XVII Encontro de Iniciação Científica XIII Mostra de Pós-graduação VII Seminário de Extensão IV Seminário de Docência Universitária 16 a 20 de outubro de 2012 INCLUSÃO VERDE: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável MPH1640 O REFLEXO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL NO ATENDIMENTO HOSPITALAR NO MUNICÍPIO DE MINEIROS GO LUCIA APARECIDA FIGUEIRA FERNANDES COSTA [email protected] MESTRADO - GESTÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ ORIENTADOR(A) EDSON APARECIDA DE ARAUJO QUERIDO OLIVEIRA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ O REFLEXO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL NO ATENDIMENTO HOSPITALAR NO MUNICÍPIO DE MINEIROS – GO1 Lúcia Aparecida Figueira Fernandes Costa 2 Edson Aparecida de Araujo Querido Oliveira3 RESUMO Este trabalho tem como objetivo reflexionar do crescimento populacional no atendimento médico hospitalar no município de Mineiros – GO a partir do processo de industrialização identificando um padrão de demanda por atendimento e verificando o equilíbrio da capacidade de utilização dos recursos disponíveis da estrutura profissional médico hospitalar da região. Este estudo é importante para se conhecer a interação entre os setores da saúde pública e privada do Município, tendo em vista que o atendimento da rede pública é insuficiente para atender toda a demanda. O presente artigo foi elaborado através de pesquisa exploratória com revisão documental, e os dados aqui gerados poderão contribuir para o planejamento dos atendimentos hospitalares e o crescimento sustentável no setor de saúde do município. Palavras-chave: Gestão. Industrialização. Crescimento populacional. Suficiência médico-hospitalar. THE REFLECTION OF POPULATION GROWTH IN HOSPITAL CARE IN THE CITY OF MINEIROS - GO ABSTRACT This work aims to reflectio population growth in the medical hospital in the town of Mineiros – GO from the industrialization process identifying a pattern of demand for attendance chexking and balancing the usability of resources available structure of hospital medical Professional the region. This study is important to understand the interaction between sectors of public and private health in the city, considering that the attendance of the public is insufficient to meet all the demand. This papper was prepared through exploratory reseach with document review, and data generated here can contribute to the planning of hospital attendances and sustainable growth in the health sector of the city. 1 XIII MPG – Mostra de Pós-graduação da Universidade de Taubaté – 16 a 20 de Outubro de 2012 – Taubaté - São Paulo – Brasil. 2 Mestrado Acadêmico em Planejamento e Desenvolvimento Regional (UNITAU) – Universidade de Taubaté - [email protected] 3 Orientador – Doutor em Organização Industrial – ITA - Professor Assistente Doutor - Coordenador de Programa de Pós-graduação em Administração – Mestrado Acadêmico em Planejamento e Desenvolvimento Regional – [email protected] Keywords: Management. Industrialization. Population growth. Reliance medical hospital. 1. INTRODUÇÃO Os grupos empresariais ligados ao agronegócio estão se deslocando dos grandes centros urbanos e migrando para o interior do país, onde encontram áreas disponíveis para grandes construções, baixo custo de transporte com a matéria prima e suprimentos, mão de obra barata e pouco qualificada (uma vez que a qualificação é desnecessária para exercer a função), incentivos fiscais entre outros benefícios. Se por um lado alavancam a economia local e trazem o desenvolvimento regional por outro provocam um colapso urbano. A partir dos novos modelos de industrialização, as teorias do Desenvolvimento Regional vêm sofrendo mudanças não em suas teorias, mas através das mudanças empresariais de locais com maiores aglomerações industriais para a interiorização do país, onde ainda tem muitas áreas para serem ocupadas e existem está por desenvolver. Agregando valores à matéria prima e suprimentos através de sua manufatura, beneficiando um produto de baixo custo, uma vez que o transporte de suprimentos é menor, baixando assim seu custo, tendo em vista que a maior parte de escoamento da produção é feita através de rodovias e esta possui uma malha deficitária. Se por um lado existe esta proximidade com a matéria prima e seus insumos e uma significante redução nos custos de transportes, depara-se com a escassez de mão de obra qualificada, e o pessoal para trabalhar no chão das fábricas ou das usinas é em quantidade insuficiente, então a mão de obra absorvida neste processo normalmente é migratória e dependendo da atividade é sazonal. Somente a redução dos custos não são causas determinantes para a migração industrial, existem também os incentivos fiscais entre outros benefícios. Para