Cultivo de soja sob dois sistemas de semeadura e diferentes densidades populacionais Wilian Henrique Diniz Buso1, Luciana Borges e Silva2, Anderli Divina Ferreira Rios3 e Raquel Silva Firmiano4 1 Doutor, Professor do Instituto Federal Goiano Campus Ceres, Rodovia GO-154 - km 3, S/N - Zona Rural, Ceres - GO, 76300-000 ([email protected]) 2Doutora, Professora Instituto Federal Goiano Campus Ceres ([email protected]) 3 Doutora, Professora da Faculdade Evangélica de Goianésia ([email protected]) 4Estudante do Curso de Agronomia no Instituto Federal Goiano, Campus Ceres, Rodovia GO-154 - km 3, S/N - Zona Rural, Ceres - GO, 76300-000 ([email protected]) Resumo – O objetivo desta pesquisa foi avaliar o uso da semeadura convencional e cruzada formando “tabuleiro de xadrez” e quatro populações de plantas para a cultura da soja. O experimento foi instalado na área experimental do Instituto Federal Goiano Campus Ceres, em Ceres, GO. O delineamento experimental adotado foi blocos completos casualizados em esquema fatorial 2x4, em que foram avaliados dois sistemas de semeadura e quatro populações de plantas, com quatro repetições. Foi realizado preparo de solo convencional com uma aração e uma gradagem niveladora que ocorreu no dia anterior a semeadura. A altura da primeira vagem e o número de vagens por planta foram estatisticamente diferente (p<0,05) para os sistemas de semeadura. A semeadura convencional propiciou maior altura de planta com média de 0,66 m, bem como maior altura de inserção da primeira vagem 145, 93 mm. O número de grãos por vagem e a massa de 100 grãos não apresentaram diferença estatística (p>0,05) entre os sistemas de semeadura. A produtividade de grãos foi maior na semeadura cruzada cuja média foi de 5.706 kg ha-1, que diferiu estatisticamente (p<0,05) da semeadura convencional com média de 5.199 kg ha-1 e apresentou efeito linear crescente com o aumento da população de plantas. A cultura da soja respondeu em produtividade ao incremento populacional. A melhor distribuição de plantas na semeadura cruzada resultou em maiores produtividades. Palavras-chave: Densidade de plantas, Glicyne max, produtividade, semeadura cruzada. Cultivation of soybean under two planting systems in different population densities Abstract - The objective of this research was to evaluate the use of conventional sowing and sowing crossed forming "chessboard" and four populations of plants for soybean crop. The experiment was installed in the experimental area of the Federal Institute Goiano Campus Ceres, Ceres, GO, Brazil. The experimental design used was a randomized block design in a 2x4 factorial design, being two sowing systems and four plant populations, with four replications. It was conducted conventional tillage with a plowing and a leveling harrowing that occurred the day before sowing. The height of the first pod and the number of pods per plant were statistically different (p<0.05) for sowing systems. The conventional sowing provided greater plant height with average of 0.66 m, as well as greater height of the first pod 145, 93 mm. The number of grains per pod and mass of 100 grains showed no statistical difference (p>0.05) between sowing systems. The grain productivity was higher in sowing crossed with an average of 5,706 kg ha -1, which differed statistically (p<0.05) of the conventional sowing averaging 5,199 kg ha-1 and presented linear effect with increasing population plants. The soybean crop productivity responded to the increasing of plant population. The best plants distribution in sowing crossed resulted in higher productivity. Keywords: cross-seeding, Glicyne max, plant density, productivity. Introdução As regiões dos cerrados ocupam uma área de 207 milhões de hectares, estendendo-se pela região CentroOeste, e parte das regiões sudeste, norte e nordeste do Brasil. O cerrado ocupa uma posição de destaque no cenário agrícola nacional, pois mesmo que os solos sejam ácidos e de baixa fertilidade, apresentam condições favoráveis ao desenvolvimento das culturas. A produção de soja (Glicyne max L.), nessa região, foi aumentando gradativamente a partir da década de 80, na safra 2012/2013 a produção foi de 38 milhões de toneladas, na safra 