há que ter uma ética em situação hospitalar

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16-03-2016
Revista de Imprensa
16-03-2016
1. (PT) - Jornal de Notícias, 16/03/2016, Infeções hospitalares matam sete vez mais que estradas
1
2. (PT) - Correio da Manhã, 16/03/2016, "Há que ter uma ética em situação hospitalar" - Entrevista a Paulo
André Fernandes
3
3. (PT) - Correio da Manhã, 16/03/2016, Ambiente mata 12,6 milhões
4
4. (PT) - Público, 16/03/2016, Governo faz acordo de 200 milhões com laboratórios
5
5. (PT) - Diário Económico, 16/03/2016, Farmacêuticas contribuem mais para reduzir despesa com
medicamentos
6
6. (PT) - Correio do Minho, 16/03/2016, Santa Casa da Misericórdia termina o ano com resultado líquido
positivo
7
7. (PT) - Diário do Minho, 16/03/2016, Faltam assistentes sociais nas instituições públicas
9
8. (PT) - Destak, 16/03/2016, Consultas de psicologia são luxo apenas acessível a alguns
11
9. (PT) - i, 16/03/2016, Saúde. ERS recebeu 17823 queixas em 2015
12
10. (PT) - Correio da Manhã, 16/03/2016, Fertilidade do país entre as piores
13
11. (PT) - i, 16/03/2016, Sida. "E a caspa? também transmite o vírus?"
14
12. (PT) - Diário de Notícias, 16/03/2016, Sexo começa mais tarde mas poucos usam preservativo
17
13. (PT) - Jornal de Notícias, 16/03/2016, Raparigas menos satisfeitas com a vida, corpo e saúde
19
14. (PT) - Destak, 16/03/2016, Adolescentes queixam-se de stress escolar
20
15. (PT) - Público, 16/03/2016, Estudo da OMS. Os adolescentes portugueses têm um problema com a
escola
22
16. (PT) - Público, 16/03/2016, Estudo associa Zika na gravidez ao aumento do risco de microcefalia
25
17. (PT) - i, 16/03/2016, Mudanças na ADSE partem CGTP e geringonça
28
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16-03-2016
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Âmbito: Informação Geral
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300
10,1%
milhões de ouros
hevakinda
As despesas associadas às infeções hospitalares ascendem a 3(10 milhões de euros
em Portugal. Segundo projeções Internacionais, se nada for feito, em 2050, morrerão anualmente cerca de 390 anil pessoas
na Europa e dez milhões em todo o Mundo.
O último relatório sobre prevalência das infeções hospitalares, relativo a 2012, revela que a
média de Portugal (10,5%) é bem superior à da
União Europeia (6,1%). No uso de antibióticos,
sucede o mesmo: 45,3% contra os 35,8%. O
próximo levantamento será em 2017.
Relatório Hospitais vão ser avaliados em breve e vão receber incentivos financeiros em função dos resultados
4600 morrem por
infeção no hospital
Dina Margeio
cerido de mortes: "É um problema
que tem vindo a aumentar". O relatório parte de óbitos de 2013.
Pela positiva, o documento
aponta uma redução da incidência
de algumas das infeções principais,
como é o caso da pneumonia associadaà entubação pela traqueia, ou
a infeção associada ao cólon do reto. Por outro lado, a infeção associada à cirurgia das vias biliares
piorou e mantém-se elevada a resistência aos antibióticos da classe
das quinolonas, usados contra
maioria das infeções urinárias.
No consumo dos medicamentos.
nota-se uma redução na classe das
quinolonas - que desceu, em três
anos (2011/20141, 27% no ambulatório e 8% nos hospitais - e nos antibióticos associados às bactérias
multirresistentes. No entanto. e
apesar da queda 5% destes últimos,
o seu consumo ainda é duas a três
vezes superior à média europeia.
[email protected]
► "Houve progressos, mas continuamos a ter um problema preocupante." A frase de Francisco George, diretor-geral da Saúde, introduziu a apresentação dos dados sobre
controlo das infeções e resistência
a antibióticos em Portugal. No último ano em análise, estima-se que
tenham morrido em ambiente hospitalar mais de 4600 pessoas devido a infeções ou na sequência destas. Um número que tem crescido.
apesar de algumas infeções terem
diminuído e do combate ao consumo excessivo de medicamentos,
causadores de resistência, estar a
surtir efeito.
"O número de óbitos associados
à Infeção em Internamento destaca-se nitidamente quando comparado com o número de vítimas dos
acidentes de viação", refere o relatório "Portugal - prevenção e controlo da infeção e de resistência-aos
antimicrobianos". "Sete vezes mais
do que as vitimas da estrada", dis,
se o secretário de Estado Adjunto e
da Saúde, Fernando Araújo, que
aproveitou para anunciara avaliação de que os hospitais serão alvo
em breve, de que dependerá depois um plano de incentivos financeiros, a aplicar durante 2017.
O diretor do programa de Prevenção e Controlo de Infeções explicou que é "muito difícil determinar o número de óbitos que são
provocados pelas Infeções associadas aos cuidados de saúde, porque
a distinção que temos de fazer é se
a pessoa faleceu com a infeção ou
por causa dela". Paulo André Fernandes considera que se trata de
"um número por cima", já que "alguns faleceram por causa da infeção, no seu decurso, e outros por
outra doença que já tinham, mas à
qual se associou a infeção*. O responsável admite que há um cres-
As condições dos hospitais e dos profissionais ajudam ao aumento de casos
meai»
'Iask faiar
• 0 secretário de Estado Fernando
Araújo anunciou ontem a criação de
uma "task force" entre várias instituições da saúde (ACSS, INSA, Infarmed). O objetivo é reunir uma
única fonte de informações e a partir dos seus resultados atuar e premiar os hospitais.
Lavagem de mãos
• O governante reconhece a necessidade de investimento nas condições
dos hospitais, mas põe a tónica nas
recomendações a fazer aos profissionais. Segundo o relatório, a higiene
das mãos melhorou, à exceção da situação: "após o contacto com o ambiente envolvente do doente"
Faltam auxiliares
António Sarmento, professor da Faculdade de Medicina do Porto a
quem coube a avaliação dos resultados, começou por lembrar que
partedas infeções está associada ao
progresso da medicina. "É importante não estarmos sempre a culpabilizar todos. Vivem-se hoje situações de fragilidade em doentes
que há dez anos já teriam morrido."
O especialista sublinhou também outros problemas. relacionados com as condições dos hospitais
e seus profissionais. "Precisamos de
auxiliares. Eles são fundamentais.
No meu serviço, houve uma auxiliar que teve de fazer 11 noites. O rácio de enfermeiros é também fundamental", explica. Numa visita a
um hospital da Holanda, diz que viu
os corredores sempre a brilhar. "Estão sempre a limpá-los. de manhã;
à tarde. Há um limiar de recursos
humanos. abaixo do qual não se
consegue obter qualidade." •
flash:
António Sarmento
Prof da Fac. Medicina do Porto e
dir serviço no Hosp. S.João
Hospitais
envelhecidos
com grandes
enfermarias
Alertou para as deficientes
condições arquitetónicas e
estruturais dos hospitais. Qual
é o ponto da situação?
As instalações envelhecem.
como as casas-das pessoas, às
vezes, tornam-se menos
adaptadas aos tempos atuais.
Temos ainda enfermarias muito
grandes. com muitas camas. O
ideal era que cada doente
pudesse ter.o seu quarto.
É uma grande ambição. Três
camas é razoável?
Très camas já seria bom. No
meu serviço, isso acontece e
temos dez quartos individuais.
No S. João as condições estão
acauteladas?
Existem na parte que já foi
renovada, mas na parte que
não foi, ainda não existem. O
meu serviço tem a sorte de já
estar na parte renovada.
Falou na falta de auxiliares.
São manifestamente poucos?
Claramente. poucos.
Seria uma medida simples de
adotar?
Era, este sucesso está muito
dependente das atitudes
individuais das pessoas. Está a
ver o que é um serviço com
movimento em que entram três
ou quarto doentes e uma
auxiliar tem de limpar três.
quatro unidades. É evidente
que as pessoas não são
ilimitáveis. •
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ID: 63592638
16-03-2016
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Infeções
hospitalares
matam sete
vezes mais
que estradas
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País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
DISCURSO DIRETO
Paulo André Fernandes: Diretor do Programa
de Prevenção e Controlo de Infeções
"HÁ QUE TER UMA ÉTICA EM
SITUAÇÃO HOSPITALAR"
13 CM: O relatório
`Prevenção e Controlo de Infeções e
de Resistências aos
Antimicrobianos
2015' indica que estão a aumentar as
bactérias capazes de resistirem às primeiras linhas de
antibióticos. Confirma?
Paulo André Fernandes Precisamente. Há um uso
excessivo de antibióticos.
- Podemos falar em mais de
4500 mortes por ano devido
a infeções hospitalares?
Sim. Podemos dizer que
foram pessoas que faleceram
e tinham infeções associadas
aos cuidados de saúde. É
complicado estabelecer um
número de mortes exato.
- Qual é a bactéria
mais resistente?
- Neste momento,
um dos microorganismos que nos
causam mais problemas é a klebsiella
pneumoniae, porque é resistente a antibióticos quase de
última linha. E deixa poucas
alternativas terapêuticas.
- O pessoal médico deve seguir um protocolo na redução de riscos. E o doente,
como pode contribuir para
reduzir esses riscos?
- Há que ter uma ética em situação hospitalar. Por
exemplo, pode higienizar as
mãos, não contactar com os
outros doentes e tossir para o
cotovelo (ver pág. 16). • r.0.
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ID: 63593102
16-03-2016
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Pág: 16
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Área: 4,97 x 8,50 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
EM TODO O MUNDO
Ambiente mata
12,6 milhões
[3 As doenças provocadas
por causas ambientais mata ram 12, 6 milhões de pessoas
em 2012, valor que repre
senta um quarto das mortes
no Mundo nesse ano.
Um estudo da Organização
Mundial de Saúde indica que
a poluição, a exposição a
químicos e as radiações ul
travioleta provocam mais de
100 doenças. AVC, doença
cardíaca, cancro e doenças
respiratórias são as que mais
matam. • B.E.
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A5
ID: 63592477
16-03-2016
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País: Portugal
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Period.: Diária
Área: 10,51 x 30,03 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Protocolo visa controlar despesa pública com medicamentos
Governo faz acordo
de 200 milhões
com laboratórios
Medicamentos
Alexandra Campos
Acordo entre a indústria
farmacêutica e o Estado
foi assinado ontem, na
véspera da votação final do
Orçamento do Estado
O Ministério da Saúde e a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) assinaram ontem
um acordo para o controlo da despesa pública com medicamentos
em 2016, à semelhança do que tem
acontecido em anos anteriores. Para
este ano, o acordo prevê que a indústria contribua com 200 milhões
de euros, mais 20 milhões do que
em 2015.
