Cidades históricas e hospitalidade encantam estrangeiros A

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SECOPA
MINAS GERAIS SÁBADO, 5 DE ABRIL DE 2014 - 8
Bienvenidos!
q A seleção uruguaia
ficará hospedada em
um resort e fará os treinos
na Arena do Jacaré,
em Sete Lagoas
Lucas Martinez
Arocena se encantou
com o carnaval de
Ouro Preto
O
Uruguai, assim como o Chile e a Argentina, escolheu as terras mineiras para se hospedar durante a Copa do Mundo.
A delegação utilizará as dependências da Arena do Jacaré
e de um resort, na cidade de Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A Celeste Olímpica estreia na Copa em Fortaleza (CE) contra a Costa Rica no dia 14 de junho. Em seguida (19), a partida
será com os ingleses, no Rio de Janeiro. O terceiro jogo acontece
em Natal (RN), contra os italianos (24). Assim como o Brasil, o país
vizinho tem grande tradição no futebol. É bicampeão Mundial
(1930 e 1950, no Maracanã, quando venceu a seleção Canarinho)
e Olímpico (1925 e 1928). Dos times locais, dois se destacam e
são conhecidos internacionalmente: Peñarol e o Nacional.
Mercado do Cruzeiro, seguindo as tradições uruguaias. O dono do
local é o uruguaio Francisco Tomás Mesquita, que há 41 anos vive
em Minas. Inicialmente, ele atuava numa empresa de cigarros,
mas, em 1998, surgiu a oportunidade de abrir o próprio negócio
na região Centro-Sul da capital mineira. “Como sempre fazia churrasco para a família e amigos, resolvi atuar nesse ramo”, justifica.
ECONOMIA - Mas a proximidade entre as duas nações não
fica apenas nas quatro linhas e se estreita quando o assunto é
economia. Um levantamento de 2012, divulgado pela The World
Factbook, referência estatística disponibilizada na internet pelo
Governo dos Estados Unidos, aponta que o Brasil é o principal
parceiro em relações comerciais daquele país, representando
18,5 % dos índices de exportação uruguaios. Nesse porcentual, o
petróleo e derivados (26%) dividem o primeiro lugar, seguido de
itens alimentícios (19%).
Nesse contexto, a relação com Minas Gerais também é favorável. As exportações mineiras somaram, em 2013, US$ 98,14
milhões com os materiais de transporte, representando participação de 42,43% nos principais produtos enviados para o Uruguai. De acordo com Paulo Március Silva Campos, do Núcleo de
Estratégia e Atendimento ao Exportador da Central Exportaminas, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Minas conta com quatro empresas de capital uruguaio, que atuam
nos seguintes ramos: motores e acessórios de veículo, localizada em Betim; derivados de madeira, em Ponte Nova; produtos
químicos, em Belo Horizonte; e produtos plásticos, nas cidades
de Itamonte e Uberlândia.
GASTRONOMIA - Dos produtos importados das terras uruguaias, um em especial ganhou fama por aqui: as carnes, suculentas e macias, para serem assadas à moda do país sul-americano
conhecida pelo uso das “parrillas” (grelhas de churrasco). Dados
levantados pela Central ExportaMinas, de 2011 a 2013, revelam
que o Estado importou US$ 2,8 milhões de carnes de ovinos, caprinos e bovinos.
Em Belo Horizonte, um bom corte pode ser degustado no
O sucesso foi tanto que a casa, aberta em janeiro, precisou
ser ampliada meses depois. O segredo, segundo ele, está na qualidade da carne, vinda do Uruguai e feita na tradicional parrilla, no
tempero mineiro e bom atendimento. “Juntamos qualidades dos
dois países e o resultado é o restaurante sempre cheio e com vários prêmios de revistas do segmento gastronômico”, orgulha-se.
Além do futebol, o laço entre
as nações se estreita quando
o assunto é economia
Para acompanhar o churrasco, ele recomenda o arroz mineiro. “O
arroz daqui é único. Meus conterrâneos ficam fascinados com o
sabor”, esclarece.
Outro uruguaio que fincou raízes em Belo Horizonte é Fernando Domingues Areco, também conhecido como Motta. O
primeiro contato aconteceu em 1973, quando, a convite do Grupo de Dança Corpo, Fernando produziu um espetáculo em Ouro
Preto, o primeiro de vários até 1981, quando decidiu mudar de
ramo. Oriundo de uma família de proprietários de restaurantes,
também ingressou no segmento gastronômico e, atualmente,
também é sócio de uma das casas onde se serve carne uruguaia,
dentre outros cinco estabelecimentos que abriu na Capital. “O
cardápio traz cortes nobres como a costeleta de cordeiro, bife ancho e bisteca de vitelo”, explica.
Da culinária mineira, Motta aprecia pratos como frango com
quiabo ou ao molho pardo, e canjiquinha com costelinha. “Nunca
me aventurei a prepará-los e nem preciso, pois há bons restaurantes de comida mineira por aqui e amigos que cozinham muito
bem”, relata. Das riquezas da terra brasileira, o uruguaio se diz
encantado com os sabores da couve, jabuticaba e manga.
ALINE PEREIRA
Tomás Mesquita e Motta trabalham no ramo da gastronomia
Cidades históricas e hospitalidade
encantam estrangeiros
Quando o assunto são as paisagens mineiras, a professora uruguaia Iris M. Machado Zawadzki, que vive na Capital desde 1981, sugere
as cidades históricas marcadas pela arte barroca, como Ouro Preto e Mariana. “Esses locais
têm um encanto característico e um diferencial
artístico impressionante, como as obras do pintor e escultor Aleijadinho”, declara.
Iris dá aulas de línguas e o que mais gosta
de fazer é estar com os amigos mineiros que fez
aos longos dos anos, e passear com a filha, que
nasceu daqui. “Nós, uruguaios, assim como os
mineiros, gostamos de comer churrasco e de
nos reunirmos com amigos e familiares. Somos
igualmente comunicativos, solidários, receptivos e gentis”, compara.
LEGADO - O legado histórico e cultural
mineiro foi fator decisivo para escolha do estudante Lucas Martinez Arocena para fazer
intercâmbio em Belo Horizonte. “Das possibilidades, tinha o Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Mas, a grande
motivação pra vir para o Brasil era conhecer
a cultura daqui. Então, pensei que quanto
mais ao Norte e afastado do meu país ia ser
melhor. Mais misturado, mais diferente do
Uruguai e, portanto, mais interessante”.
O estudante do curso de Química está
há dois meses em Belo Horizonte, onde faz
intercâmbio na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mesmo há pouco tempo
no Estado, ele teve a oportunidade de conhecer a maior festa da cultura brasileira:
o Carnaval. Participou dos blocos de rua na
Capital e aproveitou ainda a festa de Ouro
Preto. “Foi muito bom. A gastronomia é excelente, a música também. Mas o melhor
são os mineiros, que achei receptivos, simpáticos e atenciosos”, conclui.
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