Anemia falciforme e pulmão Rudolf K. F. de Oliveira Residente de pneumologia do HSPE-SP Flávio F. Pirozzi Residente de clínica médica do Hospital de Base – FAMERP São José do Rio Preto – SP Wilson J. Quintino Chefe da Unidade de Terapia Intensiva da Emergência do Hospital de Base – FAMERP São José do Rio Preto – SP Maria Raquel Soares Pneumologista do Serviço de Doenças Respiratórias do HSPE-SP Carlos AC Pereira Diretor do Serviço de Doenças Respiratórias do HSPE-SP Relato do caso: Feminino, 15 anos, negra, estudante. Admitida na unidade de emergência dia 03/05/08 referindo dor em MMII de uma hora de evolução em região posterior, mal caracterizada, de forte intensidade, sem irradiação e refratária ao uso de analgésicos comuns. Negava febre, dispnéia, tosse, dor torácica, náuseas, vômitos, queixas gastrintestinais ou urinárias. Antecedentes pessoais: - Portadora de anemia falciforme em acompanhamento ambulatorial. - Referia três a quatro crises veno-oclusivas ao ano, necrose asséptica de cabeça de fêmur D e transfusões sanguíneas prévias. - Negava cirurgias prévias, tabagismo ou etilismo. - Em uso de ácido fólico, piroxicam e analgésicos comuns quando necessário. Ao exame físico: REG, desidratada +/4, hipocorada 2+/4, ictérica +/4, eupneica. PA: 140 x 90mmHg / FC: 115bpm / T: 36,2ºC. AR: Sons respiratórios normais, sem RA ACV: RCR, 2BNF, sem sopros MMII: Ausência de edema, pulsos presentes e simétricos, panturrilhas livres Admitida na enfermaria da Hematologia com analgésicos e morfina, evoluindo com melhora parcial do quadro álgico. Em 04/05/08 apresentou dispnéia intensa associado à dor torácica, e dessaturação (60% em ar ambiente). Radiogramas de tórax: (03/05/08) (04/05/08) Exames laboratoriais: 03/05/08 Hb 9,0 g/L Ht 31 % VCM 73 u/L HCM 21,1 u/L Leucócitos 14.800/mm3 Neutrófilos 55 % PCR 15,7 DHL 1.998U Glicemia 88 mg/dL Creatinina 0,7 mg/dL Na 139 mEq/L K 4,4 mEq/L 04/05/08 Lactato 1,2 mMol/L PCR 18,6 Leucócit 27.300/mm3 pH 7,31 PCO2 40 mmHg PO2 60 mmHg HCO3 20 BE -6 Sat 88% Com hipótese diagnóstica de síndrome torácica aguda (STA), foi iniciado antibioticoterapia com ceftriaxona e claritromicina. Manteve quadro de dispnéia e dor torácica, evoluindo com sonolência e rebaixamento do nível de consciência. Encaminhada à unidade de terapia intensiva foi intubada, observando-se saída de grande quantidade de secreção esverdeada. Iniciado exsanguineo-transfusão e paciente evoluiu com instabilidade hemodinâmica, necessitando de drogas vasoativas. Novo radiograma de tórax: (06/03/2008) ECG: (06/05/08) Taquicardia sinusal com sobrecarga de câmaras direitas e padrão S1Q3T3. Ecocardiograma: (06/05/08) Aumento importante de câmaras direitas e desvio paradoxal do septo; hipertensão arterial pulmonar (PMAP: 38mmHg); função contrátil de VE preservada; insuficiência mitral discreta; derrame pericárdico discreto. A hipótese de tromboembolismo pulmonar foi descartada pela arteriografia pulmonar (06/05/08). Evoluiu mantendo-se febril e com padrão ventilatório ruim, necessitando FiO2 de 90-100% e exsanguineo-transfusão diária. Isolado Klebsiella sp. em aspirado traqueal. Perante quadro de estabilidade hemodinâmica foi iniciado em 09/05/08 eritroaférese. Paciente evoluiu novamente com instabilidade hemodinâmica, necessitando de noradrenalina e dobutamina. Em 12/05/08: Eletroforese de Hb com 8,2% de HbS (HbS inicial: 95,1%) Perante dúvida diagnóstica quanto à etiologia do choque optado por passagem de cateter de Swan-Ganz para monitorização hemodinâmica: Data 13/05 14/05 14/05 14/05 15/05 15/05 15/05 FC (bpm) 92 95 105 100 85 98 78 PAtrioD(mmHg) 19 18 15 18 10 15 17 PAP (mmHg) 43 32 31 26 23 24 35 PCP (mmHg) 14 21 20 19 19 13 22 PAS (mmHg) 162 169 194 192 159 185 193 PAM (mmHg) 95 95 110 109 95 108 108 PAD (mmHg) 72 74 81 81 73 81 74 IC (l/min/m2) IRVS (Ds/cm5/m2) IRVP (Ds/cm5/m2) PaO2 (mmHg) 5,12 5,6 6,79 7,13 4,62 6,81 5,8 1234 1100 1082 1020 1506 1091 1269 453 157 118 90 104 129 179 55 48 52,3 59 64 66 82 PaCO2 (mmHg) 61 49 41,7 46 48 50 66 SaO2 (%) 85 82 89,3 91 93 93,1 95 SvO2 (%) 67 