Este ano, a despesa pública com
medicamentos não deverá ultrapassar os 2 mil milhões de euros, o “valor de referência” estabelecido no
protocolo agora firmado, adiantou
o Ministério da Saúde em comunicado. Assinado na véspera da votação final da proposta de Orçamento
do Estado (OE), o protocolo prevê,
além do tecto para 2016, “o entendimento de médio prazo, cobrindo
o período temporal até ao final de
2018”.
Em 2014, um protocolo deste género foi assinado apenas em Setembro e previa uma poupança para o
Estado de 160 milhões de euros, enquanto em 2012 e 2013 acordos idênticos permitiram uma poupança na
ordem dos 300 milhões de euros,
com a contrapartida de o Estado se
comprometer a um esforço maior na
regularização de dívidas em atraso
às empresas farmacêuticas.
Este ano, com a indústria a cola-
borar de novo desta forma no controlo da despesa pública, o ministério liderado por Adalberto Campos
Fernandes compromete-se “a promover condições para o acesso dos
doentes aos medicamentos que se
demonstrem inovadores”. Como?
Cumprindo os prazos de avaliação
e decisão previstos na lei, e adoptando “metodologias inovadoras de
contratualização, designadamente
sistemas de gestão partilhada do
risco, e do reconhecimento da especificidade de determinados medicamentos”, explica a tutela.
Em 2016, ficam expressamente excluídos os gastos com medicamentos que apresentem características
de carácter excepcional, como a eliminação de patologias. É uma referência indirecta aos medicamentos
inovadores da hepatite C, que só no
ano passado implicaram uma despesa de 40 milhões de euros, estando
prevista para este ano uma factura
de 85 milhões, valores que levaram
o ministro a decidir renegociar este
protocolo.
No acordo para 2016 fica também estipulado que as empresas
que apostem em inovação podem
deduzir uma parte do investimento
na contribuição que lhes é devida,
segundo a Apifarma. O presidente
da associação, João Almeida Lopes,
sublinhou que “pela primeira vez no
passado recente existe um ambiente
favorável em torno da necessidade
de deixar de ver a saúde apenas como despesa”, enquanto o ministro
destacou que a relação com este sector se baseia na “lealdade, seriedade
e elevado sentido de responsabilidade social”.
As dívidas do SNS à indústria farmacêutica ascendiam a 695,2 milhões de euros, em Dezembro.
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A6
ID: 63592535
16-03-2016
Tiragem: 13881
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País: Portugal
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Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
Farmacêuticas contribuem mais para
reduzir despesa com medicamentos
Saúde Despesa pública com medicamentos mantém-se nos dois mil milhões de euros este ano. Acordo estendido a três anos.
Ana Petronilho e
Bruno Faria Lopes
[email protected]
A indústria farmacêutica vai
contribuir com 200 milhões de
euros para a contenção da despesa pública com medicamentos este ano. O protocolo negociado entre o Ministério da Saúde e a associação da indústria, a
Apifarma, foi anunciado ontem
pelo Governo e é, mais uma vez,
duro para as farmacêuticas, representando um agravamento
de 20 milhões da contribuição
face a 2015.
Para a indústria, contudo, há
diferenças: intenções inscritas
no protocolo que sinalizam
vontade política em começar
um ciclo de maior investimento
na despesa com medicamentos.
O Diário Económico sabe que
existe uma cláusula não vinculativa que indexa a despesa com
medicamentos ao crescimento
nominal do PIB. Se se confirmar
a retoma moderada na economia, prevista pelo Governo,
essa indexação (que pode ser
sujeita mediante um ponderador ligado ao PIB) significaria
uma expansão da despesa com
medicamentos.
Mas, apesar de ser um acordo
duro para as farmacêuticas, há
duas regras do acordo que agradam à indústria. Pela primeira
vez, desde 2012, o acordo deixou de ter efeitos apenas para
um ano. O ministro Adalberto
Campos Fernandes desenhou
um acordo para vigorar, em
traços gerais, durante os próximos três anos (até ao final de
2018), com efeitos a médio-longo prazo. No entanto, o valor inscrito para a despesa pública com medicamentos, que
se mantém nos dois mil milhões
de euros, poderá vir a ser revisto anualmente. Esta nova regra
permite que as farmacêuticas
façam uma avaliação dos efeitos
das políticas do medicamento a
longo prazo.
Além disso, o Ministério da
Saúde compromete-se a “promover condições para o acesso
dos doentes aos medicamentos
que se demonstrem inovadores,
nomeadamente através do
cumprimento dos prazos de
avaliação e decisão previstos na
lei, da adopção de metodologias
Paula Nunes (arquivo)
inovadoras de contratualização,
designadamente sistemas de
gestão partilhada do risco, e do
reconhecimento da especificidade de determinados medicamentos (…)”, lê-se no comunicado. Uma medida que vem ao
encontro do que defende a indústria que acredita que sai,
politicamente, caro ao Governo
travar a 100% a inovação, como
aconteceu, aliás, com as negociações para os remédios do tratamento da hepatite C.
Para o presidente da Associação Portuguesa da Indústria
Farmacêutica (Apifarma), João
Almeida Lopes, o acordo “é virtuoso, porque abre caminho a
que o investimento na Saúde
passe a ser compatível com as
necessidades das populações e
com o nível de crescimento
económico que Portugal anseia
e precisa”. Almeida Lopes salienta ainda que “pela primeira
vez, no passado recente, existe
um ambiente favorável em torno da necessidade de deixar de
ver a Saúde apenas como despesa, mas antes como um investimento na vida de todos os
cidadãos”.
Este é o quinto acordo assinado entre o Ministério da Saúde, o Infarmed e a Apifarma,
para reduzir a despesa com medicamentos e aumentar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
Todas as farmacêuticas que
não fiquem abrangidas por este
acordo, por não serem membro
da Apifarma, vão contribuir
com uma taxa que varia conforme o tipo de medicamento. Regra que se mantém de anos anteriores. ■
INDÚSTRIA
10%
Contribuição das farmacêuticas
para a despesa pública com
medicamentos ascende, este ano,
a 10% do total dos dois mil
milhões de euros de despesa.
O ministro da Saúde, Adalberto
Campos Fernandes, assinou ontem
com a Apifarma o seu primeiro
acordo com a indústria para reduzir
a despesa com os medicamentos.
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ID: 63595019
16-03-2016
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País: Portugal
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Santa Casa terminou 2015
com “resultado líquido positivo”
RELATÓRIO DE ACTIVIDADES E CONTAS da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso foram
aprovados por unanimidade em Assembleia Geral. Instituição recorda actividades que se destacaram.
PÓVOA DE LANHOSO
| Redacção |
O Relatório de Actividades e
Contas de 2015 da Santa Casa
da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso foi aprovado, em Assembleia Geral, por unanimidade.
De acordo, com os documentos
apresentados pela Mesa Administrativa liderada pelo provedor
Humberto Carneiro, a instituição “terminou o exercício do
ano em análise com um resultado líquido positivo”.
Em termos de actividades do
ano de 2015, a Santa Casa da
Misericórdia da Póvoa de Lanhosa destaca, no documento
enviado à comunicação social,
algumas iniciativas que merece-
ram reconhecimento, nomeadamente, a aprovação da actualização do Compromisso da Misericórdia, determinada pela entrada
em vigor do decreto-lei 172A/2014. “O Compromisso foi
aprovado em Assembleia Geral
de Irmãos, tendo posteriormente
sido remetido à Cúria Arquiepiscopal de Braga, que o aprovou
por decreto de 6 de Outubro de
2015 na competência de autoridade eclesiástica diocesana”,
pode ler-se na nota.
A continuidade da obra de remodelação e ampliação do Hospital António Lopes (HAL), que
vigorará com um novo Acordo
de Cooperação que converte o
HAL em hospital do SNS (Serviço Nacional de Saúde), em
Nesta Assembleia Geral
foram ainda apresentados
e aprovados, entre outros
assuntos, a proposta
da Mesa Administrativa
contrair um mútuo oneroso
no montante de 1 milhão
de euros, para fazer face aos
encargos com a remodelação, ampliação e aquisição
de equipamentos para
o Hospital António Lopes.
“plano de igualdade” com os
hospitais da rede pública também é destacada. “Este novo
Acordo de Cooperação, não só
renova o acesso dos utentes do
SNS, por via do respectivo médico de família, para consultas e
cirurgias das especialidades de
Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Ginecologia, Oftal- mologia,
Ortopedia, Otorrinolaringologia
e Urologia, mas também, pela
mesma via, o acesso dos mesmos utentes a uma diversidade
de Meios Complementares de
Diagnóstico e Terapêutica de diversas especialidades destacando-se cardiologia (ECG com
provas de esforço, Ecocardiogramas, Holter e MAPA), gastroenterologia (EDA e Colonoscopias) e medicina física e reabilitação (fisioterapia)”, explica
a mesma nota.
A aprovação de alguns projectos, nomeadamente o ON2 e o
Fundo Rainha D. Leonor, também são mencionados na nota.
“O ON2 – O Novo Norte teve
como objectivo obter verbas para cofinanciamento da obra
ULDM – Unidade de Longa Duração e Manutenção D. Elvira num valor que pode ir até 1,206
milhões de euros. Já o Fundo
Rainha D. Leonor, criado pela
SCM de Lisboa e pela União das
Misericórdias Portuguesas, teve
como objectivo de financiamento, a fundo perdido, da obra de
remodelação e ampliação do
edifício de S. Gonçalo”, lembra.
A certificação EQUASS das
valências sociais foi outra das
marcas para a instituição em
2015. “Esta nova norma veio
complementar o trabalho já executado e certificado pela norma
ISO 9001, reforçando a qualidade dos serviços prestados nestas
valências”, pode ler-se, ainda,
no comunicado, sublinhando
que “após um período de implementação e maturação do sistema, em Novembro de 2015, a
instituição foi auditada ao abrigo
desta norma, tendo recentemente recebido o certificado de conformidade com data de validade
até 15 de Dezembro de 2017.
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ID: 63595019
16-03-2016
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PÓVOA DE LANHOSO
Santa Casa
da Misericórdia
termina o ano
com resultado
líquido positivo
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16-03-2016
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Âmbito: Regional
Corte: 1 de 2
Faltam mais assistentes sociais e equipas
interdisciplinares nas instituições públicas
António Silva
serviço social
No Dia Mundial
do Serviço Social,
a Universidade
Católica de
Braga debateu
a crescente
importância dos
assistentes sociais
na sociedade.
