Destaques Econômicos Fevereiro 2017 Nesta Edição Economia Brasileira IPCA: a Menor Taxa para Janeiro e Boas Perspectivas para 2017; Sinais Trocados: Indústria em Possível Recuperação; Economia Global Trump: o Presidente fora de Controle; Preço do Petróleo se Mantém acima de US$ 55: Petrobras Sinais Trocados: Comércio em Queda e Setor de Serviços Estagnado; IBC-Br Volta a Cair, que Decepção; Setor Externo: Será que o Capital Estrangeiro Finalmente Chegou? Situação Fiscal Crítica, mas Ainda Dentro da Meta; O País Caindo do Abismo: Ações Urgentes são Necessárias. Agradece; Minério de Ferro em Projeções dos Principais Indicadores Recuperação: Vale Agradece. Indicadores 2016 (observado) 2017 2018 2019 2020 Dólar (Final do Período) R$ 3,25 R$ 3,30 R$ 3,50 R$ 3,78 R$ 3,80 Selic (Final do Período) 13,75% 10,25% 9,00% 8,50% 8,25% TJLP (Final do Período) 7,50% 7,50% 7,00% 6,50% 6,25% IPCA (Variação Anual) 6,29% 4,90% 4,80% 4,80% 4,60% -3,45% 0,40% 2,00% 3,00% 3,50% PIB (Taxa de Crescimento) Fonte: elaboração própria Daniel Keller [email protected] Sidney Campos [email protected] Av. Paulista, 1636 – cj. 210 (11) 3876-3467 Economia Global Trump: o Presidente fora de Controle Após a posse de Donald Trump, o primeiro tema polêmico já veio à tona. O presidente decretou a saída dos Estados Unidos do TPP, contrariando o interesse de diversas empresas Norte-Americanas do segmento tecnológico. O Presidente atendeu aos ideais protecionistas que nortearam sua campanha, porém enterrou anos de negociação democrata com países do Pacífico. Além disso, o Presidente (i) fez declarações provocativas à Alemanha, (ii) iniciou um embate infrutífero sobre o muro de divisão com o México e (iii) impediu a entrada de residentes dos Estados Unidos oriundos de países muçulmanos no país, provocando a ira de diversos países do Oriente Médio e do próprio judiciário Norte-Americano. A cereja do bolo é o pedido de demissão de Michael Flynn, que ocupava um dos principais cargos do segundo escalão do governo. A causa do pedido está relacionada a contatos ilegais com membros do governo Russo. Poucos esperavam uma atuação tão ativa do governo Trump em temas controversos em menos de 1 mês de mandato. Isto leva uma forte instabilidade interna nos Estados Unidos e geopolítica entre as nações. Ademais, acende uma luz vermelha sobre o futuro. A Europa já iniciou tratativas para estreitar suas relações comerciais e financeiras com o continente asiático, buscando substituir a importância dos Estados Unidos como parceiro comercial e financeiro. No que diz respeito ao Brasil, as consequências ainda são incertas, mas não necessariamente negativas. O país perdeu importância global nos últimos dois anos (crise econômica e política), sendo, por essa razão, secundário na estratégia geopolítica de Trump. Paradoxalmente, isto pode ser um trunfo num momento de tantos ataques. Ainda é cedo para avaliar qualquer impacto dessas ações na economia Norte Americana, mas três aspectos merecem destaque. O primeiro é o de que, mesmo com o quadro instável, deve haver um novo aumento da taxa básica de juros na reunião do FED em março, pois o emprego continua respondendo positivamente. O segundo é que o índice Dow Jones vem apresentando elevações desde a eleição e a posse de Trump. Por fim, os recentes dados do comércio dos EUA indicam uma elevação significativa das vendas nos meses de dezembro e janeiro em comparação ao mês anterior (com ajuste sazonal): 1% e 0,4% respectivamente. Indice Dow Jones Posse 20.500 Eleição 475 Vendas do Varejo Americano - Em bilhões de dolares (ajustado sazonalmente) 470 19.500 1,0% 465 18.500 0,4% 460 17.500 455 16.500 450 15.500 445 Fonte: NYSE Fonte: U.S. Census Bureau Preço do Petróleo se Mantém acima de US$ 55: Petrobras Agradece Em virtude dos últimos acordos da OPEP, o preço internacional do petróleo vem se mantendo num patamar bem acima do 58,0 registrado nos últimos anos. Esperam-se novas elevações até o 53,0 final do ano com preço atingindo o patamar de US$ 65,00. Mais uma vez, ressalta-se a importância deste patamar de 48,0 preço para a Petrobras, que passa por um amplo processo de 43,0 recuperação econômica e redução da alavancagem financeira. 