Oliveira, Moreira e Lima em seu artigo Políticas de Desenvolvimento e Desigualdades Regionais no Brasil, apresentado no 48º. Congresso SOBER eles falam que as regiões e locais fora dos eixos de aglomeração segundo Ford puderam fazer parte do processo de desenvolvimento, apesar de que neste ponto há uma contestação de Veltz que entende que as grandes regiões desenvolvidas de um país tendem a se relacionarem com outras grandes regiões desenvolvidas de outros países e não que possa existir a interligação de uma região muito desenvolvida com outra em desenvolvimento, como por exemplo, o Vale do Paraíba em São Paulo com o Sudoeste Goiano. O espaço industrial brasileiro mostra um desenvolvimento desigual, ou seja, a maior distribuição das indústrias brasileiras está concentrada nas regiões sul e sudeste comparando-se com os vazios ou ilhas industriais nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste. As empresas de alta tecnologia não preenchem estes vazios ou ilhas industriais nas regiões com menor índice de industrialização, pois se assim o fizessem teriam um custo de produção e comercialização muito alto, devido à falta de mão de obra capacitada, matéria prima indisponível e onerosidade da logística para o mercado consumidor. Sendo que as empresas que se deslocam para as regiões menos industrializadas normalmente estão ligadas às atividades primárias ou ao agronegócio em sua maioria. Neste artigo não se tem o objetivo de traçar o paralelo entre custos e industrialização, e sim reflexionar sobre as externalidades da industrialização no setor de saúde público e privado no município de Mineiros – GO. Esta reconstrução histórica pretende oferecer um novo ângulo para a problemática do sistema de saúde pública após o crescimento desordenado de uma população flutuante, migratória, de baixa renda, e pouca escolaridade. 2. NOVOS PARADÍGMAS: As Aglomerações Industriais As aglomerações industriais estão ocupadas por empresas consideradas lideres nos ramos em que atuam, produzem em escalas competitivas em padrões internacionais como é o caso da BRF Foods (fusão entre a Sadia e a Perdigão) e dos Frigoríficos Marfrig. Porém, os benefícios do desenvolvimento abrangem as pequenas e médias empresas que utilizam das inovações tecnológicas das grandes organizações, ou seja, há uma grande rede de cooperação entre as empresas integradas em um determinado ramo de atividade. As empresas buscam inovação como uma forma de sobreviver no mercado competitivo. A política industrial e regional apresenta objetivos e instrumentos diferenciados. Enquanto a política industrial foca a empresa e seu processo produtivo buscando uma melhor competitividade as políticas regionais se preocupam com seu território. As políticas regionais deveriam se preocupar mais com as particularidades de cada localidade, levando em consideração políticas de desenvolvimento que não ocasionasse o inchaço populacional, defasagem imobiliária e caos no terceiro setor, bem como a degradação e poluição do meio ambiente provocado pelas usinas de energias renováveis e ou instalações de frigoríficos próximos a cidades sem uma política de preservação do meio ambiente onde jogam seus descartes em leitos de rios e córregos. Trazendo odor desagradável na indústria e também nas cidades, causando por sua vez mal estar nos funcionários ou nas populações periféricas a estas. Uma micro ou macro região desenvolvida ou em desenvolvimento pode agregar valor à sua produção, desde que o sistema produtivo acelere crescimento para a região sem danificar o meio ambiente, e com melhor distribuição de renda para a população local. As empresas precisam buscar inovações tanto tecnológicas como espaciais para manter no mercado, as que assim não o fazem ficam fadadas ao fracasso. Nas regiões sul e sudeste o que não faltam são as tecnologias mais modernas e eficazes, porém seus arranjos físicos estão cada vez mais escassos, por este motivo as grandes indústrias procuram os locais com vazios ou ilhas industriais param se estabelecerem. 3. CRESCIMENTO DESORDENADO Com a modernização da agricultura, as terras até então tidas como inférteis do cerrado goiano passou ser avaliadas a um valor muito valorizado pelo setor imobiliário. Passamos por profundas mudanças no espaço agrário do Centro-Oeste brasileiro, onde a vegetação local cedeu espaço às lavouras de soja, milho, sorgo, e diversos outros grãos até a chegada da cana. Alguns municípios delimitaram o plantio destas, mas em Mineiros este limite não há. Os pacotes tecnológicos da revolução verde financiados por modelos econômicos importados da região sul iniciados na década de 70 pelo governo do estado de Goiás MAURO BORGES aqui foram inseridos sem a preocupação com os aspectos ambientais e sociais das áreas