RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA Nome do Projeto: DESENVOLVIMENTO DE SIMULAÇÕES PARA O ENSINO DE FÍSICA ATRAVÉS DO SOFTWARE EASY JAVA SIMULATION Protocolo: 2135 (olhar) Nome do (a) Proponente ou Orientador (a): Paulo José Sena dos Santos Nome do (a) Bolsista: Gabriel Siqueira Sombrio Campus/Unidade: Tubarão Data do Relatório: 15 / 09 / 2008 Tipo do Projeto: () PUIC Disciplina () PUIC Continuado (X) PUIC Individual 1. Introdução O ensino da Física para os jovens, que estão tendo o seu primeiro contato com essa linha da ciência exata, enfrenta uma barreira muito difícil de ser quebrada, pois a dificuldade de aprendizagem dos alunos acaba se tornando um empecilho para os professores. A tentativa de ensinar Física clássica para alunos se inicia no ensino médio das escolas públicas e particulares de nosso país, para alguns, esse contato se inicia tarde demais, conseqüente dificuldade demonstrada para com a matéria. No Brasil, a Física começou a ser interpretada como disciplina fundamental do ensino apenas a partir do início do século 20, esse atraso na inserção da mesma em uma grade obrigatória acarretou, também, um atraso na criação de cursos de graduação na área de exatas no país. Observando a grande dificuldade de se aprender o conteúdo dessa disciplina, educadores e professores de graduação buscam formas e ferramentas que auxiliem na aprendizagem. Essas ferramentas, nos dias atuais, são o uso de computadores com softwares apropriados para o ensino. Uma das maiores dificuldades dos alunos em entender a Física é visualizar a ação/acontecimento que está se descrevendo em um enunciado ou citação. Quando um professor descreve um movimento de lançamento oblíquo, por exemplo, o estudante sente uma grande dificuldade de imaginar, corretamente, aquilo que está acontecendo na ficção do exercício, é nesse ponto que a computação programacional pode ajudar a criar ambientes virtuais que permitam a visualização do que está ocorrendo. O tema central do trabalho realizado foi a mecânica clássica, buscando utilizar o programa de linguagem Java, Easy Java Simulation (EJS), para, através de manipulação matemática do mesmo, criar programas de uso em ensino médio e graduação para auxílio do ensino. 1.1 – Easy Java Simulation O Easy Java Simulation (EJS) é um software educacional desenvolvido pelo professor Francisco Esquembre do departamento de Matemática da Universidade de Murcia, Espanha. Este software foi especialmente desenvolvido para a criação de simulações. Há vários outros softwares que desempenham essa função, porém o EJS foi desenvolvido de maneira a ser acessível a um público não especializado em programação, como por exemplo, professores de ciência e alunos de diversas áreas. A manipulação do programa não se torna um desafio a partir do momento que se conhece um pouco de cálculo e teoria física. Através da manipulação das equações de mecânica para uma acomodação em modelo diferencial, torna-se possível, ao programa, realizar os cálculos iterativos, ou seja, pela determinação de uma equação diferencial e um intervalo préestabelecido, o programa realiza o desenvolvimento matemático para as mais variadas situações. O desafio de utilizar o programa aparece quando a parte matemática está pronta, pois a elaboração da simulação 2D/3D depende, quase que exclusivamente, do pesquisador que está a manipular o programa. Cada variável deve ser alocada automaticamente pelo software. individualmente, nada é estabelecido O resultado é surpreendente, como será descrito posteriormente no documento exposto. Para um melhor entendimento do conteúdo trabalhado, um breve resumo da história da física mecânica será colocado. 1.2 – História da mecânica clássica As primeiras questões sobre fenômenos mecânicos surgiram nas civilizações antigas, em virtude da necessidade que esses povos tinham de máquinas que os liberassem de certos esforços e que aumentassem a potência dos recursos de que dispunham. Na cultura grega, Heráclito e Aristóteles tentaram sem sucesso encontrar explicações filosóficas para os fenômenos do movimento. Foi Arquimedes quem enunciou os primeiros princípios realmente científicos dessa disciplina. O principal continuador da doutrina de Arquimedes foi o físico grego Heron de Alexandria, da florescente escola alexandrina dos primeiros séculos da era cristã. Embora seu livro Mecânica contivesse algumas afirmações errôneas (em conseqüência, principalmente, da fragilidade de suas formulações matemáticas), ele ali transmitia um profundo conhecimento dos sistemas de roldanas e demais máquinas simples. Após a queda do Império Romano, só no Renascimento os cientistas voltaram a interessar-se pela mecânica. No