4 resultados e discussão

Propaganda
EFEITO DA VELOCIDADE DE SEMEADURA NO
RENDIMENTO DA SOJA (Glycine max (L.) Merrill) NO MUNICÍPIO DE
MANGUEIRINHA/PR
Thiago Ranzan1, Cristiano Reschke Lajús2, Camilla Weber Langhinotti1, Marcel
Franz Marcante 1, Ernandes Manfroi 1, Guilherme Luiz Parize 3, Marcos Vanin1,
Matheus Collet Tambosi1, Ricardo Demartini1, Giovani Echer 1
Resumo: A operação de semeadura condiciona a cultura, fatores, que podem ser decisivos na
produtividade de forma quantitativa e qualitativa. O experimento foi realizado em Mangueirinha/PR,
de 16 novembro de 2008 a 04 abril de 2009, e teve como objetivo avaliar o efeito da velocidade de
semeadura no rendimento da soja (Glycine max (L.) Merrill). O delineamento utilizado para instalação
do experimento foi em blocos ao acaso arranjados em faixas, com cinco repetições. Cada unidade
experimental foi constituída por nove linhas, totalizando 4,00 m de largura e 5,00 m de comprimento,
no espaçamento de 0,50 m entre linhas, sendo as 3 linhas externas consideradas como bordaduras.
Como área útil foram consideradas as três linhas centrais, com 1,50 m de largura e 2,50 m de
comprimento. Os tratamentos em relação às diferentes velocidades de semeadura foram: 3 km.h-1, 6
km.h-1, 9 km.h-1 e 12 km.h-1. As determinações amostrais para avaliar o efeito da velocidade de
semeadura, sobre os componentes de rendimento das plantas de soja, foram efetuadas em amostras
aleatórias constituídas por todas as plantas presentes na parcela útil, na plena maturação da cultura.
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as diferenças entre
médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 0,05 de significância. A análise de variância não
revelou efeito significativo dos tratamentos em relação as variáveis: peso de 1000 grãos, número de
vagens por planta e rendimento. A cultura da soja tolera uma ampla variação no espaçamento entre
plantas na linha, alterando mais a sua morfologia que o rendimento de grãos. Os resultados
mostraram que velocidades maiores podem ser utilizadas sem afetar o rendimento da cultura da soja.
Palavras-chaves: Glycine max; velocidades de semeadura e rendimento.
1. Introdução
O Brasil, juntamente com o Estados Unidos, Argentina e China, agrega-se
aos maiores produtores de soja (Glycine max (L.) Merrill) no mundo, chegando a ter
rendimento médio em torno de 2,82 ton.ha -1 de grãos, sendo maior até que a norte
americana que chega a 2,62 ton.ha -1 de grãos e encontra-se no topo do ranking de
produção total mundial (EMBRAPA, 2009).
Muitos especialistas consideram a semeadora como a máquina agrícola mais
importante depois do trator (SILVEIRA, 1989). Realizar a operação de semeadura de
maneira correta é essencial para se obter um ótimo rendimento. Para isso é
1
2
3
Acadêmico do Curso de Agronomia, Unochapecó, Av. Senador Atílio Fontana, 591 E, Caixa Postal: 1141,
Chapecó/SC, CEP: 89809-000.
Doutor em Agronomia, Unochapecó, Av. Senador Atílio Fontana, 591 E, Caixa Postal: 1141, Chapecó/SC,
CEP: 89809-000.
Engenheiro Agronômo, Unochapecó, Av. Senador Atílio Fontana, 591 E, Caixa Postal: 1141, Chapecó/SC,
CEP: 89809-000.
necessário que as sementes sejam distribuídas de maneira uniforme e na
profundidade adequada.
Aproveitar as condições climáticas ótimas, muitas vezes faz com que os
agricultores
sobrecarreguem
a
capacidade
operacional
das
semeadoras,
comprometendo a sua eficiência, a integridade das sementes e a uniformidade das
plantas no solo, podendo resultar na queda da produtividade e rentabilidade da
cultura. Portanto, estudar; espaçamento, velocidade, densidade e época de
semeadura, são etapas básicas para a maximização do processo produtivo. Com
isso, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da velocidade de semeadura no
rendimento da soja em Mangueirinha/PR.