ocupadas. A modernização da agricultura acaba por atrair complexos de indústrias ou comércios, para os vazios ou ilhas industriais. Indústrias normalmente relacionadas ao agronegócio. Esta migração industrial causam alguns impactos no processo de desenvolvimento regional, PERROUX diz que “o crescimento econômico não é sinônimo de desenvolvimento”, ou seja, mesmo que haja maior arrecadação municipal, maior distribuição de renda (através de salários), maior giro de capital no comércio local e periférico, maior utilização de serviços, embora tudo isto seja crescimento econômico, porém, não é desenvolvimento. O crescimento econômico está diretamente relacionado à atração de recursos e investimentos enquanto para que uma região seja considerada desenvolvida é necessário que ela tenha capacidade organizacional aliada à autonomia para tomadas de decisões. Segundo Luiz Moricochi, engenheiro agrônomo, mestre e Pesquisador Científico do Instituto de Economia Agrícola disse que SCHUMPETER quem se dispôs a estudar a Teoria do Desenvolvimento Econômico. Quando a entidade utiliza do excedente do crescimento econômico e aplica no desenvolvimento da localidade através de ações comunitárias benéficas ela está fazendo a inclusão da população menos favorecida em uma sociedade mais justa. Por exemplo, a BRF Foods no mínimo uma vez por semestre realiza ações humanitárias no município de Mineiros – GO como uma forma de amenizar os impactos negativos causados por suas atividades empresariais quer pela aglomeração de pessoas nas filas de bancos, comércios, entre outros, ou mesmo pela poluição do ar quando é necessário fazer descartes de dejetos das aves. Quando ela trabalha com reflorestamento de áreas degradadas ela está participando do desenvolvimento ecológico da região também. Os impactos da industrialização são inúmeros e podem afetar a vida das pessoas da comunidade local, como o aumento populacional desordenado, como é o caso do município de Mineiros – GO, o aumento do consumo de bens e serviços, locação imobiliária, maior fluxo automobilístico na cidade, aumento da violência, entre outros fatores. É necessário entender a vinda destas empresas para o nosso município, como já falamos anteriormente, estão diretamente ligadas a estratégias produtivas (agregar valores aos produtos primários tais como milho, soja, cana através de sua industrialização), articulações políticos e incentivos fiscais. Com a chegada das três maiores indústrias instaladas no município de Mineiros, foram criados vários outros empreendimentos no setor de serviços e de comércio relacionados às cadeias produtivas (etanol, frigorífico de aves e de carne bovina) que se instalaram na cidade. Porém nenhuma destas empresas que surgiram foram de alta tecnologia uma vez que estes demandariam altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, seria um investimento de alto custo e não teríamos mão de obra com a qualificação exigida. Ficando assim mais a importação de seus recursos em centros desenvolvidos. Os ambientes de alta tecnologia e seus impactos sobre a economia local. 4. REFLEXO DA INDUSTRIALIZAÇÃO NO SETOR DE SÁUDE A migração das indústrias para o interior do país nos remete a uma nova realidade, que é o surgimento da deseconomia de aglomeração tão bem estudada por François Perroux não apenas nas regiões mais desenvolvidas como também no interior, talvez no interior seja mais sentido do que em grandes centros. O reflexo da industrialização pode ser sentido em vários setores, dentre eles da saúde. Este trabalho visa identificar e analisar a demanda de atendimento médico hospitalar decorrente de encaminhamento da rede de saúde pública suportada pelos hospitais particulares de Mineiros – GO a partir do processo de industrialização como fator de desenvolvimento regional. O estudo sobre o reflexo do crescimento populacional no atendimento hospitalar no município de Mineiros – GO é importante para se conhecer a interação entre os setores de saúde pública e privados deste município, acreditando que estes dados oferecerão uma maneira pró ativa de gerenciar os encaminhamentos da rede de saúde pública para as redes privadas e para se conhecer as externalidades da industrialização no setor de saúde. Gerir a capacidade de atendimento satisfatório na área de saúde desempenha um papel planejado, com um bom marketing e planos estratégicos, no sentido de que a cada necessidade surgida necessita de um acompanhamento de triagem rigoroso para a utilização dos recursos disponíveis, quer o paciente seja da área pública ou da privada, porque a mão de obra médico hospitalar é escassa e de alto custo. Na área da saúde é necessário que surja a utilização de ferramentas para uma posterior triagem de necessidades médicos hospitalares e a impactação das