final do século XVI, o matemático e inventor holandês Simon Stevin ampliou os trabalhos de Arquimedes e solucionou o problema dos planos inclinados. Poucos anos depois surgiu o primeiro grande nome da mecânica, Galileu Galilei, que descobriu as leis do pêndulo e da queda livre e esboçou o princípio da inércia, um dos três pilares fundamentais da mecânica. Galileu solucionou também problemas de estatística, a partir de trabalhos de Stevin, e de descrição da trajetória de projéteis. No século XVII, uma revolução científica iniciada por Nicolau Copérnico e continuada por Galileu questionou o geocentrismo e afirmou o Sol como o centro do universo. No mesmo período, o holandês Christian Huyghens deu importante contribuição à dinâmica, com estudos sobre o movimento oscilatório dos pêndulos. Em 1642, ano da morte de Galileu, nasceu, na Inglaterra, Isaac Newton, que viria a estabelecer os princípios da mecânica clássica. Integrado a uma sociedade científica avançada, na qual sobressaíram personalidades como Edmond Halley e Robert Hooke, Newton escreveu uma obra capital para a evolução da física: Philosophiae naturalis principia mathematica (1687; Princípios matemáticos da filosofia natural), na qual enunciou os três axiomas básicos da mecânica e resolveu o problema do equilíbrio dinâmico do universo por meio da teoria da gravitação universal. O prestígio conquistado por Newton, alicerçado no êxito teórico e experimental de seus trabalhos, estendeu-se aos séculos seguintes. A partir de seus postulados e do método sistemático por ele elaborado, os irmãos Johann e Jakob Bernoulli solucionaram uma série de questões físicas, Leonard Euler aperfeiçoou a aplicação do cálculo infinitesimal às teorias mecânicas e d'Alembert reduziu as questões dinâmicas a problemas de equilíbrio. Apoiado nas idéias de Newton e d'Alembert, o matemático francês JosephLouis Lagrange, em Mécanique analytique (1788; Mecânica analítica), lançou as bases de uma concepção matemática e abstrata da mecânica clássica que, num estágio mais avançado, viria a ser utilizada pela física quântica, um século e meio depois. As contribuições do século XIX à mecânica não conduziram a alterações substanciais na tecnológicas com teoria, base mas em permitiram estudos obter importantes anteriores. A inovações aplicação do eletromagnetismo à mecânica deu origem às inovadoras hipóteses atômicoquânticas. A concepção relativista enunciada por Albert Einstein no início do século XX representou um duro golpe para a mecânica newtoniana, que ficou reduzida à particularização de um mundo físico muito mais complexo. Para a solução de problemas mecânicos simples, que não envolvam grandes velocidades nem altas temperaturas, no entanto, as doutrinas de Newton mantiveram vigência e aplicabilidade. 2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral Elaborar um estudo de desenvolvimento ao auxílio do ensino de física, através do uso de ambientes virtuais proporcionados pelo programa digital em linguagem Java (Easy Java Simulation). 2.2 Objetivos Específicos Elaborar exercícios, baseados na mecânica clássica, e ambientálos virtualmente; Utilizar o programa de simulação em linguagem Java, Easy Java Simulation, para manipulação, elaborar contando os com ambientes virtuais detalhamento das de fácil variáveis presentes no problema; Verificar manualmente a veracidade dos cálculos realizados pelo software; Testar em sala de aula as simulações criadas, permitindo o manuseio, pelos alunos, dos programas, para auxiliar na aprendizagem. 3. Material e Métodos Material: Programa de simulação 2D/3D em linguagem Java, Easy Java Simulation (EJS). Método: 1) Escolha da área da física a ser estudada e trabalhada (Mecânica Clássica); 2) Na área escolhida, determinar os conteúdos principais do desenvolvimento dos programas de ambientalização (vetores, atrito, queda livre, lançamento, lançamento oblíquo e colisões); 3) Elaboração de exercícios, baseados em literatura apropriada, que englobem o máximo do conteúdo, matemático e físico, juntamente com a resolução manual e, posteriormente, criar um ambiente virtual no programa EJS; 4) Após cada tema possuir o seu programa de simulação, realizar uma seqüência de testes para confirmação da veracidade e confiabilidade dos resultados gerados pelo programa; 5) Aperfeiçoamento do layout para fácil utilização por parte dos usuários com menor instrução; 6) Testes em salas de aula do programa final. 