72 71,5 75,3 76,4 81 81 VO2 (ml/min/m2) 171 101 212 204 140 150 148 DO2 (ml/min/m2) 802 825 1090 1167 774 1141 980 Lactato (mMol/l) Dobutamina (mcg/kg/mim) 1,1 2,6 1,7 1,3 1,4 1,8 1,1 2,5 5 5 6 6 6 6 Novos radiogramas do tórax: (08/05/08) – – – – (13/05/08) (15/05/08) Antibioticoterapia: 04/05/08: ceftriaxona e claritromicina 07/05/08: cefepima e claritromicina 08/05/08: cefepima, claritromicina e vancomicina 11/05/08: imipenen, claritromicina, vancomicina e fluconazol Paciente manteve padrão ventilatório insatisfatório, realizando recrutamento alveolar diariamente, instabilidade hemodinâmica e febre. Em 19/05 evoluiu com pneumotórax à esquerda. Em 21/05 evoluiu com pneumotórax à direita. Radiogramas de tórax: (21/05/08) (22/05/08) Em 23/05/08: Com pneumotórax bilateral drenado, apresentou broncoespasmo, refratário com queda da saturação para 46%. Evoluiu com PCR em assistolia e não respondeu às manobras de ressuscitação, sendo então constatado óbito. Questão 1. Todas as afirmativas abaixo em relação à hipertensão pulmonar na anemia falciforme estão corretas, EXCETO: A. A patogênese se apóia no próprio processo hemolítico que produz disfunção endotelial, proliferação vascular e estresse oxidativo e inflamatório B. A dispnéia de esforço é o sintoma mais comum C. É uma complicação comum da anemia falciforme associada à alta morbidade e mortalidade D. Ocorre mais em pacientes com idade mais avançada, porém com anemia hemolítica menos grave E. O tratamento inclui tratamento adequado da anemia falciforme, tratamento dos distúrbios cardiopulmonares associados e terapia específica para hipertensão arterial pulmonar Discussão: Anemia falciforme ocorre em indivíduos homozigóticos para uma substituição em um nucleotídeo do gene da beta-globina, o que resulta na síntese de hemoglobina S (HbS), uma variável estrutural que é muito menos solúvel que a hemoglobina normal quando desoxigenada. A HbS desoxigenada polimeriza-se e agrega-se no interior de eritrócitos circulantes na microvasculatura. Células falciformes que são caracteristicamente rígidas e densas obstruem a microvasculatura, um processo que é intensificado por sua propensão para aderir ao endotélio vascular, resultando em um processo de isquemia e reperfusão, inflamação e estresse oxidativo. Esta cascata de eventos é responsável pelas manifestações mais típicas da doença: episódios freqüentes de dor óssea e a síndrome torácica aguda. Além disso, a membrana dos eritrócitos que contém HbS é constantemente exposta a danos mecânicos que causam a sua ruptura e originam um estado de anemia hemolítica intravascular crônica. Esse processo hemolítico causa a liberação de hemoglobina livre e da enzima arginase no plasma, produzindo um estado de disfunção endotelial, proliferação vascular e estresse oxidativo e inflamatório. Esses mecanismos patológicos terminam por gerar uma vasculopatia proliferativa que pode afetar as circulações cerebral, renal e pulmonar, e cuja manifestação principal é o desenvolvimento de hipertensão pulmonar na vida adulta. O diagnóstico da hipertensão pulmonar em pacientes com anemia falciforme é geralmente difícil. A dispnéia de esforço, o sintoma mais comumente associado à hipertensão pulmonar é também muito comum em pacientes anêmicos. Além disso, outros distúrbios com sintomatologia semelhante, como insuficiência cardíaca esquerda ou fibrose pulmonar, ocorrem com freqüência em pacientes com anemia falciforme. Pacientes com hipertensão pulmonar tendem a ter idade mais avançada, pressão arterial sistêmica mais elevada, anemia hemolítica mais grave, saturação de oxigênio por oximetria mais baixa, funções renais e hepáticas piores e um número de transfusões de hemácias mais elevado do que pacientes com anemia falciforme e pressões pulmonares normais. Existem poucos dados avaliando o tratamento da hipertensão pulmonar associada à anemia falciforme. A maioria das recomendações se baseia evidências derivadas do tratamento de outras formas de hipertensão arterial pulmonar. O manejo geralmente inclui intensificação