2013/2014 a produção foi 9,9% maior, com produção de 41,8 milhões toneladas (CONAB, 2014). Nos últimos anos, a cultura da soja tem passado por transformações. A utilização de tecnologias como o plantio direto, o uso de cultivares transgênicas e o melhoramento de cultivares de soja adaptadas ás diferentes regiões produtoras no Brasil, principalmente a região dos Cerrados proporcionou maior produtividade dessa cultura. Nas últimas safras, uma modalidade nova de semeadura da soja tem sido difundida entre os agricultores é a semeadura cruzada. Estudos sobre esse sistema de Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.1, p.18-23, mar. 2016 18 semeadura ainda é incipiente, porém é sabido que uma das formas de aumentar a produtividade é através do aumento da densidade de plantas (Debiase, 2011). Nesse sistema, a semeadora passa duas vezes na mesma área, em direções opostas formando "quadrados", o que faz com que haja mais plantas de soja por hectare e melhor distribuídas. Nesse novo desenho as lavouras perdem ‘as tradicionais linhas paralelas e passa a dar lugar a um tabuleiro de xadrez. A semeadura cruzada consiste na distribuição de sementes em linhas paralelas, como é realizada convencionalmente na soja, seguida de nova distribuição de grãos sobre a mesma área, com as novas linhas formando ângulos de 90º em relação às anteriores, ou seja, formando uma grade de linhas sobre a área de cultivo. Dessa forma, seguindo uma recomendação usual para esta cultura, ocorre uma duplicação do número de sementes por hectare, da quantidade de adubo aplicado e do uso da máquina (Lima et al., 2012). De acordo com Freitas et al. (2010) a produtividade de uma cultura é definida pela interação entre a planta, o ambiente de produção e o manejo. Altos rendimentos são obtidos quando o genótipo apresenta potencial produtivo e alta adaptabilidade, tudo isso aliado aos tratos culturais requeridos pela cultura. Assim, época de semeadura adequada e a correspondente população de plantas, associadas com a escolha de cultivares adaptadas à região de produção constitui-se em estratégias de manejo para a obtenção de elevadas produtividades. O arranjo mais adequado, a uniformidade de espaçamento entre as plantas distribuídas na linha pode influir na produtividade dessa cultura. Plantas distribuídas de forma desuniforme implicam em aproveitamento ineficiente dos recursos disponíveis, como luz, água e nutrientes. No caso da soja, o acúmulo de plantas em alguns pontos pode provocar o desenvolvimento de plantas mais altas, menos ramificadas, com menor produção individual, diâmetro de haste reduzido, e, portanto, mais propensas ao acamamento (Endres, 1996). Por outro lado, espaços vazios deixados na linha, além de facilitar o desenvolvimento de plantas daninhas, levam ao estabelecimento de plantas de soja com porte reduzido. O estande produzido dessa forma pode acarretar redução na produtividade, além das dificuldades por ocasião da colheita mecanizada. O presente trabalho teve como objetivo avaliar dois sistemas de semeadura e quatro diferentes populações de plantas para a cultura da soja em condições edafoclimáticas de cerrado, na região de Ceres, GO, em um Latossolo Vermelho Amarelo distrófico. 19 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.1, p.18-23, mar. 2016 Material e Métodos O experimento foi conduzido em campo na Fazenda Experimental do Instituto Federal Goiano Campus Ceres-GO, localizada na latitude S 15º 21’ 02’’, longitude W 49º 35’ 38’ e altitude de 564 m. O solo do local foi classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico (Embrapa, 2006). O delineamento experimental adotado foi blocos completos casualizados, em esquema fatorial 2x4, com quatro repetições. Os tratamentos constituíramse de dois sistemas de semeadura (semeadura convencional e cruzada) e quatro populações de plantas (120, 160, 200 e 240 mil plantas ha -1). As parcelas foram constituídas por setes linhas, com três metros lineares, espaçadas de 0,50 m, totalizando 9 m2 por parcela. Para coleta de dados foram utilizadas às quatro linhas centrais, sendo deixado como bordadura 0,50 m de cada extremidade. O preparo do solo foi convencional realizado por meio de uma operação de gradagem