Crise agudiza
necessidade
de profissionais
Carla Esteves
A
Jorge Barbosa realçou a importância dos assistentes sociais numa altura em que Portugal se debate com a questão da pobreza
nas celebrações dos 15
anos do curso de Serviço Social, que se prolongarão ao longo deste ano
letivo, permitiu juntar vários oradores proeminentes nesta área, bem como
ex-alunos que deram o
seu testemunho acerca
da sua formação e exercício da profissão.
CATÓLICA ASSUME PAPEL
DE REFERÊNCIA NO SERVIÇO SOCIAL
A Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Braga foi, ontem, apontada
como uma escola de referência a nível de
serviço social, tendo mesmo sido considerada por muitos, em 2008, como «a melhor
do país nesta área», em virtude do trabalho realizado em conjunto com a Diocese
de Braga e com as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) de Braga e de Viana.
«Hoje nós voltamos a valorizar esse percurso de 15 anos e a chamar a atenção para
a importância da Católica aqui no distri-
À margem da sua intervenção, Jorge Barbosa, coordenador técnico
do Centro de Respostas
Integradas (CRI) Porto
Oriental da ARS Norte,
realçou a importância do
papel dos assistentes sociais numa altura em que
Portugal se debate com a
questão da pobreza. «São
precisos mais assistentes sociais sobretudo na
maioria das instituições
públicas, onde não tem
havido a necessária renovação dos quadros de pessoal. Os assistentes sociais
estão a ser aposentados e
não estão a ser diretamente substituídos e quem fica
acumula trabalho», avan-
to de Braga, enquanto entidade formadora e escola de referência no serviço social.
É preciso continuar a apostar, e é preciso adaptar o quadro formativo da escola
às novas realidades, aproximando a escola das instituições e valorizando os estágios», defendeu Jorge Barbosa.
Foi ainda realçado o percurso de muitos profissionais que, ao longo dos últimos anos, foram formados pela instituição, exercendo hoje cargos de relevo em
muitas instituições sociais da região.
Durante a sua intervenção, Jorge Barbosa destacou também a versatilidade e
polivalência do trabalho do assistente social, apontando as suas diversas dimen-
çou o responsável.
De acordo com Jorge
Barbosa «muito do trabalho realizado pelos assistentes sociais é invisível,
sem que haja necessidade
de assumir qualquer tipo
de protagonismo».
«Trata-se antes de promover a dignidade humana e melhorar a sua
sões, em particular o seu papel de mediação em contexto de tensão social.
António Silva
s instituições públicas portuguesas
precisam urgentemente de renovar o
quadro de serviço social,
em particular no que respeita aos assistentes sociais, que não estão a ser
diretamente substituídos
após aposentação. Esta foi
uma das ideias debatidas
no âmbito do seminário
"Assistentes Sociais para
uma Humanidade Unida", que ontem assinalou
o Dia Mundial do Serviço Social na Faculdade de
Filosofia e Ciênciais Sociais da Universidade Católica, em Braga.
A iniciativa, inserida
condição de cidadania»,
avançou o responsável,
acrescentando que «há
que colocar na agenda política o problema da pobreza, chamando a atenção para a existência de
mais de um milhão de
pessoas em situação de
pobreza no país».
Margarida Santos Silva,
uma das professoras pioneiras do curso de Serviço Social na Católica de
Braga, partilha da mesma opinião, realçando
que «é nos momentos em
que se agudizam as crises que cresce a necessidade de assistentes sociais, para dar a melhor
resposta possível às vulnerabilidades das populações». Contudo, se a crise se agudiza as próprias
instituições, que na maioria dependem dos acordos com o Estado começam a defrontar-se com
problemas económicos
graves, e veem aumentar o número de utentes,
ficando a contratação de
profissionais adiada ou
congelada».
«Há que sensibilizar
não só para a necessidade de assistentes sociais,
mas para a importância de
todos os profissionais da
área social, nomeadamente psicólogos, educadores
especiais, animadores sociais. É necessário constituir equipas interdisciplinares, porque só assim
é que se podem construir
estratégias que deixem de
curar pontualmente situações que são de caráter
estrutural», argumentou.
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16-03-2016
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Corte: 2 de 2
Faltam
assistentes sociais
nas instituições
públicas
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16-03-2016
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Corte: 1 de 1
Consultas de psicologia são
luxo apenas acessível a alguns
Num país onde são muitos os que
sofrem com problema mentais, o
Serviço Nacional de Saúde (SNS) não
consegue responder à necessidade
de acesso a consultas de Psicologia.
A alternativa é, revela um estudo da
Deco,«umluxoparaamaiorpartedos
portugueses,umavezquenecessitarão
depagar,emmédia,250eurospormês
no setor privado». Para fazer frente
à procura, o SNS precisa de integrar
1.200 a 1.300 psicólogos.
Página 11
A12
ID: 63592908
16-03-2016
Tiragem: 16000
Pág: 15
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 5,26 x 29,57 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
Saúde. ERS
recebeu
17 823
queixas
em 2015
Prestadores públicos
foram os que tiveram
mais reclamações
A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recebeu no primeiro
semestre do ano passado 17 823
processos de reclamações. Os
prestadores públicos foram os
que receberam mais queixas,
mas também mais elogios dos
utentes, segundo um relatório
deste organismo citado pelo
"Observador".
Dos 17 823 processos de queixas e reclamações que chegaram à ERS entre janeiro e junho
de 2015, 66,3% relacionaram-se com prestadores públicos,
sendo os sistemas com internamento os mais visados.
A maioria das reclamações
(50,9%) foi feita relativamente
a prestadores de serviços situados na região de Lisboa e Vale
do Tejo.
Na sequência do alargamento
das conipetébeias da ERS, nomeadamente no âmbito territorial,
foram ainda registados processos provenientes das regiões
autónomas dois relativos à Madeira e dois aos Açores. Este é, aliás,
o primeiro relatório da ERS a
ser elaborado e divulgado após
a publicação do regulamento
que definiu os termos, as regras
e as metodologias que presidem
ao seu Sistema de Gestão de
Reclamações (SGRec), sendo por
isso "bastante diferente" dos
anteriores.
A temática mais recorrentemente assinalada nas reclamações é a dos tempos de espera
(com 20,6% das ocorrências),
seguindo-se os cuidados de saúde e segurança do doente (15,9%).
Os procedimentos administrativos, a focalização no utente, o
acesso a cuidados de saúde e
questões financeiras foram os
outros motivos das queixas dos
utentes.
"Os tempos de espera são o
tema mais mencionado em reclamações visando prestadores com
internamento, independentemente de se tratar de estabelecimentos do setor público ou
não público", é possível ler no
documento.
Página 12
A13
ID: 63593109
16-03-2016
Tiragem: 149073
Pág: 18
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 16,05 x 25,32 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
DEMOGRAFIA
Fertilidade do país
entre as piores
EUROPA O Portugal tem a taxa mais baixa da UE.
MUNDO O Só há cinco com situação mais grave.
CENÁRIO NEGRO
NASCIMENTOS E FERTILIDADE
NA UNIÃO EUROPEIA EM 2014
NASCIMENTOS
NA EUROPA
5 131 500
-68 552 que 2001
MAIS NASCIMENTOS
França
Populaçào
819 328
67 MILHÕES
Reino Unido 775 908
Populaçâo
Nasceram em Portugal 82 367 bebés em 2014. Taxa de fertilidade é baixa
A tendência na União Euro
ortugal tema taxa de fer- peia, refere o relatório do Eu tilidade mais baixa da Eu- rostat, até foi de crescimento. A
ropa e uma das piores do taxa de fertilidade era de 1,46
Mundo. Segundo o Eurostat - em 2001 e aumentou para 1,58
Gabinete Europeu de Estatística em 2014. França foi o país onde
- a taxa em 2014 era de 1,23 be- se registaram mais nascimentos
bés por mulher, quando a mé- (819 mil) e foi também o que
dia europeia foi de 1,58.
apresentou maior taxa de fertiOs números deixam Portugal lidade (2,01 bebés por mulher).
entre os piores
Segundo o
do Mundo, PORTUGAL TEM A SEGUNDA Eurostat, para
refere o Banco PIOR QUEDA DA TAXA DE
existir uma
Mundial, à
renovação da
FERTILIDADE NA EUROPA
frente apenas
população em
de Bósnia, Macau, Singapura, países desenvolvidos é necessáCoreia do Sul e Hong Kong.
ria uma taxa de 2,1.
Na União Europeia, Portugal
Em relação à idade da mulher
foi o país com a segunda descida no nascimento do primeiro fimais acentuada ( -0,22) da taxa lho, a Bulgária tem as mães mais
de fertilidade. Passou de 1,45 novas (25,8) e a Itália as mais
em 2001 para 1,23 em 2014. Pior velhas (30,7). Em Portugal, a
só o Chipre ( -0,26).
média é de 29,2. •
ANDRÉ PEREIRA
p
65 MILHÕES
Alemanha
714 927
Populaçáo
79 MILHÕES
PORTUGAL
Populaçâo
82 367
10 MILHÕES
•
IDADE DA MÃE AO 10 FILHO
UnIão Europeia
28,8
PORTUGAL
29,2
Bulgária
MAIS NOVA
Itália
MAIS VEL HA
25,8
30,7
TAXA DE FERTILIDADE
MAIOR TAXA
França
Irlanda
Suécia
Média UE
MENOR TAXA
Chipre
Grécia
PORTUGAL
.1111i 2,01
lie.1,94
1,88
1,58
1
1,31
1,30
1,23
Página 13
A14
ID: 63592954
16-03-2016
Tiragem: 16000
Pág: 26
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 22,60 x 31,50 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 3
Sexualidade
Sida. "E a caspa?
Também transmite
o vírus?"
Há quase 20 anos
a esclarecer dúvidas sobre
a transmissão do VIH,
Sérgio Luís já ouviu de tudo,
até mesmo a pergunta que
dá título a esta reportagem.
Mas são as dúvidas
que permanecem as mesmas
que fazem com que o seu
trabalho na Abraço
dificilmente tenha um fim
MARTA =QUEIRA
marta.cerque~oninte.pt
Entram de rompante, meio aos encontrões e ainda com conversas penduradas.
Embora o comportamento seja igual ao
de todos os dias, desta vez a ideia não é
dividirem-se por secretárias nem ficarem
frente ao professor do costume. A próxima hora e meia é em versão auditório
improvisado na biblioteca da Escola Secundária de Camões, com Sérgio Luís a assumir o lugar de porta-voz de uma matéria
que tem tanto de teoria como de prática.
Com a experiência de quem faz isto há
quase 20 anos, não atira de rompante a
palavra "sida" para cima da mesa, mas
aproveita as conversas de corredor para
introduzir o tema. "Então, Catarina. não
dás um beijo ao teu colega?" João reage: "Ainda vais mas é ter sida." Todos se
riem e Catarina bate na madeira de que
é feita a cadeira onde está sentada. "Pronto, se bateste na madeira estás mais que
protegida", ironiza o único técnico da
Abraço à frente das sessões de esclarecimento que a associação faz quase diariamente em escolas de todo o país.