mudanças quanto ao tipo de atendimento, considerando que o paciente vindo da rede pública normalmente procura ser atendido por um médico clínico geral, pois o mesmo não tem condições financeiras de procurar uma área de atendimento específica. Através de uma abordagem inovadora, considerando a realidade do município de Mineiros - GO, onde não contamos com Hospital Municipal e sim unidade de Atendimento Ambulatorial e Pronto Atendimento que na atualidade funciona 24 horas interruptamente. Esta unidade foi inaugurada em 1999, onde prestava serviços de clínica geral, sem aparelhagem especializada e tinha como prioridade atender os municípios, sem, contudo abandonar o cidadão retirante de dela necessitasse, o atendimento ao público era de 12 horas. No período de 2000 a 2004, com a mudança partidária na gestão política do município o atendimento ambulatorial passou a ser de 24 horas, houve a implantação da Agência Transfusional que tinha como função única e exclusiva o armazenamento de sangue, onde sua coleta, exames de controle de qualidade e distribuição era feito no município vizinho (Jataí – GO) que fica distante 110 quilômetros. Hoje este departamento encontra-se desativado. Nesta mesma gestão foi implantada a farmácia hospitalar. Em 2005, novamente houve mudança partidária na administração municipal e esta permanece no poder até a atualidade. Esta gestão criou o departamento cardiológico e ortopédico compostos por médicos especialistas e aparelhagem necessária para um atendimento humanitário e de qualidade. Implantou também o departamento de exames de imagens composto por médicos especialistas e aparelhos de Ultrassonografia, RaioX, endoscópico e Mamógrafo. Ampliou o Laboratório de Análise Clínica, em parceria com uma usina de etanol, após uma discussão com a comunidade, esta desenvolveu uma ação comunitária ampliou o Centro Cirúrgico que é completo e tem capacidade para fazer cirurgias complexas, porém por questões burocráticas e documentais atende apenas pequenas cirurgias, como por exemplo, retiradas de nódulos e cistos ou remoção de corpos estranhos e leito ungueal. Foi implantado também os departamentos de psicologia, nutrição, fisioterapia, fonoaudiologia e assistência social. A Unidade conta ainda com um posto de enfermagem e sala de PPP (pré, Peri e pós-parto) e 23 leitos embora seus pacientes não possam ficar internos por mais de 24 horas, por não se tratar de um hospital e sim de um Atendimento Ambulatorial e Pronto Atendimento. O município consta ainda com seis ambulâncias, sendo que apenas três estão em funcionamento, e desta uma fica destinada exclusivamente a transporte de pacientes para a rede conveniada quando necessário. O Serviço de Atendimento Municipal de Urgência (SAMU) possui mais duas ambulâncias, onde uma é para atendimento ao município e a outra é Unidade de Tratamento Intensivo (U.T.I) Móvel servindo para o transporte de pacientes para outros municípios. Além desta unidade pública de saúde, o município conta com CEO (Centro Especializado em Odontologia) Laís Borges da Rocha, Unidade Básica de Saúde Maria Umbelina, Unidade Móvel Odontológica Sady de Moraes, Centro de Saúde Dr. João Batista Paniago Vilela, Posto de Saúde Raul Brandão de Castro e Posto de Saúde Dona Sanica. Unidade Básica de Saúde Familiar Dona Florinda, Serviço de Atendimento Médico de Urgência, Centro de Atenção Psicossocial e Unidade Móvel Rural. Além de o município oferecer esta gama em atendimentos na rede municipal ainda conta-se com mais quatro Hospitais Particulares e um Centro de Diagnósticos e Imagens, este Centro de Diagnósticos é uma empresa privada, onde cada uma dos Hospitais Particulares detém cotas em igual quantidade e valor do mesmo, ele é um centro especializado em exame de imagem de média complexidade. O Atendimento Ambulatorial e Pronto Atendimento Municipal juntamente com as demais unidades municipais de saúde contam com médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas, odontólogos, bioquímicos, biomédicos, farmacêuticos, e demais técnicos na área de saúde. Quadro de pessoal suficiente para um atendimento de qualidade. O atendimento no Pronto socorro é que determinará se o atendido será encaminhado ao Atendimento Ambulatorial ou se será levado ao Hospital conveniado ao SUS, ou na incapacidade deste atender, levará aos demais Hospitais do município ou em caso grave encaminhado a centros com maiores recursos. Com base em registros documentais da Secretaria Municipal de Saúde de Mineiros – GO, o Atendimento Ambulatorial e Pronto Atendimento no primeiro semestre de 2012 foram atendidos 13.038 consultas, totalizando aproximadamente 72,43 atendimentos ao dia. Deve-se considerar que a escolha por encaminhamento à rede privada de saúde se dá primeiramente ao Hospital