Estrutura Social e Etnologia Sul-americana: Balanço Crítico e Novas

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
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Estrutura Social e Etnologia Sul-americana:
Balanço Crítico e Novas Abordagens
Código: FLA 0315
(2° semestre 2015)
Disciplina Optativa de Graduação
Curso: Ciências Sociais
Professora Responsável: Marina Vanzolini
Quartas-feiras, 19h30-22h30
Início do curso: 05/08/2015
Ementa
O objetivo do curso é introduzir uma discussão acerca das formas de organização social dos
povos indígenas das terras baixas sul-americanas, apresentando também um panorama inicial
de algumas de suas variantes principais nessa macro região. Tomando como ponto de partida
uma discussão sobre a noção de sociedade desenvolvida na etnologia da Nova Guiné, faremos
em seguida um sobrevôo na literatura amazonista voltada a duas questões que, de forma
diferente mas complementar, incidem sobre o problema da conceitualização da vida social dos
povos da terras baixas: parentesco e política. A primeira parte do curso, portanto, será
centrada em algumas discussões sobre parentesco desenvolvidas na etnologia americanista
partir da década de 1970, momento em que esse campo de estudos busca afirmar a
originalidade de suas formulações teóricas em relação à uma antropologia fundada na
etnografia africanista. Assumindo o risco de proceder a uma apresentação demasiado
superficial dessa densa discussão, privilegiaremos a leitura de material sobre áreas
etnográficas distintas, visando explicitar como as diversas formas de vida social suscitaram
elaborações teóricas significativas. Na segunda parte do curso passaremos às discussões
sobre política ameríndia, através da contribuição original de Pierre Clastres à questão com a
elaboração da noção de sociedade contra o Estado. A abordagem dos textos de Clastres será
complementada pela leitura de trabalhos que exploram e extrapolam as ideias do autor,
especificamente na obra de Deleuze e Guattari e desdobramentos, na etnologia americanista,
das discussões sobre formação de grupos em torno de figuras de liderança. O curso se encerra
com a leitura de textos recentes sobre ambas a problemáticas abordadas, os quais serão
objeto dos trabalhos de avaliação.
Avaliação: Nota de seminário + trabalho final a ser entregue em 02/12/2015.
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(resenha de no máximo 5 páginas em fonte times new roman 12, espaço 1.5, sobre dois dos
textos selecionados para as sessões 13 e 14, ou outros a selecionar com a professora, à luz
das discussões feitas em classe).
Recuperação: A combinar. Não fiquem de recuperação!
Cronograma (sujeito a alterações)
1a sessão - 05/08
Apresentação do Curso
2a sessão - 12/08 O conceito de sociedade e a sociedade na etnologia das terras baixas
sul-americanas
VIVEIROS de CASTRO, Eduardo. 2002. ”O conceito de sociedade em antropologia”. In: A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac e Naify. pp 295-316.
VIVEIROS de CASTRO, Eduardo. 2002. “Imagens da natureza e da sociedade”. In: A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac e Naify. pp 317-344.
3a sessão - 19/08 Críticas etnográficas ao conceito de sociedade a partir da Melanésia
(paralelos com o contexto ameríndio)
Roy Wagner. 2010 [1974].“Existem grupos sociais nas terras altas da Papua Nova Guiné?”.
Cadernos de Campo, n. 19.
Strathern, Marilyn. 2014 [1990]. "O conceito de sociedade está teoricamente obsoleto?”. In: O
Efeito Etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify. pp 231-240.
Bibliografia complementar:
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Barbosa, Gustavo. 2004. “A socialidade contra o Estado”. Revista de Antropologia, São Paulo,
USP, V.47 n. 2.
4a sessão - 26/08 Parentesco e organização social (Jê)
Anthony Seeger. 1980. “Corporação e corporalidade: ideologia de concepção e descendência”.
In: Os índios e nós. São Paulo: Campus.
Coelho de Souza, Marcela. 2002. ”Nos, os vivos: 'construção da pessoa' e 'construção do parentesco’ entre alguns grupos jê”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Vol. 16 No 46, pp 6996.
Bibliografia complementar:
Seeger, A., Matta, R. e Viveiros de Castro, E. 1979. “A construção da pessoa nas sociedades
indígenas brasileiras”. Boletim do Museu Nacional (n.s.), nº 32. pp 2–19.
http://pt.scribd.com/doc/21177132/A-Construcao-da-Pessoa-nas-Sociedades-IndigenasBrasileiras
Coelho de Souza, Marcela. 2004. "PARENTES de SANGUE: INCESTO, SUBSTÂNCIA e RELAÇÃO no PENSAMENTO TIMBIRA". MANA 10(1):25-60.