Como introdução, nada melhor que explicar o que é a palavra que surge em destaque no painel que Sérgio traz sempre
consigo. "Abraço", diz pausadamente,
"conhecem?" Alguns sins, uns mais tímidos que outrus, que dão azo a que o técnico lidere a conversa "Nasceu quando
um rapaz de 29 anos chamado João Carlos descobriu que tinha o vírus, mas já
num estado tão avançado que morreu
dois meses depois." Finalmente, a atenção está focada em quem fala e não nos
telemóveis que teimam em espreitar do
bolso. "O grupo de amigos de João Carlos", continua Sérgio, "não quis que o apoio
dado morresse também e associaram-se
naquilo que hoje conhecemos como Abraço." Apresentações feitas, passemos ao
debate. "Aqui vale tudo, hã? Até bocas
fuleiras", avisa. Há quem esfregue as mãos
de contentamento, mas é com uma pergunta séria que Mel dá início ao debate.
"O vírus pode transmitir-se através de
uma escova de dentes?" Está dado o mote
para que Sérgio pegue no marcador preto e comece a desenhar. Aponta para um
círculo preto pouco perfeito mas que serve para identificar o vírus. "Sabem quanto mede? No máximo, cem nanos." Para
quem já está a fazer contas de cabeça,
aqui vai uma ajuda: um milímetro tem
um milhão de nana. Acham mesmo que
Página 14
ID: 63592954
16-03-2016
Tiragem: 16000
Pág: 27
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 22,60 x 31,50 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 2 de 3
Sérgio Luís no auditório
improvisado da Escola
Secundária de Camões
Atualmente é o único
monitor da Abraço
uma coisa deste tamanho sabe identificar urna escova de dentes, ou um piercing. ou até mesmo uma seringa?"
A ironia serve para começar a enumerar
os líquidos - esses sim - que podem ser
transmissores. O sangue está em primeiro lugar, mas e em segundo? Há miem
arrisque o suor, a saliva, mas a resposta
certa vem de uma voz mais baixa. "Ouvi
esperma?", pergunta Sérgio. "Certíssimo."
servativo." Como se estivesse à espera
do momento certo para o fazer, Sérgio
salta do lugar e começa a tirar aquilo
que ajuda a encher o saco de papel para
onde todos já tinham olhado pelo menos
uma vez. "Primeiro, isso do feminino e
masculino é marketing", explica. "o que
existe são preservativos, ponto." Mesmo assim, apresenta aquele menos
conhecido e que é designado, de facto,
como "feminino". Mais, com um x-ato
corta-o de forma a funcionar como um
bloqueador de fluidos que permite a
prática de sexo oral feminino sem risco de contágio. "Isto porque não há ainda à venda em Portugal o produto específico para este efeito", refere.
Esperma, pénis, sexo
oral. Não há ruído
do intervalo que distraia
as duas turmas
do 1 1." ano
Muitos risos, alguma
vergonha, perguntas inteligentes, outras
nem tanto, respostas dadas com ironia,
outras com ar sério. Hora e meia depois,
já há quem acuse ter chegado ao limite
da atenção, com o cigarro do intervalo ou
o whatsapp que ficou por responder a
falar mais alto. "Quem quiser pode ir saindo", começa Sérgio, sem que alguns lhe
deem tempo sequer de terminar a frase
e passem para a aula seguinte sem a mala
cheia de preservativos e panfletos que distribui a quem ficou até ao fim.
"É engraçado como, mesmo depois de
20 anos, não há duas sessões iguais", conta ao i, em tom de rescaldo.
Atualmente, Sérgio é o único técnico
da Abraço destacado para este trabalho,
o que o obriga a uma gestão de tempo e
viagens que, mesmo levando ao pormenor a organização, não o livra de uns
bons quilómetros de estrada. "Este carro tem 12 anos e já fez SOO mil quilómePROFISSÃO ÚNICA
SEXO "Esperma".
-pénis" e "sexo oral"
não são termos que estejam habituados a ouvir de uma forma tão descontraída, daí que agora não haja ruído do
intervalo que distraia estas duas turmas do 11." ano. Altura ideal para Sérgio pegar na mão em riste de Mariana,
sentada na primeira fila, para exemplificar a barreira do látex. "Seja em forma de luva ou de preservativo." E é mais
uma vez recorrendo à ironia que fala
do que é importante. "Faz algum sentido um médico parar a meio da operação para pôr as luvas e a bata? Então
que lógica tem pararmos depois do roçaroça ou do sexo oral para pôr o preservativo?" Os risinhos são interrompidos
por Mel, mais uma vez a salvar o pergunta-resposta que interessa. "Mas aí,
os rapazes estão em vantagem, têm mais
facilidade em proteger-se com o pre-
São 40 mil quilómetros
por ano para que pelo
menos 11. mil pessoas
tenham sessões
de esclarecimento
tros", salienta. Em termos oficiais, a Abraço dá uma ajuda nos números: são 40
mil quilómetros por ano para que pelo
menos 11 mil pessoas tenham acesso às
sessões de esclarecimento. "Apesar de
ser cansativo, pelo menos sei que devo
ter uma profissão única no pais", conta
o animador juvenil com mestrado em
Psicologia que começou na Abraço em
97 como estagiário, sem de lá nunca mais
sair. "E não vejo um fim para este trabalho", admite, "principalmente quando
vejo que as dúvidas que me apresentam
em 2016 são exatamente as mesmas das
de há 20 anos."
Uma das mais preocupantes continua
a ser a confusão feita entre a probabilidade de engravidar e a de apanhar uma
doença sexualmente transmissível. "A
maioria acha, por exemplo, que fazer
sexo anal sem proteção é seguro, e isso
é muito grave." O ar sério muda de tom
quando se lembra de algumas perguntas que, de tão aparentemente disparatadas, servem agora de quebra-gelo quando apanha uma audiéncia mais difícil.
"Chegaram a perguntar-me se a oleosidade do cabelo servia de transmissor do
V1H", conta, e não hesita em escolher a
sua preferida. "Houve um rapaz que se
virou para mim e disse: 'E a caspa? Também transmite o vírus?'"
Página 15
ID: 63592954
16-03-2016
Tiragem: 16000
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 4,59 x 3,30 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 3 de 3
Sida. "E a
caspa? Também
transmite
o vírus?"
// PÁGS. 26-27
Página 16
A17
ID: 63593111
16-03-2016
Tiragem: 26552
Pág: 19
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 25,50 x 30,00 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 2
Aos 15 anos...
O mais, o menos, Portugal e a média dos 43 paises do estudo
... já tiveram
relações sexuais
... tomam o pequeno-almoço ... fazem pelo
com a família todos os dias menos uma hora
de exercício diário
RAPAZES •`& RAPARIGAS
RAPAZES II`Qk RAPARIGAS
55%
21%
Moldávia
24%
eller 55%
%
RAPAZES
(61# '• RAPARIGAS
... gostam da escola
RAPAZES •RSti RAPARIGAS
Arménia
EXPERIÊNCIA Marta
26%
Portugal
29%
17%
3
1%
21%
Média
18%
ortugal
r2 14%
11%
1
Bulgária
De jovem
sem perspetivas
a porta-voz
da sua geração
Finlândia
Média Portugal Suíça
Canadá
... já fumaram
414 RAPAZES
70%
Bélgica 14%
(francófona)
6%
RAPARIGAS
Autolesões nos
últimos 12 meses
... experimentaram álcool
aos 13 anos ou mais cedo
•
EM PORTUGAL
RAPAZES RAPARIGAS
50%
30%
6%
Lituânia
Estónia
Portugal
Média
5
Islândia
Menos adolescentes
fazem sexo e só 25%
usam preservativo
Comportamento. Apesar da diminuição registada em relação a 2010,
Portugal é o sétimo país, de 43, onde há mais relações protegidas
ANA BELA FERREIRA
Os adolescentes de 15 anos que já
tiveram relações sexuais são cada
vez menos - passaram de18,2 para
16,1% entre 2006 e 2014. Mas os
que são sexualmente ativos usam
menos o preservativo - 25% não
usou em 2014, quando em 2010
apenas 10% diziam não o fazer. Os
dados do estudo internacional
Health Behaviour in School-aged
Children (HBSC) da Organização
Mundial de Saúde, apresentado
ontem, mostram, no entanto, que
apesar desta tendência, Portugal é
o sétimo, de 43 países, onde os jovens têm mais relações protegidas.
Mas se a tendência é preocupante para os autores do estudo
- entre 2010 e 2014 passámos de
18,6% de rapanss e 15,9% das raparigas que não usaram preservativo
na última relação sexual, para 25 e
27% respetivamente- não menos
preocupantes são as razões para
tal. A maioria dos jovens refere "não
ter pensado nisso", "não ter preservativo consigo", "os preservativos
serem muito caros" ou "ter bebido
álcool em excesso".
"O uso do preservativo desceu
imenso de 2010 e 2014 (o estudo é
feito a cada quatro anos) o que é
lamentável porque havia uma boa
educação sexual nas escolas. Penso que temos uma tendência nacional para ter uma boa legislação,
mas depois as medidas não têm
continuidade e quando estávamos no bom caminho parámos
tudo", aponta Margarida Gaspar
de Matos, coordenadora nacional
do HBSC. Criticando ainda a falta
de "continuidade nas boas medidas. Tanta coisa foi feita pela disponibilização grátis de preservativos nos centros de saúde, no planeamento. Agora os dados mos-
tram que os jovens não estão a
usar preservativo e é preciso tornar o sexo mais seguro e essa
mensagem não pode deixar de ser
passada e tem de passar".
Não ter preservativo
consigo, ter bebido de
mais ou serem muito
caros são os motivos
Um dado que pode ser contraproducente, aponta a investigadora da Faculdade de Motricidade
Humana da Universidade de Lisboa, é que apesar da quebra Portugal ainda está bem posicionado internacionalmente. "Não quer di7Pr
que estejamos bem, mas apenas
que os outros estão pior do que
nós", alerta. O melhor exemplo
Fonte: Health Beheviour in
School-Aged Children Study
vem da Suíça, onde mais de 80%
dos jovens usa preservativo.
O estudo compara 43 países da
Europa e da América do Norte.
E avalia as respostas de cerca de
220 mil jovens em questões como
o bem-estar, a saúde física e mental, consumos de risco ou a relação
com a família e os amigos.