conveniado ao SUS, que funciona também como Hospital Particular e na incapacidade deste em suprir a demanda, os pacientes são encaminhados às demais unidades de saúde particular. Através de triagens, foi observado que durante o atendimento noturno a Unidade Municipal é procurada por pessoas alcoolizadas e/ou drogadas a procura de consultas para apenas obter atestado médico com a função de lograr as empresas em que trabalham, outro fato observado é de pessoas que possuem planos particulares de saúde e para não extrapolar o número de consultas e procedimentos de suas cotas procuram a unidade de saúde ocupando vaga de um paciente realmente carente, outro fator é que as empresas, indústrias ou empregadores rurais levam seus trabalhadores acidentados do trabalho naquela unidade como se fossem acidentados, fazem isto para tentar fugir das responsabilidades de segurança no trabalho. Tudo isso provoca um labor desnecessário e oneroso para o município que refletirá nas internalidades das necessidades operacionais diárias, sem, contudo esquecer que estão lhe dando com vidas humanas e ainda com pessoas com a saúde física e emocional fragilizadas, necessitando de agilidade no atendimento. 4.1. Existências de Externalidades Por vários anos a administração se preocupou em desenvolver técnicas de solucionar problemas nas áreas fabris e de produção, estes estudos são eficientes, contudo novos paradigmas precisam ser quebrados, é preciso gerenciar os problemas na área de serviços, principalmente na área de saúde, uma vez que estamos falando de um cliente em seu pior estado físico e psíquico, ou seja, estamos nos relacionando com a vulnerabilidade da doença. A administração dos serviços de saúde, principalmente os públicos precisam desempenhar um rigoroso papel estratégico, no sentido em que é necessária uma triagem no pré-atendimento para que se possa evitar perda de recursos e tempo, como por exemplo, um paciente que tenha pessoas conhecidas naquela unidade de saúde e que queira se beneficiar com atendimento privilegiado e longe das filas de espera ou como em alguns casos de denúncias, pacientes ligadas ao poder executivo fazendo cirurgias estéticas nos hospitais públicos, tirando vagas das pacientes que realmente necessitam de cirurgias eletivas, de emergência ou reparadoras. Por outro lado, preocupa-se a crescente espera nas filas para atendimentos de emergência que às vezes leva o paciente a óbito sem atendimento médico. A partir da realidade de cada uma das filas de espera por atendimento pode-se conhecer as necessidades no fluxo de atendimento de cada serviço quer seja consultas, exames de imagens ou laboratoriais, esperam por leitos entre inúmeros outros. Depois de conhecer estes gargalos pode definir um modelo de gestão capaz de gerenciar estas restrições, que muitas vezes inicia-se na porta do pronto socorro e termina na sala de audiência do Ministério Público trazendo dissabores aos administradores e gestores municipais, em nosso caso específico, em outras esferas estaduais e federais. 5. TEORIAS DAS RESTRIÇÕES (TOC) Segundo Sabbadini, Gonçalves e Oliveira em Gerenciamento de Restrições na Identificação e Solução de Problemas em Emergência Hospitalar: Uma Abordagem Orientada ao Paciente, artigo publicado e no XII SIMPEP, em novembro de 2006, a teoria das restrições foi desenvolvida por Eliyahu Goldratt e publicada em 1987 que apesar de que esta teoria tenha nascido na indústria e com a finalidade de medir uma melhoria contínua em seus processos, hoje sua filosofia é sabiamente utilizada em diferentes tipos de organizações, inclusive na área de serviços de saúde. Para o setor público, o lucro gerado por um serviço de saúde exemplar, é o bem estar do indivíduo que deveria ser considerado o mais valoroso capital do município, no entanto para a rede privada a satisfação do cliente normalmente está diretamente ligada ao lucro financeiro. No mesmo XIII SIMPLEP, Sabbadini, Gonçalves e Oliveira disseram que a teoria do TOC, ou seja, teoria das restrições foi aplicada na Inglaterra, por Phipps, para medir a eficácia do setor de saúde pública com o objetivo de reduzir as longas filas de espera. Fazemos o uso da mesma até os dias atuais e ainda não conseguimos suprir nossas demandas em atendimentos. A aplicação da TOC no setor de saúde tem como objetivo buscar uma melhoria contínua e oferecer bem estar ao paciente/cliente. Através dos princípios da teoria das restrições realiza se análise da parte estrutural da unidade de saúde, verificando se o número de salas para exames e de atendimentos, equipamentos, médicos, enfermeiras, outros técnicos e o próprio fluxo de pessoas aguardando atendimento; a velocidade do tempo de atendimento em função do número de profissionais e equipamentos, há tempo perdido