do tratamento da anemia falciforme, tratamento de distúrbios cardiopulmonares associados e terapia específica para a hipertensão arterial pulmonar. A hipertensão pulmonar, portanto, é uma complicação comum da anemia falciforme (e, provavelmente, de outras anemias hemolíticas) associada à alta morbidade e mortalidade. Dessa forma, deve-se fazer triagem ecocardigráfica anual nesse grupo de pacientes. Tendo em vista que existe uma relação entre a gravidade do grau de hemólise e a presença de hipertensão pulmonar, é bastante provável que a intensificação da terapia específica para a anemia falciforme limite a progressão da doença hipertensiva em casos mais leves e contribua para uma diminuição da morbidade e mortalidade associadas aos casos mais graves da doença. Além disso, deve-se considerar o uso de agentes específicos para a hipertensão pulmonar em pacientes sintomáticos e com elevação acentuada da pressão arterial pulmonar. Resposta – letra D Questão 2. Quanto à síndrome torácica aguda (STA) é correto afirmar, exceto: A. Não é uma manifestação rara da anemia falciforme, caracteriza-se por um infiltrado pulmonar que pode acometer quase todo pulmão e necessitar de hospitalização prolongada e ventilação mecânica. B. As três causas principais são: infecção, embolia gordurosa e infarto, sendo a mais comum a infecção seguida pelo ciclo vicioso da embolia gordurosa e o infarto. C. O paciente geralmente apresenta febre e leucocitose importante, além de outras manifestações clínicas e hematológicas. D. A principal alteração da função pulmonar é distúrbio ventilatório restritivo e capacidade de difusão de monóxido de carbono reduzida. Discussão: A STA (síndrome torácica aguda) é uma forma comum de lesão pulmonar na anemia falciforme. Quando grave, é muito semelhante à SARA (síndrome da angústia respiratória do adulto. No paciente com anemia falciforme, é definida como um infiltrado pulmonar novo compatível com consolidação, envolvendo no mínimo um segmento pulmonar e acompanhado por dor torácica, febre, taquipnéia, sibilos ou tosse. É a segunda causa mais comum de hospitalização dos pacientes com anemia falciforme e a causa principal de admissão em unidade de terapia intensiva e morte prematura nesta população de pacientes. O tempo de hospitalização da STA é longo – em torno de 10,5 dias – quando comparado a uma crise de dor vaso-oclusiva – 3 a 4 dias. 13% dos pacientes com STA necessitam de ventilação mecânica, e 3% morrem. São propostas três causas principais da STA: infecção pulmonar, embolização de gordura da medula óssea e sequestro intrapulmonar dos eritrócitos falciformes, resultando em lesão pulmonar e infarto. As lesões pulmonares resultam em defeito na ventilação-perfusão e hipoxemia, que conduzem ao aumento da desoxigenação da hemoglobina S, seguida da polimerização da hemoglobina e vaso-oclusão eritrocítica, voltando a promover infarto da medula óssea e vaso-oclusão pulmonar como está representado na figura abaixo: Figura: Ciclo da síndrome torácica aguda (adaptado de Gladwin MT, Vichinsky E. Pulmonary Complications of Sickle Cell Disease. N Engl J Med. 2008; 359:2254-65) A causa mais comum de STA é a infecção pulmonar por patógenos adquiridos na comunidade, que desencadeiam uma resposta inflamatória excessiva que, às vezes, pode levar a uma infecção leve do trato respiratório superior. Estudos demonstraram que ratos transgênicos que expressam hemoglobina S humana são suscetíveis aos gatilhos inflamatórios como os lipopolissacarídeos e exposições episódicas a hipóxia, com o desenvolvimento de lesão pulmonar em doses de endotoxinas ou graus de hipóxia que nas quais ratos comuns não são adversamente afetados. Um estudo americano analisou 671 episódios de STA em 538 pacientes com anemia falciforme para determinar a causa, o desfecho e a resposta terapêutica. Nesse trabalho, analisando o escarro e o lavado bronco-alveolar para vírus e bactérias, um agente infeccioso foi identificado em 54% dos pacientes admitidos com STA em hospital. A maioria dos agentes foram bactérias