Gostar pouco da escota
Se nas questões dos consumos, os
jovens portugueses não se compararam nada mal com outros países,
há um ponto crítico e que se vem
agravando quase desde o início da
participação nacional no HBSC, em
1998. fio gosto pela escola e a perceção do rendimento escolar.Em 43
países, Portugal está em 33.0no gosto pela escola. Só 11 e 14% dos jovens com 15 anos gostam muito da
escola. "Quando perguntamos do
que é que gostam na escola, as aulas
aparecem em último lugar. Pior que
as aulas, só mesmo a comida da
cantina. E isto tem sido recorrente,
somos sempre dos piores no gosto
pela escola e na perceção de sucesso escolar. Não há nenhuma razão
para isto acontecer. Devemos perceber como funcionam os outros
países e tentar mudar as coisas", defende Margarida Gaspar de Matos.
Muitos dos dados do último estudo foram influenciados pelas
condições económicas do país,
que afetaram por exemplo a sensação de bem-estar dos jovens ou a
satisfação com a vida. Neste ponto,
as raparigas preocupam mais do
que os rapazes, já que são elas, a nível nacional e internacional, que
mais dizem sentir-se deprimidas.
Martins,
de 20 anos, faz parte da geração descrita no estudo internacional. Critica o uso excessivo das tecnologias
Há dois anos, Marta Martins estava
como muitos jovens sem grandes
expectativas no futuro, mas queria
fugir ao estereótipo de que a sua geração vivia desligada do mundo.
"Vi um anúncio na televisão e inscrevi-me, agora colaboro em dois
projetos. Um com seniores e outro
com crianças, que são duas áreas
do meu interesse."
O objetivo da estudante universitária de 20 anos era mostrar que
a sua geração é "competente, que
nos preocupamos com o dia de
amanhã e com um Portugal melhor". Faz parte do projeto Dream
Teens, da equipa de investigação
coordenada pela professora Margarida Gaspar de Matos em parceria com a Fundação Calouste
Gulbenkian.
Em relação ao estudo sobre os
comportamentos de saúde dos jovens, Marta reconhece que se revê
nos resultados globais, mas tenta
contrariar algumas tendências.
O uso excessivo da tecnologia é
uma delas. "Tento usar o telemóvel
mais para marcar coisas e ir ocasionalmente às redes sociais. Mas
quando saio com os mesmo amigos ninguém pode estar a olhar
para o telemóvel." Os adolescentes
portugueses são dos que menos
saem com os amigos em contexto
fora das aulas. Marta, natural da
Póvoa deVarzim, acha que a culpa
é da intemet e dos videojogos.
Outra coisa que Marta- que respondeu ao inquérito - também
compreende bem é o desinteresse
pela escola. "Acabei por escolher
um curso profissional também
porque no ensino regular os professores só debitam a matéria e não
é dinâmico. Sinto que a escola quer
fazer de nós máquinas."
Marta tem 20 anos e acha que
os jovens têm de ter uma vida
mais ativa e sair com amigos
Página 17
ID: 63593111
16-03-2016
Tiragem: 26552
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 4,68 x 4,13 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 2 de 2
ADOLESCENTES
Sexo começa
mais tarde mas
poucos usam
preservativo
SOCEDADE PÁG. 19
Página 18
A19
ID: 63592647
16-03-2016
Tiragem: 74277
Pág: 8
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 15,75 x 21,97 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
Estudo Relatório da Organização Mundial da Saúde, que envolve 42 países,
revela que os adolescentes portugueses são dos que menos gostam da escola
RapanSas menos
satisfeitas com a •
vida, corpo e saúde
Inês Schrocic
[email protected]
► Quase metade das raparigas portuguesas com 15 anos pensam estar demasiado gordas, apesar de
ser entre os rapazes que há mais
excesso de peso e obesidade. As jovens adolescentes estão menos satisfeitas com a vida e têm mais dificuldades em dormir do que eles.
Um estudo internacional sobre a
adolescência, a cargo da Organização Mundial da Saúde e ontem divulgado. revela que os portugueses
são dos que menos gostam da escola e este sentimento vai piorando
com a idade.
O estudo "Health Behaviour in
School-aged Children" (HBSO, realizado de quatro em quatro anos,
analisou hábitos, comportamentos
e consumos, com impacto na saúde física e mental, de 220 mil jo vens de 42 países da Europa e Amé
rica do Norte. Em Portugal participaram seis mil adolescentes dos 6.9,
8.° e 10.° anos.
Aos 11 anos, apenas 32% das raparigas e 25 % dos rapazes admitem
gostar da escola, aos 13 e aos 15
anos as diferenças de género esbatem-se e apenas 14% dizem gostar
da escola. A pressão e a perceção
sobre o desempenho escolar também não têm resultados famosos
entre os jovens portugueses e podem ajudar a explicar o sentimen-
O relatório da OMS conclui que 80% dos adolescentes estão satisfeitos com a vida
pormenores
Menos álcool e tabaco
• Os adolescentes europeus estao a fumar e a beber menos e a
começar mais tarde a sua vida
sexual, mas o uso do preservativo
está a diminuir, revela o estudo
da OMS.
Pouco desporto
• Aos 15 anos, apenas 5% das
raparigas e 18% dos rapazes admitem fazer exercício físico vigoroso a moderado pelo menos
uma vez por dia. A atividade física
vai diminuindo com a idade
to negativo em relação à escola.
O relatório conclui que 80% dos
adolescentes estão genericamente
satisfeitos com a sua vida. Mas a satisfação diminui com a idade e aos
13 anos surgem as diferenças entre
rapazes e raparigas, sendo estas menos satisfeitas do que eles. Os jovens
de famílias mais ricas têm em geral
maior satisfação com a vida. Na saúde mental, também há diferenças de
género. As raparigas dizem ter menos saúde mental do que os rapazes
e aos 15 anos, por exemplo. uma em
cada cinco diz que a sua saúde é regular ou fraca e metade diz ter queixas de saúde pelo menos uma vez
por semana. •
Página 19
A20
ID: 63593819
16-03-2016
Tiragem: 70000
Pág: 6
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 11,02 x 20,80 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 2
123RF
Adolescentes nacionais têm vindo a consumir menos álcool, tabaco e droga
Pressão
castiga
jovens
Estudo internacional
revela que adolescentes
lusos sofrem «grande
stress» com os
trabalhos da escola.
REDAÇÃO
[email protected]
Gostam da escola, mas não tanto
de aprender. Ou seja, o convívio
social é o que mais agrada aos adolescentes portugueses inquiridos num
estudo internacional, que revela também que sofrem «grande stress» com
os trabalhos da escola, sobretudo em
comparação com os outros países.
É,pelomenos,oquemostraoinquérito Health Behaviour in School-aged
Children (HBSC), feito para a Organização Mundial da Saúde em mais de
40 países europeus e da América do
Norte, que dá conta que um em cada
seisadolescentesportuguesesentreos
13 e os 15 anos se magoou a si próprio
de propósito mais do que uma vez em
2014, a maioria das vezes nos braços.
Como positivo, o estudo aponta um
decréscimo do consumo de álcool, tabacoesubstânciasilegais,realidadecomumaosadolescenteseuropeus.Quanto à sexualidade, o número dos que já
tiveramrelaçõesnasidadesabarcadas
peloestudodiminuiu,oqueapontapara
quecomecemmaistardeavidasexual.
Página 20
ID: 63593819
16-03-2016
Tiragem: 70000
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 5,37 x 3,01 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 2 de 2
ATUALIDADE • 06
Adolescentes
queixam-se de
stress escolar
Página 21
A22
ID: 63592472
16-03-2016
Tiragem: 32904
Pág: 10
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 25,70 x 31,00 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 3
“A escola mudou pouco,
os adolescentes mudaram muito”
Os portugueses têm um problema com a escola. E tem piorado.
São resultados de um estudo internacional sobre a adolescência.
Algo precisa de mudar para que os alunos se sintam menos
pressionados. Governo reconhece que é preciso reagir
O que dizem os alunos?
GOSTAR DA ESCOLA
Sem dados
Adolescentes com 15 anos
que gostam muito da escola
< 10%
10–20
20–30
RAPAZES
Estudo da OMS
Andreia Sanches
No seu trabalho, Joaquim Azevedo,
investigador da Universidade Católica, doutorado em Ciências da Educação, acompanha escolas diariamente. Visita-as, fala com alunos e
professores. E regista o seguinte: “A
indisciplina cresce, cresce, cresce”
cada vez mais. E, com este clima na
escola, “se os adolescentes se sentissem lá muito bem, isso é que era
estranho”. Este é o primeiro comentário que faz a uma das conclusões
de um grande estudo internacional
sobre a adolescência, divulgado ontem pela Organização Mundial da
Saúde (OMS). Um estudo que mostra que os adolescentes portugueses
são dos que se sentem mais apoiados
pela família, têm consumos de álcool ligeiramente abaixo da média observada noutros pontos do globo e,
mais dos que os outros, quando têm
relações sexuais usam preservativo.
Boas notícias, portanto. Mas — e esta
é a primeira má notícia — a escola em
Portugal é pouco amada.
Dados: cerca de um quarto dos
adolescentes de 15 anos dos 42 países e regiões participantes no estudo
gostam “bastante” da escola. A Arménia tem o melhor resultado, a Bélgica francófona o pior. Portugal surge
na 33.ª posição: só 11% dos rapazes e
14% das raparigas de 15 anos dizem
que gostam muito da escola.
“Quando em Portugal perguntamos do que é que gostam na escola,
as aulas aparecem em último lugar.
Pior que as aulas, só mesmo a comida
da cantina. E isto tem sido recorrente, somos sempre dos piores no gosto
pela escola e na percepção de sucesso escolar. Não há nenhuma razão
demográfica ou geográfica que eu
conheça que explique tal, e o atraso
provocado pelo obscurantismo de
antes do 25 Abril (sendo uma incontestável verdade) já devia, por esta
altura, estar ultrapassado.” Quem o
diz é Margarida Gaspar de Matos, a
investigadora que em Portugal coordena este estudo da OMS.
Chama-se Health Behaviour in School-Aged Children, é feito de quatro em
quatro anos. Os resultados da edição
de 2014/2015 baseiam-se nas respostas de mais de 220 mil adolescentes
europeus e do Norte da América. A
recolha foi feita em escolas com 6.º,
8.º e 10.º anos. Em Portugal participaram 6000 adolescentes.
Nem sempre estivemos tão mal
no indicador “gosto pela escola”:
em 1997/1998, ano de estreia dos
portugueses no estudo da OMS, o
país era o 2.º no gosto pela escola,
em 28 participantes. Melhor do que
a Noruega, Israel ou os Estados Unidos, por exemplo. Em 2001/02 descíamos para 8.º no ranking. Quatro
anos depois já aparecíamos em 22.º.
Em 2014/15 estamos pior do que nunca, com o tal 33.º lugar.