4. Resultados: O inicio da pesquisa focou no estudo de reconhecimento do programa, isso era necessário, já que o uso do mesmo era conhecido apenas por trabalhos que já o utilizaram para outros fins. O primeiro objetivo estipulado pelo pesquisador foi iniciar o reconhecimento da linguagem de programação que era usada, isso se tornou possível através da elaboração de um exemplo a ser resolvido, baseado em conteúdos teóricos iniciais, como queda livre e a indicação de seus vetores. O estudo da utilização do programa também englobava o aprimoramento do uso de equações diferenciais, pilares da resolução matemática do software. O primeiro ambiente virtual construído foi a demonstração visual e gráfica de um corpo em queda livre, como ilustrado na imagem abaixo: Esse é o resultado da primeira simulação criada, apesar de algumas dificuldades na parte de inserção das equações diferenciais e elaboração do ambiente 2D, a resposta do programa foi muito satisfatória, pois boa parte dos problemas foram entendidos e resolvidos, importante para programas futuros. Como citado anteriormente, a seção de elaboração de equações diferenciais tornou-se parte fundamental para o bom funcionamento do programa. Abaixo se pode visualizar a janela na qual se insere os dados equacionados. A janela representa os dados inseridos para o exemplo da queda livre. As equações dx/dt e dv/dt indicam conseqüentemente, a velocidade e a aceleração. O termo dt é tomado como termo independente (em todas as simulações), pois o tempo não dependerá de nenhum outro fator estimado na simulação. Com o primeiro programa pronto e seus problemas resolvidos, pode-se iniciar a elaboração de um novo ambiente muito mais sofisticado, o resultado foi um novo programa que englobava quase toda a parte teórica imposta pelo tema. A simulação consistia em um lançamento oblíquo com atrito do ar. Essa segunda simulação mostrou um nível mais alto de dificuldade, pois o número de equações, não apenas diferenciais, aumentou consideravelmente. Segue abaixo a ilustração de duas janelas representando a parte de cálculo do programa de lançamento oblíquo, um diferencial e outro não diferencial. O aumento da quantidade das linhas de cálculo é conseqüência do tipo de situação que se está trabalhando. Quando se tem um lançamento oblíquo, os vetores devem ser decompostos e calculados com a utilização de seno e cosseno, já que existe a presença de ângulos entre os vetores, utilizados para determinação numérica dos resultados. Um fator que dificulta a programação é a inserção do atrito do ar no comportamento da simulação 2D. O resultado visual e matemático do programa também atingiu todas as expectativas, como ilustrado abaixo. A última simulação realizada é sobre colisões perfeitamente elásticas, a dificuldade, como tendência das outras simulações, é crescente. Essa simulação obteve um resultado surpreendente, onde o modelo final atingiu um nível de qualidade, complexidade e veracidade muito alto. As ilustrações a seguir mostram, em seqüência, a parte de cálculo diferencial, não diferencial, condições matemáticas e físicas do ambiente e layout da simulação final. A manipulação do programa de colisões é quase total, podem-se manipular os valores das massas e velocidades, além da confecção de gráficos que demonstram, de forma dinâmica, o comportamento das energias cinéticas de cada corpo presente no movimento. 5. Conclusões Com a elaboração de programas de simulação de situações físicas, permitindo, através de um layout objetivo e simplificado, facilitar o método de aprendizagem de alunos de ensino médio e de graduação, toma-se como concluído o trabalho que foi descrito. Com intuito de ajudar professores e educadores no ensino de Física, a idéia do projeto se viu necessária, pois, não só em nossa região, as disciplinas com maior índice de reprovação são a física e a química. Proporcionando uma ferramenta que auxilie os alunos a visualizarem as situações descritas em exercícios, permitindo aprimorar o método de ensino. A simulação programada com um layout simplificado, com opções de manipulação das variáveis também simplificadas, permite ao aluno, ele mesmo manusear os ambientes virtuais e treinar sua perspectiva de acontecimento entre o que é descrito em um enunciado e a situação real a ser trabalhada matematicamente. Como a intenção do projeto era fornecer uma nova ferramenta para o ensino, deu-se importância ao resultado da simulação, e não ao teor matemático. Porém, para realizar as simulações houve a necessidade de um estudo aprofundado de cálculo e Física teórica. 6. Referências LUZ, Antônio Máximo Ribeiro da; ALVARENGA, Beatriz Gonçalves de. Curso de física. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2000. 3 v. ISBN 8526230980 (v. 3); NUSSENZVEIG, H. M.. Curso de física básica. 4. ed., rev. São Paulo: E. Blücher, 2002. 3 v. ISBN 85-212-0046-3; GASPAR, Alberto. Física. 1. ed. São Paulo: Ática, 2000. 3 v. ISBN 8508075251 (v.1.).