação física e quanto ao grau de desconhecimento sobre a doença, seja por ignorância dos pais ou mesmo por alguma predisposição genética. No campo da subjetividade, esse grave problema das sociedades contemporâneas tem-se intensificado, no Brasil, ao longo dos últimos vinte anos, principalmente porque os brasileiros passaram a incorporar os péssimos hábitos de países desenvolvidos como os Estados Unidos da América1. Depois da Segunda Guerra Mundial2, com a vitória dos aliados, os norteamericanos tornaram-se social e culturalmente muito influentes em relação às sociedades de países subdesenvolvidos ou em franco desenvolvimento como o Brasil. Esta influência pode ser percebida na utilização da Coca-cola como elemento essencial ao processo de massificação cultural desencadeado a partir dos anos 60, atingindo seu ápice nos anos 80 e 90, quando tornou-se artigo essencial na mesa da família brasileira, consequentemente, o início de um grave desregramento alimentar3, pois os refrigerantes e similares foram incorporados levianamente pelos chefes de família ao cardápio diário de seus filhos. Seguindo de perto os E.U.A, o Brasil tem quase 17 milhões de pessoas obesas, como ficou comprovado na última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, em todas as regiões do país, em todas as faixas etárias e em todas as faixas de renda, tem aumentado contínua e substancialmente o percentual de pessoas com excesso de peso. O sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre 5 e 9 anos de idade, cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos e nada menos que 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos4. Entre os 20% mais ricos, o excesso de peso chega a 61,8% na população de mais de 20 anos. Também nesse grupo concentra-se o maior percentual de obesos: 16,9%. Notadamente, a imitação do “american way of life”, do modo de vida americano, alterou não apenas os hábitos gustativos dos brasileiros, que passaram a alimentar-se em casa, na escola e no trabalho, rotineiramente, de refrigerantes e sanduíches, valorizando a comodidade dos “fast-foods” e “self-services”, que proliferaram em todo o país em meados dos anos de 1990. Numa relação imediata de causa e conseqüência, os péssimos hábitos alimentares, à base de açúcares e gordura, permitiram, nessa parcela da população, o desenvolvimento e à predisposição genética à obesidade, ocasionando uma postura sedentária 5 que acarreta, naturalmente, problemas graves de ordem gastrointestinal, metabólica e cardiovascular. Por conta dessa grave situação, torna-se estritamente necessário, no campo da individualidade e da família, um processo imediato de conscientização 6 e de modificação dos hábitos alimentares, o que exige uma séria reeducação alimentar, suprimindo, aos poucos, os alimentos mais perniciosos, aliada à prática moderada de atividades físicas regulares que resultarão paulatinamente na erradicação da obesidade e no restabelecimento da qualidade de vida do brasileiro. Em uma perspectiva mais ampla, são fundamentais os papeis das escolas e das autoridades de saúde, pois enquanto estas últimas fomentarão o processo de conscientização por meio de propagandas e ciclos de palestras, as primeiras ajudarão a perpetuar os novos hábitos saudáveis ,desenvolvidos no ambiente familiar, e que terão repercussão muito positiva nas gerações futuras. Referências 1 – Tese: A obesidade, no Brasil, decorre principalmente dos péssimos hábitos alimentares dos brasileiros (problema 1), intensificados pela imitação do modo de vida norte-americano. 2 – Argumentação histórica e Argumentação consensual. 3 – Problema 2 4 – Argumento estatístico 5 – Problema 3 6 - Início das soluções (resolução dos problemas antes indicados ou articulação da solução com a discussão) Texto 2 A Educação brasileira e seus grandes desafios A Educação brasileira vive um momento caótico. É possível dizer que passa por uma de suas piores crises. Tal fato encontra respaldo na péssima situação laboral dos professores, na grande incidência de violência nas instituições de ensino e, logicamente, na péssima infraestrutura das escolas públicas que, em vez de atraírem os alunos, antes os repelem. A palavra magistério vem do latim “magis” e quer dizer “lugar de seres superiores”. Mas não é bem isso que se estabelece em nosso país quando os professores são desvalorizados e desrespeitados pelos alunos e pelo poder público. O discurso da professora potiguar Amanda Gurgel, em maio de 2011, deixa bem nítidos os graves excessos cometidos contra os profissionais do magistério, principalmente por parte do governo. Basta lembrar que, em estados como o Rio Grande do Norte, Alagoas e Ceará, os respectivos governadores desrespeitosamente não pagaram o piso nacional estipulado pelo Superior Tribunal Federal (STF), ou seja, deixaram de repassar aos professores algo que na verdade já era uma conquista, um direito. Desrespeito também gera violência. Nesse contexto, não é difícil compreender que o massacre em Realengo, no Rio de Janeiro, é, seguramente, um grave indicador de que a violência está tão banalizada na educação brasileira que encontrá-la dentro e fora das escolas não constitui diferença. Alunos contra alunos e alunos contra professores são as marcas de uma educação literalmente falida que precisa passar urgentemente por investimentos e renovação, principalmente em sua infra-estrutura, tão defasada, tão aquém do desejado que alunos e professores passam a não se sentir bem dentro dela. Por conseguinte, em um lugar em que os professores são desvalorizados a ponto de estudantes agredirem física e moralmente os mestres, uma das fortes causalidades é a péssima estrutura da escola pública, com suas cadeiras quebradas e suas lousas deterioradas, que torna o local inóspito para os alunos e totalmente impróprio para o exercício do magistério, é preciso mudar esta realidade. A falta de verbas para investimentos é uma das desculpas que a sociedade não pode mais aceitar. Dessa forma, a reabilitação do professor perante a sociedade passa imediatamente pela estipulação de um salário digno, que diminua as cargas excessivas de trabalho e permita que os professores se especializem nos momentos extra-classe. Além disso, é necessária a implantação de um sistema de segurança escolar para que sejam evitadas tragédias como a que houve no Rio de Janeiro. Por fim, torna-se urgente um maior investimento na infra-estrutura das escolas, no que tange o aspecto físico e a própria grade escolar, pois escolas novas e bonitas não resolvem o problema da educação se não tivermos segurança e profissionais competentes que resultem na boa qualidade do ensino brasileiro. BOA SORTE!