ME reconhece problema
A indisciplina, prossegue Joaquim
Azevedo, tem crescido por muitas razões. Uma delas é que “a escola não
cativa”. Os professores queixam-se
de que “os alunos chegam desmo-
tivados”, o que “também é esquisito”, porque a motivação também se
ganha na escola. Mas o facto é que
“a escola mudou pouco e os adolescentes mudaram muito”. E se se
tenta ensinar “nativos digitais” de
uma forma semelhante àquela que
“existia há 50 anos”, como acontece, dificilmente os “nativos digitais”
gostarão muito das aulas.
Mostra o estudo que os adolescentes portugueses são também dos que
maior pressão relatam ter com a vida
escolar: o país está na lista dos 10,
onde, aos 15 anos, a “pressão com os
trabalhos escolares” é maior, acompanhado da Finlândia e da Espanha,
entre outros.
Os portugueses são também dos
que menos se têm em conta como
alunos. É assim desde cedo: aos 11
anos, aparecem quase no fim da tabela, com a 38.ª pior auto-avaliação
do seu desempenho escolar. Aos 15 é
pior. Só 35% das raparigas e 50% dos
rapazes consideram que têm bom
desempenho escolar, quando a média dos 42 países é 60%.
Os macedónios, os albaneses, os
búlgaros, os israelitas e os ingleses
são os que mais acham que na escola
até se saem bem; os portugueses e os
húngaros estão no extremo oposto.
“Isto é um forte alerta aos responsáveis pela educação neste país”, diz
Margarida Matos.
A Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, tutelada pelo Ministério da Educação (ME), reconhece o problema e faz saber: “Torna-se
prioritário encontrar novas formas
de motivar os alunos para o infinito
30–40
> 50
RAPARIGAS
ARMÉNIA
48 % 68
.g-aiImg
PORTUGAL
PORTUGAL
14%
Média
22 % 24
11%
BÉLGICA (Francófona)
4 % 6
BULLYING
Sem dados
Adolescentes com 15 anos que foram alvo de bullying
pelo menos 2 ou 3 vezes/mês nos últimos 2 meses
< 5%
5–10
10–15
15–20
RAPAZES
20–25
> 25
RAPARIGAS
LITUÂNIA
29 % 22
PORTUGAL
12%
Média
PORTUGAL
9 % 8
9%
ISLÂNDIA
2 % 1
Fonte: Health Behaviour in School-Aged Children, 2014/2015, OMS
PÚBLICO
mundo de aprendizagens que a escola lhes pode dar: o desporto escolar
e a promoção de hábitos de vida saudáveis são temas a que daremos total
prioridade e que, esperamos, contribuirão para combater a insatisfação
dos nossos jovens face à escola.”
E continua: “Queremos ainda dar
um novo fôlego à educação para a cidadania e à valorização da educação
não formal, também enquanto ferramentas de educação para a diferença, fazendo frente aos níveis elevados
de bullying a que tantos adolescentes
estão sujeitos, conforme releva mais
uma vez este estudo.”
PORTUGAL 36.º
PORTUGAL 26.º
Os portugueses de 15 anos e os do resto do mundo
PORTUGAL 35.º
PORTUGAL 1.º
PORTUGAL 12.º
Lugar no ranking
Jantam todos
os dias com a família
Fazem 60 minutos
de actividade física por dia
80%
79%
Média
internacional
45%
5%
Com excesso de peso ou obesos
16%
Estão bastante satisfeitos
com a vida
Fumam pelo menos
uma vez por semana
74%
10%
18%
21%
83%
12%
16%
17%
83%
12%
Fonte: Health Behaviour in School-aged Children, 2014/2015, OMS
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“Temos uma cultura
muito ligada à família
e pouco ligada a
grupos de amigos”
Margarida Gaspar de Matos
Coordenadora nacional do HBSC
Dados: aos 11 anos, entre 11% (raparigas) e 17% (rapazes) disseram que
foram alvo de bullying na escola, “duas ou três vezes por mês nos últimos
dois meses”. O país tem a 16.ª taxa
mais alta de alunos de 11 anos que
se dizem vítimas de bullying. Aos 15
anos (entre 9% e 12% dizem-se vítimas) estamos comparativamente
pior — em 12.º lugar.
José Morgado, professor do departamento de Psicologia e Educação do
ISPA-Instituto Universitário, também
analisou o relatório da OMS. Diz que
esta conjugação — não temos uma relação forte com a escola, sentimo-nos
pressionados por ela e achamos que
não somos grande coisa como alunos
— não existe por acaso. “É a tempestade perfeita.” E, em parte, tem que
ver com o facto de “o sistema se ter
orientado, de uma forma absolutamente excessiva para os resultados”
— ou seja, para os exames e para as
notas. Aponta ainda o dedo ao “currículo pouco amigável” que se adoptou
em Portugal. “Um currículo muito
extenso, muito colado ao manual escolar.” Lembra que, só entre o 1.º e
o 9.º ano, o Governo definiu “mais
de 900 metas” curriculares, enquanto “outros países andam a trabalhar
para diminuir a extensão” dos currículos e torná-los “mais integrados”.
Para se sentirem bem na escola,
remata Joaquim Azevedo, os adolescentes não precisam que ela seja
fácil. “Uma escola acolhedora é uma
escola disponível para orientar” e
“muito exigente em termos de ensino”, com bons professores.
Nos comentários ao relatório, a
Secretaria de Estado da Juventude
diz ainda que está preocupada com a
questão da obesidade e que foi constituído um grupo de trabalho para
a “promoção do desporto escolar”.
Em Portugal, há mais adolescentes
com excesso de peso ou obesos do
que a média: aos 15 anos, são entre
16% (raparigas) e 21% (rapazes).
PORTUGAL 27.º
Fumaram cannabis
nos últimos 30 dias
4%
7%
7%
É positivo ter laços fortes com a família mas a falta
de autonomia dos jovens “é algo assustadora”
Os adolescentes portugueses estão
menos com os amigos, depois da
escola, quando comparados com
os de outros países. E saem menos
à noite. Isso é bom, ou significa
que estão demasiado presos às
saias da mãe? Margarida Gaspar de
Matos, psicóloga e investigadora,
da Faculdade de Motricidade
Humana, da Universidade de
Lisboa, que coordena a parte
portuguesa do estudo Health
Behaviour in School-Aged Children
(HBSC), da Organização Mundial
da Saúde (OMS), responde a
algumas perguntas suscitadas
pelo mais recente relatório
internacional sobre a adolescência.
Portugal é o país, em cerca de
40, onde os jovens de 11, 13 e 15
anos menos estão com amigos
depois das oito da noite. Isto é
bom ou mau? Significa o quê?
Temos uma cultura muito ligada
à família e pouco ligada a “grupos
de amigos”. Por outro, temos das
maiores cargas de aulas e de TPC
(trabalhos para casa) da Europa.
E, por outro ainda, há agora a
Internet que deixa os jovens mais
“voluntariamente” em casa... Se,
por um lado, as saídas à noite estão
associadas a riscos (consumos, por
exemplo), por outro lado esta falta
de autonomia é algo assustadora.
Que indicadores nos estudos
revelam essa “falta de
autonomia algo assustadora”?
Neste estudo temos dados, por
exemplo, sobre a frequência com
que os adolescentes jantam com
a família — somos dos que mais o
fazemos. Ou sobre sair à noite com
os amigos — somos dos que menos
o fazemos. Estudos anteriores
mostravam que em Portugal
os jovens não se envolviam em
actividades de voluntariado,
associativismo. E temos a tal
imensa carga horária na escola,
que outros estudos demonstram.
Na rede [de peritos do] HBSC
falamos muito disto: há países
(nórdicos) onde os jovens em geral
saem de casa dos pais quando
acabam o secundário, ficam
entregues a si próprios, arranjam
um part-time para se autofinanciar,
pedem um empréstimo para
estudar. Estas práticas não são
comuns entre nós e os jovens ficam
dependentes dos pais até bem
depois da sua maioridade.
Os estudos em geral confirmam
que, salvo em casos extremos,
é bom termos uma família
e apreciarmos ter tempo de
qualidade para a família, mas
também (salvo casos extremos)
é bom termos amigos, tempo
livre para os amigos e irmos
construindo a nossa autonomia. A
família dá no início uma estrutura,
mas entre amigos gera-se “a
geração”. Ambos são necessários.
Sermos dos que mais jantam
com a família é “bom”, se isso for
indicador de coesão familiar e
alimentação saudável, mas já não
é tão “bom” se for indicador de
que os jovens não conseguem estar
sem a família.
Cerca de 80% dos jovens de 15
anos dizem que jantam todos
os dias com os pais, contra uma
média internacional de 45%...
Do mesmo modo, estar com os
amigos fora de aulas é “mau”
se ficar associado a lutas, aos
consumos e ao insucesso escolar;
mas já não é tão “mau” se significar
autonomia, amigos pessoais,
interesses vocacionais ou de lazer
partilhados... Há um sociólogo
(Granovetter) que (em 1983,
imagine) escreveu um trabalho
chamado “a importância dos laços
fracos (weak ties)”. O racional é que
na nossa rede de contactos sociais/
capital social, temos laços fortes
com um número reduzido de
pessoas — pais, filhos, esposos — e
laços fracos com um número mais
extenso. Os laços fortes dão-nos
afecto e apoio, mas os laços fracos
PORTUGAL 34.º
PORTUGAL 29.º
PORTUGAL 24.º
Entrevista
Andreia Sanches
Bebem álcool pelo menos
uma vez por semana
4%
11%
13%
Embebedaram-se
aos 13 anos ou antes
5%
6%
8%
Já tiveram
relações sexuais
são importantes para nos “abrir
ao mundo”, para construirmos a
nossa “diferença” face à família e
ao nosso grupo restrito, para nos
tornarmos “tolerantes à diferença”
e até curiosos sobre o mundo.
Os laços fortes não chegam...
Quando há “apenas” laços fortes,
há, em geral, pouca dissonância
e debate de ideias (vamos pouco
além das discussões do dia-a-dia
sobre a gestão da casa). São os
nossos laços fracos que nos fazem
questionar os nossos valores e as
nossas crenças. Claro que os laços
fracos podem fazer perigar a nossa
“boa educação”, mas a falta de
laços fracos dificulta a evolução
das ideias e, em última análise,
pode perpetuar, por exemplo, o
preconceito, a xenofobia... Além
disso, o “treino” de debate entre
pares constrói-se com estes laços
fracos.
Há algum tempo, numa
entrevista ao PÚBLICO, a excoordenadora internacional
do HBSC disse que estava
preocupada com a saúde mental
das meninas. Também está?
Sim, temos um grupo do HBSC a
estudar as diferenças de género.
As meninas tradicionalmente
“internalizam” e aparecem com
mais preocupações, com menos
confiança, com menos satisfação
com a vida, com menor percepção
de qualidade de vida, com mais
sintomas, com mais preocupações
pela imagem do corpo. Como se
as meninas andassem sempre
stressadas a tentar “provar algo”
para sua afirmação pessoal.
