– Economia Industrial Nota_aula_9_Internacionalização INTERNACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL Leitura: KON, Anita. Economia Industrial. S.Paulo: Nobel, 2001. (cap. 6) CHESNAIS, (tradução de Silvana Finzi Foá) A Mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996. (Prefácio e Capítulo 1) TEORIA NEOCLÁSSICA TRADICIONAL Intercâmbio comercial entre nações se limita às mercadorias e se baseia nas vantagens comparativas de custo Dadas as dotações e características das nações, em termos de vantagens comparativas de custos, as nações tendem a exportar aquilo que produz com menor custo, e importar os produtos para os quais tem maior custo relativo. Os países deveriam se especializar no produto em que obtém maiores vantagens relativas. David Ricardo Fundamento filosofia liberal – livre intercâmbio de mercadorias ( mas imobilidade de fatores!) esquema estático –equilíbrio alcançado pelo livre intercambio o comparação grau de satisfação entre economia aberta e economia fechada o - livre intercâmbio aloca mais eficientemente os recursos nacionais se cada país se especializa naquilo em que tem vantagem comparativa. Exemplo carros e trigo EUA e Canadá. Falhas Imobilidade de fatores o Só mercadorias atravessam fronteiras o Trabalhadores, tecnologia e capital não migram – nega a internacionalização do capital e a internacionalização financeira. Estruturas de mercado oligopolizadas – portanto não são válidas as premissas da concorrência PERFEITA Os modelos sugerem um equilíbrio ótimo do ponto de vista internacional Modelos falham por não considerar: o Mudança da divisão internacional do trabalho. o Desenvolvimento econômico desigual. O comércio se reflete na equalização dos salários (!) entre países . o A inovação é imediatamente repassada aos preços, já que as empresas estão sujeitas às leis do mercado portanto preços baixariam em todos os países - elimina a desigualdade entre países. o Esses pontos não se verificam na realidade internacional. IDÉIAS MARXISTAS – DOUTRINA DO IMPERIALISMO Marx e Rosa de Luxemburg: consideram apenas o intercambio de mercadorias: As exportações de capitais são uma fase do desenvolvimento capitalista, considerando a acumulação em termos da nação como um todo. o comércio exterior barateia em parte os elementos do capital constante e os meios de subsistência do capital variável, portanto aumentam o lucro acelera a acumulação e retarda a queda da taxa de lucro PUC – CAMPINAS / ECONOMIA Disciplina: ECONOMIA INDUSTRIAL Profa. Nelly 1 permite mercado para a produção ampliada- o inevitável surgimento de uma superprodução de mercadorias -no setor de bens de consumo – tem como solução a exportação -mercados externos são levados em conta na hora dos investimentos pelos empresários Sobre a premissa de que o comércio promove benefícios a todos os participantes: Para Marx: o exportador de país mais avançado concorre em geral com mercadorias de países com maiores dificuldades. Realiza lucro como um inovador – tem produtividade maior, vende mais barato que no país receptor, porém tem mais lucro. Exemplo: exportações de produtos agrícolas para a África e desorganização do mercado local. Lenin (já incorpora a internacionalização do capital em suas análises (IED), porém, sem confundir com a internacionalização das relações sociais de produção ) desenvolvimento industrial da Europa da segunda metade do século 19: Crescimento das empresas e crescimento dos bancos – ( de intermediários , passam a concentrar e centralizar) geram uma união entre bancos e grandes empresas , visando perpetuar a concentração. Grandes excedentes de capitais Se esse excedente permanece no país, provoca uma queda do lucro ( queda do valor do capital relativamente ao trabalho) Excedente de capital é exportado para países subdesenvolvidos para não ocasional uma queda dos lucros nos países centrais. O que no início era intercambio comercial de mercadorias, passa à exportação de capitais – internacionalização do capital - , Bukarin (chama a atenção para a internacionalização das