2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido na propriedade do Sr. Celso Santo Marcante,
localizado no município de Mangueirinha/PR, situada na latitude: 25o 56’ 28” S e
longitude 52o 10’ 32” 4 e altitude entre 700 a 1100 m, no período de 16 de novembro
de 2008 a 04 de abril de 2009.
Segundo o sistema de classificação de Köppen, o clima é considerado
Subtropical Úmido (Mesotérmico) com temperaturas médias anuais que variam de
12o a 25o C. A precipitação média anual é de 1800 mm a 2000 mm, bem distribuídas
durante o ano. Apresenta ainda de 5 a 25 dias com geada por ano. A vegetação da
região é bem característica, ocorrendo um predomínio da Floresta com Araucária
(MOTA et al., 1970).
Conforme Embrapa (1999), o solo é caracterizado como um LATOSSOLO
BRUNO distrófico.
A análise de solo para a amostragem de 0 a 20 cm, apresentou os seguintes
resultados: pH Ca Cl 2 = 5,30; Ca++ = 5, 73 cmolc/dm3; Mg++ = 4,29 cmolc/dm3; k+ =
0,28 cmolc/dm3; P = 2,96 mg/dm3; Al+++ = 0,00 cmolc/dm3; CTC = 13,25 cmol c/dm3;
V1 = 77,74%.
O experimento foi realizado em um delineamento experimental em blocos
casualizados com cinco
repetições, arranjados
em faixas.
Cada
unidade
experimental foi constituída por nove linhas, totalizando 4,50 m de comprimento,
com espaçamento de 0,50 m nas entrelinhas, sendo as três linhas externas
4
Fonte: Google Earth
consideradas como bordaduras. Como área útil foram utilizadas as três linhas
centrais com 1,50 m.
Os tratamentos do experimento em relação à avaliação da produtividade em
soja (Glycine max (L.) Merrill), em resposta a aplicação de diferentes velocidades de
semeadura encontram-se abaixo na tabela 01.
Tabela 01.
Tratamentos do experimento em relação à avaliação da produtividade
da soja (Glycine max (L.) Merrill), em resposta a aplicação de diferentes
velocidades de semeadura.
Tratamento 1
3 km/h
Tratamento 2
6 km/h (Testemunha)
Tratamento 3
9 km/h
Tratamento 4
12 km/h
As determinações amostrais, para avaliar o efeito das diferentes velocidades
de semeadura, sobre os componentes da produção das plantas de soja, foram
efetuadas em todas as parcelas, na área útil, com 1,50 m de largura e 2,50 m de
comprimento (as 3 linhas do meio), por ocasião da plena maturação da cultura. Com
relação ao rendimento de grãos e o número total de vagens, as determinações
foram realizadas baseando-se na população final de plantas existentes na área útil
de cada parcela, o mesmo sendo efetuado para cálculo da massa de 1000 grãos. O
valor
obtido
(kg.parcela-1)
foi
transformado
para
rendimento
(kg.ha -1)
simultaneamente, para determinação da massa, foram separadas 20 subamostras
de 100 grãos por parcela, cujas massas serão determinadas em balança de
centésimos de grama, sendo tais procedimentos efetuados segundo prescrições
estabelecidas pelas Regras de Análise de Sementes (BRASIL, 1992).
Foi fundamentada na análise química do solo. Através dela foi realizado o
cálculo para correção de fósforo (para 9 mg.dm3) e para correção de potássio (para
120 ppm), utilizando 307 kg.ha-1 de Super Simples e 35,07 kg.ha-1 de Cloreto de
Potássio. Foi utilizado também o fertilizante FOSMAG (Manah), com a fórmula 0030-20.