PORTUGAL 7.º
Usaram preservativo
na última relação sexual
13%
75%
26%
73%
21%
65%
PÚBLICO
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ESTUDO DA OMS
OS ADOLESCENTES
PORTUGUESES
TÊM UM PROBLEMA
COM A
ESCOLA
LA
Portugal, 10/11
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Estudo associa Zika na gravidez
ao aumento do risco de microcefalia
Infecção no primeiro trimestre de
gestação é a melhor explicação para
oito casos de microcefalia no surto na
Polinésia Francesa entre 2013 e 2014
Saúde
Nicolau Ferreira
Uma nova investigação sobre o surto
do vírus Zika na Polinésia Francesa,
ocorrido entre Outubro de 2013 e
Abril de 2014, conclui que a melhor
explicação para a origem de oito casos de microcefalia que apareceram
naquela altura é a infecção pelo Zika
no primeiro trimestre de gravidez.
Com estes dados, calculou-se que o
risco de microcefalia é de 1% nas mulheres infectadas pelo Zika no início
da gravidez. A investigação, levada a
cabo por uma equipa de investigadores do Instituto Pasteur, em França,
foi publicada ontem na edição online
da revista médica The Lancet.
Ainda não está provado que o vírus
Zika cause microcefalia e outros problemas na gravidez, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que há cada vez mais provas nesse
sentido. A 1 de Fevereiro último, a
OMS recomendou às mulheres grávidas e às mulheres em idade fértil
para evitarem viajar para os países
afectados pelo vírus Zika, para usarem preservativos com os parceiros
vindos desses países e para adiarem
gravidezes, três medidas para reduzir o risco de microcefalia.
Identificado no Uganda, em 1947, o
Zika só ficou globalmente conhecido
em 2015, quando atingiu a América
do Sul. O vírus pertence ao género
Flavivirus e é parente do vírus da
febre-amarela e da dengue. Tal como estes dois, o Zika transmite-se aos
seres humanos na picada dos mosquitos da espécie Aedes aegypti, que
vive nos trópicos, e da espécie Aedes
albopictus, natural do Sudeste asiático, mas que está disseminado por
regiões como o Sul da Europa. Além
disso, já foram descritos pelo menos
dois casos de transmissão em humanos durante relações sexuais.
A infecção pode causar febre,
conjuntivite, dores nos músculos e
nas articulações, mal-estar e dor de
cabeça. Normalmente, os sintomas
não são intensos e duram entre dois a
sete dias. Mas a infecção tem-se espalhado rapidamente em regiões onde
os mosquitos são endémicos: só em
2015 pensa-se que o Brasil teve en-
tre 400.000 e 1,3 milhões de casos.
E o surto, que já atingiu dezenas de
países na América Central e do Sul,
está também associado à síndrome
de Guillain-Barré, que pode afectar
todas as pessoas infectadas e compromete a capacidade motora.
No entanto, o alarme surgiu devido ao aumento de casos de microcefalia no Brasil, onde há já “745 casos”
de microcefalia “potencialmente associados à infecção do vírus Zika”,
avança a OMS. Neste problema, notório pela cabeça anormalmente pequena dos recém-nascidos, ocorre
redução do volume cerebral, o que
provoca a dificuldades cognitivas, na
fala e no comportamento.
“A microcefalia é uma das várias
deformações detectadas nos nascimentos associadas à infecção do Zika
na gravidez”, disse recentemente em
comunicado Margaret Chan, directora-geral da OMS, explicando que
já se demonstrou que o vírus atravessa a placenta, passando da mãe
para o feto. “Podemos concluir que
o vírus é neurotrópico, afectando
preferencialmente tecidos no cérebro do feto.”
No entanto, ainda se está a tentar
estimar o risco real de microcefalias
associadas ao Zika. É difícil fazer esse
cálculo nos países a braços com o surto actual. Por um lado, há um atraso
entre a infecção e a detecção de fetos
ou de recém-nascidos com microcefalia, por outro lado, para calcular o
risco é necessário estimar o número
de pessoas que foram infectadas, e
esse número só se obtém com uma
análise representativa da população,
feita após o fim do surto.
O Zika é natural da África, mas
nas últimas décadas foi viajando para leste, e recentemente atravessou
o oceano Pacífico: em 2007 chegou
à Micronésia, em 2013 à Polinésia
Francesa, em 2014 à ilha da Páscoa,
no Chile, e em Maio de 2015 aterrou
no Brasil, tornando-se famoso.
Por isso, a equipa do Instituto Pasteur analisou o ocorrido na Polinésia
Francesa, onde há registos confiáveis
na área da saúde e o surto já terminou há tempo suficiente para haver
números finais sobre a infecção: estima-se que 66% dos seus 270.000
habitantes foram infectados.
A OMS recomenda
com urgência a
investigação do
vírus Zika para se
desenvolverem
tratamentos e
vacinas
O investigador Simon Cauchemez
e a equipa do Pasteur procuraram
documentação de saúde do país para
identificar os casos de microcefalia
(de todos os problemas associados
ao Zika identificados nos fetos, os
cientistas centraram-se apenas neste). Por ano, nasceram 4182 bebés e
houve oito ocorrências de microcefalia na altura do surto e nos meses
seguintes. Destas, apenas três crianças nasceram, as restantes cinco gravidezes foram interrompidas.
Com aqueles dados e com a informação sobre as semanas em que o
surto atingiu o pico, os investigadores construíram modelos matemáti-
cos para testar várias hipóteses sobre
o risco de microcefalias. Os cenários
eram vários: o risco da microcefalia associado à infecção do Zika no
primeiro trimestre da gravidez; no
segundo trimestre; no terceiro trimestre; nos nove meses; e ainda a
inexistência de qualquer associação
entre a infecção e a microcefalia.
De todas as hipóteses, o cenário
que fez a melhor previsão sobre o
que se passou na realidade foi o que
associou os casos de microcefalia à
infecção do vírus no primeiro trimestre de gravidez. Os cenários que pior
previram o que se passou foram dois:
o que associou a microcefalia à infecção apenas no terceiro trimestre
de gestação e o que não associou a
infecção do Zika à microcefalia.
“A nossa análise apoia fortemente
a hipótese de que a infecção do vírus Zika durante o primeiro trimestre de gravidez está associada a um
aumento de risco da microcefalia”,
diz Simon Cauchemez, num comunicado da revista The Lancet. “Estimámos que o risco de microcefalia foi
de uma em 100 mulheres [grávidas]
infectadas com o vírus Zika durante o
primeiro trimestre de gravidez.”
Apesar de o risco de microcefalia
ser baixo, principalmente comparado com o de outras doenças, o vírus
infecta muitas pessoas, por isso pode
provocar um número considerável
de casos de malformação cerebral.
Num comentário a este trabalho,
a investigadora Laura Rodrigues, da
Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (Reino Unido) e que
integra o Grupo de Investigação da
Epidemia de Microcefalia, no Recife
(Brasil), considera que o risco estimado pela equipa do Instituto Pasteur
de 1% é baixo. Para esta argumentação, a investigadora está a ter em
conta um outro estudo recente em
Pernambuco (no Brasil), onde o risco
estimado de microcefalia foi de 2%.
No entanto, Laura Rodrigues considera que a associação da infecção
no primeiro trimestre de gravidez
à microcefalia é “biologicamente
plausível”, já que é nesta altura que
o cérebro começa a desenvolver-se.
No início de Março, uma outra investigação científica mostrou que o
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16-03-2016
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Corte: 2 de 3
745
A microcefalia
nos recém-nascidos
provoca
dificuldades
cognitivas e
na fala
É preciso ter mais
dados sobre saúde?
são os casos de microcefalia
registados no Brasil, desde
Abril de 2015, que podem estar
ligados à infecção pelo vírus
Zika
RICARDO MORAES/REUTERS
Para este vírus “o excesso de zelo faz sentido”
Catarina Gomes
vírus é capaz de infectar e danificar
as células cerebrais.
De qualquer forma, os novos dados
“apoiam as recomendações da OMS
para as mulheres grávidas se protegerem das picadas dos mosquitos”,
diz Arnaud Fontanet, da equipa do
Instituto Pasteur. A OMS recomenda
com urgência a investigação do vírus,
não só para haver novos métodos de
diagnóstico, mas também para se
desenvolver tratamentos e vacinas.
Nesse sentido, a Comissão Europeia
disponibilizou ontem dez milhões de
euros para o estudo do Zika.
Mas no Brasil as condições de vida
são um dos grandes problemas. Segundo a agência Reuters, 35 milhões
de brasileiros não têm água corrente
e 100 milhões não têm acesso a um
sistema de esgotos. Estas condições
são propícias à proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável por
infectar milhões com a febre de dengue. Só em 2015 já foram infectadas
pela dengue no Brasil 1,6 milhões de
pessoas. Enquanto esta situação perdurar, será difícil combater um surto
que já dura há quase um ano.
O que se sabe sobre a infecção por
vírus Zika é muito pouco. “Na ignorância, é melhor prevenir de forma
mais drástica. O excesso de zelo faz
sentido”, defende José Miguel Azevedo Pereira, professor de Virologia da
Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, um dos organizadores de um congresso sobre infecções
virais emergentes que decorre hoje
na instituição. Uma das recomendações que faz é aos homens que viajem
para países onde o vírus está activo,
como o Brasil, e estejam a tentar ter
filhos: façam análises 15 dias depois
do regresso.
O vírus Zika é transmitido através
da picada do mosquito do género
Aedes. Só uma em cada cinco pessoas infectadas desenvolve sintomas,
que não diferem muito de uma vulgar gripe, nota o especialista, como
são a febre ligeira, dores articulares,
erupção cutânea e conjuntivite. É,
portanto, uma infecção que é, por
norma, benigna.
Assim, o grande foco de preocupação são mesmo os perigos, ainda
em estudo, de a infecção da mulher
grávida poder levar ao desenvolvimento de malformações do sistema
nervoso central em fetos ou recémnascidos, como é a microcefalia. E
aqui, ao contrário, por exemplo, da
infecção materna por rubéola, em
que o perigo de afectar o feto está
concentrado no primeiro trimestre
da gestação, não se sabe ainda com
certeza se no Zika o risco de exposição existe durante toda a gravidez,
diz o especialista. E, no caso da rubéola, existe vacina.