38,0 O objetivo da empresa é reduzir o indicador dívida 33,0 líquida/Ebitda para a casa dos 2,5 (atualmente está acima de 28,0 5,0), sendo que uma geração operacional de caixa robusta pode contribuir de forma decisiva para este objetivo. Fonte: ANP Petróleo Brent (US$ por barril) US$ 55,57 Minério de Ferro em Recuperação: Vale Agradece Preço do Minério de Ferro no Mercado Spot 160 140 120 100 80 60 40 20 O preço internacional do minério de ferro vem registrando forte recuperação desde janeiro de 2016, sendo que o preço voltou ao patamar do segundo semestre de 2014. Isto é muito importante para a Vale, pois fortalece a geração operacional de caixa da empresa a partir das exportações de minério. 80,00 US$/dmt Ainda assim, é importante destacar que o preço atual (80 US$/dmt) ainda está 48,3% abaixo do registrado em fevereiro de 2013 (154,6 US$/dmt). A perspectiva é de muita volatilidade ao longo do ano a depender do desempenho da economia chinesa e do impacto Trump na economia mundial. Fonte: World Bank Este material foi elaborado pela UNA-CE, contendo, análises conjunturais e projeções. As análises apresentadas aqui, bem como as projeções/estimativas estão sujeitas a riscos e incertezas, tais como: as condições de mercado; ambiente competitivo; flutuações da moeda e da inflação; mudanças em órgãos reguladores e governamentais entre outros fatores que poderão diferir dos apresentados. Assim, a UNA-CE não se responsabiliza por eventuais imprecisões ou erros de seus valores projetados/estimados. Economia Brasileira IPCA: a Menor Taxa para Janeiro e Boas Perspectivas para 2017 IPCA (% 12 meses) O IPCA em janeiro cresceu apenas 0,38%, menor variação do 11,0% índice para meses de janeiro da história. Nos últimos 12 meses 9,5% a taxa acumulada caiu para 5,35% (taxa de 6,29% na leitura 8,0% 5,35% 6,5% anterior). Mais uma vez, no caso do IPCA de serviços, a queda da 5,0% demanda agregada se fez presente. A taxa para janeiro ficou Fonte: IBGE em 0,36% (bem abaixo das taxas registradas para o mês nos IPCA - Serviços (% 12 meses) últimos três anos). O indicador em 12 meses caiu pelo quinto 8,1% mês seguido e está próximo de romper a barreira de 6,0%. 7,6% Para compreender a relevância desses resultados, basta 7,1% lembrar que o indicador em 12 meses para janeiro de 2015, 6,6% 6,1% estava em 8,76%. Os preços dos alimentos voltaram a crescer após quatro meses Fonte: IBGE de registros negativos ou muito próximos de zero. A taxa para IPCA - Alimentos janeiro registrou 0,35%, fechando o ano em 6,48%. (Variação Mensal) 0,35% 0,5% 0,30% Como era previsto, as pressões inerciais são mais amenas em 0,08% 2017 do que em 2016. Além disso, a queda acentuada da 0,0% demanda agregada e a recente valorização do Real atuam no -0,05% -0,20% -0,29% -0,5% sentido de conter o processo inflacionário. Estima-se que a inflação de 2017 fique próxima do centro da Fonte: IBGE meta, um pouco abaixo de 5,0%. O IGP-M, índice dos aluguéis, registrou uma taxa mais elevada em janeiro do que em dezembro (0,64% contra 0,54%). Em relação à janeiro de 2016 (variação de 1,14%), no entanto, a queda foi acentuada. Como resultado, o índice em 12 meses indicou forte desaceleração (de 7,17% para 6,65%). Esses resultados confirmam que a inflação brasileira está sob controle, devendo ficar próxima ao centro da meta. Não obstante, podem haver choques em determinados meses gerados por preços de alimentos e inércia inflacionária. Sinais Trocados: Indústria em Possível Recuperação Após um mês de novembro razoável, a indústria registrou mais sinais positivos em dezembro (último dado disponível da Pesquisa Industrial Mensal). A produção industrial avançou 2,3% em dezembro frente ao mês anterior com ajuste sazonal (0,2% no mês de novembro na mesma base de comparação). Além disso, depois de 33 meses de quedas expressivas em relação ao mesmo mês do ano anterior, dezembro apontou uma variação negativa de apenas 0,1%. Há alguma esperança para 2017. Os resultados para o ano de 2016, contudo, não são animadores, pois a redução da produção industrial foi de 6,6%. Vale ressaltar que 2015 e 2014 também tiveram quedas expressivas, 8,3% e 3% respectivamente. 