nas filas? Uma vez identificada estas restrições é necessário explorar uma solução para conter estas falhas. Sincronizar os atendimentos colocando lado a lado em funções dos problemas e talvez até reduzindo custo com ociosidade de funcionários e equipamentos uma vez que estão próximos e sincronizados. Aumentar a equipe médica e o número de equipamentos conforme a demanda, após analisar as restrições não pode se esquecer da dinâmica do ambiente, uma solução tende a se deteriorar com o tempo, assim como o ato de viver é dinâmico o surgimento de problemas e a busca por novas soluções também o devem ser. Através da aplicação das teorias das restrições (TOC) fica claro que se a unidade de saúde municipal tem eficácia no atendimento e fica muito difícil diminuir a fila de espera por atendimento com um especialista, pois a mão de obra médica no interior e mais escassa, mesmo o fator de remuneração do médico sendo melhor do que em muitas capitais ou grandes centros. Poderia ser trabalhado melhor o gargalo existente entre a chegada do paciente e o tempo de espera para pegar o resultado. Podemos verificar e identificar claramente que o número de pacientes internados esperando por uma cirurgia principalmente na área de traumatologia óssea é superior à capacidade de atendimento. Outra área carente de atendimento é a ginecológica e a obstetrícia, quando as pacientes sofrem qualquer tipo de complicação durante a gestação são encaminhadas para o sistema particular de saúde, mas custeadas pelo município. Na área do tratamento de câncer ou hemodiálise os pacientes são encaminhados para outros municípios, pois na rede local não oferece este tipo de tratamento. Uma associação de amigos fundou uma entidade filantrópica de apoio ao doente de câncer, construindo uma casa de apoio no município de Barretos em São Paulo, e outra casa de apoio, esta subsidiada pela Prefeitura Municipal de Mineiros – GO que é mantida na capital do estado, em Goiânia, mas abriga todos os mineirenses que necessitarem de apoio naquela cidade, não apenas com finalidade de tratamento, ou seja, acompanhantes de doentes. Enquanto na indústria ou no comércio de mercadorias busca-se a maior produtividade ou que as metas de campanhas de vendas sejam cumpridas, no setor de saúde a meta é atender com qualidade o maior número de pacientes com um custo menor. Às vezes acontece de algumas especialidades médicas trabalharem com ociosidade, como por exemplo, o proctologista e outras ficam sobrecarregados como é o caso da cardiologia, obstetrícia, pediatria, cardiologia e psiquiatria (já que em Mineiros – GO é um município com um alto índice de suicídios). Cristina Moutella diz queo Philip Kotler, conquistar novos clientes custa entre cinco a sete vezes mais do que manter os já existentes. Então, o esforço na retenção de clientes é, antes de tudo, um investimento que irá garantir aumento das vendas e redução das despesas. Para Terry Vavra, consultor americano, afirma que um cliente insatisfeito costuma contaminar outros 13, enquanto que um satisfeito influencia apenas cinco. Mesmo que estejamos falando de setor público devemos tomas estes cuidados, pois, um atendimento ineficaz pode causar a queda do secretário de saúde ou até mesmo a sua improbidade administrativa. Embora na maioria dos casos, o paciente que procura a rede pública de atendimento hospitalar é aquele ator de baixa renda familiar, pouca escolaridade, família numerosa e com mão de obra pouco qualificada, que ao chegar ao hospital procura ser atendido por um clínico geral e quase nunca tem agendamento para atendimento. Porém, para tratar do fluxo de pacientes Fetter e Thompson elaboraram modelos de problemas de agendamento de pacientes e outros problemas operacionais de hospitais. No município de Mineiros – GO, apesar de contar com seis Instituições de Ensino Superior, destacarmos no cenário nacional na produção de grãos, mercado frigorífico bovino e de aves, entre outros fatores de desenvolvimento, não contamos com unidades de saúdes especializadas, temos apenas hospitais gerais. Quando necessitam de um tratamento específico é necessário sair para outros centros. 