A semeadura foi realizada no dia 16 de novembro de 2008 (ilustração 04),
com em média 15 sementes/m. Utilizou-se uma semeadora-adubadora Kuhn-Metasa
PDM/PG 1000, de nove linhas, com espaçamento de 0,50 m e um trator John Deere
6415. Para determinar a velocidade de semeadura em todos os tratamentos, foi
utilizada uma tabela de marchas (tabela 02) disponível no trator, de fácil visualização
pelo operador e um GPS do modelo Garmin eTrex H acoplado á máquina.
Para a análise do número de vagens por planta foram coletadas todas as
plantas de cada parcela útil (3,75 m2) levadas até um local apropriado e realizado a
contagem das mesmas, a partir dessa contagem obteve-se a média de vagens por
planta.
A determinação do peso de 1000 grãos foi realizada no laboratório de
sementes da Unochapecó, onde foi feita à contagem dos grãos e posteriormente a
pesagem em balança eletrônica de precisão.
As plantas da área útil foram colhidas, batidas dentro de sacos e separadas
as impurezas, logo após os grãos foram submetidos à determinação da umidade
que ficou em 13%, de posse dos dados (kg.parcela-1), foram efetuados os cálculos
para estimar a produção em kg.ha-1.
Os dados coletados serão submetidos à análise de variância pelo teste F e as
diferenças entre médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância.
3. Resultados e Discussão
380
360,05
Somatório Graus-Dia
360
340
338,7
336,1
320
316,4
300
280
260
240
220
200
180
nov/08
dez/08
jan/09
fev/09
mar/09
abr/09
Figura 1. Somatório dos Graus-dia referente aos meses de novembro, dezembro,
janeiro, fevereiro, março e abril do experimento de avaliação da
velocidade de semeadura no rendimento (Mangueirinha, PR – Safra
2008/2009).
A quantidade total de energia calorífica regula a taxa de todos os processos
metabólicos e fisiológicos que ocorrem nas plantas durante o seu desenvolvimento,
influindo diretamente na taxa de crescimento e no rendimento das culturas. Cada
estádio fisiológico (germinação, crescimento vegetativo, diferenciação do primórdio
floral, floração, frutificação e senescência) apresenta diferenças significativas de
exigências de calor. A temperatura também afeta a duração do ciclo das culturas,
sendo utilizada para quantificar o nível de crescimento das mesmas, ou seja, a
correlação entre temperatura e crescimento é utilizada para prever as datas de
colheita, bem como determinar a adaptabilidade das espécies e cultivares numa
determinada região (FLOSS, 2008).
Na soja, a temperatura age sobre os processos de germinação, crescimento,
floração, frutificação, nas reações químicas da respiração e da fotossíntese e, ainda,
na absorção de água e de nutrientes. Assim, a temperatura é uma das variáveis
meteorológicas mais importantes, afetando o acúmulo de fitomassa e a duração dos
vários estádios de desenvolvimento da espécie, uma vez que, para completar cada
subperíodo de desenvolvimento, as plantas necessitam um determinado acúmulo
térmico. Um dos índices biometeorológico mais utilizados para relacionar o grau de
desenvolvimento de uma cultura com a temperatura do ar é o graus-dia (GD). O
conceito de graus-dia considera que para completar uma determinada fase
fenológica ou, inclusive, o seu ciclo total, a planta necessita acumular um
determinado somatório térmico, a partir de uma temperatura-base favorável ao
desenvolvimento, que por sua vez é variável com a espécie vegetal (SCÖFFEL e
VOLPE, 2002).
De acordo com a ilustração 08, nota-se que durante o período de
desenvolvimento da cultura da soja, do dia 16 de novembro de 2008 ao dia 4 de abril
de 2009, houve um acumulo de 1549,05 graus-dia. Scöffel e Volpe (2002), afirmam
que para as três cultivares (‘IAC 20’, ‘Dourados’ e ‘IAC 8-2’) e para a maioria das
épocas de semeadura, o IAF apresentou crescimento inicial lento até em torno de
300 GD acumulados e, em seguida, foi crescente até um máximo acúmulo de GD,
passando por um intervalo de estabilização para declinar devido a senescência das
folhas. Fato verificado pelos mesmos autores com a cultivar ‘IAC 20’, que
apresentou um IAF crescente, até acumular em torno de 800 GD. Esse resultado se
assemelha com o acumulado durante o estádio vegetativo da cultura da soja do
presente experimento, que foi de 802,9 GD. Estudos conduzidos por Scöffel e Volpe
(2002), com a cultura do crambe (Crambe abyssinica) revelaram que o IAF máximo
ocorreu entre 700 a 850 GD.
