ANÁLISE CONJUNTURAL MARÇO 2017 A maior e mais longa recessão econômica da história do Brasil impactou todas as regiões, e com o estado da Bahia não foi diferente. Porém, há um agravante que é a influência de determinados setores, mais especificamente da indústria do petróleo, que retraiu fortemente e que prejudicou de forma mais acentuada o estado baiano. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal, do IBGE, a indústria geral na Bahia retraiu 5,6% em 2016, completando três anos de recessão. As variações anteriores foram de -6,9% em 2015 e de -2,6% em 2014. A indústria extrativa na qual o petróleo – a mais importante do estado - caiu 21,1% no ano passado. Além disso, a atividade de fabricação de produtos derivados do petróleo e de biocombustível, na parte de indústria de transformação, registrou queda de 11,1% no ano passado contra uma base já fraca, de -13,4% em 2015. Esse desempenho ruim do setor industrial contribuiu para o nível de emprego na região. De acordo com dados da PNAD Contínua Trimestral a taxa de desocupação do estado foi de 16,6% para o trimestre encerrado em dezembro passado, o que representa 1,2 milhão de pessoas. Esta taxa é 4,5 pontos percentuais superiores ao visto no mesmo período de 2015. E a média nacional do último trimestre de 2016 foi de 12%, ou seja, o quadro de desemprego na Bahia está numa situação ainda mais crítica. O varejo da Bahia, que é o setor que mais emprega, também ficou no negativo em 2016. A Pesquisa Mensal do Comércio – PMC mostrou que no ano passado, na avaliação do varejo ampliado que inclui Veículos e Material de Construção, fechou com retração de 11,1% no volume de vendas, totalizando dois anos seguidos de quedas. Na média do país o recuo foi menor, de 8,7%. E o desempenho ruim foi generalizado tendo todos os grupos pesquisados no negativo com setores mais sensíveis ao crédito tendo variações negativas mais expressivas. Esses números negativos da economia baiana, principalmente a questão do desemprego, levam os soteropolitanos a ficarem mais receosos no consumo. O índice de Intenção de Consumo das Famílias – ICF, elaborado mensalmente pela FecomercioBA, registrou duas quedas consecutivas e atinge em fevereiro 78,1 pontos, patamar 13% inferior ao visto no mesmo mês do ano passado. Na média nacional o recuo foi de apenas 2% para este mesmo período. Evidentemente o desemprego reduz a capacidade de consumo das famílias e com dificuldades financeiras houve crescimento tanto do endividamento quanto a inadimplência. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor – PEIC, também produzida pela FecomercioBA, mostra que no início deste ano a taxa de famílias com algum tipo de dívida está em quase 57%, enquanto no mesmo período do ano passado essa proporção era próximo a 52%. Além disso, a inadimplência que é o não pagamento na data do vencimento subiu dois pontos percentuais, passando de 24% para 26%. Por outro lado, os comerciantes estão melhorando o seu nível de confiança apesar dos dados negativos da economia da região. O Índice de Confiança dos Empresários do Comércio ICEC, da FecomercioBA, cresceu 13% em um ano atingindo 94 pontos no último dado de fevereiro. Os empresários estão otimistas com o futuro da economia e com o seu negócio, mas ainda estão preocupados com o quadro atual. Os anos ruins, e o momento atual pouco auspicioso começam a dar lugar gradativamente a uma perspectiva um pouco melhor. A inflação é uma das únicas variáveis importantes que vem mostrando melhoras significativas. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, do IBGE, na região metropolitana de Salvador o aumento de preços no acumulado de 12 meses até janeiro foi de 5,6%, muito inferior aos 10,7% vistos no primeiro mês no ano passado. E o grupo de Alimentos e Bebidas, com maior peso no orçamento das famílias, registrava 15,8% até janeiro de 2016, em 12 meses, e passou para 7,4% neste primeiro mês de 2017. Isso é um grande alívio nas finanças dos consumidores, mas, infelizmente, essa queda rápida está atrelada a retração da demanda via aumento de desemprego. A expectativa para o Brasil, no entanto, é que o ano de 2017 seja melhor do que o ano que passou por vários pontos: A inflação já está convergindo para o centro da meta e tende a fechar o ano até abaixo dos 4,5%. A taxa SELIC iniciou no início deste ano um ritmo mais acelerado de queda e deve encerrar 2017 entre 9% e 10%, o que contribui para investimentos das empresas e barateamento do crédito para consumidores e empresas. A injeção de recursos das contas inativas do FGTS ao longo do ano, seja pra pagar dívidas que favorece, num segundo momento, o potencial de consumo e contração de crédito, seja para consumo imediato. Os reajustes salariais de 2017 foram com base na inflação passada, ou seja, os novos valores estão corrigidos com uma inflação mais alta do que a deste ano, gerando um ganho, mesmo que pequeno, de poder de compra. Há o dado importante do agronegócio que, segundo o IBGE, a safra de 2017 deve ser 20% maior que 2016. Portanto, o país tende a sair da crise este ano mesmo que de forma lenta e gradual. E os indicadores econômicos da Bahia ilustram o cenário de forte recessão, acima da média nacional, o que deve protelar a retomada na região. A revisão pra baixo dos investimentos da Petrobrás impacta diretamente na economia local, pois se estima que a indústria de petróleo represente cerca de 2/3 da economia baiana. Desta forma, a recuperação, definitivamente, não virá no curto prazo e dependerá dos ajustes e reformas para abrir condições para ampliação de investimentos, principalmente, de estrangeiros no país. O aumento de investimentos no país é o passo fundamental para recuperar o quadro de desemprego no país e distribuir renda.