com grade aradora e outra niveladora no dia da semeadura. A caracterização físico-química do solo foi realizada considerando a camada 0-20 m. Os resultados foram: Ca: 2,5; Mg: 1,2; CTC: 7,61; Al: 0; H: 3,5 (cmolc dm3 ), P(Melich): 6,0; K: 90 (mg dm-3), pH(CaCl2): 5,7; V:51,9; MO: 1,5; areia: 40 e argila: 51 (%). A semeadura foi realizada no dia 26 de novembro de 201, a cultivar utilizada foi a P98Y12. A adubação foi realizada de acordo com a recomendação de Souza e Lobato(2004), em que utilizou-se 9 kg ha-1 de N e 100 kg ha-1 de P2O5, distribuídos juntamente com a semeadura da soja. Aplicou-se em cobertura 60 kg ha-1 de K2O, oito dias após a germinação. No controle de plantas invasoras foi realizada aplicação de herbicida glifosato na dose de 2 L ha -1, 15 dias após a semeadura. As aplicações de inseticidas foram realizadas utilizando 0,1 L ha-1 de diflubenzuron para o controle de lagartas, para o controle de percevejos foi aplicado 0,2 L ha-1 de Tiametoxan + lambda-cialotrina. Nas aplicações de fungicidas foram utilizando 0,3 L ha -1 de Azoxistrobina + ciproconazol para ferrugem asiática. A colheita foi realizada no dia 10/04/2012. Os dados de temperatura e precipitação pluvial no período experimental representados na Figura 1 comprovam que o experimento foi conduzido sob condições edafoclimáticas favoráveis. As variáveis coletadas foram: altura de planta realizada com fita métrica, altura de inserção da primeira vagem coletado com régua graduada, diâmetro do caule entre o solo e a inserção da primeira vagem obtida com paquímetro digital, número de vagens por planta, número de grãos por vagem, massa de 100 grãos. As plantas foram colhidas no estádio R7, secadas a sombra, trilhadas e pesadas individualmente. Para determinação da produtividade de grãos, no estádio R9, as plantas da área útil de cada parcela foram colhidas manualmente. Os grãos foram pesados em balança com capacidade de 5 kg, logo após, determinando-se sua umidade, e posteriormente corrigiu-se para o valor de 13%. Figura 1. Precipitação pluvial e temperatura média mensal durante o período experimental, no campo na Fazenda Experimental do Instituto Federal Goiano - Campus Ceres-GO Fonte: Estação meteorologica IF Goiano Câmpus Ceres. Foram realizadas análises de variância com regressão e comparação de médias pelo teste de SkottKnott a 5% de probabilidade para todas as variáveis agronômicas estudadas e produtividade. As análises foram realizadas com auxílio do software R (R Core Team 2010). Resultados e Discussão Na Tabela 1 encontram-se os resultados da análise de variância (quadrados médios e significância do teste F) para as variáveis estudadas. Observa-se que não ocorreu interação significativa (P>0,05) para as variáveis analisadas entre sistemas de semeadura e população de plantas, indicando que os fatores agiram de forma independente. As regressões não foram significativas para todas as variáveis, quando se usou o modelo quadrático. O modelo linear apresentou efeito significativo somente para produtividade de grãos, sendo o modelo que melhor se ajustou a esta variável em função do aumento da população de plantas. Foi observada diferença significativa (P<0,05) para altura de planta nos diferentes sistemas de semeadura, verificando-se valores de 0,66 e 0,60 m para semeadura convencional e cruzada, respectivamente (Tabela 2). Na semeadura cruzada as plantas apresentam melhor distribuição espacial reduzindo a competição intraespecífica, resultando em menor porte das plantas. Quando variou a população de planta não ocorreu diferença significativa (Tabela 3). Souza et al. (2010), em estudos para avaliar a relação entre densidade de plantas e genótipos de soja transgênica, observaram aumento da altura de plantas com o aumento da densidade de plantio. De acordo com estes autores, a altura da planta aumentou linearmente de 0,5 a 0,9 cm para cada planta a mais por m². Balbinot Junior et al. (2015) verificaram que a altura de plantas na colheita não foi alterada pela densidade de semeadura, pelo sistema de semeadura e pela interação entre esses fatores. O diâmetro do caule não diferiu entre os sistemas de semeadura (Tabela 2), mas reduziu com o aumento da população de 120 para 240 