Já no mês de fevereiro (estádio de crescimento vegetativo, florescimento e
formação das vagens) as plantas acumularam 338,7 GD e nos meses de março e
abril (estádio de enchimento das vagens e maturação) 407,45 GD. Com isso, do
início do florescimento até a colheita a cultura acumulou aproximadamente 746,15
GD.
A soja se caracteriza por ser uma planta de dias curtos, quanto à exigência de
luz à floração. Entretanto, déficits hídricos e temperaturas médias superiores a 32oC,
do dia 28 ao dia 23 de fevereiro, influenciaram no desenvolvimento da cultura. Floss
(2008) cita que, caso ocorram um estresse hídrico e temperatura superior a 30 oC,
por um período mínimo de três dias, pode ocorrer floração sem que tenha sido
atingido o fotoperíodo ideal.
180
160,8
Precipitação (mm)
160
140
141,6
135,8
120
100
84,2
82,6
80
72
60
40
20
0
nov/08
dez/08
jan/09
fev/09
mar/09
abr/09
Figura 2. Precipitação (mm) referente aos meses de novembro, dezembro, janeiro,
fevereiro, março e abril (Mangueirinha, PR – Safra 2008/2009).
O crescimento, desenvolvimento e rendimento da soja resultam da interação
entre o potencial genético de um determinado cultivar e o ambiente. Todos os
cultivares tem um potencial máximo de rendimento que é geneticamente
determinado. Esse potencial somente é obtido quando as condições ambientais são
perfeitas, sendo que estas não existem naturalmente. Cabe aos produtores
manipular o ambiente de produção, através de práticas de manejo (POTAFOS,
1997).
Durante todo o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, a água é
necessária para manter a turgidez dos tecidos, transporte de nutrientes e
fotossintatos
ou
fotoassimilados,
substrato
metabólico
na
fotossíntese,
disponibilização de nutrientes no solo (fluxo de massa e difusão). Entretanto, a maior
parte da água absorvida por uma planta é perdida na forma de vapor através da
transpiração. A principal função da transpiração é o controle térmico da planta,
reduzindo o seu aquecimento, que na estação quente poderia ser letal para a planta.
Mais de 90% da água absorvida pelas plantas é perdida pela transpiração que
ocorre nas folhas, através dos estômatos (FLOSS, 2008).
Nota-se na Figura 2, que déficits hídricos ocorreram principalmente no
começo do desenvolvimento da cultura. Condições estressantes, como temperatura
alta, deficiência de umidade, podem ocorrer e reduzir o rendimento, devido a
redução de um ou mais componente (número de semente por vagem e tamanho da
semente). As reduções em um dos componentes de produção da planta, porém,
podem ser compensadas por outro componente. Assim, as produções não são
alteradas significativamente. O componente de rendimento da planta que será
reduzido ou aumentado depende do estádio reprodutivo em que a soja se encontra
quando ocorre o estresse. Conforme a planta de soja se desenvolve do estádio R1
ao R5.5 diminui sua habilidade para compensar as perdas e falhas decorrentes de
uma condição de estresse, aumentando assim o potencial de redução da produção
(POTAFOS, 1997).
De acordo com Embrapa (2008), a precipitação ideal varia entre 450 a 800
mm.ciclo, e a sua necessidade vai aumentando com o desenvolvimento da planta,
atingindo o máximo durante a floração e enchimento dos grãos. A precipitação total
observada no presente experimento foi de 677 mm de chuva durante todo o ciclo da
cultura, quantidade relativamente baixa se comparada à média histórica da região
(1800 a 2000 mm).