4,0% Produção Industrial (taxa de variação frente ao mês anterior com ajuste sazonal) 2,3% Produção Industrial (taxa de variação frente ao mesmo mês do ano anterior) 5,0% 2,0% 0,0% 0,0% -5,0% -2,0% -10,0% -4,0% -15,0% Fonte: IBGE Fonte: IBGE -0,1% O setor de bens de capital, que repercute decisões de investimento, apresentou nova recuperação com um avanço fortíssimo em dezembro (17,3%) na comparação ao mesmo mês do ano anterior, porém queda de 2,3% em relação ao mês anterior com ajuste sazonal. Bens de Capital (taxa de variação frente ao mesmo mês do ano anterior) 20,0% 17,3% 6,0% Bens de Capital (taxa de variação frente ao mês anterior com ajuste sazonal) 10,0% 0,0% 2,0% -10,0% -2,0% -20,0% -30,0% -40,0% Fonte: IBGE -6,0% -10,0% Fonte: IBGE Este material foi elaborado pela UNA-CE, contendo, análises conjunturais e projeções. As análises apresentadas aqui, bem como as projeções/estimativas estão sujeitas a riscos e incertezas, tais como: as condições de mercado; ambiente competitivo; flutuações da moeda e da inflação; mudanças em órgãos reguladores e governamentais entre outros fatores que poderão diferir dos apresentados. Assim, a UNA-CE não se responsabiliza por eventuais imprecisões ou erros de seus valores projetados/estimados. -3,2% Economia Brasileira Sinais Trocados: Comércio em Queda e Setor de Serviços Estagnado O comércio sofreu no mês de dezembro. PMC - Variação em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior A PMC indicou quedas na comparação com o mesmo mês do ano anterior (-4,9%) e com o mês anterior com ajuste sazonal -4,9% (-2,0%). Com isso, a recuperação observada no mês de novembro foi revertida e as perspectivas são incertas. No acumulado do ano a redução, como esperado, foi muito Fonte: IBGE forte: 6,2%. Cabe notar que a diminuição em 2015 já havia sido PMC - Variação frente ao mês anterior de 4,3%. (ajustado sazonalmente) Fica claro o impacto do aumento do desemprego, da escassez de crédito e de seu alto preço. O ano de 2017 deve apresentar algum avanço, porém nada significativo frente a duas quedas tão fortes. -2,0% Fonte: IBGE IBC-Br Volta a Cair, que Decepção Índice IBC-Br (ajustado sazonalmente) O IBC-Br é um bom indicador preliminar para PIB. O índice havia subido em novembro e, infelizmente, voltou a cair em 136 dezembro (-0,26%). No acumulado de 2016, o tombo chegou a 135 4,3%, o que é muito negativo. 134 A queda efetiva do PIB em 2016 deve ficar abaixo da registrada 133 pelo IBC-Br, por volta de 3,45%. A tendência para este ano é de alguma recuperação, porém 132 está claro que não existe um setor dinâmico capaz de impulsionar a economia brasileira. Fonte: BCB -0,26% Setor Externo: Será que o Capital Estrangeiro Finalmente Chegou? Mais uma vez, as boas notícias vem do setor externo. O país fechou o ano de 2016 com o menor déficit em transações correntes desde o ano de 2007, apenas US$ 23,5 bilhões (equivalente a 1,3% do PIB). Chama atenção a queda vertiginosa do indicador em 12 meses, uma vez que em janeiro de 2016 registrou-se um déficit nas transações correntes de US$ 51,4 bilhões. -59,2 A balança comercial apresentou superávit de US$ 2,5 bilhões no mês de janeiro, o que é bem superior ao registrado noFonte: BCB mesmo mês do ano anterior (US$ 917 milhões) e aos déficits de 2015 e 2014. 