mil plantas ha-1, cujos valores variaram de 11,14 a 9,30 mm, respectivamente (Tabela 3). Esta redução no diâmetro ocorreu devido a maior competição intraespecífica, em que as plantas tendem a ficarem mais altas, com redução na espessura do caule. Watanabe et al. (2005) verificaram maior diâmetro do caule ocorrido em plantas submetidas à menor densidade (200 e 400 mil plantas ha-1). Ao mesmo tempo ocorreu diminuição na altura de inserção da primeira vagem, Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.1, p.18-23, mar. 2016 20 uma vez que, em menores populações as relações auxina/giberelina são menores. Para altura de inserção da primeira vagem ocorreu diferença significativa (P<0,05) entre os dois sistemas de semeadura, conforme apresentado na Tabela 2. A melhor distribuição das plantas na semeadura cruzada proporcional inserção da primeira vagem mais próxima do solo com valor de 120,64 mm, altura que é possível ser cortada pela plataforma de corte das máquinas de colheita reduzindo problemas com perdas devido à inserção muito baixa das vagens. Tabela 1. Resumo da análise de variância (Quadrados médios e significância do teste F) para as características agronômicas e produtividade na cultura da soja. Variáveis Altura de plantas Diâmetro do caule Altura do primeiro legume Número de vagem por planta Número de grãos por vagem Massa de 100 grãos Produtividade Fontes de variação P S PxS 125,43* 237,96* 28,80ns ns 5,16* 0,799 0,564ns 1.365,4ns 5115,7* 541,5ns 938,01* 1.829,67* 54,76ns ns ns 0,046 0,027 0,086ns 2,19ns 8,14ns 1,14ns ns 6.232.072* 1.325.192 588.296ns Regressão Linear Quadrática ns 0,029 0,00001ns ns 14 1,31ns 3.680,6ns 6,7ns ns 2.621,16 42,32ns ns 0,0020 0,015ns 1,51ns 0,013ns 18.181** 8ns CV (%) 9,02 11,84 21,72 16,22 14,72 12,56 12,70 P – população de plantas; S – sistemas de semeadura * (significativo a 5%); ns (não significativo) Tabela 2. Características agronômicas e produtividade da cultura da soja sob dois sistemas de semeadura. Variáveis Altura de planta (m) Diâmetro do caule (mm) Altura inserção primeira vagem (mm) Número de vagens/planta Número de grãos/vagem Massa de 100 grãos (g) Produtividade (kg ha-1) Sistemas de semeadura Convencional Cruzada 0,66 a 0,60 b 9,83 a 10,10 a 145,93 a 120,64 b 77,00 b 92,13 a 2,09 a 18,96 a 5.199,00 b 2,03 a 17,95 a 5.706,00 a Médias seguidas de mesma letra, nas linhas, são estatisticamente iguais, pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. Resultados obtidos por Peluzio et al. (2010) que estudaram a altura de plantas, altura de inserção da primeira vagem e verificaram aumento conforme ocorreu acréscimo na densidade de plantas (150, 200 e 250 mil plantas ha -1), enquanto a massa de 100 grãos não diferiu entre as densidades de semeadura. Cortez et al. (2011) não observaram aumento na altura da planta conforme aumentou a densidade de plantas por metro linear e também não ocorreu diferença significativa para a altura de inserção da primeira vagem. O aumento na população de plantas não influenciou no aumento de altura da primeira vagem (Tabela 3). 21 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.1, p.18-23, mar. 2016 Na Tabela 2 observa-se que houve diferença significativa (P<0,05) para número de vagem planta-1 entre os diferentes sistemas de semeadura. A semeadura cruzada apresentou maior número de vagens com 92,13 vagens planta-1. Este fator ocorreu em decorrência da melhor distribuição espacial das plantas. Observa-se que com menor quantidade de plantas (120 mil plantas ha-1) a cultura compensou parte da produção com a emissão de maior quantidade de vagens, a fim de compensar a menor população e esta diferiu (P<0,05) das demais populações de plantas que apresentaram menor quantidade de vagens (Tabela 3). Conforme apresentado nas Tabelas 2 e 3 não ocorreu diferença significativa (P>0,05) do número de grãos planta-1 entre os diferentes sistemas de semeadura e para as populações de plantas. Lima et al. (2012) compararam a semeadura da soja em linhas cruzadas e linhas não cruzadas e observaram que todas as características, exceto massa de 100 grãos, apresentaram diferença estatística. A característica de altura de planta foi superior para soja cruzada, entretanto, o