6. CARACTERÍSTICAS DE APLICAÇÕES NA ÁREA DE SAÚDE Os serviços oferecidos pelas unidades hospitalares são complexos e de alto custo e nem sempre são oferecidos em tempo hábil e de forma eficientes, principalmente nos setores de pronto atendimento. A agilidade no atendimento e ou encaminhamento para especialidades adequadas é fator determinante na recuperação, redução de sequelas e evita diagnósticos equivocados que podem levar a morte. Neste cenário torna se muito importante alocação de recursos financeiros e de pessoal capacitado. Os recursos financeiros são importantes para a aquisição de ambulâncias, aparelhos e equipamentos de medicina que sejam modernos e a capacitação continuada dos profissionais da área. Vive-e em um cenário onde sofrem com restrições orçamentárias em várias áreas, e é do conhecimento de todos que os gestores da área da saúde lidam com o desafio de oferecer tecnologias de ponta a um custo acessível, se não for por estratégias muito bem elaboradas torna-se impossível imaginar alta qualidade aliada a um baixo custo. Algumas perguntas não podem ser ignoradas, tais como: O tipo e a quantidade de equipamentos hospitalares nesta unidade de pronto atendimento são necessários e suficientes aos atendimentos aqui realizados? Qual o impacto causado quando estes equipamentos ficam parados, quer seja por ociosidade ou por danos? Existe pessoal qualificado suficiente para operar estes equipamentos, e qual é o grau de dificuldade para capacitar novas pessoas para operá-lo? Quantos turnos são necessários manter este equipamento funcionando, gerando custos com manutenção, operacionalidade e de funcionários para atender a demanda? Qual é o melhor disposição física dos equipamentos e atendimento ao público? Como é a organização do fluxo de trabalhadores, pacientes, logística dos medicamentos, suprimentos e outros, neste local? Onde estão as falhas (gargalo) e o que pode ser melhorado? 6.1. Unidade de Medidas de Resultado A indústria utiliza como medida de resultado satisfatório a quantidade de produtos manufaturados, para o comércio é o volume de vendas e nas unidades de saúde é a quantidade de consultas, cirurgias, internações exames bioquímicos ou de imagens realizados. A análise destes números mostra aos gestores e utilizadores dos serviços uma preocupação, que é o tempo gasto nas filas de atendimento. A análise da unidade de saúde não deveria ser medida considerando apenas a variável quantidade de procedimentos e sim o tempo gasto pela espera entre uma fila e outra, como por exemplo, quanto tempo se gasta para agendar a consulta? Quanto se espera pela consulta? Volta-se ao cadastro e agenda os exames laboratoriais, e ou de imagens, espera na fila até o momento de ser atendido, aguarda os exames ficarem prontos, volta-se ao consultório e aguarda para pegar o resultado final e a receita de medicamentos com o médico, para somente a partir deste momento, ser medicado. Durante este processo que pode parecer simples se gasta quanto tempo? Durante este tempo perdido, o que este cliente poderia estar fazendo? Qual foi o desgaste físico deste indivíduo e qual foi o prejuízo que ele deu para a empresa que trabalha? Quem irá arcar com estes custos? Isto sem falar que para o sucesso do tratamento o menor tempo entre o diagnóstico e o início do uso dos medicamentos é fator determinante para sua recuperação. Como poderia ser remodelado este novo modelo de gestão? 7. PAPEL DOS PROFISSIONAIS HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR DE SAÚDE NA POLÍTICA DE Quando um médico, enfermeiro ou outro técnico em saúde está próximo ao seu paciente, ele se depara com sua própria vida, pois, os dois são seres humanos semelhantes com as mesmas dores e anseios, sonhos e frustrações, desejos e desilusões. Às vezes o profissional da saúde prefere usar o distanciamento como mecanismo de defesa e outras vezes ele vê a necessidade de cuidar de quem cuida, fazendo florescer assim a humanização das assistências. A humanização é um processo lento e amplo e oferece muitas resistências, pois o profissional tem medo de errar, tem dificuldades em se relacionar com seus pacientes e familiares, sofrem com pacientes terminais, os padrões formais parecem mais seguros, além disso, o novo é desconhecido e por isso pode provocar o medo! A rede de humanização em saúde está sendo construída de mãos dadas com a construção da cidadania, mostrando um novo jeito de olhar para o indivíduo em suas particularidades, hoje contamos com vários projetos humanísticos, tais como, teatros, doutores do sorriso, danças, oficinas de artes, brinquedoteca, tudo pensando em levar bem estar ao doente. Uma das características do atendimento humanitário pode ser dito como a capacidade de falar menos e ouvir mais os nossos semelhantes. Uma unidade pode ser a mais bem equipada, com aparelhagens de última geração, pode ter os melhores e mais bem capacitados profissionais, porém, se não oferece um atendimento humanitário, se preocupando em dirimir as angústias e temores de seus pacientes oferecerá um atendimento desumano. Porém outras localidades mesmo que carentes em tecnologias e suprimentos, mas que possuem um capital humano desqualificado, também será deficitário em humanização justamente pela forma desrespeitosa, impessoal e agressiva, piorando a saúde do paciente. A humanização não pode ser vista apenas como uma melhoria no atendimento do paciente, mas sim em todo o corpo clínico e administrativo da unidade hospitalar. O indivíduo só vai valorizar se ele foi valorizado, em sua maioria, claro que exceções existem. Um paciente bem atendido e respeitado, tratado com zelo e carinho dentro de uma unidade hospitalar tem seu tempo de internação reduzido e sua recuperação acelerada, diminuindo assim os custos com diárias e os prejuízos nas fábricas ou em outro local de trabalho, devido ao seu afastamento. Para ter uma assistência humanizada é necessário perceber o outro com ética. 