A análise de variância não revelou efeito significativo entre os tratamentos em
relação a variável número de vagens por planta (Figura 3).
51,60 A
Número de Vagens/Planta
52,00
50,00 A
50,40 A
50,00
48,00
46,00
44,00 A
44,00
42,00
40,00
3 Km/hora
12 Km/hora
6 Km/hora
9 Km/hora
Médias não antecedidas da mesma letra maiúscula diferem entre si pelo teste de Tukey
(p ≤ 0,05)
Figura 3. Número de vagens por planta (NVP) do experimento da cultura do soja
(Glycine max (L.) Merril) em diferentes velocidades de semeadura na
região Sudoeste do Paraná (Mangueirinha, PR – Safra 2008/2009).
De acordo com a Figura 3, pode-se observar que os diferentes tratamentos (3
km h-1, 6 km h-1, 9 km h-1 e 12 km h-1) não apresentaram diferenças significativas no
número de vagens por planta.
Klein et al., (2002) obteve resultados semelhantes com a cultivar BR 66, com
valores de 35,15; 33,98; 35,87; 35,02; 38,49 e 39,93 NVP, respectivamente para as
velocidades de 3,62; 4,62; 5,83; 7,60; 8,33 e 10,7 km h-1. Entretanto, para Moura et
al. (2005), houve diferença significativa entre as velocidades de trabalho (3,8; 7,7 e
9,50 km h-1) na percentagem de espaçamentos com falha, sendo que a velocidade
de 7,7 km h-1 apresentou maior percentual de falhas, independente das
profundidades de plantio. Dessa forma, entende-se que falhas podem ocorrer com o
aumento da velocidade, pois a maioria dos equipamentos dosadores de sementes e
fertilizantes são acionados pelo rodado, que também é responsável pelo
deslocamento do conjunto. A eficiência desses mecanismos tem relação direta com
as condições de contato rodado-solo, ou seja, patinagem do rodado e velocidade
operacional do conjunto trator-semeadora.
Garcia (1992) evidencia que essas falhas, deixam espaços maiores entre
plantas, ou seja, reduzem a população e o número de ramificações e de nós no
caule aumenta. O número de grãos por vagem, não apresentou variação por efeito
da população. Esta é a tendência normal esperada nos estudos de densidade de
semeadura.
O mesmo autor trabalhou com quatro cultivares de ciclos diferentes e
populações de 10, 30, 50, 70 e 90 plantas/m2 e obteve reduções drásticas no
número de vagens por planta quando a população variou de 10 para 30 plantas/m2.
Segundo Garcia (1992), o componente da planta que contribui para a maior
tolerância da soja à variação na população é o número de vagens por planta que
varia inversamente com o aumento ou redução da população.
Geralmente, a maioria dos ganhos na produção resulta de aumentos no
número total de vagens por planta. Os limites superiores para o número de
sementes por vagens e tamanho da semente são definidos geneticamente, porém,
esses dois componentes ainda podem variar a ponto de produzir aumentos
consideráveis de rendimento (POTAFOS, 1997).
A população padrão de plantas de soja foi reduzida gradativamente nos
últimos anos, de 400 mil para, aproximadamente, 320 mil plantas por hectare, em
função de avanços no sistema de semeadura, de cultivares mais adaptadas, de
melhoria
da
capacidade
produtiva
dos
solos,
de
adoção
de
práticas
conservacionistas, entre outros fatores, que compensam as falhas e possibilitam
melhor crescimento e maior rendimento. Em áreas mais úmidas e de solos mais
férteis, onde, com freqüência, ocorre acamamento, a população pode ser reduzida
de 20% a 25% (ficando em torno de 240 a 260 mil plantas), quando em semeadura
de novembro, para evitar acamamento e assim aumentar o rendimento. (EMBRAPA,
2004).
A análise de variância não revelou efeito significativo dos tratamentos em
relação a variável peso de 1000 grãos (Figura 4).