número de vagens planta -1 e o número de grãos vagem-1 foram maiores para soja não cruzada, ou seja, a alta densidade de plantas ha -1 e a maior altura de plantas não foram suficientes para manter o número de vagens e grãos vagem-1, pelo menos igual a semeadura não cruzada. Para massa de 100 grãos observa-se, na Tabela 2, que não ocorreu diferença estatística (P>0,05) entre os diferentes sistemas de semeadura e não ouve redução (P>0,05) da massa específica dos grãos quando aumentou a população de plantas (Tabela 3). Fiorese (2013) avaliou características agronômicas e a produtividade de duas cultivares de soja em sistemas de plantio cruzado e convencional e observou que o número de grãos planta -1, peso de 100 grãos e a produtividade foram maiores no sistema de plantio cruzado para as duas cultivares. Não ocorreu diferença significativa (P>0,05) para produtividade entre os dois sistemas de semeadura. A produtividade obtida na semeadura cruzada foi de 5.706 kg ha-1 e na convencional de 5.199 kg ha -1 (Tabela 2). Entretanto, houve resposta linear para produtividade de grãos em função da variação da população de plantas, conforme Figura 2, ou seja, o aumento na população de plantas resultou em maiores produtividades. Assim, esta cultivar pode ter sua população aumentada para as condições de solo em que a pesquisa foi desenvolvida. Tabela 3. Características agronômicas e produtividade da cultura da soja sob quatro densidades populacionais. Variáveis Altura de planta (m) Diâmetro do caule (mm) Altura inserção primeira vagem (mm) Número de vagens (planta-1) Número de grãos (vagem-1) Massa de 100 grãos (g) Produtividade (kg ha-1) 120 0,59 a 11,01 a 117,75 a 98,83 a 2,04 a 18,59 a 4.434 d População de plantas (mil plantas ha-1) 160 200 0,64 a 0,63 a 10,14 a 9,36 b 132,86 a 132,83 a 84,55 b 82,28 b 2,12 a 1,96 a 19,07 a 17,80 a 5.336 c 5.670 b 240 0,68 a 9,30 b 149,73 a 72,60 b 2,12 a 18,36 a 6.570 a Médias seguidas de mesma letra nas linhas são iguais estatisticamente pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. Ludwig et al. (2007) estudaram três densidades de plantio de soja, 250.000, 400.000 e 550.000 plantas ha-1 verificado aumento da produção com o aumento da densidade, por outro lado, o número de vagens planta-1 diminuiu com o aumento das densidades. Os autores também verificaram que o número de grãos vagem-1 e massa de 100 grãos não variaram em função das densidades. No presente estudo foi verificado o mesmo resultado para produtividade. Balbinot Junior et al. (2015) verificaram que a produtividade de grãos não foi influenciada pelo cruzamento ou não das fileiras, pela densidade de plantas e pela interação entre esses fatores. Resultados discordantes foram encontrados por Tourino et al. (2002) que observaram aumento na produção por planta com a redução da densidade. A maior produção por planta, neste caso, foi suficiente para superar a redução do número de plantas nas linhas, mantendo os níveis de produtividade. De acordo com Lima et al. (2012) é possível aumentar a produtividade da cultura com o manejo de densidade em linhas cruzadas, já que muitos outros fatores ainda podem ser testados variando o sistema de semeadura. De acordo com Silva et al. (2015), a semeadura cruzada não apresentou produtividade significativamente diferente da semeadura convencional, cujos valores foram de 4.976,55 e 4.941,20 kg ha-1, respectivamente, sendo assim, independente da forma de semeadura, este sistema não influencia a produtividade de grãos de soja quando comparado à semeadura convencional da cultura. Figura 2. Produtividade de soja em dois sistemas de cultivo em função de densidades populacionais de soja. Conclusões 1. A cultura da soja responde em produtividade ao incremento de densidade populacional de plantas. 2. Os sistemas de semeadura não alteram a produtividade de grãos, mas a semeadura não cruzada proporciona menor uso de operação mecanizada. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.1, p.18-23, mar. 2016 22 Referências BALBINOT JUNIOR, A.A.; PROCÓPIO, S.O.; DEBIASE, H.; FRANCHINI, J.C.; PANISON, F. Semeadura cruzada em cultivares de soja com tipo de crescimento determinado. 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