8. MODELO DO SISTEMA BRASILEIRO DE UNIDADE HOSPITALAR O sistema de saúde no Brasil passa por uma transformação dos serviços para os de natureza de serviços, cada vez mais especializados e competitivos. É necessário um modelo de crescimento que seja sustentável, mantendo a eficácia dos profissionais capacitados e evitando desperdício de materiais e suprimentos para que haja uma redução de custos, isto sem perder o foco na qualidade dos serviços ofertados. Independentemente se a unidade de saúde seja pública ou privada é necessário que seja conhecida sua missão, serviços e satisfação do cliente, estas definições são importantes porque norteará o perfil do paciente. A satisfação só será atingida se a missão foi executada com eficiência, e o cliente ficará satisfeito somente se os serviços forem adequados às suas necessidades. Embora em nossa pesquisa bibiográfica encontrássemos um artigo de Ana Cristina Fernandes e João Policarpo R. Lima ambos são professores da UFPE) e pesquisadores do CNPQ que referenciou PORTER dizendo que os clusters podem ocorrer em qualquer seguimento de atividade econômica, embora no setor de serviços ele não tenha recebido a mesma atenção quanto ao gênero industrial. O cluster representa a concentração espacial de várias atividades econômicas de um mesmo setor que realizam intenso comércio entre si. As aglomerações comerciais com divergentes interesses e que não se relacionam entre si não podem ser chamadas de cluster. A vida de uma empresa integrante de um cluster é superior a de uma firma isolada. 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Até a década de 1990 a economia do município de Mineiros – GO tinha como base a pecuária e a agricultura que se dividia em duas etapas, a primeira denominada de safra, onde era cultivada principalmente a soja e a segunda, denominada safrinha onde havia rotatividade com o milho, sorgo e milheto. Após meados deste decêndio, iniciouse a industrialização municipal. A primeira grande indústria instalada no Município de Mineiros, tanto em faturamento, como em geração de empregos, em produção e o primeiro em comércio diretamente com o exterior, é uma indústria frigorífica. Esta unidade industrial atendia não apenas a oferta local, também as regiões de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Neste mesmo período aumenta a taxa de ocupação territorial, pois a mão de obra local era insuficiente para ocupar todas as vagas ofertadas, ao mesmo tempo em que passou a observar a concentração da população urbana associada a uma baixa taxa de escolaridade, aumentando a demanda por diversos serviços, inclusive houve um aumento de acidentes de trabalho, onde os funcionários passavam por uma triagem primeiramente no Hospital Municipal para somente depois de análise ser direcionados para atendimentos na rede de saúde privada conforme as necessidades individuais. Devido à troca de gestor público municipal e consequentemente os secretários municipais, mesmo havendo ampliações e aumento de vagas ofertadas pela rede de saúde pública municipal, este aumento ainda foi insuficiente para suprir a demanda, pois novas grandes indústrias se instalaram no município atraído pela proximidade da matéria prima e seus insumos, com como pelos incentivos fiscais. Em decorrência do crescimento urbano não planejado, além de não ter sido solucionado o problema da área da saúde outros foram criados, como por exemplo, o trânsito caótico, caos no setor de serviço e inflação no setor imobiliário, bem como elevação dos índices de violência. Torna evidente que a movimentação populacional fixa bem como a imigrante trouxe para a cidade de Mineiros - GO e região tanto o desenvolvimento positivo quanto consequências negativas. REFERENCIAS CRUZ, Bruno de Oliveira. Externalidades Locais, ganhos de aglomeração e Políticas de Desenvolvimento Regional. Rev. Ensaios de Economia Regional e Urbanas. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/livros/dirur/ensaios_de_economia_regi onal_e_urbana/Cap_13.pdf> Acesso em: 15 AGO 2012. MOTA, Roberta Araújo; MARTINS, Cileide Guedes de Melo; VÉRAS, Renata Meira. Papel dos Profissionais de Saúde na Política de Humanização Hospitalar. 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