173,90 A
Peso de 1000 Grãos (g)
174,00
173,00
171,40 A
172,00
171,40 A
171,00
169,60 A
170,00
169,00
168,00
167,00
3 Km/hora
9 Km/hora
6 Km/hora
12 Km/hora
Médias não antecedidas da mesma letra maiúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Peso de 1000 grãos do experimento da cultura do soja (Glycine max
Figura 4.
(L.) Merril) em diferentes velocidades de semeadura na região
Sudoeste do Paraná (Mangueirinha, PR – Safra 2008/2009).
A Figura 4 mostra que os diferentes tratamentos (3 km.h-1,6 km.h-1,9 km.h-1,
12 km.h-1) não apresentaram diferenças significativas no peso de 1000 grãos, com
valores médios de 171,58 gramas. Nota-se que o peso de 1000 sementes de todos
os tratamentos foi acima mais muito próximo do indicado pela cultivar que é de 168
gramas.
A unidade padrão usada para caracterizar tamanho de semente em soja é o
peso de 100 sementes em gramas. O tamanho da semente é uma característica que
sofre muito efeito do ambiente, principalmente umidade. De modo geral a cultivar
BMX Apolo RR apresentou boa uniformidade das sementes, considerando que
houve a ocorrência de déficits hídricos (veranicos) no início do desenvolvimento da
cultura, cessando durante o período de enchimento de grãos.
As características qualitativas (cor de flor, de pubescência, de hilo, de vagem
e de tegumento) e as características quantitativas como duração do ciclo, altura da
planta, componentes do rendimento (número de vagens/planta, número de
grãos/vagem e peso dos grãos) e rendimento de grãos são as mais importantes na
eleição ou escolha das cultivares para cultivo. Existe diferença entre as cultivares
quanto à qualidade fisiológica das sementes. Cultivares de melhor semente toleram
mais as condições adversas no campo durante o período de maturação sem trazer
significativas perdas no potencial de germinação e vigor das sementes produzidas
(GARCIA, 1992).
A velocidade de 3 km.h-1 que apresentou maior peso de 1000 grãos, tem
também menor número de vagens por planta. Contudo, os resultados não
apontaram diferenças significativas entre as velocidades de 3 e 12 km.h-1, assim
como os demais tratamentos. Esses dados se assemelham aos de Klein et al.
(2002).
O acompanhamento do desenvolvimento das sementes é baseado nas
modificações que ocorrem em algumas características físicas e fisiológicas, como
tamanho, teor de água, conteúdo de matéria seca acumulada, germinação e vigor. O
reconhecimento prático da maturidade fisiológica tem grande importância, pois
caracteriza o momento em que a semente deixa de receber nutrientes da planta. A
soja como os demais cultivos, converte a luz solar em energia química, ou seja,
matéria seca. Para que esse mecanismo seja eficiente é importante interceptar a
maior quantidade de luz solar que for possível. Nesse sentido, o momento crítico
acontece quando a planta passa do estado de floração e começa a formar a
semente. É conveniente que a planta feche o espaço entre as fileiras no momento
da floração, a fim de obter altos rendimentos. Mesmo com variações relativamente
grandes na quantidade de sementes utilizadas, o rendimento não é muito afetado.
Isso se deve a capacidade que plantas de soja tem em compensar as falhas,
aumentando a quantidade de ramos. Uma semeadura de baixa densidade favorece
a produção de ramos laterais maiores e a inserção de vagens mais perto do solo
que podem se perder na colheita. Pelo contrário, um aumento excessivo na
densidade provoca um menor número de ramificações laterais, menor quantidade de
vagens por planta e menor número de sementes por vagem (BRAGACHINI et al.
1992).
A análise de variância não revelou efeito significativo em relação a variável
rendimento (Figura 5).
4321,80 A
4350,00
4289,80 A
Rendimento (kg.ha -1)
4300,00
4250,00
4200,00
4150,00
4100,00
4074,80 A
4089,20 A
4050,00
4000,00
3950,00
12 Km/hora
3 Km/hora
9 Km/hora
6 Km/hora
Médias não antecedidas da mesma letra maiúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Rendimento (kg.ha-1) do experimento da cultura do soja (Glycine max
Figura 5.
