Lentificação do desenvolvimento cerebral O processo de desenvolvimento cerebral no Homem é muito mais lento que o desenvolvimento do sistema nervoso central de outros mamíferos. Este carácter embrionário do cérebro torna-se uma vantagem, possibilitando a influência do meio e uma maior capacidade de aprendizagem. Não existem nenhum cérebro igual a outro, devido às diferentes expressões dos genes e a diferentes experiências de vida. Esta capacidade do cérebro de se modificar com as experiências consiste na sua plasticidade, motor de individualização. Ao contrário do que acontece nas outras espécies o programa genética humano possibilita da variação individual. Plasticidade e aprendizagem Inicialmente a organização cerebral e o funcionamento do sistema nervoso eram considerados definidos geneticamente, isto é, o homem teria um programa predeterminado que definia a sua estrutura e as funções das várias áreas. O que caracterizava o cérebro era a estabilidade das suas conexões, que eram consideradas imutáveis e considerava-se também que o cérebro era um órgão que atingia o auge da sua capacidade e força ao fim da puberdade e que estaria condenado a degradar-se progressivamente à medida que a idade avançava. Com o avanço da ciência demonstrou-se que o cérebro é um órgão maleável, modificando-se com as experiências, perceções, ações e comportamentos do Homem, ou seja, a relação que o Homem estabelece com o meio produz modificações no sentido de uma adaptação mais eficaz. Foi através da maleabilidade do cérebro que foi possível chegar ao conceito de plasticidade cerebral, a capacidade do cérebro se remodelar em função das experiências do sujeito, em reformular as suas conexões em função das necessidades e dos fatores do meio ambiente, permitindo assim uma aprendizagem ao longo da vida. Para comprovar a plasticidade do cérebro foram realizadas investigações com adultos cegos; as experiências feitas com adultos cegos que começaram a aprender Braille vieram provar a neuro adaptabilidade do cérebro, ou seja, as informações provenientes do dedo que lê Braille ativavam também as partes dos córtex visual. Outra prova da plasticidade cerebral é que quando determinadas áreas sofrem lesões que comprometem as suas capacidades, outros neurónios que se encontram nas zonas vizinhas assumem as funções das áreas danificadas. É este carácter plástico do cérebro humano que o disponibiliza para a aprendizagem ao longo de toda a vida. Inteligência Animal Os animais são inteligentes? Durante muito tempo, esta pergunta teve como resposta uma afirmação negativa. O comportamento animal regia-se, então, por instintos inatos e reflexos aprendidos: comportamentos aparentemente inteligentes mais não são do que respostas mecânicas a estímulos com origem nos meios externos e interno. Mas investigações sistemáticas sobre a inteligência animal vieram tornar afirmativa a resposta a esta questão. E assim concluiu-se que a maior parte dos vertebrados têm capacidade para aprender e resolver problemas: a inteligência animal está relacionada com o desenvolvimento do sistema nervoso central, particularmente o tamanho e a complexidade do cérebro. A separação total considerada entre os seres humanos e os animais deixou de fazer sentido pois existem animais, como o macaco, que apresentam alguns processos cognitivos semelhantes aos dos homens e que resolvem problemas recorrendo a estratégias semelhantes às nossas. A capacidade de adaptação e a forma de resolver problemas manifestam as capacidades do animal. Novas Perspetivas Na década de 60 foi Jane Goodall quem desenvolveu muitas investigações sobre o comportamento dos chimpanzés. Mostrou que estes animais têm um embrião de cultura pois possuem a capacidade de transmitir as suas descobertas aos seus descendentes vizinhos – cultura transmitida de geração em geração. Diferentes grupos de chimpanzés desenvolvem formas distintas de resolver problemas semelhantes. As variações de comportamento não eram devidas às características geográficas ou ecológicas mas sim a uma alternância de tipo cultural transmitida de geração em geração.