5a sessão - 02/09 Parentesco e organização social (Guianas e Rio Negro)
Joanna Overing. 2002 [1984]. “Estruturas elementares de reciprocidade: notas comparativas
sobre a Guiana, o Noroeste Amazônico e o Brasil Central”. In: Cadernos de Campo n. 10.
Rivière, Peter. 2001. "A predação, a reciprocidade e o caso das Guianas”. Mana, vol.7, n.1, pp.
31-53.
Cabalzar, Aloisio. 2000. "Descendência e aliança no espaço tuyuka. A noção de nexo regional
no noroeste amazônico". Rev. Antropologia, vol.43, n.1, pp. 61-88.
Bibliografia complementar:
Hugh-Jones Stephen. 1993. "Clear Descent or Ambiguous Houses ? A Re-Examination of
Tukanoan Social Organisation". L'Homme,tome 33 n°126-128. pp. 95-120.
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6a sessão - 09/09 (semana da patria: HAVERÁ AULA) Parentesco nas terras-baixas sulamericanas, uma síntese
VIVEIROS de CASTRO, Eduardo B. 1993. “Alguns aspectos da afinidade no dravidianato amazônico”. In M. Carneiro da Cunha & E.B. Viveiros de Castro (eds), Amazônia: etnologia e história indígena. São Paulo: NHII-USP/FAPESP.
7a sessão - 16/09 Parentesco nas terras-baixas pensado em outros termos
OVERING, J. 1985. “Today I shall call him ‘Mummy’: multiple worlds and classificatoru consfusion”. In: Overing (ed). Reason and Morality. London and New York: Tavistok. pp 152-179.
Gow, Peter. 1997. “O parentesco como consciência humana: o caso do Piro”. Mana: Estudos
de Antropologia Social 3(2): 39-65.
Rivière Peter. 1993. "The Amerindianization of Descent and Affinity”. L'Homme, tome 33 n.126128. pp. 507-516.
8a sessão - 26/09 Filosofia da chefia indígena
Clastres, Pierre. “Troca e poder: a filosofia da chefia indígena” In: A sociedade contra o Estado:
pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac Naify, [1963] 2003.
Clastres, Pierre. “A sociedade contra o Estado” In: A sociedade contra o Estado: pesquisas de
antropologia política. São Paulo: Cosac Naify, [1963] 2003.
Bibliografia complementar:
La Boétie, Etienne. Discurso da servidão voluntaria. São Paulo: Ed. Brasiliense, [1574], 1987.
Clastres, Pierre. 2003 [1967] “De que riem os índios?” In: A sociedade contra o Estado:
pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac Naify.
9a sessão - 30/09 Guerra e profetismo
Clastres, Pierre. 2004 [1977]. “Arqueologia da violência: a guerra nas sociedades primitivas”
In: Arqueologia da violência: pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac Naify,.
Clastres, Pierre. 2004 [1977]. “Infortúnio do guerreiro selvagem” In: Arqueologia da violência:
pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac Naify.
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Clastres, Pierre. 2003 [1970] “Profetas na selva” In: A sociedade contra o Estado: pesquisas de
antropologia política. São Paulo: Cosac Naify.
Bibliografia complementar:
Sztutman, Renato. 2012. O Profeta e o Principal. São Paulo: Edusp. (Capítulo 1)
10a sessão - 7/10 Clastres na leitura de Deleuze e Guattari
Deleuze, Gilles & Guattari, Félix. [1980] 1997. “1227 – Tratado de nomadologia: a máquina de
guerra [platô 12]” In: Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Volume 5. São Paulo: Ed. 34.
Bibliografia complementar:
Sztutman, Renato. 2012. O Profeta e o Principal. São Paulo: Edusp. (Capítulo 1)
11a sessão - 14/10 Donos e grupos
LIMA, Tânia Stolze 2005. Um Peixe Olhou Para Mim. O Povo Yudjá e a Perspectiva. São Paulo: Editora Unesp : ISA; Rio de Janeiro : Nuti/ISA. (Capítulo 2).
FAUSTO, Carlos. 2008. “Donos demais: maestria e domínio na Amazônia”. Mana. vol.14, n.2,
pp. 329-366.
Bibliografia complementar:
Bonilla, Oiara. 2005. “O bom patrão e o inimigo voraz. Predação e comércio na cosmologia
paumari”. MANA 11 (1), pp 41-66.