(L.) Merril) em diferentes velocidades de semeadura na região
Sudoeste do Paraná (Mangueirinha, PR – Safra 2008/2009).
Conforme a Figura 5, observa-se que os tratamentos em ordem crescente de
rendimento, obtiveram os seguintes resultados: 12 km.h-1: 4074,80 kg.ha-1; 3 km.h-1:
4089,20 kg.ha-1; 9 km.h-1: 4289,80 kg.ha-1 e 6 km.h-1: 4321,80 kg.ha-1. Esses valores
mostram que houve uma pequena variação entre os dois extremos do gráfico, de
247 kg.ha-1. Portanto, em relação à produtividade, os resultados não apresentaram
diferenças significativas entre os tratamentos, concordando com Klein et al., que
afirmam que o aumento da velocidade não afetou o percentual de espaçamentos
duplos e falhos nem o rendimento de grãos.
A menor resposta da soja a população se deve a sua capacidade de
compensação e uso do espaço entre plantas. Garcia (1992), nos diz que essa
cultura tolera uma ampla variação no espaçamento entre plantas na linha, alterando
mais a sua morfologia que o rendimento de grãos.
O caule do cultivar de desenvolvimento indeterminado (BMX Apolo RR)
aumenta em altura, formando entrenós e folhas, enquanto as condições ambientes
forem favoráveis. O crescimento prossegue durante grande parte do período
reprodutivo, podendo mesmo duplicar quando se inicia a floração. No decurso das
primeiras fases do ciclo, surge na axila do nós basais um gomo, que pode originar
uma ramificação com a mesma estrutura morfológica do caule principal. Também se
desenvolvem ramificações na parte superior do caule, embora em menor número e
de comprimento limitado. Se a densidade das plantas for baixa, situação verificada
em algumas parcelas nos tratamentos de 6, 9 e 12 km.h-1, podem produzir-se
ramificações de segunda ordem a partir dos ramos primários (TONIOLO e MOSCA,
1991).
Dias et al. (2009) utilizaram velocidades de 4,3; 5,5; 7,0 e 11,0 km.h-1,
associadas á diferentes densidades de semeadura e concluiram que o aumento da
velocidade de deslocamento não reduziu significativamente a densidade de
semeadura. Porém, foi observada redução no percentual de espaçamentos
aceitáveis de soja, com o aumento da densidade de semeadura de 8 para 20
sementes.m-1 . Esses resultados mostram que a redução do espaçamento entre
sementes ocasionada pelo aumento da densidade provoca perda na qualidade de
distribuição do mecanismo dosador tipo disco alveolado horizontal.
Cortez et al. (2006), nos dizem que a velocidade na operação de semeadura
tem influência direta sobre a cobertura das sementes, independentemente do tipo e
marca da semeadora. A maioria das pesquisas aponta velocidades de 5 a 7 km.h-1
como ideais. A maior velocidade pode abrir sulcos maiores, revolvendo uma faixa
mais larga de solo e, em consequência, a roda compactadora não pressiona
suficientemente o solo sobre a semente.
Para Cortez et al. (2006), a operação de semeadura de soja (4,24 km.h-1 a 6
km.h-1) sob as culturas de milheto e sorgo, manejadas com rolo-faca, triturador de
palhas e herbicida não influenciaram no estande no sistema plantio direto. Porém, a
distribuição longitudinal das plantas foi afetada pelo fator marcha do trator, cuja
média geral para os espaçamentos foi 59,25% para os aceitáveis, 22,60% para os
falhos e 18,60% para os duplos. Quanto maior foi a marcha (maior velocidade),
menor a quantidade de espaçamento aceitáveis e maior a quantidade de
espaçamento falhos.
A velocidade de deslocamento do conjunto trator-semeadora-adubadora de
5,2 e 7,3 km.h-1, não influenciaram no número de dias para a emergência das
plântulas de soja e na distribuição longitudinal de sementes sobre a palhada da
cultura de milheto após diferentes manejos, sem prejudicar a produtividade
(SILVEIRA, 1989).