A juntar às recomendações já existentes das autoridades de saúde, que
dizem que as grávidas ou mulheres
em idade fértil que pretendam engravidar não devem viajar para países onde o vírus está activo, como
é o caso do Brasil, José Miguel Azevedo Pereira deixaria uma outra recomendação, para os homens que
estejam a tentar ter filhos. Ainda não
há certezas quanto à possibilidade de
transmissão por via sexual, mas, em
caso de dúvida, o investigador defende que os homens nesta situação, e
que viajam para estes países, mesmo
sem qualquer sintoma, devem fazer
análises sanguíneas 15 dias depois do
seu regresso. Isto porque o período
de incubação descrito rondará uma
semana e meia. O objectivo é prevenir o risco de eventual transmissão à
parceira que queira engravidar.
O vírus foi detectado no sémen,
mas ainda não foi provado com toda a certeza se é transmitido por via
sexual, explica. “Sabe-se que existe
mas não se quantificaram as [suas]
concentrações”. Não há provas de
que exista na saliva, urina ou fezes.
“No sangue sabe-se que também
existe, mas não se quantificaram as
concentrações”. Também não sabe
ainda se é eliminado pelo organismo
depois de pouco tempo ou se persiste
Em Portugal, foram
confirmados, até ao
momento, 11 casos
de portugueses
com o Zika, dez dos
quais regressados
do Brasil
vários meses depois da infecção, algo
que está a ser estudado em pessoas
infectadas recentemente. “Sobre o
Zika há mais pontos de interrogação
do que afirmações concretas.”
A aproximação dos Jogos Olímpicos no Brasil, que começam em
Agosto, deve ser uma razão de preocupação acrescida, defende o professor. No Brasil contaram-se um milhão e meio de infecções e, desde
o início do surto, no ano passado,
terão nascido mais de 700 bebés com
microcefalia, estando a ser estudados 4200 casos suspeitos, referiu a
agência Reuters. “Até Agosto, haverá
muito mais informações.”
Se é verdade que o evento coincide com o Inverno brasileiro, altura
em que as temperaturas vão descer,
o que leva ao decréscimo da actividade dos mosquitos portadores do
vírus, também é verdade que vai haver grande densidade populacional
de pessoas vindas de todo o mundo
naquele país, o que potencia a transmissão.
Este era um vírus que estava delimitado a zonas do continente africano, passou depois para a Ásia e ilhas
do Pacífico, mas “só teve atenção pública” em 2015 com o Brasil. A investigação ao Zika é, assim, recente “e
há dados pouco consistentes e por
vezes contraditórios”. Por essa razão,
a Faculdade de Farmácia de Lisboa
organizou o congresso Infecções Virais Emergentes: Infecções por Vírus
Zika e Outros Arbovírus, que decorre
a 16 de Março naquela faculdade.
Foram notificados casos de doença
por vírus Zika em vários países, nomeadamente Cabo Verde, Colômbia,
El Salvador, Fiji, Guatemala, México,
Nova Caledónia, Panamá, Paraguai,
Porto Rico, Samoa, Ilhas Salomão,
Suriname, Vanuatu, Venezuela,
Martinica, Guiana Francesa e Honduras.
Em Portugal, foram, até ao momento, confirmados laboratorialmente pelo Instituto Ricardo Jorge 11
casos em cidadãos portugueses, dez
dos quais regressados do Brasil. Todos evoluíram favoravelmente.
MARVIN RECINOS/AFP
Este é o quinto e último
questionário semanal da
campanha europeia sobre
doenças crónicas não
transmissíveis, que decorre nos
media de dez países europeus
— incluindo o PÚBLICO, em
Portugal —, e que desta vez
convida os leitores a responder
a um questionário online sobre
bases de dados de saúde,
acessível em português.
Iniciada a 15 de Fevereiro, a
campanha dura cinco semanas,
até 23 de Março, e consiste
num pequeno questionário
semanal diferente. O objectivo
é que os decisores políticos
tenham um melhor retrato
do que pensam os cidadãos
europeus sobre estas doenças,
para ajudar a travá-las, como
a diabetes e as doenças
cardiovasculares.
O último questionário
(http://reisearch.eu/initiatives/
chronic-diseases/5/pt) é
sobre a obtenção de mais e
melhores dados sobre saúde
e o papel das tecnologias da
informação. Será que estamos
dispostos a partilhar dados
de saúde pessoais para a
ciência, incluindo as empresas
farmacêuticas? Até que ponto
essa partilha é segura e ética?
Quem pode recolher, analisar e
partilhar esses dados?
A campanha foi lançada
pelo Atomium — Instituto
Europeu para a Ciência, Media
e Democracia (um consórcio
de universidades, jornais
e empresas, em Bruxelas,
para promover a ciência pela
sociedade), usando para
tal uma nova plataforma
tecnológica co-financiada
pela Comissão Europeia —
a REIsearch. A campanha
sobre as doenças crónicas é a
primeira iniciativa da REIsearch,
que visa aprofundar a ligação
entre os cidadãos, os cientistas
e os decisores políticos em
questões científicas. Além
do PÚBLICO, participam na
iniciativa o Der Standard
(Áustria), El País (Espanha),
EuroScientist (França),
Frankfurter Allgemeine Zeitung
(Alemanha), Gazeta Wyborcza
(Polónia), La Libre Belgique
(Bélgica), Luxemburger
Wort (Luxemburgo), Sole 24
Ore (Itália) e The Irish Times
(Irlanda). No final de Abril
divulgam-se os resultados.
Mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus Zika
Página 26
ID: 63592538
16-03-2016
Tiragem: 32904
Pág: 48
País: Portugal
Cores: Preto e Branco
Period.: Diária
Área: 5,14 x 3,69 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 3 de 3
Zika aumenta risco
de microcefalia
na gravidez
OMS recomenda investigação
para se desenvolverem
tratamentos e vacinas p24/25
Página 27
A28
ID: 63592761
16-03-2016
Tiragem: 16000
Pág: 10
País: Portugal
Cores: Preto e Branco
Period.: Diária
Área: 22,60 x 26,39 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 3
Radar //
Saúde.
Alargamento
da ADSE abre
divergências
na CGT'?
E BE hesita
Ana Avoila elogiou medida do PS, mas lider
dos médicos diz que é o fim "a prazo do SNS".
Bloco de Esquerda também desconfia e hesita.
MANUEL AGOSTINHO
MAGALHÃES
manuel. a. magalhaes(ajonline. pt
O alargamento da cobertura da
ADSE, o subsistema de saúde
que permite aos funcionários
públicos usarem meios privados de saúde, está a abrir polémicas e desconfiança à esquerda. Ana Avoila, líder da Frente
Comum de Sindicatos da Função Pública elogiou a medida,
que estende a cobertura média
feita por médicos privados, pagos
pelo Estado, aos cônjuges dos
funcionários públicos. Mas o
líder da Federação Nacional dos
Médicos, Mário Jorge, veio dizer
que a medida, a prazo, vai no
caminho da extinção do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Uma
crítica que vai no sentido dos
alertas de António Arnaut, ontem
divulgados no i.
Mário Jorge, o líder da FNAM,
a federação de sindicatos dos
médicos filiada na CGTP, escre-
veu há dias uma dura crítica ao
Ministério da Saúde do governo de António Costa.
"O objectivo é concretizar mais
uma etapa na criação das premissas de um seguro obrigatório de saúde que depois proclame como facto consumado o fim
do SNS. Não demorará muito
tempo para que certos sectores
de opinião verifiquem o logro
em que se meteram, provavelmente já tarde demais. Esta medida da ADSE vem confirmar que
existe mesmo um fantasma que
continua a esvoaçar dentro do
Ministério da Saúde, independentemente da mudança de coloração partidária" - escreveu
Mário Jorge, que foi eleito no
último congresso da CGTP para
o Conselho Nacional.
As criticas ao ministro da Saúde são abertas. "As graves implicações desta medida são de tal
forma previstas pela actual
equipa ministerial da saúde
que esta não foi capaz de assu-
mir a sua divulgação e delegou
tal anúncio em deputados do
grupo parlamentar do PS", diz
ainda Mário Jorge.
As críticas de Mário Jorge contrastam com a posição pública
de Ana Avoila, colega de direção
na CGTP. Sobre a medida proposta pelo PS, Avoila afirmou:
"É positivo. Nós hoje sabemos
que os filhos ficam mais tempo
em casa dos pais porque não
têm emprego. Portanto. nesse
sentido, a Frente Comum considera a medida bem-vinda".
Em causa está a alteração ao
Orçamento do Estado para 2016,
proposta na especialidade pelo
PS, que prevê o alargamento do
Críticas de
António Arnaut,
o 'pai do SNS',
aumentaram
contestação
Fonte do Bloco de
Esquerda diz ao i
que o alargamento
do SNS "é um pau
de dois bicos"
universo de beneficiários aos cônjuges e aos filhos até 30 anos (mais
quatro do que atualmente) dos
titulares, além dos trabalhadores
do setor empresarial do Estado.
extensão da ADSE dá mais mercado
aos grandes grupos económicos
e é vista pela esquerda como uma
ameaça à subsistência do SNS,
universal e com qualidade.
"É um pau de dois bicos", diz
fonte do BE ao i. O partido ainda
"não tem posição" oficial sobre a
proposta do PS. Ontem, ao i, o exlíder João Semedo criticava o alargamento da ADSE a privados (pinposta pela nova líder do CDS,
BLOCO DESCONFIADO A
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ID: 63592761
16-03-2016
Assunção Cristas) e atacava a
nomeação pelo governo de António Costa do economista Pita Barros, que também trabalha para
uma parceria público-privada do
Grupo Mello. Uma "nomeação
que tresanda a incompatabilidade e a conflito de interesses", atacou João Semedo, defendendo a
demissão de Pita Barros.
Hoje, depois da manchete do
i que divulgou as criticas de António Arnaut sobre o alargamento da SNS ("uma forma sub-reptícia e matreira" de privatizar a
saúde), também Cipriano Justo, médico e dirigente da Renovação Comunista, veio criticar
o PS. "Matreiras são as raposas.
Tiragem: 16000
Pág: 11
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 14,52 x 26,58 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 2 de 3
Mais do que matreirice, isto é
negócio, dos chorudos, e às claras. É mais uma estratégia, das
muitas que foram sendo goradas, de colocar em xeque os valores do SNS. Sobretudo o valor
da igualdade solidária. Não há
porta nem janela que não sirva
para o assaltar. Agora é uma
ADSE gorda e anafada para lançar baldes de dinheiro sobre o
sector privado. Quanto ao serviço público, não há nada como
um mercado interno e a livre
escolha para lhe melhorar o acesso. O que se está a passar no sector da saúde começa a ser particularmente inquietante", escreveu Cipriano Justo no Facebook
O PS, de António
Costa, propôs alargamento de benefícios
da ADSE
JOÃO OIRA,1
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ID: 63592761
16-03-2016
Tiragem: 16000
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 17,33 x 2,98 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 3 de 3
MUDANÇAS NA ADSE PARTEM
CGTP E GERINGONÇA „,...„
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