25 Além disso, os investimentos produtivos de estrangeiros no país (investimento externo direto - IDE) tiveram desempenho 20 muito positivo nos dois últimos meses. Em dezembro (2016) 15 esses investimentos atingiram US$ 15,5 bilhões, enquanto em 10 janeiro (2017) US$ 11,4 bilhões. Para se ter uma ideia da 5 magnitude, em dezembro de 2015 o IDE foi de US$ 11,9 0 bilhões e em janeiro de 2016 de apenas US$ 5,8 bilhões. Isto nos leva a crer que os estrangeiros estão finalmente -5 chegando. Os investimentos de estrangeiros podem se elevar ainda mais com as novas rodadas de licitação do setor de óleo Fonte: MDIC e gás e dos segmentos de infraestrutura já em curso no país. 18 13 Transações Correntes - 12 meses (bilhões de dólares) -34,1 -29,5 -29,5 -27,8 -25,8 -23,3 -22,3 -20,1 -23,5 -41,4 -46,3 -51,4 Balança Comercial (bilhões de dólares) 2,7 Saldo Exportação Importação Investimento Externo Direto (bilhões de Dólares) 15,5 11,4 8 3 -2 Fonte: Banco Central Este material foi elaborado pela UNA-CE, contendo, análises conjunturais e projeções. As análises apresentadas aqui, bem como as projeções/estimativas estão sujeitas a riscos e incertezas, tais como: as condições de mercado; ambiente competitivo; flutuações da moeda e da inflação; mudanças em órgãos reguladores e governamentais entre outros fatores que poderão diferir dos apresentados. Assim, a UNA-CE não se responsabiliza por eventuais imprecisões ou erros de seus valores projetados/estimados. Economia Brasileira Situação Fiscal Crítica, mas Ainda Dentro da Meta O resultado primário do setor público para o ano de 2016 foi desastroso, atingindo um déficit de R$ 155,7 bilhões (maior déficit anual de todos os tempos). Apenas no mês de dezembro, a cifra negativa registrou R$ 70,7 bilhões (segundo pior da história para o mês). Ainda assim, está dentro da meta definida pelo Governo federal de R$ 163,9 bilhões. Vale lembrar, que no mês de outubro houve um forte influxo de receitas tributárias decorrente de uma fonte não recorrente, a repatriação. Sem esse advento, o resultado primário estouraria a meta de déficit. Se o Governo Federal não compreender que a principal causa deste rombo é a redução da arrecadação tributária, será muito difícil sairmos desta situação fiscal desesperadora. É claro que o lado dos gastos deve ser atacado, mas com a velocidade da redução da arrecadação, é impossível conter o rombo apenas olhando para os dispêndios. É fundamental entendermos também que o corte inapropriado dos investimentos públicos tem repercussão negativa sobre a arrecadação. Num momento de crise generalizada como o atual, contar somente com dispêndios do setor privado é arriscado, uma vez que as expectativas de demanda dos empresários ainda estão na lona. A recuperação depende de uma atuação eficiente do governo federal. Resultado Primário do Setor Público (bilhões de reais) 40 28 21 13 10 0 -2 -13 -7 -9 -10 -7 -7 -11 -12 -20 -23 -18 -10 -13 -22 -27 -39 -72 -70,7 Fonte: banco Central O País Caindo do Abismo: Ações Urgentes são Necessárias Após o entendimento da ancoragem da inflação na meta, o Banco Central iniciou um vigoroso processo de redução das taxas de juros básicas, atualmente em 13,00%. Esse processo deve ter continuidade ao longo deste ano, sendo condição necessária para a recuperação da economia. Em complemento a essa atuação, o Banco Central iniciou uma série de estudos para tentar reduzir o spread bancário brasileiro, o mais alto do G-20. Existem também boas iniciativas recentes do lado do BNDES, como o novo Progeren ou a maior atuação sobre o desenvolvimento de parcerias público privada. A aprovação de novas reformas pode ajudar na melhora das expectativas. O ano de 2017 pode registrar algum crescimento, ações positivas do governo estão em curso, porém ainda muito tímidas. Vamos trabalhat para que este ano marque o fim da maior crise econômica da história brasileira. Este material foi elaborado pela UNA-CE, contendo, análises conjunturais e projeções. As análises apresentadas aqui, bem como as projeções/estimativas estão sujeitas a riscos e incertezas, tais como: as condições de mercado; ambiente competitivo; flutuações da moeda e da inflação; mudanças em órgãos reguladores e governamentais entre outros fatores que poderão diferir dos apresentados. Assim, a UNA-CE não se responsabiliza por eventuais imprecisões ou erros de seus valores projetados/estimados.