relações sociais de produção) A economia mundial vista como um sistema de relações de produção e intercâmbio que abarca a totalidade do mundo. Cada economia nacional é parte integrante do capitalismo mundial – EXISTE ASSIM UMA DIVISÃO ESPECÍFICA DAS FORÇAS PRODUTIVAS DO CAPITALISMO MUNDIAL – LINHA QUE SEPARA 2 TIPOS DE PAÍSES - E O TRABALHO SOCIAL SE ACHA DIVIDIDO NO PLANO INTERNACIONAL Divisão é vista através das trocas de mercadorias A maioria das trocas acontecem entre produtos de mesma natureza, portando não segue a lei das vantagens comparativas, mas a diferença de custos Portanto, a relação entre produtores – é uma relação de produção. Da mesma forma, migrações, remessas de estrangeiros, IEDs, fazem parte das relações de produção. Causas da superprodução de um país, e que leva à exportação do capital são: o progresso técnico eprodução em alta escala o a presença de trustes e cartéis com o apoio das grandes potências capitalistas, com objetivo de expansão do território econômico e esmagar a concorrência estrangeira Kautsky – a crescente concnetração industrial levaria à substituição do espaço da economia internacional pelo das empresas internacionais – com a formação de trustes e cartéis internacionais – que controlariam a produção mundial – um cartel único onde prevaleceria a racionalidade econômica EMPRESAS MULTINACIONAIS Multinacional – tem sua origem na grande empresa monopolista ou oligopolista – A internacionalização na esfera produtiva e na circulação de mercadorias impõe uma nova dinâmica no sistema econômico mundial =- a partir da lógica das decisões internas das firmas (fenômeno se intensifica a partir da década de 70) De sua atuação resulta uma unificação de: circulação de mercadorias circulação do capital produtivo PUC – CAMPINAS / ECONOMIA Disciplina: ECONOMIA INDUSTRIAL Profa. Nelly 2 circulação do capital dinheiro Hymer – integração do sistema mundial através da organização das empresas multinacionais que substituem o mercado pelo próprio plano de crescimento Vantagens: • redução de incertezas (preços, clientes, mercados) • coordenação em nível mundial a partir da estratégia da empresa – o permite explorar economias de escala – maior eficiência conjunta de suas unidades Vernon – estuda o deslocamento da produção em nível mundial (deslocamento de certos setores de países desenvolvidos para países subdesenvolvidos, em busca de vantagens) Explicação com base no ciclo de vida do produto Metamorfose do produto: produto novo, produto maduro e produto padronizado produto é lançado nos países centrais – onde foi desenvolvido. Aí a demanda por novos produtos é maior. A demanda está se definindo, bem como o processo de fabricação O produto maduro – tem demanda mais definida e tem certo grau de padronização ( características e processo de produção). Economias de escala se esgotando com o surgimento de concorrentes estrangeiros Os produtores são obrigados a lançar o produto em países com demanda crescente –onde existe ainda economias de escala, para barrar a entrada de concorrentes Finalmente, o produto padronizado será produzido em países periféricos – não importa se há mercado local – com o objetivo de baratear custo – estes exportam para os demais mercados. Inclusive para o país onde foi lançado. Pesquisa sobre os motivos para os IEDs na década de 1970: A) Baixar custos ligados a: a. transporte, b. barreiras protecionistas às importações c. adaptação de produtos ao mercado nacional d. zonas monetárias, financeiras e fiscais diferenciadas; e. dificuldade de informação nas nações menos desenvolvidas B) Existência de custos menores de produção em alguns países – particularmente salários – em situação em que o produto já era maduro e padronizado C) Estrutura oligopolizada da industria força a transferência também das concorrentes para os novos mercados – marcar market share em nível mundial. D) Avanço tecnológico determina a introdução constante de novos produtos nos países desenvolvidos e produzidos marginalmente para as camadas ricas dos países menos ricos – o