atípicas e vírus. A segunda maior causa de STA é a síndrome da embolia gordurosa; que está associada a uma grave crise dolorosa vaso-oclusiva envolvendo múltiplos ossos, especialmente pelve e fêmur, e resultando em infarto e edema da medula óssea. A medula óssea necrosa e seu conteúdo, incluindo gordura, células e até espículas ósseas caem na corrente sanguínea e chegam aos pulmões onde causam hipertensão pulmonar aguda, inflamação pulmonar grave e hipoxemia. A fosfolipase A2 secretória converte os fosfolipídios da medula óssea em ácidos graxos livres, que iniciam a resposta inflamatória e a lesão pulmonar em um processo semelhante ao desencadeado pela administração intravenosa de ácido oléico em modelos de ratos com SARA. Acúmulos lipídicos nos macrófagos alveolares são diagnósticas de embolia gordurosa e podem ser identificadas em mais de 16% dos casos de STA. O infarto pulmonar, ou vaso-oclusão, pode contribuir para o desenvolvimento da STA. Um número pequeno de pacientes, às vezes, desenvolve infarto pulmonar em forma de cunha seguido de cavitação central. Na maioria dos adultos com anemia falciforme a STA se desenvolve 24 a 72 hs depois de instalada a dor nos braços, pernas ou tórax. A STA é associada com marcadores sistêmicos de inflamação, com picos febris de 38,9ºC e uma leucocitose importante. Embora um alto nível de hemoglobina estável (sem crise de dor) seja o principal risco para STA, em pacientes hospitalizados com crise vaso-oclusiva dolorosa, uma queda abrupta no nível de hemoglobina (uma queda significativa de 0.78g/dl do nível estável) e um aumento nos marcadores de hemólises muitas vezes precede o desenvolvimento de STA. A contagem de plaquetas também pode cair na STA. Um nível de plaquetas de 200.000/ mm3 ou menos é fator de risco independente para manifestações graves da STA e está associado com o risco aumentado de complicações neurológicas e necessidade de ventilação mecânica. Hiperreatividade das vias aéreas ocorre em 13% dos pacientes com STA e em mais de 53% de crianças entre o nascimento e os nove anos de idade. No nível estável da anemia falciforme, a maior alteração na função pulmonar é um distúrbio ventilatório restritivo, caracterizado por uma leve redução da capacidade pulmonar total e difusão de monóxido de carbono reduzida. Essas complicações pioram com a idade e também estão associadas ao aumento na pressão de artéria pulmonar. Resposta: letra D Questão 3. Qual a principal causa pulmonar de óbito relacionada à anemia falciforme? A. B. C. D. E. Hipertensão pulmonar Síndrome torácica aguda Tromboembolismo pulmonar Causas infecciosas Todas as anteriores Discussão: O paciente com anemia falciforme apresenta uma sobrevida média de 36 a 48 anos de idade. Entre as principais causas de óbito temos a hipertensão pulmonar com 17-26% dos casos, síndrome torácica aguda (19-25%), insuficiência renal (23%), tromboembolismo pulmonar (15%) e causas infecciosas (19%). Do ponto de vista pulmonar as etiologias apresentam forte correlação entre si. Estudos recentes de autópsia em pacientes com anemia falciforme mostram uma prevalência de hipertensão pulmonar próxima a 75%, o que vem se tornando uma das principais causas de morbimortalidade nestes pacientes. Com relação às infecções observa-se que os microorganismos mais comuns são o micoplasma e a clamídia, seguido por vírus sincicial respiratório, S. pneumoniae e S. aureus sendo portanto, obrigatória a cobertura antimicrobiana de tais agentes na possibilidade de STA. Além da cobertura antimicrobiana, o manejo inicial da STA inclui hidratação, oxigenioterapia e suporte ventilatório quando necessário, analgesia, terapia transfusional e exsanguíneo-transfusão. Pacientes com STA de repetição podem apresentar alterações na função pulmonar como fibrose, contribuindo desta forma para o quadro de hipertensão pulmonar. Resposta – letra E Referências: 1. Machado RFP, Hipertensão arterial pulmonar associada à anemia falciforme. J. Bras Pneumol. 2007; 33(5): 583-591. 2. 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