4. Considerações
Nas condições em que o experimento foi conduzido, os resultados obtidos
permitem concluir que não houveram diferenças significativas entre os tratamentos
na cultura da soja (Glycine Max (L.) Merrill). Isso se deve a capacidade da soja de
incrementar a produção em espaçamentos maiores, propiciando uma maior
incidência de radiação nas entrelinhas e menor competição, condicionando a cultura
condições de compensar essas falhas na distribuição das sementes durante a
semeadura.
5. Referências
BRAGACHINI, M.; GIL, R.; BONETTO, L.; Dialogo XXXIV: produccion de soja. 01
ed. Montevideo: IICA – PROCISUR, 1992. 261 p.
BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de
Sementes. Brasília: Departamento Nacional de Defesa Vegetal, 1992.
CORTEZ, J. W.; FURLANI, C. E. A.;SILVA, R. P. da.; LOPES, A.; Distribuição
longitudinal de sementes de soja e características físicas do solo no plantio direto.
Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.26, n. 2, p. 502-510, 2006.
DIAS, V. O.; ALONÇO, A. S.; BAUMHARDT, U. B.; BONOTTO, G. J.; Distribuição
de sementes de milho e soja em função da velocidade e densidade de semeadura.
Ciência
Rural,
Santa
Maria,
Online,
2009.
Disponível
em:
http://www.scielo.br/pdf/cr/2009nahead/a218cr1046.pdf. Acesso em 09 jun. 2011.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solo. Sistema brasileiro de
classificação de solos. Rio de Janeiro, 1999. 412p.
EMBRAPA SOJA. Tecnologias de produção de soja – região central do Brasil 20092010. Londrina, n. 13, p. 262, 2008. Disponível em: http://www.cnpso.embrapa.br.
Acesso em 09 jun. 2011.
EMBRAPA SOJA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. (2003) e (2004).
Disponível em: http://www.cnpso.embrapa.br. Acesso em 09 jun. 2011.
FLOSS, E. L.; Fisiologia das plantas cultivadas. 04 ed. Passo Fundo:
Universidade de Passo Fundo, 2008. 733p.
GARCIA, A.; Dialogo XXXIV: produccion de soja. 01 ed. Montevideo: IICA –
PROCISUR, 1992. 261 p.
KLEIN, V. A.; SIOTA, T. A.; ANESI, A. L.; BARBOSA, R.; Efeito da velocidade na
semeadura direta de soja. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 22, n. 1, p 75-82,
2002.
MOTA, F. S.; BEIRSDORF, M. I. C.; GARCEZ, J. R. B. Zoneamento agroclimático do
Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto Alegre: Ministério da Agricultura,
Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária do Sul,V.1, 1970. 80p.
MOURA, J. R.; REIS, E. F. dos; CUNHA, J. P. A. R. da. Avaliação do desempenho
de uma semeadora-adubadora de plantio direto na cultura da soja. Anápolis, 2005.
Disponível
em:
http://www.prp.ueg.br/06v1/conteudo/pesquisa/inicien/eventos/sic2005/arquivos/agrarias/avaliacao_desempenho.pdf. Acesso em: 03
jul. 2011.
POTAFOS. Como a planta de soja se desenvolve. Associação Brasileira para
Pesquisa da Potassa e do Fosfato. Piracicapa – SP, 1997. Disponível em
http.//www.ipni.org.br/. Acesso em 09 jun. 2011.
SCHÖFFEL, E. R.; VOLPE, C. A.; Relação entre a soma térmica efetiva e o
crescimento da soja. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 10,
n. 1, p 89-96, 2002.
SILVEIRA, G. M. da. As máquinas para plantar. Rio de Janeiro: Globo, 1989. 257
p.
TONIOLO, L.; MOSCA, G.; O cultivo da Soja. 01 ed. Lisboa: Editorial Presença,
1991, 95 p.
Download