COMERCIALIZAÇÃO DE AVES SILVESTRES NAS FEIRAS LIVRES DE GARANHUNS – PE Tiago de Melo Araújo1, Mariana Dantas Gueiros2 e Maria Betânia Moreira Amador3. Introdução O Brasil é um país que apresenta grande riqueza biológica, cerca de 20% de todo planeta. Neles está a maior floresta equatorial do mundo (Amazônica) e também o complexo florestal mais rico de espécies vegetais e animais (Floresta Atlântica), além de outros, como a caatinga o cerrado e o pantanal. Estes biomas e toda a biodiversidade deles são ameaçados a cada dia. O que deveria ser preservado é alvo de comercialização ilegal, desmatamento, queimadas e outras práticas que ameaçam os ecossistemas. “Temos fauna e flora riquíssimas, mas o brasileiro, de maneira geral, não conhece a importância atual e futura do Brasil para a sobrevivência e para a qualidade de vida da própria humanidade”. [5] (TORRES, 2007). Verifica-se, portanto que um dos maiores problemas ambientais a serem enfrentados no nosso país é a comercialização de animais silvestres, fato que vem contribuindo para a extinção de muitas espécies. Logo, este trabalho trata desta problemática, ou seja, o tráfico de animais, precisamente das aves, estas sendo as espécies mais comercializadas, ultrapassando os 80%, dados do [3] RENCTAS, 2009 (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres). O desaparecimento de uma espécie é uma perda caríssima à humanidade, “causa uma reação em cadeia na natureza, afetando o ser humano com a diminuição de certas fontes de alimento ou com a proliferação de pragas e doenças” [2] (BUENO, 2009). Quem aprisiona animais para comercializar, não “tem a menor preocupação com a função ecológica que os espécimes capturados cumprem no ecossistema e com o desequilíbrio ambiental que a retirada dessa engrenagem pode causar”. [1] (BECHARA, 2003). Material e métodos Acompanhando a pesquisa bibliográfica, foi feito levantamento fotográfico na principal feira livre do município de Garanhuns/PE, identificação das espécies comercializadas de forma vulgar, ou seja, apenas tomando-se o nome pelo qual a espécie é denominada pelas pessoas que os manipulam ficando a identificação científica para uma etapa posterior da pesquisa. Também se procedeu a um breve diálogo junto aos que fazem o comércio ilegal. Resultados e discussão O município de Garanhuns está localizado na mesorregião Agreste e na Microrregião Garanhuns do Estado de Pernambuco, limitando-se a norte com Capoeiras e Jucati, a sul com Terezinha, Lagoa do Ouro, Brejão e Correntes, a leste com São João e Palmerina, e a oeste com Caetés, Saloá, Paranatama, Brejão e Terezinha. A área municipal ocupa 465,8 km2 e representa 0.47 % do Estado de Pernambuco. A área estudada é a CEAGA (Central de Abastecimento de Garanhuns), a qual é uma espécie de feira livre, onde são comercializados diferentes produtos de origem vegetal, animal e produtos regionais. Mas não só isso é vendido na CEAGA, animais também vêm sendo comercializados, observando-se que isso já acontece de longa data. Alguns órgãos ambientais como o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a polícia militar pernambucana e, até mesmo em anos anteriores tem-se conhecimento que o Ministério Público do município já tentaram amenizar tal problema, mas ele continua a existir, e a nossa fauna a correr riscos. Em geral, o que foi observado na feira de Garanhuns é que as aves são transportadas dentro de minúsculas gaiolas, cobertas por lona ou capas ajustadas com o tamanho da gaiola e fechadas com zíper. As gaiolas transportam mais de uma ave e geralmente, se encontram em péssimas condições de limpeza e com pouca alimentação. Em sentido amplo, e segundo o ambientalista e coordenador da RENCTAS, Dener Giovanini, são usadas várias estratégias para silenciassem os animais, desde o percurso inicial até o destino de comercialização e acrescenta dizendo que: Para o traficante, o animal não passa de mercadoria. Mas é uma mercadoria viva, que faz barulho e chama atenção. Por isso, os traficantes precisam silenciá-los. Os pássaros capturados, por exemplo, geralmente têm os olhos furados para que não vejam a luz do dia e, assim, não cantem. Outra prática comum entre traficantes é quebrar o osso do peito das araras para que espete seus 1 Tiago de Melo Araújo é aluno do curso de Geografia da Universidade de Pernambuco- Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 2 Mariana Dantas Gueiros é aluna do curso de Geografia da Universidade de Pernambuco- Campus Garanhuns. Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected] 3 Maria Betânia Moreira Amador é doutora em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora adjunta da Universidade de Pernambuco - Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] . órgãos e, com isso, fiquem impedidas de se mexer, sob dor constante a qualquer movimento. [4] (RENCTAS, 2009). Levando-se em consideração essas terríveis estratégias, principalmente a de furar os olhos das aves, foi observada a existência de pássaros cegos, levandonos a acreditar, que esses atos são usados para silenciar os pássaros que são comercializados nas feiras de Garanhuns também. Por fim, concluímos que o comércio ilegal de animais silvestres está associado a problemas culturais, de educação, pobreza, falta de opções econômicas, pelo desejo de lucro fácil e rápido, e por status e satisfação pessoal de manter animais silvestres, bem como de estimação [4] (RENCTAS, 2009). Para que seja amenizado, precisa-se de um amplo processo de conscientização e (re) educação, alternativas econômicas e sustentáveis à população carente que não vê outra forma de sobrevivência, a não ser, a irracional comercialização de nossa fauna. Referências [1] BECHARA, Erika. A proteção da fauna sob a ótica constitucional. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2003. [2] BUENO, Chris. Desmatamento e extinção de espécies. Disponível em: <http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=27175&acti on=geral >. Acesso em 27 de julho de 2009. [3] RENCTAS (ONG) - Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. Disponível em: < http://www.renctas.org.br/pt/home/>. Acessado em 27 de julho de 2009. [4] RENCTAS (ONG) - Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. Relatório Nacional sobre o Tráfico de Faunas Silvestres, com a colaboração do IBAMA, da Polícia Florestal, da Polícia Federal, das Secretarias do Meio Ambiente e do Ministério do Meio Ambiente. 2001. Disponível em: < http://www.renctas.org.br/pt/trafico/default.asp >. Acesso em: 28 de Julho de 2009. [5] TORRES, Patrícia Lupion (org.). Alguns fios para entretecer o pensar e o agir. Curitiba: SENAR- PR, 2007.v.1.p.452. A. Ave sendo exposta pelo seu proprietário na feira. B. Tucanos sendo comercializados. C. Ave cega. D. Periquitos com feridas na cabeça.