Costa, Luiz. 2010. “The Kanamari body-owner. Predation and feeding in Western Amazonia”
Journal de la Société des Américanistes, 96-1, pp. 169-192.
12a sessão - 21/10 Regimes de liderança (ainda sobre donos e grupos)
Sahlins, Marshall. 2004 [1963]. “Homem pobre, homem rico, big-man, chefe: tipos políticos na
Melanésia e na Polinésia”. In: Cultura na prática. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ.
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SANTOS-GRANERO, Fernando. 1993. "From prisioner of the group to darling of the gods: an
approach to the issue of power in Lowland South America". L´Homme, 126-128, p. 213-230.
Bibliografia complementar:
Clastres, Pierre. [1973] 2004. “A economia primitiva” In: Arqueologia da violência: pesquisas de
antropologia política. São Paulo: Cosac Naify.
28/10 - dia do funcionário público
13a e 14a sessões - 04/11 e 11/11
Antônio Guerreiro Jr. 2012. “Esteio de gente: reflexões sobre assimetria e parentesco a partir
de depoimentos kalapalo”. R@U. ‘
Calheiros, Orlando. 2014. Aikewara. Esboços de uma sociocosmologia tupi-guarani. Tese de
doutorado. Rio de Janeiro: Museu Nacional/UFRJ. (Capítulo a selecionar)
Garcia, Uirá. 2010. Karawara. A caça e o mundo dos Awá-Guajá. Tese de doutorado. São Paulo: USP. (Capítulo 5)
HUGH-JONES, Stephen. 2002. "Nomes secretos e riqueza visível: nominação no noroeste
amazônico". Mana, vol.8, n.2, pp. 45-68.
Perrone-Moisés & Sztutman, Renato. 2010. “Notícias de uma certa confederação Tamoio”. Mana (16/1).
Perrone-Moisés, Beatriz. 2011. “Bons chefes, maus chefes, chefões: excertos de filosofia política ameríndia”. Revista de Antropologia (54/2).
SANTOS-GRANERO, Fernando. "Masters, Slaves, and ‘Real People’: Native Understandings
of Ownership and Humanness in Tropical American Capturing Societies”.
+ TEXTOS A SELECIONAR
15a sessão - 18/11 Discussão final e encerramento do curso
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Bibliografia Suplementar, algumas sugestões
ALLARD, Olivier. 2003. Emotions and relations: a point of view on Amazonian kinship. Masters
Dissertaton. University of Cambridge.
Cardoso, Sérgio. 1995. “Copérnico na orbe da antropologia política”. In: Novos Estudos
CEBRAP (41).
Clastres, Hélène. 1987[1975]. A terra sem mal: profetismo tupi. São Paulo: Brasiliense.
Clastres, Pierre. 2003 [1974]. A sociedade contra o Estado: pesquisas de antropologia política.
São Paulo: Cosac Naify.
Clastres, Pierre. 2004 [1980]. Arqueologia da violência: pesquisas de antropologia política. São
Paulo: Cosac Naify.
Fortes, Meyer & Evans-Pritchard, E. E. 1981[1940]. “Introdução” In: Sistemas políticos
africanos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Goldman, Marcio. 2011 “Pierre Clastres ou uma antropologia contra o Estado”. Revista de
Antropologia (54/2).
Gow, Peter. [1991]. 2006Da Etnografia à História: “Introdução” e “Conclusão” de Of Mixed Blood: Kinship and History in Peruvian Amazônia. Cadernos de Campo, 14/15.
Joanna Overing. 1984. “Dualism as an expression of difference and danger”. In K. Kensinger
(ed), Marriage Practices in Lowlands South America, pp. 127-155. Urbana: University of Illinois
Press.
Overing, Joanna. “O elogio do cotidiano: a confiança e a arte da vida social em uma
comunidade amazônica”. In: Mana 5/1, 1999.
Sahlins, Marshall. 2007 [1972]. “A sociedade afluente original”. Cultura na Prática. Rio de
Janeiro, Editora UFRJ. pp105-152.
Vilaça, Aparecida. 2002. "Making Kin out of Others in Amazonia". The Journal of the Royal Anthropological Institute, Vol. 8, No. 2, pp. 347-365.
Viveiros de Castro, Eduardo. 2002 “Atualização e contraefetuação do virtual: o processo do
parentesco”. In: A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naify.
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Viveiros de Castro, Eduardo B. 2009. “The gift and the given: three nano-essays on kinship and
magic”. In S. Bamford and J. Leach (Eds.), Kinship and beyond. The Genealogical Model Reconsidered. Oxford: Berghahn Books. pp 237-268.
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