desenvolvimento de produtores locais na periferia faz com que as empresas multi se desloquem para os mercados menores – empresas dos EUA se transferiram para a Europa quando o Japão passou a dominar as novas tecnologias e oferecer substitutos aos europeus. Desenvolvimento da informática e comunicações oferece nova dinâmica – nova reestruturação da organização empresarial e divisão do trabalho. - criação de redes mundiais integradas com empresas integradas em vários níveis hierárquicos (estudaremos isso no texto do DUPAS) Michalet:tipos de empresas multinacionais a) Exportadoras – criam filiais de comercialização nos países de destino da mercadoria b) Primárias – criadas em função da localização da produção primária ou de recursos naturais ( para fornecer alimentos e RN às economias capitalistas) c) Empresas de estratégia comercial – visam substituição de importações – “filiais substitutas” PUC – CAMPINAS / ECONOMIA Disciplina: ECONOMIA INDUSTRIAL Profa. Nelly 3 d) Empresas globais – filiais especializadas em determinado segmento do ciclo de produção – gestão global da produção e) Empresas financeiras – matriz centraliza as atividade não produtivas da empresa – planejamento estratégico , P&D, administração financeira, design – enquanto que a produção fica com as filiais – gestão por linha de produto O autor identifica 3 fases na evolução das multinacionais a) Subordinação das filiais à matriz- ao presidente do grupo – preocupação com a produção no país de origem b) Surgimento da divisão internacional dentro da matriz, visando tratar da produção das filiais c) Divisão de acordo com a região – Europa, A. Norte, Asia, A.Latina matriz gerencia as divisões regionais – que agora estão voltadas para o mercado regional O autor indica 5 fontes principais de financiamento das multinacionais a) Autofinanciamento – quando há controle para repatriamento de lucro b) Créditos bancários- acesso a empréstimos em condições mais favoráveis c) Mercados financeiros d) Ajudas públicas e juros subsidiados e) Participações financeiras de capitas públicos e privados – joint ventures – f) Fontes internacionais – Banco Mundial QUESTÕES PARA REVISÃO O objetivo dessa atividade é estudar as concepções neoclássica e marxista sobre a internacionalização do capital e uma focalização do processo a partir de motivações e conseqüências internas das empresas e das indústrias da atualidade. 1. Como a análise neoclássica interpreta o comércio internacional ? Explicar os pontos em que a análise neoclássica é insuficiente para explicar a internacionalização da produção e a expansão das multinacionais ( mobilidade de fatores, divisão internacional do trabalho e desigualdade entre economias). 2. Como a corrente marxista explica o comércio internacional? Como a teoria do imperialismo explica a internacionalização da produção e qual o papel dos bancos? 3. Segundo Bukharin, qual a natureza das trocas internacionais e qual a relação com as decisões dos investimentos externos? Quais as causas da internacionalização do capital (da produção)? 4. Com base em Hymer, qual o papel das multinacionais na integração do sistema internacional de relações de produção? 5. Como Vernon explica o deslocamento de setores industriais para outros países, segundo a idéia de ciclo de vida dos produtos? 6. O que são investimentos externos diretos (IED) e quais os motivos de as empresas realizarem IED? 7. Apresentar os tipos de empresas multinacionais, segundo Michalet. 8. Caracterize as fases de desenvolvimento organizacional interno das multinacionais e quais os reflexos sobre as necessidades de mão-de-obra e tecnologia? 9. Quais as fontes básicas de financiamento das empresas multinacionais e as conseqüências sobre a unificação da economia mundial? 10. Tendo em vista o que foi estudado até esse ponto, quais os espaços dos estado nacionais para realizar políticas de industrialização/exportação , crescimento/desenvolvimento econômico, frente a estratégias das grandes empresas? PUC – CAMPINAS / ECONOMIA Disciplina: ECONOMIA INDUSTRIAL Profa. Nelly 4